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O DIA EM QUE PLATÃO CALOU A BOCA

Eu percebi que o mundo havia regredido em 2012. Era uma aula de teoria literária e logo no início um aluno ergueu a voz. Bradou que era absurdo ainda se estudar Platão, pois Platão era branco, grego, europeu, de uma sociedade de escravos, portanto ele nada tinha de válido para alunos de hoje. Não consegui ficar calado e a discussão foi ridícula. Isso aconteceu na USP, curso noturno, e foi por isso que me transferi para a manhã, onde a censura é bem menor. ------------- Na época achei aquilo um ato isolado mas com o tempo entendi o que se passa desde então. É a NOVA CIVILIZAÇÃO, aquela onde a única força válida é o seu desejo. Tento explicar. -------------- Platão não pode ser aceito nesse universo novo porque para ser aceito é preciso que voce entenda que uma voz vinda de 2.500 anos atrás pode ainda ser universal. E ao aceitar isso voce precisa admitir a possibilidade de seu desejo estar errado. Ou pior, ser irrealizável. Pois a cultura, a alta cultura, sempre nos ensina a humildade. Para ler Platão voce precisa aceitar o fato de que um homem sem internet, sem TV, sem rocknroll ou RAP possa estar certo. Mais ainda, só aceita a cultura quem admite estar vazio, com fome, necessitado de sabedoria. O desejo não pensa jamais estar errado ( se é que pensa ), ele está certo em querer. Ele deseja e desejar é ter sempre certeza de um objetivo. É saber. Um saber pueril, tolo, básico, animal, uma eterna auto afirmação da vontade. ------------------- O aluno que odeia Platão está se colocando acima de toda uma cultura. O que faz com que ele faça isso não é o fato dele ter estudado Platão e ter percebido suas falhas, que são muitas, mas sim o fato de que esse aluno DESEJA que Platão nada signifique. Ele anula aquilo que não quer entender. Aquilo que não lhe parece útil para realizar seus desejos. --------------- Que desejos? Muitos, aparentemente muitos, mas na verdade apenas um: SER AQUILO QUE VOCE QUISER. É a civilização da DITADURA DE PETER PAN. --------------- Uma das mais bonitas frases do livro de James Barrie é quando Peter diz que basta imaginar para ser. Eu, se quiser imaginar, posso ser um escritor ( mesmo sem publicar nada ), um filósofo ( mesmo sem criar filosofia alguma ), Posso ser aquilo que minha fantasia-desejo declarar. Desse modo, nada se torna mais odiado e ofensivo que alguém que diga: NÃO, VOCE NÃO PODE. CRESÇA! ------------------ Essa civilização se torna deserta de adultos e de herois. Pois adulto é aquele que trabalha limites, que entende regras, que é realista. E o heroi é o que luta contra o impossível, e para vencer o impossível, o limite, é preciso que voce o entenda, que voce trabalhe contra tal limite. Nesse mundo infantil, uma pessoa pode ser sacrificada por dizer coisas óbvias, como que um filho só pode ser gerado por um macho e uma fêmea, ou falar que não existe sociedade ideal. Essas verdades irão ofender os desejos de quem quer brincar de pai e mãe ou quem vê na natureza uma sociedade do bem. ------------- Para alguém mergulhado em cultura ocidental como eu, a coisa é bastante ridícula. E perigosa. Pois o que vejo é o nascimento do momento em que toda cultura será reduzida ao utilitarismo infantil mais simples e óbvio. Livros, filmes ou música só será aceita se for útil para ajudar alguém que esteja precisando de "uma luz", uma luz para realizar seu desejo. ----------------- Desejo que é sempre uma fantasia rósea e sem perigo. ---------------- Por fim digo que nunca na história se falou e usou tanto a palavra amor. Crianças precisam de amor todo o tempo. Então vemos bancos que são do amor, cosméticos do bem, lojas que vendem amizade, fraternidade em anúncios de cerveja. É um amor bobo, vazio, castrado. É o amor da tia do jardim de infância pelo aluno. É o amor que finge anular o lucro, o comércio, o uso do desejo. Pode-se dizer que nunca fomos tão hipócritas.

A FÍSICA DA ALMA - AMIT GOSWAMI....FOI UM LONGO CAMINHO.

