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AMERICANOS E INGLESES. THE BEACH BOYS E 3 CANÇÕES PERFEITAS.
É famosa a teoria que diz que nos anos 60 e 70 americanos criavam novidades no rock, mas os ingleses, piratas que são, roubavam e embalavam essas novidades. E as vendiam como ideias suas. Frank Zappa foi ousado muito antes do Pink Floyd e os Beach Boys começaram a usar instrumentos estranhos ao rock antes dos Beatles. ( Eu poderia citar mais exemplos, tipo o Velvet Undergorund foi art rock antes de Bowie ou o MC5 foi punk antes dos Sex Pistols....a lista é longa ). Get Around, dos Beach Boys, é o primeiro single gravado na beatlemania e conseguiu chegar ao number one das paradas. E devo dizer que Brian Wilson lança aqui um belo desafio aos caras de Liverpool ( seu primeiro desafio ). Do primeiro acorde da guitarra ao orgão tenebroso que harmoniza o final, da progressão vocal cheia de camadas, à guitarra que avança em meio a melodia, as palmas e um xilofone que pontua, há aqui uma riqueza musical que banda alguma no planeta POP chegava perto de fazer em 1964. Tudo em fantásticos 2 minutos. O falseto de Brian, triste como sempre, e as outras vozes em contraste...é uma obra prima absoluta. All Summer Long está no mesmo LP e abre com um xilofone, o que não era usual. Há tanta riqueza nas vozes que nossos ouvidos não captam sequer metade do que há ali. É verão e há algo de saudoso naquela alegria. No meio da canção brincam um sax e um teclado agudo. Voltam as vozes em tom de despedida. Eles cantam um verão que só existiu na imaginação deles. E que até hoje todos procuram. Little Honda....um GO! de abertura. Então duas guitarras que correm como motocicletas e uma voz, Mike Love, esperta e prometendo. E nascem os vocais de fundo: Faster Faster!!!! Não dá pra ser melhor que isso. --------------- Nessa época os Stones ainda faziam, de modo genial, blues em guitarra e harmonica, e os Beatles compunham maravilhas como From Me To You e 8 Days a Week...mas era música simples se comparada com aquilo que Brian e seus camaradas compunham. O desafio estava lançado e por sorte nossa, Paul MacCartney o aceitou.
ODESSEY AND ORACLE - THE ZOMBIES E A INFANTILIZAÇÃO DO MUNDO.
As crianças nascidas entre 1940-1950 foram salvas de Hitler por seus pais e seus avôs. E, crescidas no momento mais rico da história do planeta ( falo de Europa, EUA e Japão ), passaram a não precisar se matar de trabalho e passar fome por toda a vida. Nunca antes tanta gente teve tanto, seja em bens materiais, seja em tempo livre. Ócio leva ao tédio, tédio leva à raiva e raiva trouxe a liberação dos desejos. O mundo dos pais passa a ser o mundo errado, o mundo dos jovens é o mundo da paz e do amor infinitos. Hippies se chamam de "crianças da flor", a consequência desse "mundo mágico de neverland" vemos hoje. Desejo não é poder, mas para "as crianças da revolução", é sim.
O rock conduziu essa revolução e este disco é um retrato do momento. Os Zombies, banda inglesa, faz no final de 1967 um disco, hoje cult absoluto, que condensa os 3 momentos chave das crianças inocentes: Beach Boys, Love e Mammas and Pappas. Cada faixa é uma citação, nunca plágio, de uma faixa das bandas de LA, a terra do sonho. Harmonias vocais doces e sinceras, arranjos flutuantes, sensibilidade à flor da pele, inocência assexualizada, bosques sem feras. Eles jamais atingem a glória de Brian Wilson e muito menos a acidez que torna Arthur Lee tão perfeito ( o Love tem uma agressividade que nenhuma dessas bandas tem, por isso é de longe a melhor ), os Zombies são belos, nunca instigantes.
Hoje seu som é o som indie. Seu disco ficaria muito bem num set de uma banda "nova" em um festival de 2018. Por isso este é um disco tão cult agora. Infantil todo o tempo.
Claro que Bowie, Lou ou Cale nada têm de infantil. São irônicos com tudo aquilo. Mas são minoria e representam um momento fugaz. O RAP também surge adulto e logo se torna uma brincadeira com armas e videos pornô. O querer é poder se instala em todo meio e serve para justificar tudo, do terrorismo ao pansexualismo. Este disco mostra o parto desse espírito do tempo. Nunca mais seremos adultos. A não ser que uma catástrofe nos jogue no mundo real outra vez. Coisa que pode ter certeza, eu não desejo.
