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ENTRETENIMENTO E ARTE
Daniel Piza falando de Kenneth Tynan diz que a época em que Tynan escreveu, foi o tempo em que entretenimento era arte. Isso me fez pensar. Será puro saudosismo? ------ Li então o perfil que Tynan fez de Bogart. Bogey comparado à Sêneca. O estóico. Todos iremos um dia morrer, e o que importa não é o quanto vivemos, mas sim como morremos. Ninguém soube morrer como Humphrey Bogart. Nos filmes e na vida real. Penso então duas coisas. E as divido aqui com voce:------- Me diga o nome de um ator vivo que seja admirado por seu porteiro e por seu professor de linguística. Por seu garçon e pelo seu escritor favorito. Existem hoje, como sempre existiram, bons atores, alguns ótimos, mas o que Piza diz é: existe entretenimento que seja arte? E Tynan diz: existe arte que seja entretenimento? -------- Humphrey Bogart era amado pelo taxista e por Godard. Assim como o era John Wayne ou James Stewart. A partir dos anos 70 se deu a ruptura. O povão amava Rock Hudson ou Tony Curtis, o intelectual amava Mastroianni ou Max Von Sydow. ------------ Seu moto boy sabe quem é o Benedict? Ele gosta e procura os filmes de Daniel Day Lewis? E voce? Considera Vin Diesel ou Jason Statham artistas? ---------------------- Lembre-se. Em 1967 a banda mais popular do mundo, aquela que era conhecida pelo velho do bar e pelo sambista do morro, essa banda, Beatles, lançou um disco que na época era não só considerado arte, como era até mesmo, esquisito. E pasmem, vendeu aos milhôes. Teste maior, foi influência sobre o cantor mais popular do país. Roberto Carlos. Era arte e era entretenimento. Era POP e era esquisito. -------- Seria como a banda mais POP de 2020, uma que seja conhecida pelo engraxate e pelo seu avô, lançar um disco esqusito e mesmo assim ser número um em vendas. E, mais importante, ser imitada por Gustavo Lima ou Weslley Safadão. ----------------------- Voce pode dizer para mim: Mas Paulo, na TV há arte e entretenimento. ---------- E eu te direi: sua série favorita na Netflix não é conhecida pelo seu jardineiro e nem pelo balconista do buteco. Ela é arte e não é POP. É tão elitista como era Pedro Almodovar em 1998, aquele diretor que chamavam de POP e de sucesso, mas que na verdade era conhecido só por universitários e cinéfilos.---------------De Lubistch à Huston, de Hitchcock à Melville, posso citar montes de cineastas que faziam entretenimento e arte ao mesmo tempo. Que entretinham o zé do metrô e o filósofo chato. ------------- Na música não era diferente. Duke Ellington era POP assim como POP era Cole Porter. -------------- No mundo compartilhado em que vivemos, não há mais espaço para a mistura do muito popular com o ousado. Quem faz arte, ou pensa que faz, contenta-se com sua gang e quem faz entretenimento fica confortável na repetição de uma fórmula. ------------ Diga-se para encerrar, que de Tolstoi à Shakespeare, arte quando misturada à entretenimento é sempre durável. Pois ela oferece o melhor dos mundos: Profundidade com simpatia.
DOIS FILMES PERFEITOS
Falo de cara: Voce não vai encontrar dois filmes em preto e branco com fotografia mais fantástica. GREAT EXPECTATIONS e OLIVER TWIST são dois filmes que David Lean fez no começo da carreira, 1947 e 1948, e ambos são considerados as mais brilhantes adaptações de Charles Dickens já produzidas para a tela. ( E não há autor mais adaptado que ele ). Guy Green é o nome do genial diretor de fotografia e Oswald Morris o camera man. Green se tornaria diretor de cinema nos anos 60 e Morris venceria Oscar no futuro. Seria o fotógrafo favorito de Huston.
