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UM FILME ODIOSO ( EU ODIEI, ODIEI, ODIEI ESTE FILME ), A ESCOLA DO ROCK
Raras vezes o cinema fez algo tão odioso. E basta contar o enredo para voce entender. Um homem por volta dos 30 anos, vive de graça na casa de um amigo. Fica revoltado por ter de trabalhar. Consegue emprego numa escola, e lá, engana alunos, direção e pais fingindo ser um professor. Resolve então, de forma mega autoritária, ensinar a única coisa que ele sabe: rock. E através das crianças, ele infla seu ego e faz delas meros bonecos que servem à sua vaidade. Estou exagerando? Veja o filme se voce aguentar. ----------------- Tudo poderia ser ótimo se o roteiro tivesse uma dose de ironia, se mostrasse o personagem como aquilo que ele é: um mal caráter. Mas não, Richard Linklater leva o cara a sério. Ele é O CARA cool. -------------- O que vemos então é uma exibição narcisista de Jack Black, um ator que passou a vida sendo Jack Black, brincando de montar uma banda. Jack canta, dança, rebola, "salva" a vida dos alunos. E nunca pensa: estarei errado? Será que é isso que as crianças querem? ------------- Nas primeiras aulas ele berra com elas, despreza o que elas são, pouco se importa. Depois, quando elas se cansam daquilo, ele se aproveita e as seduz. É um fascista completo. E este é um dos milhares de filmes, feitos nos últimos trinta anos, que são fascistas em espírito, mas se travestem de liberais. Uma pena, pois Linklater fez Dazed and Confused, um encantador filme realmente cool. Aqui, crispado pelo "amor" ao rock, ele impõe o certo, relativo, sobre o errado, discutível. Pra quem trabalha com educação, o filme é nojento. Eu tive a certeza que na vida real esse cara daria maconha aos alunos. ----------------- O rock, e voce sabe que eu adoro a coisa, se presta maravilhosamente bem a todo babaca autoritário do mundo. Desde o cinquentão exigindo que se toque "rock do bom", até o moderninho que se acha super antenado e despreza quem não é como ele, o rock virou uma ferramwnta de egos doentes e vaidades feridas vingativas. Pena. ------------ Eu realmente abominei este filme.
UM FILME RELEMBRANDO UM PASSADO QUE NUNCA HOUVE
Pra muita gente nos EUA, o melhor filme de Richard Linklater é ainda o primeiro que ele dirigiu, este DAZED AND CONFUSED. Eu o vi pela primeira vez em 1998, na TV. Me causou espanto um filme tão despojado conseguir me seduzir. O tema é simples ao extremo, fala do último dia de aula de um grupo de alunos em 1976. Mas, ao contrário do que se espera, não é mais um filme piada, sobre jovens tarados ou nerds azarados. Ele procura ser "vida real". Não é engraçado, mas também não é drama.
Revi este filme mais duas vezes já neste século. Sempre gostei. Muito. E ontem, mais uma vez, visitei aquele grupo de jovens. Estranho eu nunca ter notado o que notei ontem...
O filme se passa no dia 28 de maio de 1976. A trilha sonora, excelente, tem Foghat, Alice Cooper, War, Dr. John, Kiss, Aerosmith ( era a nova banda do momento ) e um soberbo etc. As roupas são corretas: jeans muito justos com bocas muito largas, camisetas curtas, cabelos sem corte. Os carros estão lá: Fords e Chevys imensos. Mas...NÃO É UM FILME SOBRE 1976. É UM FILME SOBRE OS ANOS 90. Assim como o último filme de Tarantino se passa em 1968, mas fala sobre 2019, este filme de Linklater, visto hoje, nos dá saudade de 1995 e nos transporta ao dia 26 de maio de....1996.
Quando ele começa eu logo penso: Não estou gostando mais deste filme...1976 não era assim...não havia tanta maconha...as pessoas não eram tão politicamente corretas....as gírias eram outras...e esses atores são velhos demais para esses papeis!!!
Sinto um certo desconforto. Tudo parece fake. Isso dura cerca de 15 minutos, mas então a poesia seca do filme reaparece, e eu volto a gostar do que vejo. O filme é tão banal, tão simples, tão sincero, que não há como não se deixar pegar. Mas um novo ponto de vista se instaura: Por mais que Linklater queira falar sobre 1976, ele está nos anos 90. Não há como situar-se lá outra vez. E se vemos filmes realmente feitos em 76 vemos que nada se parece com Dazed and Confused. Há aqui a consciência de se estar em 90. Olha-se para 76 com um carinho que em 1976 não havia. Peter Frampton era brega. Era odiado. Hoje ele é cool.
O filme é bom. É ótimo. É o American Graffitti da sua época. Os caras bebem cerveja. Beijam. Andam de carro. E fumam maconha. Ben Affleck, Mila Jovovich, Parker Posey aparecem no filme. Mas quem o rouba é Mathew McConaughey. Voce ouve ele falar "All Right", é basicamente sua única fala, e sente que uma estrela nasce ali. Ele faz o papel do cara que largou a escola pra trabalhar. Mega cool, é um texano que jamais fica nervoso e nunca tem pressa. Vence no bilhar e ganha as meninas. Mas parece não estar nem aí pra nada.
