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THE BYRDS.

Banda formada em 1965 por Roger McGuinn, o grupo tinha ainda Chris Hillman, David Crosby, Gene Clark. O sucesso veio grande e veio logo: Mr Tambourine Man, um cover de Bob Dylan que era melhor que o original. Com eles acontece então algo muito raro: o próprio alvo da homenagem, Dylan, se deixa influenciar pelos mais novos: Byrds, e passa a usar guitarras elétricas em seu som. Nasce o folk rock, invenção 100% de Roger McGuinn. --------------------- Roger, com sua Rickenbaker de 12 cordas, foi inspirado por George Harrison. Até ver o filme A HARD DAYS NIGHT, Roger era folk puro, anti rocknroll, estilo musical que ele achava ser alienado e escapista. Os Beatles mudaram sua visão e os Byrds mudaram o folk. A guitarra de McGuinn, um dos sons mais bonitos e influentes do rock, pairou como influência até os anos 80. TODO o indie rock americano da década de 1980, REM sobretudo, deveu seu som à guitarra de Roger McGuinn, influência sempre assumida por Peter Buck, o guitar player dos REM. ------------------ O primeiro disco, MR TAMBOURINE MAN chegou ao number one. O segundo TURN TURN TURN!, também. Mas a banda começou a se desfazer. Crosby saiu, depois Clark, por fim Hillman ( que foi fundar o estupendo Flying Burritto Brothers com Gram Parsons ). Acima de tudo, Roger era um insatisfeito. The Byrds, como aconteceu com tantas bandas da época, começou a atirar pra todo lado: influências de jazz, de música indiana, de eletrônica, de country de raiz. Em 1968, na década em que cada ano valia por dez, The Byrds já parecia uma banda muito, muito antiga. Isso com apenas 3 anos de estrada!!!! Não vendiam mais nada. Sweetheart At The Rodeo, de 1968, disco hiper country, com Gram Parsons no grupo, foi um fracasso de vendas. Roger nunca mais foi uma estrela de primeira. -------------- A cada década que passa, os Byrds ficam mais esquecidos. Mas não se engane, não há como entender os anos 60 sem ouvir The Byrds. Suas harmonias vocais são as mais perfeitas da história, sua guitarra é sublime e eles têm canções que viverão para sempre como testemunhos de nobreza. Talvez Younger Than Yesterday seja meu disco favorito, mas há ainda 5th Dimension...---------------- Posto 8 Mile High, último hit single deles. O solo de McGuinn foi inspirado pelos solos de sax de John Coltrane. É lindo e anuncia o psicodelismo californiano. Também nisso foram pioneiros. Tenho em minha coleção TUDO que eles gravaram até 1969, são 7 albuns que variam do perfeito ao razoável ( Mr Hyde é apenas razoável ). Nos anos 80 era chique ouvir The Byrds. Nos anos 90 já começaram a ser deixados de lado. Em 2022 são quase inexistentes. Faria bem ao que resta do rock reouvir The Byrds.