Jamais esqueço os primeiros minutos dos dois filmes. Em ambos há uma mistura de medo e beleza, horror e estética sofisticada, som e sombras que anunciam tudo o que virá a seguir. Grandes Expectativas é considerado mais perfeito, eu não consigo escolher. No primeiro se conta a história do menino pobre que enriquece graças à uma doação anônima. No segundo, todos sabem, é a história do menino de rua, Oliver. O que vemos? Rostos acima de tudo. Rostos expressivos, fortes, caricaturais, faces que contam uma narrativa, rostos de gente de verdade, sujos, marcados, vivos, muito vivos. Ao redor desses rostos temos os cenários. Labirintos de barracos em Oliver, a mansão cheia de teias e pó em Expectations. Lean usa o expressionismo alemão nos cenários e na luz, mas de um modo muito maior, mais rico, detalhista. Janelas, pisos, escadas, velas, andrajos, canecas, garrafas.
Expectations é quase surrealista. Há nele o espírito dos sonhos. Já Oliver é um filme de horror. Tudo assusta, tudo causa medo. Os atores são brilhantes. John Mills, Francis Sullivan, Martita Hunt, Robert Newton, Jean Simmons...e também essa força da natureza Alec Guiness.
Reli recentemente a auto bio de Guiness e o livro de Kenneth Tynan sobre ele. Na bio o mais bonito é a conversão religiosa de Guiness. Ele se torna católico num processo detalhista e lento. Fora isso, Alec Guiness, um eterno disfarçado, fala sobre quem ele conheceu e não sobre si mesmo. Tynan diz que ele foi o primeiro ator moderno da Inglaterra. Ao contrário das estrelas Olivier, Gielgud e Redgrave, Guiness fazia um papel, não se exibia, se escondia atrás do personagem. Laurence Olivier ( assim como Anthony Hopkins e Daniel Day Lewis ) é sempre Olivier fazendo Hamlet, Olivier fazendo Shaw, Olivier fazendo comédia. Alec Guiness não. É o personagem sendo feito por um ator. O Fagin que ele faz em Oliver Twist é um milagre de criação. Ele não tinha 35 anos ainda. Veja o que ele fez.
Eu vi Oliver Twist pela primeira vez aos 11 anos, na TV, com meus pais. Jamais esqueci o choque. A cena da morte de Nancy se gravou na minha mente como a coisa mais violenta e revoltante que já assisti. Revisto, após tantas cenas gore em tantos filmes mais novos, ela ainda choca. Por que? Pelo uso que Lean faz do cão berrando, da cara de Newton e do porrete. Não vemos nada, mas imaginamos. Ele nos faz ver sem ter visto. Por isso fica gravado em nós.
É preciso ver os dois filmes.
Jamais esqueço os primeiros minutos dos dois filmes. Em ambos há uma mistura de medo e beleza, horror e estética sofisticada, som e sombras que anunciam tudo o que virá a seguir. Grandes Expectativas é considerado mais perfeito, eu não consigo escolher. No primeiro se conta a história do menino pobre que enriquece graças à uma doação anônima. No segundo, todos sabem, é a história do menino de rua, Oliver. O que vemos? Rostos acima de tudo. Rostos expressivos, fortes, caricaturais, faces que contam uma narrativa, rostos de gente de verdade, sujos, marcados, vivos, muito vivos. Ao redor desses rostos temos os cenários. Labirintos de barracos em Oliver, a mansão cheia de teias e pó em Expectations. Lean usa o expressionismo alemão nos cenários e na luz, mas de um modo muito maior, mais rico, detalhista. Janelas, pisos, escadas, velas, andrajos, canecas, garrafas.
Expectations é quase surrealista. Há nele o espírito dos sonhos. Já Oliver é um filme de horror. Tudo assusta, tudo causa medo. Os atores são brilhantes. John Mills, Francis Sullivan, Martita Hunt, Robert Newton, Jean Simmons...e também essa força da natureza Alec Guiness.