Os anos 90 foram uma tentativa, feita por uma geração nascida entre 1962-1972, de reviver a década de 70. Tanto o rock de Seattle, como as bandas inglesas tipo Supergrass ou Blur, procuravam recuperar aquilo que eles imaginavam ter sido a década do hedonismo. Filmes de caras como Soderberg ou Tarantino bebiam na fonte do cinema B de 1971. Revisto ou escutado hoje, nada dos anos 90 lembra os anos 70. Nem mesmo o Aerosmith de 1998 se parece com o Aerosmith de 1978.
Dazed and Confused é uma das mais bonitas tentativas de dar vida a um tempo que só existiu na imaginação saudosista. Os anos 70 são Tony Manero entrando numa disco. E se esse personagem de John Travolta for visto como cômico ou heroico...bem...é sinal de que a coisa se perdeu.
Revi este filme mais duas vezes já neste século. Sempre gostei. Muito. E ontem, mais uma vez, visitei aquele grupo de jovens. Estranho eu nunca ter notado o que notei ontem...
O filme se passa no dia 28 de maio de 1976. A trilha sonora, excelente, tem Foghat, Alice Cooper, War, Dr. John, Kiss, Aerosmith ( era a nova banda do momento ) e um soberbo etc. As roupas são corretas: jeans muito justos com bocas muito largas, camisetas curtas, cabelos sem corte. Os carros estão lá: Fords e Chevys imensos. Mas...NÃO É UM FILME SOBRE 1976. É UM FILME SOBRE OS ANOS 90. Assim como o último filme de Tarantino se passa em 1968, mas fala sobre 2019, este filme de Linklater, visto hoje, nos dá saudade de 1995 e nos transporta ao dia 26 de maio de....1996.
Quando ele começa eu logo penso: Não estou gostando mais deste filme...1976 não era assim...não havia tanta maconha...as pessoas não eram tão politicamente corretas....as gírias eram outras...e esses atores são velhos demais para esses papeis!!!
Sinto um certo desconforto. Tudo parece fake. Isso dura cerca de 15 minutos, mas então a poesia seca do filme reaparece, e eu volto a gostar do que vejo. O filme é tão banal, tão simples, tão sincero, que não há como não se deixar pegar. Mas um novo ponto de vista se instaura: Por mais que Linklater queira falar sobre 1976, ele está nos anos 90. Não há como situar-se lá outra vez. E se vemos filmes realmente feitos em 76 vemos que nada se parece com Dazed and Confused. Há aqui a consciência de se estar em 90. Olha-se para 76 com um carinho que em 1976 não havia. Peter Frampton era brega. Era odiado. Hoje ele é cool.
O filme é bom. É ótimo. É o American Graffitti da sua época. Os caras bebem cerveja. Beijam. Andam de carro. E fumam maconha. Ben Affleck, Mila Jovovich, Parker Posey aparecem no filme. Mas quem o rouba é Mathew McConaughey. Voce ouve ele falar "All Right", é basicamente sua única fala, e sente que uma estrela nasce ali. Ele faz o papel do cara que largou a escola pra trabalhar. Mega cool, é um texano que jamais fica nervoso e nunca tem pressa. Vence no bilhar e ganha as meninas. Mas parece não estar nem aí pra nada.
Os anos 90 foram uma tentativa, feita por uma geração nascida entre 1962-1972, de reviver a década de 70. Tanto o rock de Seattle, como as bandas inglesas tipo Supergrass ou Blur, procuravam recuperar aquilo que eles imaginavam ter sido a década do hedonismo. Filmes de caras como Soderberg ou Tarantino bebiam na fonte do cinema B de 1971. Revisto ou escutado hoje, nada dos anos 90 lembra os anos 70. Nem mesmo o Aerosmith de 1998 se parece com o Aerosmith de 1978.
Dazed and Confused é uma das mais bonitas tentativas de dar vida a um tempo que só existiu na imaginação saudosista. Os anos 70 são Tony Manero entrando numa disco. E se esse personagem de John Travolta for visto como cômico ou heroico...bem...é sinal de que a coisa se perdeu.
O JOGO DA IMITAÇÃO/ A TEORIA DE TUDO/ JAZZ/ MARCEL CARNÉ/ A STAR IS BORN/ BOYHOOD/ FANNY
O JOGO DA IMITAÇÃO de Morten Tyldun com Benedict Cumberbatch e Keira Knightley
Mesmo conhecendo a bio de Alan Turing fiquei chocado com o fim do filme. Imagino como se sente quem não a conhece. O filme é sensacional. Ele toca todos aqueles que se sentem esquisitos, todos os que foram perseguidos na escola, todos os diferentes. Ou seja, toca quase todos nós. Turing foi um gênio e o filme é digno dele. Suspense bem feito, drama e uma bela história. Adoraria ver este filme ser, como foi O Discurso do Rei alguns anos atrás. a grande surpresa inglesa do Oscar. Os dois se parecem muito. São filmes clássicos, muito ingleses, com um momento chave do século XX pescado do esquecimento. O melhor ator do ano é Benedict. E quem achar que caio em contradição, pois costumo criticar essa mania de confundir boas imitações com grandes desempenhos, que Benedict não imita Turing, ele cria uma personagem. Pois ao contrário de Capote ou de Ray, Turing tem um nada de videos para se imitar. Foi em vida uma pessoa obscura. 2015 é a melhor safra do Oscar desde o século XX, este é o filme que mais me emocionou, O Hotel Budapeste é o melhor filme. Qualquer dos dois que vencer será uma alegria para mim. Nota 9.