   ...foi um longo caminho para que eu chegasse até aqui. E como nada sei, ainda tenho uma estrada, maior ainda, pela frente.
   Não, essas palavras não são de Goswami, são de mim mesmo. Desde cedo tenho me intoxicado de informações. Lembro que aos 9 anos comecei a ler romances, aos 10, livros de ciência e aos 15 as enciclopédias. Encontrei vários gurus e cheio de medo, sempre fugi de qualquer tipo de conhecimento religioso. Se um autor revelasse o menor viés místico eu prontamente o evitava. Ria deles. Me sentia seguro no mais completo materialismo. Queria ter certezas, e acreditava que o universo era somente um tipo de explosão sem sentido e sem fim. A vida, um acidente químico. Toda emoção seria apenas um arranjo de fluidos cerebrais. O acaso guiaria tudo.
  Mas eu nunca perdi a curiosidade. E continuei a andar. Abrindo portas. E certas coisas começaram a surgir.
  Primeiro percebi que o tempo é ilusório. Ele não conta fora de nós. É artificial. Depois notei que o número é sempre arbitrário. Nós contamos coisas para tentar dar ordem ao que não tem. ( Aparentemente não tem uma ordem numeral ). O que pode ser contado, medido e pesado nos dá uma tênue segurança. E então cheguei a conclusão de que nossa razão existe SEMPRE como redutora. Ela pega o inexplicável e ao ignorar sua incompreensibilidade reduz tudo ao nível racional. Ou seja, conta, enumera e classifica. Mas essa conta nunca fecha. As perguntas mais importantes continuam sem resposta.
  Passei a me abrir ao absurdo. E a perceber as linhas de pensamento abstratas. A vida, súbito, se aclareou. O universo aumentou. E ao mesmo tempo, meus limites, humanos, foram vistos e aceitos. Só sabemos aquilo que cabe em nós. Só vemos aquilo que nossa carne consegue ver. Como hardwares, temos um limite mecânico, mas a POTENCIALIDADE é infinita.
  Amit Goswami é físico, leciona em Universidade americana. E usa a física quântica para explicar a reencarnação. É claro que li este livro com dois pés atrás! Seria autoajuda....seria new age....mas não. Ele tenta ser sério todo o tempo. Conta e reconta fatos da física e os liga, logicamente, a possibilidades de vida e de morte. Fala-se bastante da morte e por isso me identifiquei muito com ele. ( A morte sempre foi o assunto central da minha vida ).
  O Livro Tibetano dos Mortos é explicado e ao final percebemos que este autor nos ensina a morrer. Morrer visto como chance de sabedoria, de coda luminosa, de transcendência. Morrer como o grande ato da vida. É como se toda nossa vida fosse isso, preparação para morrer.
  Ele cita bastante Platão, Whitman, Schopenhauer e uma montanha de autores indianos que não conheço.
  Não vou explicar sua teoria quântica, ela é cansativa e complicada. Eu não sei se a entendi corretamente. Mas o que devo falar é que a ciência tem se aproximado MUITO de certas teses espirituais e cada vez mais ouvir um físico falar fica parecido com algum poeta exotérico a criar.
  Goswami diz que Jung falava que no futuro a psicologia seria um ramo da física.
   A mais bela mensagem do livro é aquela que diz que todo saber passa pela intuição e que intuição é criatividade. Viver é criar e criar é viver a alma. Evoluímos quando criamos, intuímos, inventamos. Porque essa é a negação do automatismo e automatismo é vida mecânica, puramente material.
   Não é um grande livro, mas é uma grande mensagem.

PLATO E VICO

Uns dias depois do livro de Frenkel, releio um pouco de Vico e já nem sei se Frenkel não estaria errado. Ele é completa e assumidamente platônico. Para ele a Matemática existe independente do homem. Um mundo ideal, perfeito, um continente que cabe ao homem descobrir e procurar traduzir. Mas Vico me recorda que não é nisso que acredito.
Vico conta que o homem pode conhecer completamente apenas aquilo que ele produz. Um homem saberá tudo sobre um trem, mas não sobre o que seja a energia que move o Cosmos. Saberá tudo sobre um coração mecânico, mas não poderá jamais criar um coração de carne a partir do nada. Do que não fizemos saberemos apenas uma ínfima parte, e a cada parte compreendida, milhões de novas duvidas virão. Isso é Vico, dizendo que o homem poderá compreender todo o mecanismo da historia, da sociologia, mas nunca tudo sobre a física ou a biologia, pois se nós construímos a historia e a sociedade, não fomos nós os criadores da vida ou da mecânica do universo.
Creio nisso. E para mim a matemática é uma criação humana, abstrata, e suas leis existem dentro do mundo do homem, em sua razão, e morrerão se um dia o homem sumir.
Como sempre disse, o Um existe apenas como invenção racional, e o Zero é uma soberba convenção humana. Fora de nosso cérebro inexiste o Um e o Zero.
Vico sabia disso.