O rock conduziu essa revolução e este disco é um retrato do momento. Os Zombies, banda inglesa, faz no final de 1967 um disco, hoje cult absoluto, que condensa os 3 momentos chave das crianças inocentes: Beach Boys, Love e Mammas and Pappas. Cada faixa é uma citação, nunca plágio, de uma faixa das bandas de LA, a terra do sonho. Harmonias vocais doces e sinceras, arranjos flutuantes, sensibilidade à flor da pele, inocência assexualizada, bosques sem feras. Eles jamais atingem a glória de Brian Wilson e muito menos a acidez que torna Arthur Lee tão perfeito ( o Love tem uma agressividade que nenhuma dessas bandas tem, por isso é de longe a melhor ), os Zombies são belos, nunca instigantes.
Hoje seu som é o som indie. Seu disco ficaria muito bem num set de uma banda "nova" em um festival de 2018. Por isso este é um disco tão cult agora. Infantil todo o tempo.
Claro que Bowie, Lou ou Cale nada têm de infantil. São irônicos com tudo aquilo. Mas são minoria e representam um momento fugaz. O RAP também surge adulto e logo se torna uma brincadeira com armas e videos pornô. O querer é poder se instala em todo meio e serve para justificar tudo, do terrorismo ao pansexualismo. Este disco mostra o parto desse espírito do tempo. Nunca mais seremos adultos. A não ser que uma catástrofe nos jogue no mundo real outra vez. Coisa que pode ter certeza, eu não desejo.
HELP ME RHONDA!
A canção começa com acordes doces de guitarra ( deve ser Glenn Campbell no estúdio com seus Wrecking Crew ). Esses acordes logo são sobrepostos pela voz pensativa e bem adolescente. Voce pensa então em cozinhas de fórmica e quartos com fotos de astros de Hollywood. Mas então, sem avisar, entra o refrão, e a mágica se faz.
São as vozes dos Beach Boys e elas não estão doces. A melodia vem num ascendente quase atonal, ela vacila, e ela é, ora que coisa, profundamente angustiada. O adolescente pede socorro, insiste no pedido, chama e implora, socorro Rhonda, socorro...Nessas vozes, nessa melodia torta, há desejo frustrado, impaciência, dúvida e desespero. Há beleza superlativa.
É um dos cinco maiores singles da história do rock e do pop. Apenas dois minutos e meio, mas é um romance completo. Voce é capturado para o resto da vida. A massa instrumental aumenta, o que era doce vira quase fúria e o solo é esquálido, o pobre desejo virgem contra a contingência da vida.
Há quem ache, até hoje, que música pop é simples. Brian Wilson era simples como uma chuva de verão. Este single é pra eternidade.
São as vozes dos Beach Boys e elas não estão doces. A melodia vem num ascendente quase atonal, ela vacila, e ela é, ora que coisa, profundamente angustiada. O adolescente pede socorro, insiste no pedido, chama e implora, socorro Rhonda, socorro...Nessas vozes, nessa melodia torta, há desejo frustrado, impaciência, dúvida e desespero. Há beleza superlativa.
É um dos cinco maiores singles da história do rock e do pop. Apenas dois minutos e meio, mas é um romance completo. Voce é capturado para o resto da vida. A massa instrumental aumenta, o que era doce vira quase fúria e o solo é esquálido, o pobre desejo virgem contra a contingência da vida.
Há quem ache, até hoje, que música pop é simples. Brian Wilson era simples como uma chuva de verão. Este single é pra eternidade.
BRIAN WILSON- BOGEY- JASON STATHAM- VINGADORES- JURASSIC- BETTE DAVIS
OS VINGADORES-A ERA DE ULTRON com os vingadores
Não rola. Ele começa já com ação, desinteressante, e rola ladeira abaixo. A história é sobre um super ser que toma a mente do Homem de Ferro. O filme falha no principal: pouco ligamos para os heróis. O primeiro filme da série era bem bom. Este é uma coisa perdida.
OS ÚLTIMOS CAVALEIROS de Kaz I Kirya com Clive Owen e Morgan Freeman
Você vai achando que se trata de um gostoso filme medieval. Você quer um pouco de ação, heróis e magia pop. Mas então você descobre que o filme foi feito em Taiwan e que desse modo se trata de uma visão oriental sobre a idade média. E que no oriente não houve uma idade média. E que portanto o que temos é um carnaval de misturas mal feitas que tornam a coisa insuportável. Alguns personagens parecem do século XII, outros são de 1700 e alguns de Star Wars. Os nobres são negros, há ainda samurais e odaliscas. Nem Stan Lee foi tão doido. Pior de tudo, a ação é pífia.
JURASSIC WORLD de Colin Trevorrow com Chris Pratt e Bryce Dallas Howard
Então vocês acham que sou um snob que não gosta de filmes pop...pois eu gostei muito deste. Os efeitos são ótimos, a mensagem ecológica é boa, a ação é bem dosada. Divertido e com suspense. Eis um filme digno. Pode ver que é bem legal.