A TEORIA DE TUDO de James Marsh com Eddie Redmayne e Felicity Jones
Se Eddie vencer o Oscar será mais uma vitória do papel de doente. Impressiona como o Oscar ama gente interpretando doentes! O filme é legal, mas está muito atrás de O Jogo da Imitação, com o qual poderia se parecer. Tudo aqui é correto, como Hawking, que é um cara do bem. Mas o filme não causa impressão. Dois dias depois voce mal recorda uma cena. Felicity é na verdade a heroína. Excelente interpretação, ela foi uma santa em aguentar o casamento. O filme é dela. Nota 6.
WHIPLASH, EM BUSCA DA PERFEIÇÃO de Damien Chazelle com Miles Teller e JK Simmons
Um pensamento ruim me ocorreu durante o filme. O jazz desde os anos 50 virou isso...um fóssil estudado por chatos, nerds e infelizes. O que era uma expressão folclórica de vida, virou objeto de adoração semi-religiosa e de estudos devotados. But....o filme, simples, barato, é bom. E mostra algo de muito particular que só o jazz tem: nele não existe nada de bom ou de correto. Ou o cara é """do cacete"""ou é muito ruim. Para fazer parte da coisa voce tem de ser uma fera. Músicos bons, como no rock são quase todos, não sobrevivem no jazz. Porque aqui, mesmo aquele esquecido baixista da banda de Fletcher Henderson ou do trio de Benny Golson, era mais que excelente. No jazz, como na música erudita, não dá pra enganar. Porque aqui o simples barulho ou as notas simples inexistem. Para quem toca este filme é obrigatório. E mesmo para o resto, é um bom filme. Espero que ele mostre aos roqueiros o quanto bateristas discretos, jazzistas, como Charlie Watts ou Mitch Mitchell são bons. Ritmo, isso é tudo. Conseguir manter a batida, sem variação de velocidade ou de volume, matematicamente preciso, é isso. Posto acima um Buddy Rich, o mito. JK dá um show. Mas o garoto também é bom. Nota 7.
BOYHOOD de Richard Linklater com Ethan Hawke e Patricia Arquette
Somos uma geração, a minha, entre 40/50 anos, desastrada. Criamos filhos como amigos e eles queriam pais. O filme acompanha o crescimento de um menino. E Linklater, que entre seus filmes favoritos tem Truffaut e Bresson, evita todo momento de drama, exibe o banal e nesse banal o que há de mais bonito. O filme é leve, puro, otimista. O menino, que sorte, vira um cara legal. Mas eu queria que mostrassem mais a irmã! Ela parece mais interessante. Ethan faz Ethan Hawke, o cara gente boa. Patricia manda muito bem. Gorda, a sensual Alabama virou uma americana comum. Ponto pra ela! O melhor de Linklater ainda é Dazed and Confused, mas se ele vencer o prêmio de direção será bem legal. Ele é Wes, com seu amor por filmes franceses, são dos poucos caras a dar ar de liberdade ao amarrado e cabisbaixo cinema atual. Nota 8.
FANNY de Marcel Pagnol com Raimu, Pierre Fresnay e Orane Demazis
Por falar em cinema francês...Eis Pagnol, escritor, autor de teatro e diretor de cinema. O homem da Provence antes do lugar virar moda. A história aqui é de uma menina, grávida e solteira. O pai da criança a abandonou para virar marinheiro. Ela aceita a proposta de um homem mais velho, que assumirá o nenê. Mas o marinheiro volta...O filme é tosco, sem produção, primitivo. E encantador. É um tipo de filme tão arcaico que hoje fica parecendo muito fresco, novo, original. Assistir Fanny é como ver um documentário sobre um planeta que deixou de existir. O mundo de Cézanne e de Cassat. Um prazer. Nota 9.
CONTRABANDISTA A MUQUE de Christian-Jacque com Totó e Fernandel
Existe uma cidade na fronteira entre França e Itália em que ruas e casas marcam a divisão. O filme mostra desse modo o contraste entre os dois países. Totó é um contrabandista. Fernandel um policial. Um é bem italiano: malandro, preguiçoso, mentiroso. O outro é rigido, cumpridor das leis, burocrático e meio bobo. Divertido, o filme, de 1958, nos faz pensar que essas diferenças hoje seriam ilusórias. A Europa virou um grande caldeirão comum. Uma certa nostalgia surge, onde os italianos estão? Totó, um gênio como ator, nunca mais. Nota 7.
FAMÍLIA EXÓTICA de Marcel Carné com Françoise Rosay, Michel Simon, Jean-Louis Barrault, Louis Jouvet e Jean-Pierre Aumont.
No cinema clássico francês dois caminhos logo surgiram. O cinema simples de Renoir e o cinema elaborado de Carné. Prefiro Carné. Aqui temos uma rocambolesca comédia com os melhores atores de então. Como explicar a história? Tem um escritor que finge ser um pacato burguês, tem um doido assassino, tem um conquistador barato...e muito mais. Os diálogos, de Prévert, são brilhantes. É um filme Pop, feito para divertir, para entreter. Nota 7.