O PLATONISMO EM ROCK, AVALON.

   Eu amava Pat Wonderful porque ela era linda. E se vestia, de uma forma discreta, melhor que qualquer menina que conheci. Até hoje. Jamais pensei em fazer amor com ela. Eu queria sair com ela. E isso nós fizemos. Meu desejo era poder desfilar pelas ruas ao seu lado. Fazer parte de seu mundo. 
 Wonderful tinha um doce perfume. Leve. E seus olhos negros pareciam abismos. Imagem óbvia...mas exata. Ela era uma bailarina. E caminhava pela vida como uma boneca de porcelana. O pescoço sempre ereto e as coxas finas e duras. O nariz empinado. Ela era pequena, e mesmo assim olhava o mundo de cima. Uma noite ela disse que eu era da mesma espécie que ela. Wonderful me fazia feliz. Ignorávamos toda a feiura do mundo. Conosco a vida era champagne, cristal e muita música. 
 Há um esnobismo sempre latente em mim. Nela isso era assumido. Da sacada de seu enorme apartamento, a paisagem era o clube Pinheiros, nós ficávamos madrugadas adivinhando futuros e alfinetando os mortais. Nossa carne era pó. O desejo era pelo etéreo. Assexuados, conseguíamos ter a ilusão de que o idilio duraria para sempre. Ela era Vênus e eu era Mercúrio. O Olimpo era a Terra.
 E sua voz, seu andar de bailarina, eles assombraram toda minha vida futura...
 Avalon é a trilha sonora desse mundo tão irreal que se fez mito. Ela existiu? Vejo fotos e sei que ela era exatamente como eu recordo. O cabelo castanho lustroso, curto, a boca aristocrática, a pele macia e rosada, um tipo de anoitecer de verão. 
 Em Avalon tudo é amor e nada é sexo. Aqui, 1982, Bryan cria o estilo que será dele forever. Milhares de guitarras fazendo uma tapeçaria de sons diminutos, percussão que ricocheteia em vielas de um oriente inexistente, e teclados oitentistas flutuando e harmonizando a elegância sublime de toda essa ourivesaria de sons preciosos. Há uma delicadeza de borboleta em todo som. Por isso a gente ouve e sente o odor de rosas.
 E há a voz. Inumana. Ela vem de um sonho e Bryan nunca mais irá acordar. Ele canta dormindo, profundamente adormecido. É a voz da vida de Tony Roxy e de Pat Wonderful. A voz que rodopia numa irrealidade esfumaçada de estações que ficam. Sem carne, pois a carne conhece a solidez e o tempo. E neste universo tudo é intocado e para sempre. 
 Ter criado este mundo atesta a verdade. Avalon, ilha onde vivem Arthur e Guinevere, é mais real que Londres ou que Bristol. Porque Avalon deu frutos e aquilo que dá filhos é real. Todo o Pop inglês classudo, feito entre 83/94, entrou no mundo de Avalon. Muito lixo foi aqui engendrado. E alguns minutos de pura beleza também.
 Talvez o meu pior viva neste canto. Não sei. 
 Avalon é feito sobremaneira de silêncio. O ruído está longe daqui, foi banido. Idealisticamente, tudo deve ser perfeição. 
 Pat era perfeita.
 Portanto, ela não podia ficar. 
 Platão.
 E o rock, o mais crú dos estilos, conhece com Roxy, o platonismo da pura ideia. 
 E fora daqui, só barulho.