JOGO DURO de Megaton com Jason Statham e Hope Davis.
Um cara que trabalha em cassino ganha e perde uma fortuna. No meio tempo ele se mete em várias encrencas. Um filme de ação com aquele tipo de herói perdedor que era moda nos anos 90. Eu adoro. Jason é o melhor ator para esse tipo de filme. Ele nunca parece perfeito e sua voz demonstra fraqueza. Isso o humaniza. É um filme em que tudo é chavão, mas por causa de sua falta de pretensão nós desculpamos e relaxamos. Muito bom.
AMOR E MISERICÓRDIA de Bill Pohlad com Paul Dano, John Cusak, Paul Giamatti e Elizabeth Banks.
Desde a obra-prima sobre Dylan é este filme a melhor bio sobre um rock star. Cusak e Dano dão um show fazendo Brian Wilson em idades diferentes. O filme não tenta mostrar tudo sobre o líder dos Beach Boys, ele se detém em dois momentos de sua vida: o auge em 1966 e o inferno nos anos 80. Todas as cenas no estúdio de gravação são fascinantes. O que vemos é um gênio louco criando magia. O filme consegue unir pesadelo à encanto. Brian conheceu o inferno e o psiquiatra feito por Giamatti é um dos piores vilões da história. E creia, foi isso mesmo o que aconteceu... Um filme que emociona e nos deixa nocauteados. Tem de ser visto. ( Cusak tem a melhor atuação de sua vida ).
FLINT CONTRA O GÊNIO DO MAL de Daniel Mann com James Coburn e Lee J Cobb.
Quando James Bond se tornou em 1963, no seu segundo filme, uma mania mundial, imediatamente os USA começaram a procurar sua versão de 007. Dean Martin foi Matt Helm e James Coburn foi Flint. Os dois são gozações. Os USA não conseguiram jamais levar 007 a sério. A série de Martin é puro esculacho, esta é uma tentativa de ser engraçadinha com alguma dignidade. Não funciona. O filme em 1965 era moderninho e sexy, hoje é apenas museu vivo. James Coburn é um ator carismático, quem o viu em westerns jamais esqueceu, mas aqui ele parece apenas um adulto brincando com teenagers. Muito colorido, muito moderninho, ele parece agora apenas chato.
O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO de Sacha Guitry com Sacha Guitry e Jacqueline Delubac
Guitry foi um star na França dos anos 30. Ator, cantor, escritor, dramaturgo, diretor de cinema e compositor. Fez alguns filmes muito relax e muito originais. Veja esta pequena maravilha....Com humor soberbo, conta a saga de um trapaceiro. Da infância até a idade madura. O filme não tem um só diálogo, ele é todo narrado por ele mesmo, à mesa de um bar. Dessa forma, vemos as cenas enquanto escutamos sua narrativa. O efeito, que poderia ser chatérrimo, funciona muito bem. Os motivos: a história é excelente e a voz de Guitry é charmosa. O filme tem cenas sensacionais e dá um prazer imenso. Como sempre falei, a França fez os mais metidos e chatos filmes da história. E também os mais leves e bonitos dos filmes. Este é um souflé! Nota 9.
3 ON A MATCH de Mervyn Leroy com Joan Blondell, Ann Dvorak, Bette Davis e Humphrey Bogart.
De 1932, da Warner, o filme conta a história de 3 amigas de escola. Uma vira cantora, outra vira manicure e outra alcoólatra. O filme é mal desenvolvido. O roteiro é bem tolo. O mais interessante é que Bette Davis, ainda uma novata, faz escada para Ann Dvorak e Joan Blondell. Pior ainda é Bogey, que aparece só em duas cenas, já fazendo o tipo de bandido que ele tão bem sabia fazer. Os dois parecem de outro mundo em meio a um filme tão datado. Parecem atemporais. Há um menino neste filme, que deveria parecer doce, que me deu instintos assassinos!
Não rola. Ele começa já com ação, desinteressante, e rola ladeira abaixo. A história é sobre um super ser que toma a mente do Homem de Ferro. O filme falha no principal: pouco ligamos para os heróis. O primeiro filme da série era bem bom. Este é uma coisa perdida.
OS ÚLTIMOS CAVALEIROS de Kaz I Kirya com Clive Owen e Morgan Freeman
Você vai achando que se trata de um gostoso filme medieval. Você quer um pouco de ação, heróis e magia pop. Mas então você descobre que o filme foi feito em Taiwan e que desse modo se trata de uma visão oriental sobre a idade média. E que no oriente não houve uma idade média. E que portanto o que temos é um carnaval de misturas mal feitas que tornam a coisa insuportável. Alguns personagens parecem do século XII, outros são de 1700 e alguns de Star Wars. Os nobres são negros, há ainda samurais e odaliscas. Nem Stan Lee foi tão doido. Pior de tudo, a ação é pífia.