QUEM É JACKSON BROWNE

   Jackson Browne foi uma dos criadores do rock made in California. As pessoas esquecem, mas até os anos 70 não existia rock californiano. Havia o rock lisérgico de San Fran, mas era o som de uma cidade, de uma comunidade pequena. O rock do estado dourado nasceu em 1970.
  Bandas como Poco, CSN, e até os Flying Burrito Brothers deram o DNA do estilo: violão, vocal macio, letras sobre drogas recreativas, amores passageiros, boa vida com pitadas de amargor. Tudo muito bem produzido, muito bem mixado, excelentes capas e ótima estratégia de lançamento. Nos shows, palmeiras no palco, gente bronzeada na plateia, um clima de paz e amor com ginástica, surf e maconha. Os ingleses do Fleetwood Mac se mudaram pra lá, contrataram uma cantora típica do lugar ( Stevie Nicks ) e um guitarrista-vocalista ´fã de Buddy Holly ( Lindsey Buckingham ) e ficaram milionários ao gravar dentro do estilo.
  Mas antes de tudo isso, em 1967, havia um garoto de 16 anos que compunha baladas soft para Nico, a cantora do Velvet. E que depois seria gravado pela turma de NY. Então, em 1970 ele funda os Eagles com Glen Frey. E os Eagles são o pior e o melhor do rock da Califórnia. Mas Jackson fica só dois anos na banda. Volta a ser solo e constrói durante todos os anos 70 uma carreira sólida, com fama, respeito e estilo. Nos anos 80 ele vai mais devagar. Vira o marido de Daryl Hannah.
  Em 1978 eu comprei Running on Empty, um dos melhores discos do ano, segundo a Rolling Stone. A revista adorava o rock de Jackson. Ignorava muita coisa ótima. ( A revista só dava valor ao que era adulto...pobres e injustiçados Status Quo, T Rex e Black Sabbath ).
  Eu odiei o disco. Comprei porque era já naquela época, um pretensioso. Me divertiria muito mais ouvindo Kiss ou Alice Cooper. Mas eu queria seguir a crítica. Me achava inteligente. ....Bom....na verdade adorei umas 3 músicas: Cocaine ( que não é a do JJ Cale ), Stay e esta Nothing But Time, que é deliciosa. O disco foi gravado em condições que nunca mais vi: como era sobre "a estrada", foi gravado em quartos de hotéis, saguões de aeroportos e até dentro de bus em movimento. No disco, Nothing But Time é gravado em bus na estrada. Dá pra se ouvir o motor, a mudança de marchas e o vento na janela. É fantástico. Não são coisas gratuitas, elas funcionam.
  É o grande disco do estilo. Claro que ao lado de Rumours, do Fleetwood Mac. E de Simple Dreams de Linda Ronstadt.
  Dá pra dizer que os punks americanos odiavam tanto este estilo como os ingleses odiavam o rock progressivo.
  Escuta lá.

OS EXTRAS DE MONTEREY

   Assistindo o DVD com as cenas que D.A.Pennebaker deixou de fora na montagem de Monterey Pop. Várias porcarias. Country Joe and The Fish por exemplo. E The Byrds, que fazem uma apresentação sem vida. O grupo nunca funcionou ao vivo e dá vontade de ver Chris Hillman se juntar logo a Gram Parsons e fundar os Flying Burrito Brothers. Acho David Crosby uma das figuras mais antipáticas do rock.
   Jefferson Airplane também é bem nada. E ter de assistir aos Mammas and Pappas...Quem merece? Tudo bem, podemos ver Michelle Phillips aos 16 anos, linda de doer e já na estrada, musa hippie para quem Paul MacCartney dedicou Michelle.
   Pennebaker foi esperto. Focou montes de meninas bonitas. E crianças brincando. O filme é de junho de 67, auge e começo do fim do sonho hippie. Pra voce ter uma ideia nesse mês voce podia comprar nas lojas os novos lançamentos: Sgt. Peppers e os primeiros discos de Hendrix, Doors, Velvet Underground, Love, Traffic, Pink Floyd, além de Cream e Small Faces com grandes discos. Vamos logo ao lado bom dos extras.
   Al Kooper, Electric Flag e Paul Butterfield. Bom pacas! Mas a coisa pega mesmo é com a apresentação do Buffalo Springfield, já sem Neil Young. Excelente e emocionante. Assim como emociona a bela ousadia do Blues Project, uma viagem de ácido.
   O Quicksilver Messenger é um arraso. Rock que me lembrou o the best do rock de Seattle em 89/91. Banda ícone da Califa 1967. E os extras trazem The Who. Bem, ainda tento entender Keith Moon. Com eles explode o luxo mod com o furacão rocker. Estão milhas à frente de tudo aquilo de então.
   Postei alguma coisa. Aproveite baby.