NASCE UMA ESTRELA de William Wellman com Janet Gaynor, Frederic March e Lionel Stander
Um grande clássico. A primeira versão da história da moça que quer ser estrela de Hollywood e se envolve com um ator decadente. Ela sobe, ele afunda. Tudo aqui funciona. O filme emociona, dá raiva, toca, fica. O mecanismo da imprensa surge crú. March está magnífico! Faz um alcoólatra com tintas de Barrymore sublime. Temos pena dele. E admiração. Gaynor jamais se torna doce demais. Ela ama March. Ama o cinema. E tem ainda Stander, um jornalista que é o mal em pessoa. Ele odeia March e goza em ver sua queda. Wellman faz o roteiro de Dorothy Parker voar. É um grande filme. Nota DEZ.
Mesmo conhecendo a bio de Alan Turing fiquei chocado com o fim do filme. Imagino como se sente quem não a conhece. O filme é sensacional. Ele toca todos aqueles que se sentem esquisitos, todos os que foram perseguidos na escola, todos os diferentes. Ou seja, toca quase todos nós. Turing foi um gênio e o filme é digno dele. Suspense bem feito, drama e uma bela história. Adoraria ver este filme ser, como foi O Discurso do Rei alguns anos atrás. a grande surpresa inglesa do Oscar. Os dois se parecem muito. São filmes clássicos, muito ingleses, com um momento chave do século XX pescado do esquecimento. O melhor ator do ano é Benedict. E quem achar que caio em contradição, pois costumo criticar essa mania de confundir boas imitações com grandes desempenhos, que Benedict não imita Turing, ele cria uma personagem. Pois ao contrário de Capote ou de Ray, Turing tem um nada de videos para se imitar. Foi em vida uma pessoa obscura. 2015 é a melhor safra do Oscar desde o século XX, este é o filme que mais me emocionou, O Hotel Budapeste é o melhor filme. Qualquer dos dois que vencer será uma alegria para mim. Nota 9.
A TEORIA DE TUDO de James Marsh com Eddie Redmayne e Felicity Jones
Se Eddie vencer o Oscar será mais uma vitória do papel de doente. Impressiona como o Oscar ama gente interpretando doentes! O filme é legal, mas está muito atrás de O Jogo da Imitação, com o qual poderia se parecer. Tudo aqui é correto, como Hawking, que é um cara do bem. Mas o filme não causa impressão. Dois dias depois voce mal recorda uma cena. Felicity é na verdade a heroína. Excelente interpretação, ela foi uma santa em aguentar o casamento. O filme é dela. Nota 6.
WHIPLASH, EM BUSCA DA PERFEIÇÃO de Damien Chazelle com Miles Teller e JK Simmons
Um pensamento ruim me ocorreu durante o filme. O jazz desde os anos 50 virou isso...um fóssil estudado por chatos, nerds e infelizes. O que era uma expressão folclórica de vida, virou objeto de adoração semi-religiosa e de estudos devotados. But....o filme, simples, barato, é bom. E mostra algo de muito particular que só o jazz tem: nele não existe nada de bom ou de correto. Ou o cara é """do cacete"""ou é muito ruim. Para fazer parte da coisa voce tem de ser uma fera. Músicos bons, como no rock são quase todos, não sobrevivem no jazz. Porque aqui, mesmo aquele esquecido baixista da banda de Fletcher Henderson ou do trio de Benny Golson, era mais que excelente. No jazz, como na música erudita, não dá pra enganar. Porque aqui o simples barulho ou as notas simples inexistem. Para quem toca este filme é obrigatório. E mesmo para o resto, é um bom filme. Espero que ele mostre aos roqueiros o quanto bateristas discretos, jazzistas, como Charlie Watts ou Mitch Mitchell são bons. Ritmo, isso é tudo. Conseguir manter a batida, sem variação de velocidade ou de volume, matematicamente preciso, é isso. Posto acima um Buddy Rich, o mito. JK dá um show. Mas o garoto também é bom. Nota 7.
BOYHOOD de Richard Linklater com Ethan Hawke e Patricia Arquette
Somos uma geração, a minha, entre 40/50 anos, desastrada. Criamos filhos como amigos e eles queriam pais. O filme acompanha o crescimento de um menino. E Linklater, que entre seus filmes favoritos tem Truffaut e Bresson, evita todo momento de drama, exibe o banal e nesse banal o que há de mais bonito. O filme é leve, puro, otimista. O menino, que sorte, vira um cara legal. Mas eu queria que mostrassem mais a irmã! Ela parece mais interessante. Ethan faz Ethan Hawke, o cara gente boa. Patricia manda muito bem. Gorda, a sensual Alabama virou uma americana comum. Ponto pra ela! O melhor de Linklater ainda é Dazed and Confused, mas se ele vencer o prêmio de direção será bem legal. Ele é Wes, com seu amor por filmes franceses, são dos poucos caras a dar ar de liberdade ao amarrado e cabisbaixo cinema atual. Nota 8.
FANNY de Marcel Pagnol com Raimu, Pierre Fresnay e Orane Demazis
Por falar em cinema francês...Eis Pagnol, escritor, autor de teatro e diretor de cinema. O homem da Provence antes do lugar virar moda. A história aqui é de uma menina, grávida e solteira. O pai da criança a abandonou para virar marinheiro. Ela aceita a proposta de um homem mais velho, que assumirá o nenê. Mas o marinheiro volta...O filme é tosco, sem produção, primitivo. E encantador. É um tipo de filme tão arcaico que hoje fica parecendo muito fresco, novo, original. Assistir Fanny é como ver um documentário sobre um planeta que deixou de existir. O mundo de Cézanne e de Cassat. Um prazer. Nota 9.