Reli recentemente a auto bio de Guiness e o livro de Kenneth Tynan sobre ele. Na bio o mais bonito é a conversão religiosa de Guiness. Ele se torna católico num processo detalhista e lento. Fora isso, Alec Guiness, um eterno disfarçado, fala sobre quem ele conheceu e não sobre si mesmo. Tynan diz que ele foi o primeiro ator moderno da Inglaterra. Ao contrário das estrelas Olivier, Gielgud e Redgrave, Guiness fazia um papel, não se exibia, se escondia atrás do personagem. Laurence Olivier ( assim como Anthony Hopkins e Daniel Day Lewis ) é sempre Olivier fazendo Hamlet, Olivier fazendo Shaw, Olivier fazendo comédia. Alec Guiness não. É o personagem sendo feito por um ator. O Fagin que ele faz em Oliver Twist é um milagre de criação. Ele não tinha 35 anos ainda. Veja o que ele fez.
Eu vi Oliver Twist pela primeira vez aos 11 anos, na TV, com meus pais. Jamais esqueci o choque. A cena da morte de Nancy se gravou na minha mente como a coisa mais violenta e revoltante que já assisti. Revisto, após tantas cenas gore em tantos filmes mais novos, ela ainda choca. Por que? Pelo uso que Lean faz do cão berrando, da cara de Newton e do porrete. Não vemos nada, mas imaginamos. Ele nos faz ver sem ter visto. Por isso fica gravado em nós.
É preciso ver os dois filmes.
OS REIS DOS PATOS, KENNETH TYNAN E UM LOBITO RUIM
Nossa crítica de mal humor tem tudo a ver com aquilo que se oferece a ser criticado. Acabo de reler o livro de Kenneth Tynan e penso que muito da beleza de suas resenhas críticas são frutificadas pela assembléia de gente interessante que havia no globo para ser apreciada. Ele viveu para escrever sobre Olivier, Bogart, Miles Davis e Kate Hepburn. Estava presente em noites de Noel Coward e de Gielgud. A matéria prima para ser escrita era de primeira. Ela exigia boa crítica, bem escrita e bem informada. O maior elogio a Tynan é dizer que ele esteve a altura de seus objetos críticos. Ler este livro, inspirador e generoso em seu oferecimento de beleza viva, é tomar contato com o best of the best.
Hoje escrevem sobre bestalhadas.
A melhor frase do livro ( cheio de melhores frases ), "o sorriso e a personalidade de Katharine Hepburn faz mirrar gente mesquinha e desinteressante. Ela é uma ofensa aos pobres de espírito."
Lobão, o pretensioso-que-se-acha, diz que não dá pra viver em mundo burro. Ora caro Lobo uivador, este mundo foi feito por voce. Suas canções acostumaram toda uma geração a cantores ruins, letras bobas e mensagens deslumbradamente redundantes. Acima de tudo o mundo do Lobinho é chato.
Na lista dos 101 melhores roteiros tem tanta bobagem que nem vale a pena falar. Vi todos os 101. É uma lista sem um só filme japonês e que ignora Bergman e Bunuel. Bem...os 10 primeiros até dá pra concordar, mas depois a coisa pega.
Os Reis dos Patos é a melhor coisa da TV hoje. É isso mesmo! TV pra mim não é arte. Ao contrário dos patetas, que são incapazes de ler um livro e pensam compensar sua idiotia via TV, procuro na TV diversão, excitação e entretenimento. Amo bobagens bem feitas. Os Patos é uma familia de caipiras ( como eu ) dos cafundós dos EUA que caçam, fazem merda e dão depoimentos hilários. Eles são ultra-conservadores. Caçam bichos. E são irresistíveis. Tem um episódio em que a espada samurai de um deles é quebrada que é ducaraca! "Também essa espada era uma porcaria!" Frase de gênio! Veja a versão dublada. É muito legal.
