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MAD MAX- CARY GRANT- SOPHIA LOREN-CHARLTON HESTON

   MAD MAX 2015 de George Miller com Tom Hardy e Charlize Theron
Max, o de Mel Gibson, de 1980, foi o primeiro filme que assisti no meu primeiro VHS. Não se engane, foi um filme revolucionário. Trouxe às telas, pela primeira vez, o conceito de aventura pura. Só ação, sem diálogos relevantes, pouca trama, a pura adrenalina. Era o novo cinema australiano. Uma onda que trouxe além de Miller, Peter Weir, Bruce Beresford e Gillian Armstrong. Miller construiu uma carreira interessante, fez As Bruxas de Eastwick e até o ótimo Babe, o filme do porquinho que é a mais bela defesa do vegetarianismo do cinema. Mais uma vez eu falo: não se engane, este Mad Max é muito mais profundo do que você pensa. Os primeiros quinze minutos me fizeram pensar: Deus! Este é o pior filme do ano! Temos toda a tolice, em exagero proposital, dos filmes de teenager: machos violentos, cenários de inferno, máquinas do mal, vilão horrendo e um herói calado. Há até uma banda tocando ao vivo seus riffs de metaleiro. Mas lentamente a gente vai percebendo: há inteligência aqui! Há muita ironia, e a ironia, como provaram Sterne, Thackeray e Machado, é a arma da mais fina Inteligência. A coisa fica deliciosa...O mundo desértico, sem vida, só de machos violentos, é o mundo da pura masculinidade. Ação, morte e a religião transformada em Valhala. Aqui nada nasce, nada faz conexão com nada. Tudo é um fetiche: carros, armas e morrer como num palco, rumo à Valhala. Esse mundo abomina a mulher. Nelas existe a amizade, o cuidado, e principalmente o desejo de viver. Elas sonham. Têm esperança. Dão vida à Terra. Assim que percebemos isso toda aquela correria passa a fazer sentido. O filme se agiganta e se torna a melhor aventura dos últimos anos. Uma ópera adolescente que é contra os adolescentes. Alguns sentem isso, farejam no ar e desgostam do filme. Ele é brilhante. Nota 9.
   KARTHOUM de Basil Dearden com Charlton Heston, Laurence Olivier e Ralph Richardson
Feito em 1968, ele tenta, de forma desajeitada, ser Lawrence da Arábia. Falha miseravelmente e beira o ridículo. Gordon, como Lawrence, é um herói real. Inglês, ele lutou no fim do século XIX no Sudão. Tentou salvar o país do ataque de muçulmanos fundamentalistas ( sim, isso vem de longe ). O roteiro é mal desenvolvido. O herói, feito por um Heston perdido ( ele parece perceber que nada vai dar certo ), nunca parece real. E temos Olivier no pior desempenho de sua carreira. Em sua primeira cena, quando ele abre a boca e emite um sotaque árabe de cartoon, sentimos uma vontade de rir que destrói tudo ao redor. Uma chanchada involuntária. O filme serve como exemplo de como não se gastar dinheiro em vão. Nota 1.
   HOUSEBOAT ( TENTAÇÃO MORENA ) de Melville Shavelson com Cary Grant e Sophia Loren
Em 1958 papai e mamãe iam sábado às oito da noite ao cinema e deixavam os filhos com a babá que ouvia Pat Boone no rádio. Este filme é o tipo de filme que se parou de fazer por volta de 1970. O filme para esse casal comum, porém com bom gosto, conservador, mas não exageradamente sem sal. Cary faz um viúvo que deve cuidar de seus 3 filhos. Os filhos não se dão com ele. Loren é uma italiana ( claro... ), rica, que como Audrey Hepburn em A Princesa e o Plebeu, foge de sua vida protegida e se finge pobre. Vira babá dos tais pirralhos. Vão todos viver numa casa-barco. Funciona. O profissionalismo é tamanho que funciona. Pura bobagem doce, com acentos bem amargos ( os filhos são infelizes. Há uma pitada muito séria no doce ), e algum humor leve. Papai e mamãe saem do cinema contentes. Tiveram uma boa noite de verão. Um adendo: Cary está visivelmente magro e doente. Sabemos que ele se apaixonou por Sophia durante o filme. E ela o repeliu, se casando com Carlo Ponti, o produtor. Foi então que Cary, em crise, se aproximou do LSD. E voltou a ser o cara bonito e saudável de sempre. Não aqui. Ele está abatido. Sophia, que chorava no camarim, disfarça melhor. Está absurda de tão bonita e feliz. Nota 7.
   ENQUANTO SOMOS JOVENS de Noah Baumbach com Bem Stiller, Naomi Watts
Naomi é a atriz mais interessante de sua geração. Ela aceita filmes que fogem do óbvio ( e é linda ). faz a esposa de Ben, uma quarentona que passa a dançar rap. Alguém notou que este filme pode ser a continuação, vinte anos depois, de Reality Bites, o filme que Ben dirigiu com Winona Ryder... Aquele é um filme chave dos anos 90, este é magnífico. Mostra a diferença de gerações, mas esse não é o foco! O foco é o valor da arte e o peso da verdade. Que bom ver um filme moderno que não apela para rocks geniais a fim de ganhar seu público!!! Só no final temos a exibição de duas músicas chave: Golden Years do Bowie e Let em In, do Paul. Eu amei. Nota DEZ!!!!