JURASSIC WORLD de Colin Trevorrow com Chris Pratt e Bryce Dallas Howard
Então vocês acham que sou um snob que não gosta de filmes pop...pois eu gostei muito deste. Os efeitos são ótimos, a mensagem ecológica é boa, a ação é bem dosada. Divertido e com suspense. Eis um filme digno. Pode ver que é bem legal.
JOGO DURO de Megaton com Jason Statham e Hope Davis.
Um cara que trabalha em cassino ganha e perde uma fortuna. No meio tempo ele se mete em várias encrencas. Um filme de ação com aquele tipo de herói perdedor que era moda nos anos 90. Eu adoro. Jason é o melhor ator para esse tipo de filme. Ele nunca parece perfeito e sua voz demonstra fraqueza. Isso o humaniza. É um filme em que tudo é chavão, mas por causa de sua falta de pretensão nós desculpamos e relaxamos. Muito bom.
AMOR E MISERICÓRDIA de Bill Pohlad com Paul Dano, John Cusak, Paul Giamatti e Elizabeth Banks.
Desde a obra-prima sobre Dylan é este filme a melhor bio sobre um rock star. Cusak e Dano dão um show fazendo Brian Wilson em idades diferentes. O filme não tenta mostrar tudo sobre o líder dos Beach Boys, ele se detém em dois momentos de sua vida: o auge em 1966 e o inferno nos anos 80. Todas as cenas no estúdio de gravação são fascinantes. O que vemos é um gênio louco criando magia. O filme consegue unir pesadelo à encanto. Brian conheceu o inferno e o psiquiatra feito por Giamatti é um dos piores vilões da história. E creia, foi isso mesmo o que aconteceu... Um filme que emociona e nos deixa nocauteados. Tem de ser visto. ( Cusak tem a melhor atuação de sua vida ).
FLINT CONTRA O GÊNIO DO MAL de Daniel Mann com James Coburn e Lee J Cobb.
Quando James Bond se tornou em 1963, no seu segundo filme, uma mania mundial, imediatamente os USA começaram a procurar sua versão de 007. Dean Martin foi Matt Helm e James Coburn foi Flint. Os dois são gozações. Os USA não conseguiram jamais levar 007 a sério. A série de Martin é puro esculacho, esta é uma tentativa de ser engraçadinha com alguma dignidade. Não funciona. O filme em 1965 era moderninho e sexy, hoje é apenas museu vivo. James Coburn é um ator carismático, quem o viu em westerns jamais esqueceu, mas aqui ele parece apenas um adulto brincando com teenagers. Muito colorido, muito moderninho, ele parece agora apenas chato.
O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO de Sacha Guitry com Sacha Guitry e Jacqueline Delubac
Guitry foi um star na França dos anos 30. Ator, cantor, escritor, dramaturgo, diretor de cinema e compositor. Fez alguns filmes muito relax e muito originais. Veja esta pequena maravilha....Com humor soberbo, conta a saga de um trapaceiro. Da infância até a idade madura. O filme não tem um só diálogo, ele é todo narrado por ele mesmo, à mesa de um bar. Dessa forma, vemos as cenas enquanto escutamos sua narrativa. O efeito, que poderia ser chatérrimo, funciona muito bem. Os motivos: a história é excelente e a voz de Guitry é charmosa. O filme tem cenas sensacionais e dá um prazer imenso. Como sempre falei, a França fez os mais metidos e chatos filmes da história. E também os mais leves e bonitos dos filmes. Este é um souflé! Nota 9.
3 ON A MATCH de Mervyn Leroy com Joan Blondell, Ann Dvorak, Bette Davis e Humphrey Bogart.
De 1932, da Warner, o filme conta a história de 3 amigas de escola. Uma vira cantora, outra vira manicure e outra alcoólatra. O filme é mal desenvolvido. O roteiro é bem tolo. O mais interessante é que Bette Davis, ainda uma novata, faz escada para Ann Dvorak e Joan Blondell. Pior ainda é Bogey, que aparece só em duas cenas, já fazendo o tipo de bandido que ele tão bem sabia fazer. Os dois parecem de outro mundo em meio a um filme tão datado. Parecem atemporais. Há um menino neste filme, que deveria parecer doce, que me deu instintos assassinos!
FLEETWOOD MAC- RUMOURS, O ROCK DE L.A. MORREU.
