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AMERICAN HUSTLE ( TRAPAÇA )/ MICHAEL CURTIZ/ TYRONE POWER/ STURGES/ ANDY WARHOL

   TRAPAÇA de David O. Russell com Christian Bale, Bradley Cooper, Jeremy Renner, Amy Adams, Jennifer Lawrence
Incrível como na comparação com o filme de Scorsese este filme parece pudico. Eu detestei. Tudo nele me pareceu fake. Na verdade ele é nada mais que um desfile de brechó dos anos 70 ( que não eram desse jeito, parte de seu fake passa pelo carnaval anos 70 feito em 2013 ). Nesse brechó também cabe uma trilha sonora óbvia ( o filme consegue usar músicas dos anos 70 e mesmo assim errar todas ). A trilha vai do muito cool ( Steely Dan, Todd Rundgreen ) ao muito brega ( America, Bee Gees ). O estilo de filmagem é um tipo de exibição: Hey! Vejam! Sei copiar os estilos de Scorsese/ De Palma e Friedkin!!! Uma chatice sem fim com diálogos pseudo-dramáticos. Devo falar que continuo achando o sr. Bale um ator medíocre. Aqui ele faz comédia todo o tempo. Sua interpretação parece John Travolta imitando De Niro. Se ele quis nos fazer rir, ótimo, mas temo que essa não foi a intenção. Um sotaque irritante digno de peça colegial. E ele continua confundindo ser ator com ser transformista. Já Bradley Cooper está excelente. Inclusive o visual, esse sim nada brechó. Amy Adams é sempre ótima. E Jennifer é sempre over. A famosa cena de Live and Let Die é amadora. Péssima até para o humor tipo Pânico. 10 indicações para o Oscar? Nota 3.
   DRÁCULA DE ANDY WARHOL de Paul Morrissey com Joe Dalessandro, Udo Kier, Vittório de Sica
Porque "de Andy Warhol se ele não dirige?" Porque a turma toda é da Factory. Joe é estrela de 90% dos filmes de Andy, e Morrissey foi dançarino com chicote do Velvet e cameraman da Factory. Mas o filme é um lixo. Tenta ser erótico e é apenas frio, tenta ser lúgubre e é apenas chato. Os atores têm cara de clip do Bauhaus e essa é a única graça desta chatice. Nota ZERO>
   A FERA DO FORTE BRAVO de John Sturges com William Holden e Eleanor Parker
Um bom western. Holden é um tenente do norte durante a guerra civil. Durão e mal, ele cuida de prisioneiros sulistas e precisa capturá-los numa fuga. Mas os indios atacam. Sturges dirigiu alguns dos melhores filmes de Steve McQueen, Kirk Douglas e Lancaster. Aqui, ainda em seu começo, ele usa bem os cenários e mantém o interesse. Para quem gosta de western, um belo filme. Nota 7.
  KID GALAHAD de Michael Curtiz com Edward G. Robinson, Bette Davis, Humphrey Bogart
Ainda a milhas de seu estrelato, Bogey faz um papel secundário de vilão. Robinson é um promotor de boxe. Lança novato, mas sua garota se apaixona pelo lutador. Curtiz dirige de seu modo habitual, crú, direto, sem firulas. Conta a história de modo cirúrgico e entrega uma diversão sem uma cena a mais. Exato. Bette Davis rouba o filme. Sua personagem exala sabedoria. Um grande filme. Nota 8.
   O BECO DAS ALMAS PERDIDAS de Edmund Goulding com Tyrone Power, Joan Blondell e Colleen Gray
Surpreendente. Hollywood não fazia filmes assim em 1947. Mas Tyrone pressionou a Fox a produzir este roteiro. Fala de um vigarista que usa todos para ser famoso. Como? Com um número de vidência. O filme mostra miséria, desespero e muita sujeira. Começa numa feira mambembe e termina de forma terrível. Tyrone está muito bem. Além de todo preconceito ( ele não era levado a sério por ser bonito ), ele era bom ator. Gray é uma linda atriz e o filme precisa ser visto por aqueles que se interessam por cinema. Nota 7.

OSCAR, O ANO QUE VEM VAI TER CHURRASCO NA LAJE

   Teve umas pizzas. Tava tão chato que passaram o tempo tirando fotos. Como disse meu amigo Nelson Granja, não é que o Oscar ficou burro, o mundo emburreceu. O Oscar deixou de ser uma reunião chique e meio doida e virou uma festinha teen. Ano que vem eles distribuem kits do McDonald.
   O segredo dos vencedores é bem de araque. Quando Will Smith veio anunciar o melhor filme quem duvidou do vencedor? Os 3 melhores nada levaram pra casa. E só em Hollywood o filme que vence 7 Oscars não é o melhor filme. E somos obrigados a ver tanta bobagem enquanto escondem a entrega honorária a Angela Lansbury e Steve Martin. ( Deve ser porque os teen não querem saber de Steve e ignoram Miss Lansbury ). Com 14 anos aprendi no Oscar quem era Laurence Olivier...Quem quer aprender quem é Angela Lansbury?
   Juro que ano que vem não vejo mais.