CONTRABANDISTA A MUQUE de Christian-Jacque com Totó e Fernandel
Existe uma cidade na fronteira entre França e Itália em que ruas e casas marcam a divisão. O filme mostra desse modo o contraste entre os dois países. Totó é um contrabandista. Fernandel um policial. Um é bem italiano: malandro, preguiçoso, mentiroso. O outro é rigido, cumpridor das leis, burocrático e meio bobo. Divertido, o filme, de 1958, nos faz pensar que essas diferenças hoje seriam ilusórias. A Europa virou um grande caldeirão comum. Uma certa nostalgia surge, onde os italianos estão? Totó, um gênio como ator, nunca mais. Nota 7.
FAMÍLIA EXÓTICA de Marcel Carné com Françoise Rosay, Michel Simon, Jean-Louis Barrault, Louis Jouvet e Jean-Pierre Aumont.
No cinema clássico francês dois caminhos logo surgiram. O cinema simples de Renoir e o cinema elaborado de Carné. Prefiro Carné. Aqui temos uma rocambolesca comédia com os melhores atores de então. Como explicar a história? Tem um escritor que finge ser um pacato burguês, tem um doido assassino, tem um conquistador barato...e muito mais. Os diálogos, de Prévert, são brilhantes. É um filme Pop, feito para divertir, para entreter. Nota 7.
NASCE UMA ESTRELA de William Wellman com Janet Gaynor, Frederic March e Lionel Stander
Um grande clássico. A primeira versão da história da moça que quer ser estrela de Hollywood e se envolve com um ator decadente. Ela sobe, ele afunda. Tudo aqui funciona. O filme emociona, dá raiva, toca, fica. O mecanismo da imprensa surge crú. March está magnífico! Faz um alcoólatra com tintas de Barrymore sublime. Temos pena dele. E admiração. Gaynor jamais se torna doce demais. Ela ama March. Ama o cinema. E tem ainda Stander, um jornalista que é o mal em pessoa. Ele odeia March e goza em ver sua queda. Wellman faz o roteiro de Dorothy Parker voar. É um grande filme. Nota DEZ.
BOYHOOD.
Uma entrega do Oscar com mais de dois filmes admiráveis. Desde o século passado isso não acontecia. Em 2015 temos 3 filmes que me deixariam feliz com sua vitória. E Boyhood é um deles. Contra o cinema empetecado e tolo de Nolan, Fincher e gang infindável, o cinema simples de Linklater. Boyhood é um filme que gosta de gente, e isso hoje é uma benção.
Acompanho o cinema de Richard Linklater desde 1995, DAZED AND CONFUSED é um filme que acompanha um bando de adolescentes em seu último dia de aula. Passado em 1976, o filme tem uma trilha sonora perfeita, melhor que a de Quase Famosos, e dentre seus atores inexperientes estão Mathew MacCornaghy, Ben Affleck e René Zellwegger. Adoro esse filme onde nada acontece. Ou melhor, onde nada de cinematográfico acontece. Mas onde a vida acontece. Boyhood é exatamente assim. Richard evita habilmente todas as cenas melodramáticas, tangencia o sensacional e nos entrega os momentos que fazem a vida, ou seja, uma coleção de ""quases"". Mostrar a mãe apanhando do marido seria fazer cinema sensacional, ou pior, seria dar valor a um momento isolado dentro de uma vida. Ao contrário do cinema de hoje, que procura sempre e de forma apelativa, a dor, o sangue, a doença, o extraordinário, Linklater procura o comum, o simples, o banal. E mostrando isso ele nos dá o presente inestimável de exibir diante de nós a nobreza da vida de qualquer um que ainda se veja como apenas mais um. Boyhood exala nobreza. Quantos filmes com essa marca voce tem visto?
O pai, o adorável Ethan Hawke, é apenas um mentiroso. Sonha em ser um rock star, mas não muito. E acaba sendo um bom pai. Dentro do possível. A mãe escolhe maridos errados. Mas consegue educar os dois filhos. Apesar de ser uma distraída. Eu gostaria que o filme se concentrasse na filha. Ela parece ser muito esperta. Mas o menino é cativante. Finalmente um filme consegue exibir um silencioso e delicado adolescente sem cair no chavão. A geração é aparentemente quieta e deprimida porque o mundo lhes parece absurdamente errado.
Mais que um problema, nossa tragédia atual é a completa incapacidade que minha geração demonstra com a paternidade. Não importa se a geração de meu pai era hipócrita ou repressora, havia um papel para eles e eles o seguiam. Pai era provedor. Pai era protetor. E pai era autoritário. Mães eram ditadoras, preocupadas, davam comida e roupas quentes e queriam em troca amor e respeito. Claro que esse não era um mundo ideal, mas era um mundo possível. Hoje o mundo parece impossível. Os pais de hoje não são ruins, eles são raros.
Patricia Arquette foi uma mulher hiper sexy. E que nunca teve medo de perder essa condição. Faz a mãe. Comovente. Ethan Hawke é o amigo mais velho que todo moleque gostaria de ter. É quase um tio. Pai não. As melhores cenas são com ele e o filho. O menino é brilhante. A gente gosta dele. É um filho que todos gostariam de ter. E percebemos que filhos continuam a existir. E pedem o que sempre pediram. Ajuda.
Uma vez li a lista dos diretores favoritos de Richard Linklater. Havia Bresson. O maior elogio que posso fazer a Boyhood é esse. Ele é digno de um filho de Bresson. O cinema nunca mostra a vida como ela realmente é. Mas ele pode, em raros momentos, mostrar como a sentimos e percebemos. Boyhood chega lá.