Vou começar falando algo que pouca gente se toca: disco que vende muito pode ser bom. Mais que isso, até mais ou menos 1974, disco bom vendia muito e se não vendia era considerado ruim. Os Beatles eram o melhor exemplo. Mas não só eles. Tudo o que era amado por críticos e fãs vendia bem. OK, essa crença fez com que Velvet Underground e Stooges fossem considerados ruins. Mas eram excessão. Ser relevante significava vender.
A coisa desandou no meio da década de 70 quando lixo começou a vender muito. Apesar que o lixo de então pode ser o cult de 2014. Nomes? Rush, Kiss, Boston, Peter Frampton.
O auge do poder das gravadoras se deu entre 1973 e 1985. Como ganharam dinheiro! As bandas ganhavam em um ano o que os Beatles levaram cinco anos para ter. Qualquer rock star de segunda ( Ted Nugent, America, Boz Scaggs ) tinha seu Rolls. E toneladas de pó. E centenas de tietes. Discos icônicos saíram nesse tempo ( aqueles que parece que todo mundo tem: Dark Side, Led IV, Saturday Night Fever, Thriller, Like a Virgin, Grease... )
Agora mudo de foco. Nos anos 60 Londres tinha seu som. Liverpool e Manchester tinham seu som. New York tinha, Boston tinha. San Francisco tinha. Memphis, Miami, Detroit e até o Texas tinha seu som. Mas Los Angeles não. Havia um monte de bandas de SanFran e alguma da Califórnia, mas LA era um vazio. Pois bem, com a popularização da rádio FM, stereo, nasceu o som de LA. Qual ?
Acima de tudo muito bem gravado. Uma porrada de feras de estúdio. Backing Vocals, clima de vida noturna. Um teclado delicado, baixo esperto e sacolejante, bateria mixada bem alto e tudo bastante clean. É um som chamado então de adulto, culto, de bom gosto. E posso dizer pra voces que na época eu achava esse som made in LA a coisa mais chata do mundo! E vendia aos milhões.
Voces lembram de alguém? Gerry Rafferty, Jackson Browne, Joni Mitchell, Poco, Eagles, Steve Miller, Randy Newman, Carly Simon, Linda Ronstadt, Billy Joel...e o que mais vendeu, Fleetwood Mac.
Hoje devo dizer que sei separar o joio do trigo. Joni Mitchell é genial. E os Fleetwood Mac?
Acabei de reouvir Rumours, 20 milhões de cópias, um dos dez discos mais vendidos da história do mundo. E continua sendo um mistério, o que ele tem de tão bom? Mais impressionante, ele é triste. Mais ainda, ele é muito bom.
Entrega o grande segredo do rock de LA- Beach Boys. A banda de Brian Wilson é a inventora do rock de LA. Vocais maravilhosos, som rico e cheio, o tal do bom gosto. E a loucura disfarçada. Assim como sabemos hoje que o cara que fez California Girls e Fun Fun Fun era um triste lunático, sabemos que todos os caras do som "numa nice, numa boa"de LA eram deprimidos e auto destrutivos. Cocaína, álcool e solidão, esse o mundo de LA. Mas a música é sempre pop bem feito. Pura esquizo.
O Fleetwood Mac é a mais esquizofrênica das bandas. Nasce em Londres em 1966 como banda de blues. Mick Fleetwood na batera, John McVie no baixo e Peter Green na guitarra. Green vira um ícone, mas pira de ácido e foge pra Índia. Some por lá.
Os dois ingleses aceitam uma tecladista chamada Christine Perfect e o som vira pop tipo Paul MacCartney. Nada acontece, Perdem o público blues e não conquistam o povo do pop. Anos depois os três ingleses reaparecem na Califórnia. Desbundados, trazem agora um guitarrista bem californiano, Lindsey Buckingham, e uma cantora com a cara de LA, Stevie Nicks. O som? É puro Wings ( aliás, grande referência ao som de LA ) com grandes doses de Beach Boys e Buddy Holly. Começam a fazer sucesso e em 1976 acontece o milagre, lançam Rumours que se torna o LP mais vendido da história até então. ( Só seria batido por Thriller ).
Nesse interim, John McVie tinha se casado com Christine Perfect e Lindsey Buckingham com Stevie Nicks. Mas, durante a gravação do disco, os dois casais se divorciaram! Com brigas. O que é Rumours? O diário explícito dessa separação. Daí o clima de dor e de esquisitice do disco. Mas, é LA meu camarada, tudo bem feito, tudo bem pop.
Cada um traz sua parte: Christine é Paul MacCartney. Pop perfeito. Lindsey é Brian Wilson. Muito californiano, com um talento incrível para arranjos e harmonias vocais. E Stevie é a garota da Califa 1976: astrologia, magia e viagens mentais.
