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SONHOS DE EINSTEIN - ALAN LIGHTMAN

Cientista do MIT, Lightman tenta trabalhar na união de humanas e ciência. Para isso, ele lança poemas, romances, artigos, em que mistura leis e teses da física com o modo artístico de falar e criar. Esta novela, de 1993, fez grande sucesso e conta, de modo que lembra muito Italo Calvino, uma série de 30 sonhos que Albert Einstein teria tido no verão de 1905, na véspera de publicar o artigo que sozinho mudaria nosso planeta. ------------------- Lightman escreve então 30 capítulos curtos, cada um sendo um sonho, e mais 3 entreveros com Einstein e seu amigo Besso. ( Uma amizade tão preciosa que basta dizer que o gênio morreu um mês após a morte do italiano ). ----------------- Fascinante às vezes, outras nem tanto, cada capítulo descreve, sempre na mesma cidade, como seria a vida sob uma dada lei de tempo. Temos assim a vida sob um tempo circular, ou sob um tempo sem futuro, de outra feita, sem passado, um tempo que se repete ou um futuro já conhecido. Cada possiblidade engloba uma teoria de tempo, cada descrição um mundo vivendo dentro dessa teoria. Tempo do relógio, tempo do corpo, tempo da natureza, tempo sem tempo, tempo sólido, tempo sem sentido, tempo acelerado. Trinta teses, trinta descrições. --------------- Tudo descrito de modo poético, leve, sem nada de matemático. É inspirador, é curioso e ocasionalmente intrigante. --------------- Uma ideia: Podemos ver tudo pela ótica da psicologia e perceber que a cada capítulo corresponde um distúrbio da mente. Gente que vive no passado, gente que corre ao futuro, gente que se esconde por estar no tempo errado, gente que não entra no tempo....e mais, bem mais.... ----------------- Lido em apenas 3 horas.

AQUI E AGORA. A TEORIA DO BLOCO.

Nada do que Einstein disse foi desmentido na prática. Tenha isso em mente. ---------------- Trabalho na escola onde estudei. Estive lá entre 1972-1978. A escola está no mesmo local neste planeta. Os anos a modificaram. O pátio era todo de terra, hoje não. As paredes eram brancas e o chão de madeira. As árvores cresceram e eu, bem, sou um velho em 2024. Pois bem, tudo se modificou ao sofrer a ação do tempo senhor da vida. ------------------------ Imaginemos agora que um astronauta foi enviado a uma posição que fica a 50 anos luz da Terra. Ou que exista um ser nessa posição. Digamos que ele aponte uma lente para a escola onde estou em 2024. Digamos que seja o dia 20 de fevereiro de 2024. O que ele verá? --------------- A imagem leva 50 anos para chegar a 50 anos luz daqui e isso voce já sabe. Imagem é luz-energia e isso voce sabe. Então esse ser está vendo uma imagem de 1974 e nessa imagem ele me vê aos 12 anos de idade. Não só isso. Se mover a imagem ele irá ver meu pai vivo. Imagens. -------------- Vamos complicar isso? Vamos afastar nosso ponto de vista e nos posicionar num posto onde podemos ver AO MESMO TEMPO o menino de 1974, o cara de 62 em 2024 e o ser que observa a Terra a 50 anos luz. Esse ponto de vista OBSERVA TODOS OS 3 SERES AO MESMO TEMPO. Ou seja, em um ponto de vista distante, o menino de 12 anos não é apenas uma luz-energia que chega atrasada, é uma realidade que dura ao mesmo tempo que o eu que aqui escreve. ------------------------ Bergson já intuia isso e a palavra era DURAÇÃO. ------------------- O menino não seria uma luz como um dvd antigo, mas ele existiria em 2024, 2024 que aliás nada significa fora da Terra. -------------------- Complicado? Não. Ondas de rádio emitidas aqui viajam pelo cosmo para sempre, isso se sabe desde 1930. O que a Teoria do Bloco diz é que tudo aquilo que existe ou existiu existe para sempre. Presos ao tempo que nos empurra para frente, percebemos seu desaparecimento aparente no tempo, mas, e sei que isso é incrível, o evento continua a reverberar eternamente no local onde ocorreu. É tudo uma questão de ponto de vista. Desse modo, o cosmos seria um bloco onde tudo é um AGORA QUE NÃO PASSA pois passaria para onde? Não há uma lixeira, um ONDE em que tudo evento fosse eliminado do cosmos. O Cosmos é tudo e portanto tudo nele permanece. Cada ação, cada segundo, cada ser, tudo se repete em looping sem fim. ------------------ Podemos dar o próximo passo? Eu disse sem fim? Sim, sem fim. Mas se não pode haver fim, não há começo possível. E então, se o Cosmos é um bloco, o futuro faz parte disso, ou seja, dependendo do ponto de vista, o Futuro já acontece agora e acontece sempre. Eu sei que agora a coisa ficou confusa demais, mas não há como dizer que algo não tem fim sem admitir que não houve início. E se não houve início NADA começa agora, não pode haver começo. Portanto tudo existe desde sempre e cada evento, macro ou micro, acontece desde sempre e acontecerá infinitamente. --------------------- O menino de 12 anos e o homem de 62 existem no mesmo local e ao mesmo tempo ( tempo? que tempo? ). Os dois sentem, pensam, reagem e são contemporâneos. Não se comunicam porque não possuem a FERRAMENTA para tal. Presos na MUDANÇA ETERNA APARENTE, não podem ver nada que seja exterior a aparência. Sua máquina cerebral é Newtoniana. Uma coisa de cada vez, ação e reação, dia e noite, o fim depois do começo, tudo tem seu tempo etc etc etc. ----------------- Nada disso faz sentido quando nos afastamos deste sistema solar.