Lembro que em 1976, ano em que comecei a ler jornal, em dois meses os críticos de cinema se deliciaram. Falaram, bem e mal, de TAXI DRIVER, UM DIA DE CÃO, NETWORK, ROCKY, NASHVILLE, A ÚLTIMA NOITE DE BORIS GRUSHENKO, 1900 e BARRY LYNDON.
Temas para escrever. Espaço na imprensa.
Sinto falta de Ibrahim Sued: De Leve!!!!!
Hoje escrevem sobre bestalhadas.
A melhor frase do livro ( cheio de melhores frases ), "o sorriso e a personalidade de Katharine Hepburn faz mirrar gente mesquinha e desinteressante. Ela é uma ofensa aos pobres de espírito."
Lobão, o pretensioso-que-se-acha, diz que não dá pra viver em mundo burro. Ora caro Lobo uivador, este mundo foi feito por voce. Suas canções acostumaram toda uma geração a cantores ruins, letras bobas e mensagens deslumbradamente redundantes. Acima de tudo o mundo do Lobinho é chato.
Na lista dos 101 melhores roteiros tem tanta bobagem que nem vale a pena falar. Vi todos os 101. É uma lista sem um só filme japonês e que ignora Bergman e Bunuel. Bem...os 10 primeiros até dá pra concordar, mas depois a coisa pega.
Os Reis dos Patos é a melhor coisa da TV hoje. É isso mesmo! TV pra mim não é arte. Ao contrário dos patetas, que são incapazes de ler um livro e pensam compensar sua idiotia via TV, procuro na TV diversão, excitação e entretenimento. Amo bobagens bem feitas. Os Patos é uma familia de caipiras ( como eu ) dos cafundós dos EUA que caçam, fazem merda e dão depoimentos hilários. Eles são ultra-conservadores. Caçam bichos. E são irresistíveis. Tem um episódio em que a espada samurai de um deles é quebrada que é ducaraca! "Também essa espada era uma porcaria!" Frase de gênio! Veja a versão dublada. É muito legal.
Lembro que em 1976, ano em que comecei a ler jornal, em dois meses os críticos de cinema se deliciaram. Falaram, bem e mal, de TAXI DRIVER, UM DIA DE CÃO, NETWORK, ROCKY, NASHVILLE, A ÚLTIMA NOITE DE BORIS GRUSHENKO, 1900 e BARRY LYNDON.
Temas para escrever. Espaço na imprensa.
Sinto falta de Ibrahim Sued: De Leve!!!!!
YOUTUBE, TYNAN E COLUMBIA
Acho que foi a Veja que publicou. Uma matéria sobre o admirável mundo novo do youtube. Eles listam algumas das maravilhas que o tube botou a disposição de todos: Michael Jackson e o show dos Jacksons onde ele cria o moonwalk, Mick Jagger cantando no programa Shinding em 1964, Os Monty Python na Tv em 1968, ou seja, antes do programa deles, e por aí vai... As dicas e o texto é ok, mas isso é chover no molhado. Ou não? Bom, eu espero que voce, mocinho curioso, use o tube para ver "aquilo que voce nunca viu". As coisas que mais me impressionaram no tube: A voz de William Butler Yeats recitando um poema, imagens de Renoir em seu jardim, Jimi Page tocando violão na BBC aos 14 anos, um documentário sobre Man Ray, John Gielgud recitando Shelley, o MC5 tocando num campus em 1970, David Hamilton sendo entrevistado, um show de LSD em Londres, imagens do Kon Tiki originais, jogadas de George Best... tanta coisa mais que vi nesse canal aberto... Para quem tem alguma vontade de saber, de ver, uma mina inesgotável.
A Folha malhou Hitchcock. O Estado deu duas páginas e gostou. Os dois botaram o show de Elton nas nuvens. Elton John foi muito malhado por punks e por wavers. A vingança tá aí. O tempo faz a verdade surgir. Um dos textos chega a fazer poesia. Diz que Rocket Man continua viva, nova, emocionante. Elton parece ainda interessado, criando e recriando, dando o que deve ser dado, a verdade. Fico feliz em ler isso.