Acompanho o cinema de Richard Linklater desde 1995, DAZED AND CONFUSED é um filme que acompanha um bando de adolescentes em seu último dia de aula. Passado em 1976, o filme tem uma trilha sonora perfeita, melhor que a de Quase Famosos, e dentre seus atores inexperientes estão Mathew MacCornaghy, Ben Affleck e René Zellwegger. Adoro esse filme onde nada acontece. Ou melhor, onde nada de cinematográfico acontece. Mas onde a vida acontece. Boyhood é exatamente assim. Richard evita habilmente todas as cenas melodramáticas, tangencia o sensacional e nos entrega os momentos que fazem a vida, ou seja, uma coleção de ""quases"". Mostrar a mãe apanhando do marido seria fazer cinema sensacional, ou pior, seria dar valor a um momento isolado dentro de uma vida. Ao contrário do cinema de hoje, que procura sempre e de forma apelativa, a dor, o sangue, a doença, o extraordinário, Linklater procura o comum, o simples, o banal. E mostrando isso ele nos dá o presente inestimável de exibir diante de nós a nobreza da vida de qualquer um que ainda se veja como apenas mais um. Boyhood exala nobreza. Quantos filmes com essa marca voce tem visto?
O pai, o adorável Ethan Hawke, é apenas um mentiroso. Sonha em ser um rock star, mas não muito. E acaba sendo um bom pai. Dentro do possível. A mãe escolhe maridos errados. Mas consegue educar os dois filhos. Apesar de ser uma distraída. Eu gostaria que o filme se concentrasse na filha. Ela parece ser muito esperta. Mas o menino é cativante. Finalmente um filme consegue exibir um silencioso e delicado adolescente sem cair no chavão. A geração é aparentemente quieta e deprimida porque o mundo lhes parece absurdamente errado.
Mais que um problema, nossa tragédia atual é a completa incapacidade que minha geração demonstra com a paternidade. Não importa se a geração de meu pai era hipócrita ou repressora, havia um papel para eles e eles o seguiam. Pai era provedor. Pai era protetor. E pai era autoritário. Mães eram ditadoras, preocupadas, davam comida e roupas quentes e queriam em troca amor e respeito. Claro que esse não era um mundo ideal, mas era um mundo possível. Hoje o mundo parece impossível. Os pais de hoje não são ruins, eles são raros.
Patricia Arquette foi uma mulher hiper sexy. E que nunca teve medo de perder essa condição. Faz a mãe. Comovente. Ethan Hawke é o amigo mais velho que todo moleque gostaria de ter. É quase um tio. Pai não. As melhores cenas são com ele e o filho. O menino é brilhante. A gente gosta dele. É um filho que todos gostariam de ter. E percebemos que filhos continuam a existir. E pedem o que sempre pediram. Ajuda.
Uma vez li a lista dos diretores favoritos de Richard Linklater. Havia Bresson. O maior elogio que posso fazer a Boyhood é esse. Ele é digno de um filho de Bresson. O cinema nunca mostra a vida como ela realmente é. Mas ele pode, em raros momentos, mostrar como a sentimos e percebemos. Boyhood chega lá.
HOMEM DE FERRO/ GERARD BUTLER/ MARTIN RITT/ SEAN CONNERY/ PETER BOGDANOVICH/ TATUM O'NEAL/ LINKLATER
ANTES DA MEIA-NOITE de Richard Linklater com Ethan Hawke e Julie Delpy
Antes de mais nada: Ao contrário do que disse um amigo meu, não é a primeira vez que um cineasta segue a vida de uma personagem por anos afora. Truffaut fez isso com Antoine Doinel. Doinel aparece em 1959 em Les 400 Coups e depois em mais 4 filmes, feitos em 64, 68, 70 e 79. Sempre na pele de Leaud. Linklater é um cara legal. Leio a lista de seus filmes favoritos e tem Ozu, Godard, Melville, e é claro, Rhomer. Essa sua trilogia é puro Rhomer, blá blá blá. Tudo bem fofo e em ambiente pseudo-intelectual. Adoro Dazed and Confused, que Linklater fez nos anos 90. A saga "francesa" acho assim assim. Nota 5.
DEPOIS DE MAIO de Olivier Assayas
Revolução francesa, maio de 68, Balzac e Le Tour de France. Essa é a alma da nação. Eles têm tanto orgulho dessas coisas, que às vezes chega a irritar. Veja este filme. Nada mais é que um looooongo exercício masturbatório. Oh lá lá! Como fomos bacanas! Deus sabe o quanto amo Voltaire, Proust e Stendhal. Mas este lado da terra de Gainsbourg, eu passo! Nota 3.
O ACORDO de Ric Roman Waugh com Dwayne Johnson, Barry Pepper e Susan Sarandon
Poor Susan! Dwayne é o pai de um teen que foi preso por posse de drogas. Ele parte a captura de quem deu a droga pro filho. Well...cinema pode ser uma coisa muito, muito ruim. Nota ZERO.
ALVO DUPLO de Walter Hill com Stallone
Nos anos 80 houve quem levasse Hill a sério. Achavam que ele era um novo Peckimpah. Puá! Este lixo mostra o que ele sempre foi: um fazedor de longos clips. Nota ZERO.