ALBERT EINSTEIN - WALTER ISAACSON

   Segunda bio de Einstein que leio neste ano, esta é bem mais longa. São 700 páginas escritas pelo mesmo autor da bio de Leonardo da Vinci. Bem escrita, ela quase esgota o assunto. Será que preciso repetir a beleza de uma vida tão feliz? Einstein foi feliz, alegre, distraído, intuitivo. Ele é o ícone daquilo que se convencionou chamar de "gênio da ciência". O velhinho simpático, nas nuvens, que vivia com roupas amarrotadas, ajudava crianças a fazer a lição de casa, falava o que pensava e nunca perdia o bom humor. Sim, ele foi tudo isso. Nele o mito é a realidade. Mas então o que posso dizer de novo sobre ele?..... Falo do que ele considerava a marca de uma vida bem vivida: a curiosidade. O desejo de saber aquilo que não se sabe. De pensar o não pensado. Einstein foi um homem que não suportava o conformismo, por isso sua dificuldade em aceitar o modo prussiano de ser. Não aceitava a ordem unida, o dogma, a fidelidade à uma ideia.
   Mas há mais que isso no livro. O universo visto como a obra ordenada de uma mente superior. Einstein não acreditava em um Deus pessoal, um Ser que cuidava da vida de cada um, mas ele acreditava em uma inteligência que criava o Kosmos. E era a mais fascinante das coisas, usar nossa mente, tão limitada, na leitura dessa obra divina. A física e a matemática são as línguas que mais se aproximam da divina.
   Não se preocupe, vou te poupar de explicações sobre a teoria da relatividade. Menos ainda sobre a mecânica quântica. Einstein no fim da vida não aceitava a nova física. Não acreditava na indeterminação, na probabilidade de um evento, no efeito sem causa. A realidade para ele, era cognoscível. Ela existia na realidade. Independia de nossa observação. ( Para a física quântica, as coisas existem apenas ao serem observadas. Não há uma realidade que possa ser apreendida fora de nossa observação ).
   Pera aí! Prometi não me enfiar nesse emaranhado de conceitos! Como explicar que duas partículas que um dia estiveram unidas, agora separadas, permanecerão reagindo em sincronia mesmo que a bilhões de anos luz uma da outra? É fascinante!
   Ah sim, ele era um ótimo violinista e amava Mozart.