Festival Tarantino. Voces têm a chance de ver AS 36 CÂMARAS DE SHAO LIN e VANISHING POINT na telona. São filmes que Quentin ama. São filmes que eu amo.
Kenneth Tynan dizia que existiam filmes bons-bons e filmes ruins-ruins. Mas que mais interessantes eram os ruins-bons e os bons-ruins. Tarantino faz filmes ruins-bons. PT Anderson fez um filme que é bom-ruim. Tarantino parte do que é considerado ruim ( western spaguetti, mentiras históricas, violência de HQ ) e faz algo de muito bom com esse lixo. PT, assim como Spielberg em Lincoln, parte de algo bom ( boas intenções, seriedade culta, verdades ) e faz algo de entediante, flácido, sem porque. Eis o bom-ruim. Duro de Matar 5, como todos da série, é um filme muito ruim que é muito bom. De uma montanha de lixo se faz uma diversão muito legal. Delicia!
Depois de ler a história da Universal Studios estou lendo a história da Columbia. Engraçado, são as duas grandes que menos gosto. Queria ler a história da Warner e da Paramount, mas não há. O Brasil é uma pobreza em livros! Saiu um livro lá fora que conta a história dos porres e da amizade de Peter O'Toole, Richard Burton, Albert Finney e Peter Finch. Adoraria ler. Vai sair aqui? Jamais!
A Columbia tem poucos filmes em sua história que eu adoro. Era o estúdio dos filmes mais familia. Mas tinha Frank Capra. E depois as fantasias de Ray Harryhausen. O legal é que eles tinham uma divisão na Inglaterra. Foi essa equipe que fez Lawrence da Arábia e A Ponte do Rio Kwai. Mas o livro é ok. Montes de fotos. Média de 25 filmes feitos por ano.
O verão se vai e o inverno não virá.
A Folha malhou Hitchcock. O Estado deu duas páginas e gostou. Os dois botaram o show de Elton nas nuvens. Elton John foi muito malhado por punks e por wavers. A vingança tá aí. O tempo faz a verdade surgir. Um dos textos chega a fazer poesia. Diz que Rocket Man continua viva, nova, emocionante. Elton parece ainda interessado, criando e recriando, dando o que deve ser dado, a verdade. Fico feliz em ler isso.
Festival Tarantino. Voces têm a chance de ver AS 36 CÂMARAS DE SHAO LIN e VANISHING POINT na telona. São filmes que Quentin ama. São filmes que eu amo.
Kenneth Tynan dizia que existiam filmes bons-bons e filmes ruins-ruins. Mas que mais interessantes eram os ruins-bons e os bons-ruins. Tarantino faz filmes ruins-bons. PT Anderson fez um filme que é bom-ruim. Tarantino parte do que é considerado ruim ( western spaguetti, mentiras históricas, violência de HQ ) e faz algo de muito bom com esse lixo. PT, assim como Spielberg em Lincoln, parte de algo bom ( boas intenções, seriedade culta, verdades ) e faz algo de entediante, flácido, sem porque. Eis o bom-ruim. Duro de Matar 5, como todos da série, é um filme muito ruim que é muito bom. De uma montanha de lixo se faz uma diversão muito legal. Delicia!
Depois de ler a história da Universal Studios estou lendo a história da Columbia. Engraçado, são as duas grandes que menos gosto. Queria ler a história da Warner e da Paramount, mas não há. O Brasil é uma pobreza em livros! Saiu um livro lá fora que conta a história dos porres e da amizade de Peter O'Toole, Richard Burton, Albert Finney e Peter Finch. Adoraria ler. Vai sair aqui? Jamais!
A Columbia tem poucos filmes em sua história que eu adoro. Era o estúdio dos filmes mais familia. Mas tinha Frank Capra. E depois as fantasias de Ray Harryhausen. O legal é que eles tinham uma divisão na Inglaterra. Foi essa equipe que fez Lawrence da Arábia e A Ponte do Rio Kwai. Mas o livro é ok. Montes de fotos. Média de 25 filmes feitos por ano.