Venice Beach era o lugar. Aquele povo saúde e rebeldia, de cabelos descoloridos, tattoos clássicas e skates fininhos curtiu de montão esse disco. Foi a trilha dos anos Jimmy Carter, dos filmes pornô e da revista Hustler. Este disco e o do Eagles. E o Steely Dan. E eu já esquecia dos Doobie Brothers!
Sobreviveu esse mundo? Claro que não! É pura nostalgia e só quarentões vão gostar!
Mas voltar ao mundo O`Neill e Lightining Bolt é tão bom!
A coisa desandou no meio da década de 70 quando lixo começou a vender muito. Apesar que o lixo de então pode ser o cult de 2014. Nomes? Rush, Kiss, Boston, Peter Frampton.
O auge do poder das gravadoras se deu entre 1973 e 1985. Como ganharam dinheiro! As bandas ganhavam em um ano o que os Beatles levaram cinco anos para ter. Qualquer rock star de segunda ( Ted Nugent, America, Boz Scaggs ) tinha seu Rolls. E toneladas de pó. E centenas de tietes. Discos icônicos saíram nesse tempo ( aqueles que parece que todo mundo tem: Dark Side, Led IV, Saturday Night Fever, Thriller, Like a Virgin, Grease... )
Agora mudo de foco. Nos anos 60 Londres tinha seu som. Liverpool e Manchester tinham seu som. New York tinha, Boston tinha. San Francisco tinha. Memphis, Miami, Detroit e até o Texas tinha seu som. Mas Los Angeles não. Havia um monte de bandas de SanFran e alguma da Califórnia, mas LA era um vazio. Pois bem, com a popularização da rádio FM, stereo, nasceu o som de LA. Qual ?
Acima de tudo muito bem gravado. Uma porrada de feras de estúdio. Backing Vocals, clima de vida noturna. Um teclado delicado, baixo esperto e sacolejante, bateria mixada bem alto e tudo bastante clean. É um som chamado então de adulto, culto, de bom gosto. E posso dizer pra voces que na época eu achava esse som made in LA a coisa mais chata do mundo! E vendia aos milhões.
Voces lembram de alguém? Gerry Rafferty, Jackson Browne, Joni Mitchell, Poco, Eagles, Steve Miller, Randy Newman, Carly Simon, Linda Ronstadt, Billy Joel...e o que mais vendeu, Fleetwood Mac.
Hoje devo dizer que sei separar o joio do trigo. Joni Mitchell é genial. E os Fleetwood Mac?
Acabei de reouvir Rumours, 20 milhões de cópias, um dos dez discos mais vendidos da história do mundo. E continua sendo um mistério, o que ele tem de tão bom? Mais impressionante, ele é triste. Mais ainda, ele é muito bom.
Entrega o grande segredo do rock de LA- Beach Boys. A banda de Brian Wilson é a inventora do rock de LA. Vocais maravilhosos, som rico e cheio, o tal do bom gosto. E a loucura disfarçada. Assim como sabemos hoje que o cara que fez California Girls e Fun Fun Fun era um triste lunático, sabemos que todos os caras do som "numa nice, numa boa"de LA eram deprimidos e auto destrutivos. Cocaína, álcool e solidão, esse o mundo de LA. Mas a música é sempre pop bem feito. Pura esquizo.
O Fleetwood Mac é a mais esquizofrênica das bandas. Nasce em Londres em 1966 como banda de blues. Mick Fleetwood na batera, John McVie no baixo e Peter Green na guitarra. Green vira um ícone, mas pira de ácido e foge pra Índia. Some por lá.
Os dois ingleses aceitam uma tecladista chamada Christine Perfect e o som vira pop tipo Paul MacCartney. Nada acontece, Perdem o público blues e não conquistam o povo do pop. Anos depois os três ingleses reaparecem na Califórnia. Desbundados, trazem agora um guitarrista bem californiano, Lindsey Buckingham, e uma cantora com a cara de LA, Stevie Nicks. O som? É puro Wings ( aliás, grande referência ao som de LA ) com grandes doses de Beach Boys e Buddy Holly. Começam a fazer sucesso e em 1976 acontece o milagre, lançam Rumours que se torna o LP mais vendido da história até então. ( Só seria batido por Thriller ).
Nesse interim, John McVie tinha se casado com Christine Perfect e Lindsey Buckingham com Stevie Nicks. Mas, durante a gravação do disco, os dois casais se divorciaram! Com brigas. O que é Rumours? O diário explícito dessa separação. Daí o clima de dor e de esquisitice do disco. Mas, é LA meu camarada, tudo bem feito, tudo bem pop.
Cada um traz sua parte: Christine é Paul MacCartney. Pop perfeito. Lindsey é Brian Wilson. Muito californiano, com um talento incrível para arranjos e harmonias vocais. E Stevie é a garota da Califa 1976: astrologia, magia e viagens mentais.