CANÇÕES DE AMOR SÃO COMO AMAR O AMOR

   Para ninguém achar que eu escuto apenas Roxy e Ferry quando penso no amor ( isso está longe da verdade ), comento aqui, ou melhor, deliro aqui, sobre as músicas que me levam a esse mundo onde tudo voa ( como mostra o mais belo dos quadros, aquele de Chagall em que ele visita Bella Chagall ).
   O nascimento da minha percepção de que canções são hinos ao amor exibo na postagem abaixo. Gostaria que voces lessem o texto e que vissem os dois vídeos. E em meu sonho amoroso gosto de pensar que o garoto no video de Rod Stewart sou eu aos 9 anos. Aquelas imagens sintetizam toda a minha infância.
   Infância...O amor é um rememorar da infância e sei que o sexo é o brinquedo de adulto. A gente troca o autorama pelas comédias fantasias da cama. Casais em amor são crianças. Graças aos céus! São sinceros e verdadeiros, a minha babaquice infantil e adorável eu só mostro para quem eu amo. Têm elas feito o mesmo para mim. Nosso maior presente é nossa ingenuidade.
   Discos desse universo...Lloyd Cole and The Commotions. É tão belo que chega a doer. Violões e violinos, as músicas realmente voam. Rattlesnakes é um disco perfeito. E tudo soa a amor. Lembro também de Prefab Sprout com o disco que se chama Steve McQueen. É pop chic típico dos anos 80, mas é lindo demais. Marcou época. E se é pra falar dos anos 80 falo do Human League que nos deu Dare! um disco que voa entre suspiros e o Yazzo que trouxe Nobody's Diary.
   Mudo de clima e de mundo. The Crystal Ship dos Doors é uma das mais belas canções assim como Catch the Wind de Donovan. Nesse mundo hippie abundam canções sobre amor. O Traffic tem várias, assim como Hendrix. The Wind Cries Mary é uma das mais perfeitas. A gente levita quando a escuta.
   Várias vezes em que estive em êxtase amoroso escutei Happy dos Stones a todo volume. E já cantei Ruby Tuesday na rua bêbado. Happy dá tanta alegria por se saber dentro da loucura do amor!
    Bob Dylan é um caso a parte. Simple Twistof Fate é sobre ser adulto. Aliás, no mundo do amor, Dylan é a figura adulta. Ele sempre luta para não ser infantil. Sorria mais Bob! Outro geminiano é Brian Wilson e God Only Knows é algodão doce. Feito por um gênio da doçura.
    Não posso esquecer de Van Morrison. Astral Weeks é soberbo. Não se parece com nada. É alma falando com alma. Etéreo. Se anjos cantassem soariam terríveis e belos como Morrison. Ou como Annie Haslam em Ashes are Burning.  Ou Sandy Denny.
    Sei que nem todas essas canções falam de amor, mas o sentimento quando te toma faz com que toda bela música seja sobre o amor. Aquele concerto de piano de Mozart, o 20, é sobre amor. E talvez seja a mais bela obra já pensada e realizada sobre o tema. Ou sobre todo tema possível.
    Kevin Ayers tem montes de músicas amorosas. Gemini Child é das maiores. Kevin foi amoroso todo o tempo. Vivia em estado de apreciação. Alcoólica, carnal e amorosa. Ele continuou a tradição hedonista de poetas britãnicos que saíam da ilha fria atrás do sol do Mediterrâneo. E amavam até morrer. Kevin foi um gigante.
    Forever Changes talvez seja o melhor disco de rock sobre o amor. Arthur Lee ultrapassa tudo e chega ao auge da inspiração. A obra-prima é tão vasta, tão complexa que se torna inesgotável. Caleidoscópica. Não por acaso sua banda se chamava Love.
   Chris Isaak teve um auge de dez anos. Entre 1988 e 1998 ele foi o cantor do amor. E como canta bem! Nesse perídodo eu o escutei como um vicio. Amor dos anos 90, cheio de bossa, de referências ao passado. Estradeiro e ingênuo. Suave, sexy, lindo.
   E foi nessa década que descobri o amor adulto. E com ele veio aquele repertório que nada tem a ver com o rock. Sinatra, Chet Baker, Astaire, Crosby, Ella, Billie, Doris Day... o tesouro da canção popular americana: Cole Porter, os Gershwin, Rodgers e Hart, Irving Berlin... Bewitched, Night and Day, Never Gonna Dance, Funny Face, September Song... tantas jóias que me mudaram. Quando as descobri muita coisa do rock deixou de ter gosto para mim.
   Tento evitar falar do mundo da black music. Os gênios negros falam do amor como ninguém. Demonstram soberbo conhecimento. Marvin Gaye, Otis Redding, Smokey Robinson, Temptations, Aretha, Teddy Pendergrass, Al Green...a sensação é a de que eles são professores de amor.
    E há David Bowie. Ladystardust, Life on Mars, Wild is The Wind, Rock'n'Roll With Me, Sorrow, tanta coisa sobre amor, dor, ilusão, reconciliação, tempo, desejo, sexo, sonho...Não existisse Ferry seria Bowie o crooner do amor, mas ao contrário de Bryan, que parece viver pela musa, Bowie sempre parece viver pelo palco. Seu gênio para a canção de amor é imenso, mas não é exclusivo, ele sempre é dúbio.
   De quantos mais discos posso falar! J.J.Cale tem Grasshopper, um disco todo sobre um flerte e um amor. É dos meus mais queridos diários amorosos. Assim como Stephen Stills e seu primeiro disco solo. Neil Young e Harvest ou The Band com várias faixas de seus discos. Mas The Band não trata muito do amor-paixão, sua praia é a amizade. A bela amizade entre camaradas.
   Gram Parsons tinha o dom. Sincero ao extremo a gente ouve o amor nascer em sua voz. Comove sua fé amorosa. Ele foi um puro de coração. Não podia viver muito. Partiu.
    É engraçado como várias bandas que adoro não me trazem lembranças sobre canções de amor. The Kinks por exemplo. Existem belas faixas amorosas, mas seu espírito é outro. São satiristas, cronistas sociais. Como The Who, banda que consegue me levar as lágrimas. Mas do que eles falam? De solidão, de fé e de luta. Como o Led Zeppelin. Adoro o Led, mas a praia deles é outra. Tesão, amor de minutos, amor como conquista e posse.
    Nick Hornby tem razão. Décadas ao som de canções que falam de amor, que sonham com o ideal, deve ter modificado toda a minha visão de vida. Ninguém sai impune de I Started a Joke aos 6 anos!
    Tem muito mais, claro. Mas este desleixado texto conta apenas isso. Vou sentir pena dos esquecidos ( lembro agora de Quicksilver Girl de Steve Miller, do Steely Dan com Peg... ), mas é isso. Amar é amar o amor e se essas canções e esses caras me trazem o amor à vida eu os amo a todos. São lembretes, amplificadores, testemunhas, ecos. Escutar tudo isso é exercitar o coração, fazer falar a alma e viver melhor e mais.