A FÍSICA OU A ARTE?

   Estou lendo mais uma biografia de Einstein. A que li alguns poucos meses atrás é boa, mas curta demais. Esta, a de Walter Isaacson, é longa e bem mais completa. Mas não é desse livro que desejo falar agora. O que passo a dizer, é que existe uma correspondência entre aquilo que a ciência revela e o "espírito" que rege o momento histórico e criativo do mundo humano. É como se as descobertas revolucionárias da ciência acontecessem apenas no momento em que nossa mente, ou melhor, a mentalidade geral da história, já estivesse apta a aceitar tamanha revelação. Digo isso porque tenho a certeza de que uma teoria como a de Einstein só poderia ser entendida e aceita no momento em que foi revelada. O mundo ao redor dele, o mundo da Europa e da América de 1905 ao menos, já estava pronto para entender e aceitar a hipótese. Posso dizer então que não é a arte que anuncia o tempo que virá. Nem a filosofia especulativa. Uma nova etapa na vida do homem sobre a Terra é anunciada por uma nova descoberta científica. Quero além disso enfatizar que não é a ciência nova que dá nascimento à uma nova época. A ciência dá um salto "ao mesmo tempo" que a mente universal.
  Einstein, entre 1905 e 1916, afirma e prova matematicamente, que não existe em todo o Cosmos nada que esteja em repouso. Mais radical que isso, afirma que o tempo só existe como parte do espaço. E que a matéria cria e é criada por tempo e espaço. Ele nos joga em um universo onde deixa de haver um ponto de referência, onde o antes e o depois passam a ser meras convenções, e a matéria se torna energia pura e imensa. Eis aí o mundo dos últimos 100 anos. Sem um centro, sem uma certeza, sem autoridade, sem antes e depois, onde tudo se conecta mas nada é central. Mais que o pensamento bobo do "tudo é relativo"- crença central do século- o que marca o século é a interconectividade de tudo, a ligação onde tudo é parte do todo e o todo é parte de um todo-outro e ao mesmo tempo se reduz ao ínfimo. O acaso fica de tocaia e toma vez no fim do século XX: os novos tempos são da física sem causa e consequência, o caos e o acaso como lei. Agora, após Einstein, o tudo é relativo será trocado pelo "sei lá porque".
  O romance de Proust, Joyce, Borges, Nabokov, Calvino, só pode existir após Einstein. Vários pontos de vista, ações concatenadas, tempo que não é rei, centro que se apaga. Autores como Tolstoi ou Henry James ainda são do mundo de Newton, tempo e gravidade comandam o ambiente, cada ação tem uma reação, um ato tem consequência previsível. Pois Isaac Newton, por volta de 1680, funda dois séculos de mecânica, de ordem racionalizada, de crença na história. ( Assim como antes Galileu e Kepler fundam a mentalidade sem Deus ). No mundo Newtoniano, aquele que ainda nos seduz, tudo pode ser previsto, basta que se conheça um lugar e uma ação para se prever uma reação. O tempo manda em tudo, faz nascer e faz morrer e as distâncias se medem em metros. É o ambiente perfeito para o romance, a sinfonia e a pintura.
  Einstein destrói tudo isso. O mais suave dos homens demole um universo. Tempo não existe, matéria é energia e distancias são relativas. Estar parado é impossível. Tudo se move, tudo se distancia, tudo se esvai...Esse o tema de toda obra de arte destes 100 anos. Estamos juntos nesta névoa. Caindo ou subindo, tanto faz, não há como saber; bem ou mal, em relação a que? Indo para a frente, mas como dizer "a frente" se não existe atrás? Usando apenas a razão, a lógica e, claro, bastante imaginação ancorada em números, ele descobre o mais fantástico dos mundos. este.

EINSTEIN, A BIOGRAFIA DE UM GÊNIO IMPERFEITO - DAVID BODANIS.