Venice Beach era o lugar. Aquele povo saúde e rebeldia, de cabelos descoloridos, tattoos clássicas e skates fininhos curtiu de montão esse disco. Foi a trilha dos anos Jimmy Carter, dos filmes pornô e da revista Hustler. Este disco e o do Eagles. E o Steely Dan. E eu já esquecia dos Doobie Brothers!
Sobreviveu esse mundo? Claro que não! É pura nostalgia e só quarentões vão gostar!
Mas voltar ao mundo O`Neill e Lightining Bolt é tão bom!
O TAL DO POP PERFEITO. BEACH BOYS, 10 CC, ALGREEN E THE KILLERS
O segredo se chama textura. A textura da voz e dos instrumentos, a riqueza do som. Um dos melhores discos que descobri este ano ( THE BELLE ALBUM, AL GREEN ) usa apenas baixo e bateria para conseguir uma complexidade sonora inebriante. Um contra-baixo que soa e pulsa com surpresa e charme baby. Isso é tudo.
SMILE dos BEACH BOYS abusa de ser rico em textura. O disco talvez seja melhor que PET SOUNDS. Apesar de detestar a assexualidade de Brian Wilson, seus arranjos são tão criativos, têm tanta informação que só uma besta poderia dizer que aquilo não é genial. Instrumentos sobre instrumentos, efeitos sobre efeitos criando um mundo que é música pura.
Postei I'M NOT IN LOVE a irônica canção do 10 CC que foi um hiper hit pop em 1976 e nunca mais foi esquecida. Em 76 eu detestava, desde 86 eu a adoro. Eis a textura do pop perfeito. A banda era uma reunião de compositores e produtores dos anos 60. Gente como Graham Guldman que havia composto e produzido por exemplo os Easybeats. Os ingleses adoravam o 10 CC desde 1973, os USA só a partir de I'M NOT IN LOVE. A banda acabou a seguir e os caras viraram produtores de clips. Pois bem, essa canção tem arranjos que conduzem a sonho. A progressão dos teclados sobem ao reino onírico e os vocais, hiper-sintetizados, são construídos em camadas sobre camadas. O arranjo vê a canção como uma tela impressionista, fria, e todos os sons se fazem pinceladas. O final é um arranjo onde todas as texturas se encontram. Harmônico.
Para finalizar, assisti o JOOLS HOLLAND e nele tive a honra de ver AL GREEN. A voz não é mais a mesma. Ele engordou. Mas é um gênio. Lindo ver o público entrar em êxtase. Foram dos maiores aplausos que presenciei no programa de Jools. Porque? Porque é o pop perfeito. Tem voz, tem arranjos e é rico. Em seguida vieram The Killers e o choque é educativo. Simples balanço quadrado em 2/4 com os uh uh uh de sempre. Pobre pobre pobre. Parecia que eu já escutara aquilo mais de 3000 vezes. A primeira lá por 1980.
O DISCO FAVORITO DE MACCARTNEY: PET SOUNDS, A OBRA TRÁGICA DOS BEACH BOYS
Quando Paul lançou RAM, um de seus melhores discos, em 1970, muita gente se surpreendeu com a foto de capa: Paul e um carneiro. Não ficariam tão surpresos se soubessem que PET SOUNDS era seu disco favorito. Além do que, Paul sempre falara que God Only Knows era a mais bela canção de amor já feita. Pena que a paranóia de Brian Wilson tenha destruído sua carreira. Ele via Paul como um rival e apenas como um rival. O engraçado é que os dois eram "almas gêmeas", os dois gênios em melodia, em arranjos, em conseguir fazer do pop algo de sinfônico, de usar tudo o que um estudio oferece para aumentar o som. Os dois são também igualmente assexuados, apoliticos e donos de uma certa infantilidade ingênua, dado que os enriquece e não limita. Os dois viveram em mundo à parte, mundo feérico em que Paul jamais perdeu a chave de retorno e no qual Brian perdeu não só a chave como a consciência de lá estar. Falei que são gêmeos? Engraçado...ambos são do signo dos irmãos atados, gêmeos ( Dylan também é, o gêmeo amargo e mal-humorado ). Filhos de Maio/Junho, como são Morrissey, João Gilberto, Prince, Yeats, Lorca, Whitman e Pessoa....Mas este não é um texto astrológico!
Phil Spector inventou o estúdio como instrumento. Em suas luxuriantes produções feitas em 1962, 63, 64... ele usava uma instrumentação absurda, wagneriana: trompas, timpanos, flautas, harpas, orgão, saxes, violinos, xilofones, acordeon, tubas....tudo para fazer musica pop e tudo soando como uma coisa coesa, única, ritmada e sutil. É desse produtor que Brian Wilson aprendeu tudo, o single Good Vibrations é o apogeu de seu talento e o lp Pet Sounds é a sinfonia de Brian.