ABAIXO O MUNDO REAL, LUCIA GUIMARÃES, ONTEM NO ESTADÃO

   Ela escreveu um texto que saiu ontem no Estado. Assustador. Descreve uma propaganda do Facebook. Uma reunião de familia em que uma Parente, Velha, Gorda e Feia fala sem parar. Enquanto isso uma Adolescente, Magra e Bonita, em seu Face, dá as costas a velha e a ignora com solos de bateria, guerra de bolas de neve, imagens na tela do PC que são MAIS REAIS QUE A REALIDADE.
   A mensagem que Lucia Guimarães percebe: Celebremos a autoabsorção no eu. O desprezo pela refeição comunal, o desprezo pelos feios, o desprezo pela realidade, o mundo belo e sem perigo da virtualidade. O veredito foi dado: O mundo é feio, velho e deprimente. Voce só pode ser feliz no Face. Lucia recorda a missão oficial que o hiper-fascista Zuckerberger ( hiper-ressentido com a natureza, diria eu ) advogou em seus começos: Dar poder as pessoas para tornar o mundo mais aberto e conectado. Hahahahahaha! Lucia fala que nesse mundo feliz do Face conversar com alguém que está a sua frente é pura perda de tempo. Cool é desprezar o que não é cool. É um tipo de escapismo não-romântico, sem risco, sem o sublime, previsível e controlado. A solidão, estado em que podemos criar e refletir, fica abolida. Lucia descreve estudantes do campus onde o terrorista de Boston estudava. Esses estudantes, ANTES de pensar em entregar o assassino, apagaram todas as pistas virtuais dos PCs do rapaz. O mundo real NÃO podia entrar naquele mundo virtual do campus, então, antes da policia, apaga-se tudo. Salva-se o cool perfeito do feio e imperfeito.
   Notei isso já em 2007. O mundo atual favorece a divisão dos homens em guetos isolados e estáticos. Explico. No mundo do rádio e da TV sem cabo, do jornal impresso e da revista volumosa, voce era exposto a vários mundos que não eram o "seu". Assim, eu era exposto a samba e funk para poder ouvir rock. E acabava por conhecer e ocasionalmente apreciar samba e funk. Antes de ver o filme de Fellini na Globo às 23 hs, assistia As Panteras e Chico City. Meu poder de edição da vida era mínimo. Na escola eu não podia escapar numa tela do meu colega chato ao lado ou da gordinha nerd atrás de mim. Isso tudo era bom? A pergunta não é essa. A pergunta é: O que esse mundo não virtual me trouxe? Conhecimento.
   Tenho amigos hoje que podem passar toda a vida ouvindo apenas as mesmas músicas, vendo os mesmos filmes e vivendo em um mundo onde só vivem pessoas da mesma turma. Conectados, TODOS gostam das mesmas coisas, consomem os mesmos produtos. E ilhados, longe de gostos e modos de ser diversos, crêem burramente que eles são ALTERNATIVOS, afinal, são DIFERENTES. Diferentes do que?
   Na tela voce protesta contra o desemprego. E gente cool como voce vai a rua fazer um lance cool onde voce diz o que não quer, mas não consegue formular o que deseja. Na verdade o que os cool da Espanha e da Grécia querem é poder ficar no Face sem se preocupar com a vida real.  Grana para poder viver para sempre entre gente cool em lugares cool. Não importa como esse dinheiro venha.
   Vejo em filmes italianos de 1950 o quanto os avôs dessa geração lutaram. Filas para comida, barracos e curtiços, improviso dia a dia, solidariedade entre vizinhos, espirito de grupo. Seus netos e bisnetos são mimados. Babys de fraldas em forma de bermudas pinky. O desejo deles chega só até a tela de seu brinquedo, o espaço de seu berço tem forma de apê e as brincadeirinhas infantis travestidas de sexo sem consequência. Seu mundo TEM DE SER de bebês para bebês. Daí o horror ao velho ( velhos livros, velhos filmes e velhos cool ), ao não-controle e a solidão. Bebês precisam de babás 24 hs ao dia.
   Mas o pior é: QUEM CONTROLAR, OU AO MENOS ENTENDER O MUNDO LÁ FORA, dominará com facilidade essa turminha cool. Fácil assim.
   Platão again. A teen toda cool está na caverna entretida com suas sombras. Lá fora tem o mundo de verdade. Quem diria....Platão escreveu sobre o futuro.