O verão se vai e o inverno não virá.
kenneth tynan sabe tudo sobre teatro
Separo aqui alguns lances do livro do Tynan ( o melhor e mais famoso crítico britânico ), livro que relí semana passada:
SOBRE ATORES INGLESES
seu abc é feito de Shakespeare e Ibsen, portanto, eles adquirem todo controle de voz, de presença cênica que um ator pode querer ter.
nessa tradição existem os grandes, aqueles que nasceram para fazer personagens maiores que a vida, os grandes símbolos de toda a humanidade: Olivier, John Gielgud, Ralph Richardson e Michael Redgrave.
existem os peso-leve. poderiam ter sido gigantes, mas se especializaram em textos mais leves e no cinema: Alec Guiness, Rex Harrison, Peter Sellers, Michael Caine, Sean Connery, James Mason.
os que abortaram. por motivos vários ( bebida, droga, dinheiro em excesso, preguiça ), estes atores poderiam ter sido grandes como os 4 monstros, mas não vingaram ( apesar de terem deixado momentos de absoluta genialidade ).
detalhe: eles sempre vêm aos pares. um grande ator sempre precisa de um rival/modelo, para manter sua gana e sua ambição.
são eles:
paul scofield- richard burton
peter finch- trevor howard
peter o'toole- albert finney
terence stamp- ian mckellen
anthony hopkins- john hurt
daniel day lewis- jeremy irons
INVULNERABILIDADE
porque kate hepburn, james cagney, bogart, spencer tracy e bette davis são indestrutíveis? porque sobrevivem a modas e se mantêm como ícones?
existe algo de invulnerável neles. voce olha, observa, disseca, penetra, e não acha falhas, não encontra o ponto vulnerável. eles são sobre-humanos. estão no olimpo do arquétipo planetário.
1946-THE BEST
Laurence Olivier em cena fazendo EDIPO REI. Fura os olhos e dá um grito que cinquenta anos mais tarde quem lá esteve ainda sente seu horror. ( Paulo Francis e Antonio Callado sempre citavam esse espetáculo ). Èdipo terminado, o público tomado pelo medo e pelo trágico. Cinco minutos depois, Olivier entrava em cena voando, suspenso por cordas. Usando peruca e pó de arroz, apresentava THE CRITIC de Sheridan, e fazia a audiência gargalhar por hora e meia.
Gênio. Quem viu diz que nada se compara. Nem Brando em Tennessee Willians, nem Gielgud fazendo Hamlet, Richard Burton em Look Back in Anger ou Jason Robards fazendo O'Neill.
MILES DAVIS E O DUENDE
Os espanhóis chamam de duende o ato de exibir o máximo de emoção com o mínimo de ação ou espalhafato. Miles comovia com duas notas e jamais mostrava qualquer emoção, seja dor ou raiva, no palco. Quem sentia dor, raiva, amor e desejo era o público.
Passar muito com pouco. Dizer tudo, falando quase nada.
O QUE É ESTILO
O brilho do estilo está em se simplificar aquilo que é complexo.
O idiota complica o simples ( e engana ingênuos ).
Me parece que o cinema ruim faz muito isso : voce pega uma idéia simplória e a complica. Coloca citações, inverte a cronologia da história, faz malabarismos com efeitos.
O estilo verdadeiro faz o oposto. Conta o mistério do desejo na simples história de um cara olhando os vizinhos com um binóculo.
E em matéria de estilo, de contar muito mostrando pouco, HITCHCOCK foi imbatível.
HUMPHREY BOGART
Bogey foi antes de tudo um grande ator. Foi o primeiro e o melhor dos estóicos: tudo nele nos diz que não iremos morrer, mas que estamos morrendo...
LOUISE BROOKS
Ela criou a imagem da inocencia perversa. Do animal sexual.