HOMEM DE FERRO 3 de Shane Black com Robert Downey Jr e Gwyneth Paltrow
Assustadoramente ruim. Cultura pop quando tenta contrabandear arte é de doer. O filme é tão Jeca quanto os Batmans. Um tipo de masoquismo para teens que se acham espertos. A diferença é que os Batmans enganam melhor. Nolan é melhor publicitário que Black. Este filme é chato demais! Nota ZERO.
TOBRUK de Arthur Hiller com Rock Hudson e George Peppard
Na segunda guerra, um bando de ingleses se une a grupo guerrilheiro para tentar sabotar o petróleo nazista. Detalhe: o grupo guerrilheiro é formado por judeus alemães. Há um traidor no grupo. O filme é razoável, nunca muito emocionante. Hudson parece estar com sono, Peppard está bem, cheio de adrenalina. Hiller foi um diretor famoso por errar muito. Aqui não erra. Mas também não acerta. Nota 5.
VER-TE-EI NO INFERNO de Martin Ritt com Sean Connery, Richard Harris e Samantha Eggar
Que tal usar o nome original do filme? The Molly Maguires? Esse o nome de um grupo de imigrantes irlandeses que nos EUA de 1850 sabotavam minas de carvão. Martin Ritt foi o mais típico dos diretores da esquerda americana. Seus filmes falam sempre das injustiças do capital. Em sua carreira, que abrangeu as décadas de 50 até a de 90, vários filmes se tornaram quase-clássicos. Este é um dos melhores. Ajuda muito a fotografia de James Wong Howe e a trilha sonora de Henry Mancini. O cinema americano teve 3 ícones da fotografia de cinema, Wong Howe é um deles. Os primeiros quinze minutos do filme não têm um só diálogo. O que vemos é o trabalho dentro de uma mina de carvão. As paredes negras-azuladas, úmidas, a fuligem, os cavalos puxando vagões, os homens imundos, a tosse. Entramos no inferno. Connery é o líder dos sabotadores. Harris um dedo duro. O filme é terrível e belo em sua sujeira. Barracos e ruas de lama. O final é muito amargo, afinal, é um filme dos anos 70. Nota 8.
UM BOM PARTIDO de Gabriele Muccino com Gerard Butler, Jessica Biel, Uma Thurman, Catherine Zeta-Jones, Dennis Quaid
Saímos do sinistro do filme de Ritt para o pinky de Muccino. Butler é um ex-jogador de soccer. Falido. Vira treinador de crianças. E tenta voltar pra ex-esposa. Sim, o filme é tão bobo como parece. Butler é ok, o filme não. Uma Thurman tem um papel ridiculo. Zeta-Jones envelheceu. Biel é esquisita e Dennis Quaid, que a séculos era um ator muito legal, agora está com rosto de cartoon. Nota 3.
ARMADILHA de Jon Amiel com Sean Connery e Catherine Zeta-Jones
Este filme ensina para que serve um bom diretor. Veja: É um filme que tem tudo o que gosto, ótimo ator, atriz linda, história de ação com suspense, locações interessantes, ambientes bacanas. E, graças a Amiel, tudo dá errado. Não tem suspense, não tem esperteza, tudo se desperdiça. Para esse tipo de filme, o filme de roubo-chique, é primordial : uma trilha sonora marcante, aqui não há, suspense, necas aqui, e frases inteligentes, jamais cá. O que sobra? Sean Connery, uma atriz linda em seu auge e mais nada. Nota 4.
LUA DE PAPEL de Peter Bogdanovich com Ryan O'Neal, Tatum O'Neal e Madeline Kahn
Da geração dos anos 70 dos jovens diretores americanos, Peter foi aquele que atingiu o sucesso mais rapidamente. E foi o primeiro a despencar. Entre 1971 e 1973 ele fez na sequencia três big hits de público e crítica. Mas a partir de 74 desandou. Casou com Cybill Shepperd e começou a fazer filmes para ela. Lua de Papel é seu último filme perfeito. Uma comédia amarga que fala de um trambiqueiro e de uma menina. Nas estradas da América pobre de 1935, eles aplicam golpes usando só a malandragem. Tudo no filme é maravilhoso, desde a fotografia em p/b, cheia de sombras e de profundidade, até as músicas e cenários. O principal é a direção, uma aula de como se constrói caracteres e cenas. Tatum ganhou Oscar de coadjuvante por este filme. Tinha apenas 9 anos. Está apaixonante. O filme é o máximo em diversão com coração e mente. Perfeito. Nota DEZ.
Antes de mais nada: Ao contrário do que disse um amigo meu, não é a primeira vez que um cineasta segue a vida de uma personagem por anos afora. Truffaut fez isso com Antoine Doinel. Doinel aparece em 1959 em Les 400 Coups e depois em mais 4 filmes, feitos em 64, 68, 70 e 79. Sempre na pele de Leaud. Linklater é um cara legal. Leio a lista de seus filmes favoritos e tem Ozu, Godard, Melville, e é claro, Rhomer. Essa sua trilogia é puro Rhomer, blá blá blá. Tudo bem fofo e em ambiente pseudo-intelectual. Adoro Dazed and Confused, que Linklater fez nos anos 90. A saga "francesa" acho assim assim. Nota 5.
