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Louis armstrong & Ella Fitzgerald - Cheek to Cheek



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ELLA E LOUIS, UMA QUESTÃO DE SABER OUVIR

   Nos anos 50 Norman Granz produziu uma série de discos clássicos do melhor jazz. Se a Blue Note e a Prestige lançavam o jazz mais de vanguarda, Granz gravava standards em versões definitivas. Louis Armstrong se juntou a Ella Fitzgerald para gravar este disco com canções irretocáveis da tradição americana. Mais que um item de classe e de perfeição musical, o disco é uma aula de audição.
   Aqui tudo é sutileza. Desde a voz de menina que Ella sempre manteve, até a rouquidão de Louis. Mas é ainda mais. A respiração de Louis é audível nas faixas que são como cristal. Voce percebe o ar entrando pela garganta de Louis e a voz saindo, suave, grave, rouca, do mais profundo vazio do diafragma. E ao mesmo tempo há a dicção impecável de Ella, cada sílaba tinindo e sibilando, letra e melodia sendo emitidas e produzidas dentro de nossos ouvidos. É um disco que nos salva da surdez.
  Oscar Peterson traz seu piano delicado e Herb Ellis dedilha uma guitarra harmônica. Na batera o mítico Buddy Rich, aqui contido. Isn't This a Lovely Day vale sózinha por toda uma carreira. Canção lançada em filme de Fred Astaire, ela transmite a sensação de frescor e de luxo que os filmes de Astaire e de Ginger passam. É uma alegria absoluta. Mas há também Cheek to Cheek, talvez a mais sublime das canções americanas. Linda como amar, inspiração altíssima de Irving Berlin.
   Impossível saber qual a melhor faixa, They can't Take That Away From Me poderia ser ela. Dos Gershwin, tem uma melodia tão bonita que o prazer de a escutar faz com que nos enamoremos dela para sempre. Aliás é bom eu ter citado a palavra prazer. Valor tão desvalorizado nos dias de hoje ( há quem goste de discos que fazem sofrer e sentir dor ), é esse prazer o objetivo e o ganho da carreira tanto de Ella como de Louis. Eles cantam com prazer, e nos oferecem o mesmo prazer. Após uma noite perfeita ( ou mesmo média ), colocar este disco para tocar é amplificar esse momento vivido e usufrui-lo por tempo maior.
   Como acontece com os bons musicais de Hollywood, saber apreciar esta obra é mostra de se saber escolher. Um presente dado a si-mesmo. Generosamente feliz.