Suas herdeiras seriam Dietrich nos filmes de Sternberg; Bacall nos filmes de Hawks; Anna Karina em Pierrot e Harriet Anderson em Monika.
SOBRE ATORES INGLESES
seu abc é feito de Shakespeare e Ibsen, portanto, eles adquirem todo controle de voz, de presença cênica que um ator pode querer ter.
nessa tradição existem os grandes, aqueles que nasceram para fazer personagens maiores que a vida, os grandes símbolos de toda a humanidade: Olivier, John Gielgud, Ralph Richardson e Michael Redgrave.
existem os peso-leve. poderiam ter sido gigantes, mas se especializaram em textos mais leves e no cinema: Alec Guiness, Rex Harrison, Peter Sellers, Michael Caine, Sean Connery, James Mason.
os que abortaram. por motivos vários ( bebida, droga, dinheiro em excesso, preguiça ), estes atores poderiam ter sido grandes como os 4 monstros, mas não vingaram ( apesar de terem deixado momentos de absoluta genialidade ).
detalhe: eles sempre vêm aos pares. um grande ator sempre precisa de um rival/modelo, para manter sua gana e sua ambição.
são eles:
paul scofield- richard burton
peter finch- trevor howard
peter o'toole- albert finney
terence stamp- ian mckellen
anthony hopkins- john hurt
daniel day lewis- jeremy irons
INVULNERABILIDADE
porque kate hepburn, james cagney, bogart, spencer tracy e bette davis são indestrutíveis? porque sobrevivem a modas e se mantêm como ícones?
existe algo de invulnerável neles. voce olha, observa, disseca, penetra, e não acha falhas, não encontra o ponto vulnerável. eles são sobre-humanos. estão no olimpo do arquétipo planetário.
1946-THE BEST
Laurence Olivier em cena fazendo EDIPO REI. Fura os olhos e dá um grito que cinquenta anos mais tarde quem lá esteve ainda sente seu horror. ( Paulo Francis e Antonio Callado sempre citavam esse espetáculo ). Èdipo terminado, o público tomado pelo medo e pelo trágico. Cinco minutos depois, Olivier entrava em cena voando, suspenso por cordas. Usando peruca e pó de arroz, apresentava THE CRITIC de Sheridan, e fazia a audiência gargalhar por hora e meia.
Gênio. Quem viu diz que nada se compara. Nem Brando em Tennessee Willians, nem Gielgud fazendo Hamlet, Richard Burton em Look Back in Anger ou Jason Robards fazendo O'Neill.
MILES DAVIS E O DUENDE
Os espanhóis chamam de duende o ato de exibir o máximo de emoção com o mínimo de ação ou espalhafato. Miles comovia com duas notas e jamais mostrava qualquer emoção, seja dor ou raiva, no palco. Quem sentia dor, raiva, amor e desejo era o público.
Passar muito com pouco. Dizer tudo, falando quase nada.
O QUE É ESTILO
O brilho do estilo está em se simplificar aquilo que é complexo.
O idiota complica o simples ( e engana ingênuos ).
Me parece que o cinema ruim faz muito isso : voce pega uma idéia simplória e a complica. Coloca citações, inverte a cronologia da história, faz malabarismos com efeitos.
O estilo verdadeiro faz o oposto. Conta o mistério do desejo na simples história de um cara olhando os vizinhos com um binóculo.
E em matéria de estilo, de contar muito mostrando pouco, HITCHCOCK foi imbatível.
HUMPHREY BOGART
Bogey foi antes de tudo um grande ator. Foi o primeiro e o melhor dos estóicos: tudo nele nos diz que não iremos morrer, mas que estamos morrendo...
LOUISE BROOKS
Ela criou a imagem da inocencia perversa. Do animal sexual.
Suas herdeiras seriam Dietrich nos filmes de Sternberg; Bacall nos filmes de Hawks; Anna Karina em Pierrot e Harriet Anderson em Monika.
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