DEPOIS DE MAIO de Olivier Assayas
Revolução francesa, maio de 68, Balzac e Le Tour de France. Essa é a alma da nação. Eles têm tanto orgulho dessas coisas, que às vezes chega a irritar. Veja este filme. Nada mais é que um looooongo exercício masturbatório. Oh lá lá! Como fomos bacanas! Deus sabe o quanto amo Voltaire, Proust e Stendhal. Mas este lado da terra de Gainsbourg, eu passo! Nota 3.
O ACORDO de Ric Roman Waugh com Dwayne Johnson, Barry Pepper e Susan Sarandon
Poor Susan! Dwayne é o pai de um teen que foi preso por posse de drogas. Ele parte a captura de quem deu a droga pro filho. Well...cinema pode ser uma coisa muito, muito ruim. Nota ZERO.
ALVO DUPLO de Walter Hill com Stallone
Nos anos 80 houve quem levasse Hill a sério. Achavam que ele era um novo Peckimpah. Puá! Este lixo mostra o que ele sempre foi: um fazedor de longos clips. Nota ZERO.
HOMEM DE FERRO 3 de Shane Black com Robert Downey Jr e Gwyneth Paltrow
Assustadoramente ruim. Cultura pop quando tenta contrabandear arte é de doer. O filme é tão Jeca quanto os Batmans. Um tipo de masoquismo para teens que se acham espertos. A diferença é que os Batmans enganam melhor. Nolan é melhor publicitário que Black. Este filme é chato demais! Nota ZERO.
TOBRUK de Arthur Hiller com Rock Hudson e George Peppard
Na segunda guerra, um bando de ingleses se une a grupo guerrilheiro para tentar sabotar o petróleo nazista. Detalhe: o grupo guerrilheiro é formado por judeus alemães. Há um traidor no grupo. O filme é razoável, nunca muito emocionante. Hudson parece estar com sono, Peppard está bem, cheio de adrenalina. Hiller foi um diretor famoso por errar muito. Aqui não erra. Mas também não acerta. Nota 5.
VER-TE-EI NO INFERNO de Martin Ritt com Sean Connery, Richard Harris e Samantha Eggar
Que tal usar o nome original do filme? The Molly Maguires? Esse o nome de um grupo de imigrantes irlandeses que nos EUA de 1850 sabotavam minas de carvão. Martin Ritt foi o mais típico dos diretores da esquerda americana. Seus filmes falam sempre das injustiças do capital. Em sua carreira, que abrangeu as décadas de 50 até a de 90, vários filmes se tornaram quase-clássicos. Este é um dos melhores. Ajuda muito a fotografia de James Wong Howe e a trilha sonora de Henry Mancini. O cinema americano teve 3 ícones da fotografia de cinema, Wong Howe é um deles. Os primeiros quinze minutos do filme não têm um só diálogo. O que vemos é o trabalho dentro de uma mina de carvão. As paredes negras-azuladas, úmidas, a fuligem, os cavalos puxando vagões, os homens imundos, a tosse. Entramos no inferno. Connery é o líder dos sabotadores. Harris um dedo duro. O filme é terrível e belo em sua sujeira. Barracos e ruas de lama. O final é muito amargo, afinal, é um filme dos anos 70. Nota 8.
UM BOM PARTIDO de Gabriele Muccino com Gerard Butler, Jessica Biel, Uma Thurman, Catherine Zeta-Jones, Dennis Quaid
Saímos do sinistro do filme de Ritt para o pinky de Muccino. Butler é um ex-jogador de soccer. Falido. Vira treinador de crianças. E tenta voltar pra ex-esposa. Sim, o filme é tão bobo como parece. Butler é ok, o filme não. Uma Thurman tem um papel ridiculo. Zeta-Jones envelheceu. Biel é esquisita e Dennis Quaid, que a séculos era um ator muito legal, agora está com rosto de cartoon. Nota 3.
ARMADILHA de Jon Amiel com Sean Connery e Catherine Zeta-Jones
Este filme ensina para que serve um bom diretor. Veja: É um filme que tem tudo o que gosto, ótimo ator, atriz linda, história de ação com suspense, locações interessantes, ambientes bacanas. E, graças a Amiel, tudo dá errado. Não tem suspense, não tem esperteza, tudo se desperdiça. Para esse tipo de filme, o filme de roubo-chique, é primordial : uma trilha sonora marcante, aqui não há, suspense, necas aqui, e frases inteligentes, jamais cá. O que sobra? Sean Connery, uma atriz linda em seu auge e mais nada. Nota 4.
LUA DE PAPEL de Peter Bogdanovich com Ryan O'Neal, Tatum O'Neal e Madeline Kahn
Da geração dos anos 70 dos jovens diretores americanos, Peter foi aquele que atingiu o sucesso mais rapidamente. E foi o primeiro a despencar. Entre 1971 e 1973 ele fez na sequencia três big hits de público e crítica. Mas a partir de 74 desandou. Casou com Cybill Shepperd e começou a fazer filmes para ela. Lua de Papel é seu último filme perfeito. Uma comédia amarga que fala de um trambiqueiro e de uma menina. Nas estradas da América pobre de 1935, eles aplicam golpes usando só a malandragem. Tudo no filme é maravilhoso, desde a fotografia em p/b, cheia de sombras e de profundidade, até as músicas e cenários. O principal é a direção, uma aula de como se constrói caracteres e cenas. Tatum ganhou Oscar de coadjuvante por este filme. Tinha apenas 9 anos. Está apaixonante. O filme é o máximo em diversão com coração e mente. Perfeito. Nota DEZ.
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