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SCOTT WALKER, UM GÊNIO QUE DESCUBRO AGORA.
Uma das coisas que diferenciam uma pessoa realmente interessada em arte e outras superficialmente ligadas é a pesquisa. Acabo de ler o livro sobre Bowie, e nele, leio que o artista londrino foi sempre interessado e influenciado por Jacques Brel e Scott Walker. Brel, compositor, ator e cantor belga, me é conhecido desde meus 18 anos, mas Walker eu jamais escutei. Ouço falar dele muitas vezes, ele é citado por Thom Yorke e Jonny Greenwood, Damon Albarn e Robert Plant, Pulp e Johnny Marr. E Bowie, insistentemente. Há um momento no livro, logo após a gravação de Heroes, em que Brian Eno aparece na Suíça com Nite Flight, album recém lançado por Scott Walker. O americano fazia então, por sincronia, o disco que Eno queria fazer E NÃO CONSEGUIA. No documentário recente, produzido por Bowie, que posto acima, Eno diz que Walker o humilha até hoje. Nite Flight parece ter sido gravado em 2010, 2020, é do ´século XXXI.
Scott Walker é americano do interior e formou em 1964 o grupo Walker Brothers. Venderam quase tanto quanto os Beatles e em 1966 se mudaram para Londres. Os Brothers não se chamavam Walker e nem eram irmãos. O som deles, se escutado hoje, e eu os ouvi pela primeira vez ontem, é ainda muito, muito interessante. Orquestral, complexo, ele é pop e nostálgico, cheira a anos 60, e ao mesmo tempo tem uma riqueza melódica e sentimental atemporal. A orquestração é digna de Bacharach ou melhor, de John Barry. Mas o maior valor é a voz de Scott: é um estupendo cantor, seu timbre é aquele que Bowie tentou alcançar e raramente conseguiu, é a voz que Thom Yorke precisava ter e sonhou ter, é a voz etérea, sofrida, composta, forte de um homem.
Mas a genialidade vem em seus primeiros seis discos solo. Gravados entre 1967 e 1984, os 3 primeiros foram big hits, mesmo com toda sua estranheza, os demais são fracassos de vendas e monumentos de arte. Como os descrever? É como se Morrissey cantasse Beatles com a voz de Tom Jones. Ou como se Bryan Ferry tivesse voz. Ouço e apesar de nunca haver escutado, sinto como se desde sempre conhecesse aquilo. A música de Walker é como um tipo de ambiente ( Eno ), um lugar cheio de mistério, onde a gente mora sem saber que lá está. Dá medo. Muito medo. Scott Walker tem a voz de Jung. Ele mergulha fundo no inconsciente musical e volta à tona com objetos insuspeitos. Tão noturno como Astral Weeks, tão inquieto como Arthur Lee, e sem se parecer em nada com Van Morrisson ou com a banda Love.
Uma das alegrias da pesquisa curiosa é descobrir gente que sempre esteve lá mas que a gente não via. Scott Walker abre todo um universo vibrante e a ser explorado. Seus últimos discos, de 2004 e 2010, não me agradam. Parece que ele empacou num tipo de monotonia escura. Mas penso que são tristes demais, pesadelos em forma de sinfonia atonal. O que mais posso dizer? Voce tem de ouvir Scott Walker. Ao menos uma vez. Mesmo que voce nada entenda.
PS: Não é rock. Nada de blues, country ou soul há nele. É filho da canção francesa e alemã.
Scott Walker é americano do interior e formou em 1964 o grupo Walker Brothers. Venderam quase tanto quanto os Beatles e em 1966 se mudaram para Londres. Os Brothers não se chamavam Walker e nem eram irmãos. O som deles, se escutado hoje, e eu os ouvi pela primeira vez ontem, é ainda muito, muito interessante. Orquestral, complexo, ele é pop e nostálgico, cheira a anos 60, e ao mesmo tempo tem uma riqueza melódica e sentimental atemporal. A orquestração é digna de Bacharach ou melhor, de John Barry. Mas o maior valor é a voz de Scott: é um estupendo cantor, seu timbre é aquele que Bowie tentou alcançar e raramente conseguiu, é a voz que Thom Yorke precisava ter e sonhou ter, é a voz etérea, sofrida, composta, forte de um homem.
Mas a genialidade vem em seus primeiros seis discos solo. Gravados entre 1967 e 1984, os 3 primeiros foram big hits, mesmo com toda sua estranheza, os demais são fracassos de vendas e monumentos de arte. Como os descrever? É como se Morrissey cantasse Beatles com a voz de Tom Jones. Ou como se Bryan Ferry tivesse voz. Ouço e apesar de nunca haver escutado, sinto como se desde sempre conhecesse aquilo. A música de Walker é como um tipo de ambiente ( Eno ), um lugar cheio de mistério, onde a gente mora sem saber que lá está. Dá medo. Muito medo. Scott Walker tem a voz de Jung. Ele mergulha fundo no inconsciente musical e volta à tona com objetos insuspeitos. Tão noturno como Astral Weeks, tão inquieto como Arthur Lee, e sem se parecer em nada com Van Morrisson ou com a banda Love.
Uma das alegrias da pesquisa curiosa é descobrir gente que sempre esteve lá mas que a gente não via. Scott Walker abre todo um universo vibrante e a ser explorado. Seus últimos discos, de 2004 e 2010, não me agradam. Parece que ele empacou num tipo de monotonia escura. Mas penso que são tristes demais, pesadelos em forma de sinfonia atonal. O que mais posso dizer? Voce tem de ouvir Scott Walker. Ao menos uma vez. Mesmo que voce nada entenda.
PS: Não é rock. Nada de blues, country ou soul há nele. É filho da canção francesa e alemã.
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