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RODIN, A ARTE. CONVERSAS COM PAUL GSELL
Rodin adquiriu uma fama em vida que muitos poucos conseguiram. Talvez apenas Wagner e Goethe, Victor Hugo e Picasso possam ser comparados. Ele explode no século XIX e vive ainda no século XX sendo aclamado e tratado como divindade. Não se discute Rodin, é um gênio e fim. O Pensador é a obra mais famosa do nosso tempo e é difícil negar isso. ( Mas o busto que ele fez de Voltaire é, para mim, melhor ). Então neste livro temos um amigo, Gsell, visitando Rodin,já velho, algumas vezes, em sua casa e em seus ateliês, e Rodin fala da vida, da arte e da beleza. Daqueles que ele admira. --------------- Rodin é um artista fora de moda porque ele fala coisas que hoje seriam problematizadas. Primeiro há nele ausência de ódio. Ele não ataca rivais, fala dos que ama. Não destroi o passado, o respeita e tenta não o copiar. Rodin ama a beleza e fala abertamente que tudo é belo, a dor, a doença, a fome, a guerra, basta saber olhar. A beleza não é moral, a doença e a fome são más, mas a beleza é tão poderosa que ela se mistura mesmo na maldade. O artista é aquele que vê isso e traduz essa força em sua obra. Ora, a arte moderna fala exatamente o contrário, ela diz que a beleza não existe, é uma invenção humana e que cabe ao artista mostrar a verdade, e essa verdade é feia. ( Fato interessante é que eles nunca suspeitam que se o Belo é artificial, o Feio, como seu oposto, também o é ). O artista atual seria aquele que estraga o prazer, que vê a podridão em tudo que parece saúde. Rodin diz o contrário, o artista vê a beleza na podridão. Ele não nega a morte ou a carne podre, mas percebe a beleza. ------------------ O que é beleza? Para Rodin é o caráter. Caráter sendo a força, a alma, o espírito por detrás da carne. A beleza é tudo aquilo que FALA, seja um gesto, um olhar, uma tensão, uma ruído. A união de tudo isso faz o que se chama BELO. ----------------- E para ele, nada é mais belo que o corpo humano e no corpo humano nada se compara a beleza de uma mulher. É a mulher o ser mais pleno de beleza em todo o universo. Impossível um artista ter a coragem de dizer isso hoje, não é? Seria chamado de assediador barato. Insincero. Perverso. Ou mero charlatão. Ele seria levado mais à sério se afirmasse que nada é mais feio que uma mulher jovem. --------------------------- Há várias fotos de obras de Rodin e como disse, o busto de Voltaire me impressionou muito. Isso porque todo o homem está lá. O olhar vivo e complexo, o ar de deboche, a força da boca toda sua vida explicitada em uma pedaço de pedra. Belo? Muito. Belo por ser tão vivo e vivo sendo tão belo. É uma conversa bastante agradável esta.
RAINER MARIA RILKE - RODIN
A escrita de Rilke é sedutora porque ela vive na borda, na fronteira entre o pesadelo e a beleza. Ele faz do estado doentio, sim, ele era um doente, uma condição de privilégio. Simbolistas e decadentes do fim do século XIX e do começo do XX, traziam ao estado doentio sedução. A febre, a vertigem, a mania, tudo isso dava ao artista a possibilidade de ir além. Ler Rilke, como acontece com Proust, é habitar o mundo da mais perfeita beleza, mas é também ser testemunha da mais cava neurose. E, assim como todo neurótico sente conforto na sua dor, nós somos seduzidos pela doença que é beleza. Por isso eu adoro Rilke como adoro Proust. Em prosa, o poeta alemão nascido em Praga, é poeta como sempre o é. Neste volume ele tece loas à Rodin, o escultor que por volta de 1900 era o artista mais famoso do planeta. Na nossa herança cultural, obras como O Pensador ou O Beijo são tão icônicas e populares que pensamos que elas sempre existiram, como se fossem uma montanha ou um rio. Imagine o efeito sobre uma sensibilidade como a de Rilke, testemunhando a gênese de todas essas obras. Ele nos explica o porque da genialidade de Rodin, o movimento que habita suas esculturas, a força de cada gesto, a brutalidade que alça voo. O volume deveria ser uma biografia do artista francês, mas ele se faz uma obra de impressões. O poeta vasculha, sente, observa, vê. ----------------- Ler prosa tão poética é um prazer sem fim.
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