OSCAR 2014, A VEZ DA CARETICE

E mais uma vez teremos o Oscar. Não, não vou mais uma vez falar da crescente vulgaridade do evento. Pra que? Hoje vemos decotes e quem está mais bonito. Antes pagávamos tributo aos ícones ainda vivos. E eram muitos! Cheguei a ver Kurosawa, Fellini e John Huston juntos na mesma noite. Como vi James Stewart, Henry Fonda e Liz Taylor. Se George Clooney aparecer hoje já está bom demais.
Pena Hoffman ter morrido. Como o povo jeca só conhece atores com menos de 50 anos, todos os holofotes irão para ele nas homenagens aos que se foram. A maior perda, de longe, foi a de Peter O`Toole. Mas sabe como é, Peter era Hennessy, Hoffman é Heineken.
Não faço previsões. Ou faço. O mundo perdeu o dom de ver filmes. Conversando ontem com meu amigo Léo, descubro surpreso que tem gente malhando o novo filme de Scorsese por ele não ter consciência social. Ah vá! O mundo tá muito chato, voltamos aos anos 40, tempo em que bom filme era aquele que parecia ser util. Veio dessa caretice o fato de Howard Hawks nunca ter ganho um Oscar. Em seu auge ele fazia filmes inuteis. E geniais. Parece que mais uma vez há toda uma geração incapaz de ver um filme em termos de ritmo, fotografia, diálogos, atores, criatividade. Tudo o que importa é se o tal filme é útil, relevante, social. Nesse modo obtuso de pensar, Steve McQueen, um bolha, ganha tudo. Quem tem a coragem de derrotar um filme tão do bem?
Gostaria que Nebraska ganhasse. Não por ser o melhor, não é, mas por ser pequeno, simples, triste, engraçado. É cinema puro. O filme de Martin é maior, melhor, mas a vitória de Nebraska seria a vitória do cinema. Se a caretice for além do doentio, Cate perde o Oscar de atriz por culpa do vilão Woody Allen. Eu acho que ela devia ter ganho quando fez Bob Dylan. Judi Dench é por quem eu torço. Ela é sempre genial.
Gosto de Mathew, mas seria ridiculo ele vencer. Quero o prêmio para Leonardo.
Por fim o melhor. A Grande Beleza é o melhor filme. Estrangeiro ou não. Uma obra-prima.
Inácio diz hoje que o filme de Scorsese ficará na história. Steve McQueen não. Isso é óbvio. Assim como A Grande Beleza será estudado em 2044. Gravidade não. 12 Anos não.
Da década de 40 o que ficou foi Kane, e filmes de Huston, Hawks,Hitchcock, policiais noir, musicais. O Oscar ia para dramas com Bette Davis, filmes sobre a guerra, sobre o racismo, sobre o alcoolismo. Filmes "sérios". É o mesmo clima de 2014. Há toda uma galera que acha que filme bom é aquele que fala sobre a fome na África, o Oriente Médio, a midia, a politica suja. Confundem assunto com arte, noticiário com criatividade, informação com visão de mundo.
Veremos pois...

O CLUBE DALLAS, JEAN-MARC VALÉE

   A coisa começou com Robert de Niro em Touro Indomável e não parou mais. Um ator emagrece pacas, ou engorda, ou fica feio, e ganha um Oscar. Outro modo é fazer papel de doente. Ajuda muito. Neste filme Mathew faz as duas coisas. Oscar com certeza. Bruce Dern está muito melhor. Mas Mathew emagreceu.
   Sobre Jared nem dá pra falar. É uma atuação Ok. Nada mais.
   O diretor, Jean-Marc Valée tem um filme soberbo: CRAZY. Este não é nem bom nem ruim. Parece um daqueles telefilmes que se fazia nos anos 80. T.Rex fecha o filme. É a melhor coisa. ( Aliás parece que o mundo afinal começa a perceber que o glitter foi o auge do auge ).
  Quero dizer também que críticos de cinema da Folha estão de dar dó! O cara escreveu que o filme se passa nos anos 70!!!! Arre égua! É 1984/85 bocó!!! Quero deixar claro que gosto de Mathew. Mas há um erro em tanta festa. Vão estragar o melhor ator de comédia romântica que há.

NEBRASKA, UM FILME DE ALEXANDER PAYNE

   Primeiro: O quanto perdemos com o fim do preto e branco. O preconceito fez com que muitos perdessem o dom de saber apreciar a sutileza da ausência da cor e da presença dos contornos e sombras. Preto e branco é o cinema mais cinema. Quem ama essa arte tem amor pelo p/b porque 80% dos grandes filmes foram feitos em p/b. 
  Segundo: Andei reclamando das trilhas sonoras. Elas apelam para canções pop ou não conseguem criar um tema que gruda, que fica. Aqui temos um belo tema. Complementa as imagens e leva os atores. 
  Atores: Payne sempre foi bom. Aqui ele é grande. Ele faz algo cada vez mais raro, dá tempo e espaço aos atores. Vemos o desenvolvimento de uma personagem. De várias personagens. Sutilezas. Silêncios. E humor. O filme é um céu de melancolia. Mas a gente ri muito. Duas vezes.
  Alexander Payne não tem medo de fazer em 2014 um filme que é em tudo anti 2014. Não é colorido. Tem só gente feia. Nada de chocante. Sem canções gracinha. Nada denuncia. Cinema como se fazia em 1973. O foco não é naquilo que acontece. O foco é na pessoa. 
  São perdedores. E o ambiente é desolador. A imensa América que é um vazio. E uma ambição que é uma patetice. Mas eles se movem. Viver, na América, é se mover.
  Grandes cenas. A TV na sala, o roubo, o encontro com a dona do jornal. O filme tem sempre um porque, não se perde, não se estica. É exato.
  Bruce Dern foi o mais hippie dos atores. Da turma de Jack Nicholson. Fez filmes com alguns mitos: Hawks e Hitchcock. Cara conhecida nos anos 70. Mas nunca um astro. Um coadjuvante. E sempre forte, duro, diferente. Aqui um show. Como o filho, feito por Will Forte também dá um show. O filme é deles.
  NNa força da paisagem sem fim, nos rostos marcados, na estrada, no bar, Alexander Payne faz, finalmente, sua aguardada obra-prima.