Não é rock. Os Beach Boys sempre tiveram dificuldade com esse rótulo. Desde Surfin USA, o que eles faziam era Pop. Burt Bacharach, Gershwin e as pop songs das bandas vocais negras dos anos 50 foram suas influências. I Only Have Eyes For You tem tudo aquilo que Brian faria. Brian, lider e cérebro do grupo, não se encaixa no rock porque nada nele remete a raiva, ao sexo ou a ação adolescente. É música polida, educada, de bom-tom, o que ele procura nunca é o dissonante, ele procura ( e encontra ) a beleza, a pura beleza. Mas, que surpresa, a gente percebe uma fissura nessa beleza, uma nota de angústia. Brian quer crer no sonho teen da Califórnia solar, mas topa em cada manhã com a névoa fria de San Francisco.
A música de Pet Sonds é TomJobiniana. Brian, como Paul, não consegue ser "feio". Naturalmente ele harmoniza. Combina os sons, enriquece, aumenta, suaviza, arredonda. Ele usa montes de instrumentos, dúzias de timbres e o que poderia soar como uma tempestade, tem sempre o som de uma cantiga, de uma canção de ninar. A bateria não é usada para dar ritmo, ela pontua as emoções da música, o baixo não estilinga, ele embeleza a harmonia, a guitarra não sola ou cria riffs, ela comenta. Há uma canção, minha favorita, I Know There's An Answer, em que ele mistura banjo e sax. São dois instrumentos impossíveis de misturar. Mas Brian os casa a perfeição. O banjo não soa como banjo e o sax não se parece com um sax. Como ele faz isso?
Se o pop-rock teve gênios, Brian Wilson é um gênio. Ele criou um estilo só dele, voce percebe que aquilo é de Brian só de escutar dois acordes. E levou esse estilo ao limite da criação. Após Pet Sounds só podia lhe restar o silêncio. Aturdido pelas vozes e melodias que ele não conseguia transformar em partitura, Brian se fechou para o mundo e passou a ser a nota dissonante do pop, em uma vida que jamais produziu dissonância.
Pet Sounds é trágico.
Phil Spector inventou o estúdio como instrumento. Em suas luxuriantes produções feitas em 1962, 63, 64... ele usava uma instrumentação absurda, wagneriana: trompas, timpanos, flautas, harpas, orgão, saxes, violinos, xilofones, acordeon, tubas....tudo para fazer musica pop e tudo soando como uma coisa coesa, única, ritmada e sutil. É desse produtor que Brian Wilson aprendeu tudo, o single Good Vibrations é o apogeu de seu talento e o lp Pet Sounds é a sinfonia de Brian.
Não é rock. Os Beach Boys sempre tiveram dificuldade com esse rótulo. Desde Surfin USA, o que eles faziam era Pop. Burt Bacharach, Gershwin e as pop songs das bandas vocais negras dos anos 50 foram suas influências. I Only Have Eyes For You tem tudo aquilo que Brian faria. Brian, lider e cérebro do grupo, não se encaixa no rock porque nada nele remete a raiva, ao sexo ou a ação adolescente. É música polida, educada, de bom-tom, o que ele procura nunca é o dissonante, ele procura ( e encontra ) a beleza, a pura beleza. Mas, que surpresa, a gente percebe uma fissura nessa beleza, uma nota de angústia. Brian quer crer no sonho teen da Califórnia solar, mas topa em cada manhã com a névoa fria de San Francisco.
A música de Pet Sonds é TomJobiniana. Brian, como Paul, não consegue ser "feio". Naturalmente ele harmoniza. Combina os sons, enriquece, aumenta, suaviza, arredonda. Ele usa montes de instrumentos, dúzias de timbres e o que poderia soar como uma tempestade, tem sempre o som de uma cantiga, de uma canção de ninar. A bateria não é usada para dar ritmo, ela pontua as emoções da música, o baixo não estilinga, ele embeleza a harmonia, a guitarra não sola ou cria riffs, ela comenta. Há uma canção, minha favorita, I Know There's An Answer, em que ele mistura banjo e sax. São dois instrumentos impossíveis de misturar. Mas Brian os casa a perfeição. O banjo não soa como banjo e o sax não se parece com um sax. Como ele faz isso?
Se o pop-rock teve gênios, Brian Wilson é um gênio. Ele criou um estilo só dele, voce percebe que aquilo é de Brian só de escutar dois acordes. E levou esse estilo ao limite da criação. Após Pet Sounds só podia lhe restar o silêncio. Aturdido pelas vozes e melodias que ele não conseguia transformar em partitura, Brian se fechou para o mundo e passou a ser a nota dissonante do pop, em uma vida que jamais produziu dissonância.
Pet Sounds é trágico.
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