   Se voce quer começar a entender o que é a ciência moderna, leia este livro. Até hoje, seja em jornal, revista, livro, aula ou conversa, não encontrei nada que explicasse de uma forma tão clara e objetiva o que é a teoria da relatividade, a segunda teoria de Einstein e inclusive a física quântica de Bohr. Como desde então, 1915, a ciência se tornou algo muitíssimo mais excitante que a arte, com mais criatividade e mais ousadia, ler este livro é obrigatório para quem quer começar a entender por que digo isso.
   Dados sobre a vida de Einstein são conhecidos: a escola onde ele foi excelente mas sempre desinteressado, os primeiros empregos humildes, a família com a qual ele sempre se deu bem, o mundo germânico-judaico do começo do século XX. Einstein era não convencional mas ao mesmo tempo não era vaidoso. Simpático, alegre, nada disso é mito, é fato. Foi para a Suíça. E nas décadas finais da vida, EUA. Sua física era feita à base de intuição, criatividade e amor à beleza. Para ele, um afirmação era verdadeira quando representava harmonia, simplicidade, clareza. Daí a clara verdade de suas duas equações geniais. Para Einstein, Deus era lógico, o universo era todo ligado por uma lógica que cabia a nós descobrir.
  Energia e Massa, o universo é feito dessas duas coisas, mas a sacada de Einstein foi a de que energia é massa e massa é energia. Toda "coisa" é uma forma de energia e essa energia jamais desaparece, ela apenas se transfere, se modifica. O que há no universo permanece igual, massa e energia não aumentam nem diminuem. Mudam.
  Vivemos em um universo com múltiplos sentidos, formas geométricas que não temos como ver. Há uma realidade que nos parece invisível, mas ela está presente, em dimensões que só a matemática pode perceber. Peço que aquele que me lê guarde esta frase, frase que acho a chave de todo o universo: "Minha equação é mais inteligente que eu mesmo". Ela vê o que não vejo e diz ser verdade aquilo que ela sabe provar.
  Ela diz que vivemos sobre um lençol, apenas uma fina camada do todo. Sobre esse lençol dispomos da visão dos planetas, das galáxias. Cada "coisa", desde um sol até um alfinete, exerce peso sobre esse lençol, nosso mundo. Ao exercer pressão ele "curva" levemente esse lençol, fazendo com que ele se torne não um plano quadrado, mas um "mundo" encurvado. Essa é a tal curvatura do tempo, do cosmos, do universo. Cada coisa e cada mundo encurvando o plano e assim, por fazer do lençol algo mais ou menos curvo, influenciando  o lençol inteiro. A estrela mais distante faz parte de nossa mesma dimensão, e por estar sobre esse mesmo lençol, ela influencia e é influenciada pelas curvaturas construídas por todas as coisas. Isso vale e foi provado desde 1915. A luz inclusive faz parte das coisas que se curvam sobre o lençol do universo.
  Fora do lençol há dimensões que não percebemos, mas que a matemática nos faz tomar contato. E vem daí o tal erro de Einstein. Quando Bohr surge com a mecância quântica, dizendo que no nível sub atômico não há lei física como no mundo que podemos ver, que elétrons somem e aparecem "aleatoriamente", Einstein se sente balançar. O que a teoria de Bohr traz é a não-lógica para dentro da ciência, o kaos. Partículas que se misturavam e se comunicavam a mundos de distância, partículas que atravessam paredes e surgem em lugares insuspeitos, resultados aleatórios, imprevisibilidade. Para Einstein, o mundo era feito de lógica e de ordem, cabia ao homem o entender; para Bohr, o mundo era impossível de ser alcançado pela mente humana, seria sempre incompreensível.
  Isso fez com que os últimos 20 anos da vida de Einstein fossem passados longe da comunidade da ciência. Ele era o mais famoso dos cientistas vivos, e ao mesmo tempo era visto pelos colegas como uma mente ultrapassada. Não pela idade, Bohr era da mesma idade, mas por não abrir mão de suas certezas. Einstein cometeu o mesmo erro de Freud, não ouviu, se aferrou aquilo que o fez famoso e não quis mudar.
  Leia.