OUTRAS VIAGENS SOBRE SOLARIS

   Não esgotado o assunto, volto a desenvolver pensamentos nascidos do filme de Tarkovski ( Sobre o filme especificamente falo abaixo ).
   Eu amei seus seios, sua boca e sua pele inteira. Amava seu tom de voz, os dentes tortos e o cheiro de sexo. Sua impulsividade, seu humor sincero e reto, seus sonhos simples. Amava suas canções e o modo como ela ria sem medo ou vergonha. Sua coragem. Mas há uma questão nisso tudo: Eu a conheci? Eu realmente sei quem ela é, foi, queria ser? Ela me conheceu?
   O que sei de sua história? O que ela sente ao acordar, ao menstruar, quando está só, quando pensa nos pais. De onde ela veio, o que fez, o que é. Eu a conhecia?
   Esse é um dos assuntos dificeis do filme. Outro é a identidade. Assunto que é o mais importante da filosofia e da neurologia hoje. Existe um eu? Há algo de particular em mim ou em voce? Não seríamos apenas um arquivo de memórias e de reações óbvias? Que eu sou? Quem ela é? Mais perturbador no filme é: Será possível ter contato com alguém? Ou nos iludimos pensando que aquela distãncia, aquele não-conhecer, aquele quase nada, seja um contato? A questão agora não é mais Quem eu sou e sim, O Que eu sou.
   O filme dá duas pistas.
   Amamos aquilo que perdemos ou que podemos perder. Não amamos aquilo que achamos ter para sempre. Desse modo, pouco ligamos para pais e mães, que nos parecem pra sempre, e amamos a vida, que sabemos perder um dia e aqueles que nos parecem mais distantes. Quem ama a Deus O ama por sua incerteza e não o contrário. Tarkovski diz isso e mais: Amaremos a Terra apenas quando ela estiver destruída.
   Segunda pista: Se ela que eu amo pode ser uma ideia virtual em minha cabeça, o que remete ao fato de que ela não existe e na verdade é substituível; lógico será que eu também seja uma virtualidade na cabeça dela. O filme vai nessa lógica até o limite ( e tentarei não descrever o final perturbador ). A vida como um oceano de memórias, um pai que tem um filho que será e é sempre uma ideia abstrata em sua mente criativa.
   Parece exotérico para voce? Eis o mais platônico dos filmes.

AS QUESTÕES QUE VALEM A PENA

   Intuições que me acompanham desde sempre:
   - O rosto que vejo no espelho não é o mesmo que voce vê em mim. Eu vejo aquilo que entendo ser eu.
   - Se eu relaxar completamente e deixar minha cabeça fluir livremente, tudo aquilo que está a meu redor irá se dissipar. As coisas e as pessoas se mostrarão como são na realidade: inefáveis.
   - Há no céu um monte de coisas tão absolutamente grandes que não conseguimos ver. Assim como existem galáxias na unha do meu dedo, o que é inimaginávelmente grande torna-se invisível.
   - Só conhecemos aquilo que estamos preparados para conhecer. Toda a arte nos prepara para conhecer a próxima casca da cebola.
   - Assim como "alto" e "baixo", "profundo" e "superficial", "direita" e "esquerda" fazem parte do mesmo plano, e esse plano nos é conhecido como real e opcional, o quarto plano, o temporal, formado por antes, durante e depois, também existe como realidade total. Ou o passado/presente/futuro existe concomitantemente, ou o tempo é uma irrealidade.
   - Tudo o que imaginamos existe. Existiu. Ou existirá.
   - Temos duas opções: ou a matéria criou a vida, ou a vida fez nascer o que é material.
   - Cada célula do meu ser é uma cópia exata do cosmos inteiro.
   - O que existe dentro de mim é real. O exterior é uma suposição.
   - A vida ativa é apenas passatempo.
   - Não faz sentido falar em grande e pequeno, real e irreal, passado e futuro.
   - O que existiu uma vez existe para sempre.
   - Transcendencia é o objetivo da vida.
   - Existem pessoas cegas que crêem na escuridão.
   - Nada surge do nada.
   - Escrevemos nossa vida. Mas somos analfabetos.
   - O homem do futuro é Platão. A caverna é filosofia. Tudo o que veio depois é comentário.
   - Eu não faço a menor ideia do que seja eu. A maior questão é: Como fluidos e carne criam pensamentos?
   Passei a vida achando que todas essas questões fossem loucura.
   Depois pensei que fossem filosofia.
   Poesia.
   E descubro que são física.
   Toda grande ciência é arte. Toda grande arte é filosofia.
   Desde sempre, 1974, 1980.... essas são as questões que me deixam fascinado.
   E descubro que essas são as grandes questões de hoje.
   Viver é perguntar o que não tem resposta.
    - Quando o homem acreditava em bruxas, elas existiam. Quando estávamos certos de haver anjos, víamos. Um dia deixaremos de ver o que hoje vemos.
    - O que me inquieta inquieta voce.
    - Para nosso cérebro, sólido ou imaginário tem o mesmo efeito.
    - A vida é o que pensamos. Pensar pouco é viver menos. Sentir pouco é viver sovinamente.
     Quer viver? Vá onde nunca foi. Leia o que jamais pensou em ler. Veja filmes completamente diferentes de seu costume. Divirta-se com aquilo que voce nunca imaginou. Aumente sua criatividade, expanda seu mundo, indague o que parece não fazer sentido.
     O que faz sentido?