Flying Burrito Brothers - Christine's Tune



leia e escreva já!

THE FLYING BURRITO BROTHERS, UM SONHO TRISTE DE CURTO OUTONO

   Eu ouvia falar de Flying Burrito fazia séculos. O tipo da banda cult que não fez sucesso algum em seu tempo ( apesar de ser uma banda pop ). O povo da época não aceitava esse tipo de grupo. Se tivesse surgido dez anos mais tarde teria estourado. Se fosse o tempo dos clips estouraria AINDA mais facilmente.
   Mas em 1969 ninguém do rock dito sério gostava de bandas que não eram "bem loucas". As opções eram longos solos de guitarra ou mensagens de revolução. Os Burritos não se enquadravam em nenhum dos dois casos. A outra opção era o pop do Creedence ou dos Beatles. Mas aí havia o problema Gram Parsons.
   Hoje, em que nos acostumamos com Eagles ou John Mellencamp, parece estranho, mas o público do rock em 69 abominava country. Um chapéu de cowboy ou o som de um banjo deixava seus longos cabelos em pé. Country era música de conservadores, de racistas e de velhos religiosos. Hank Willians, Johnny Cash ou Willie Nelson eram escutados por uns poucos hippies como pecado vergonhoso, e o povão do centro dos EUA, lugares como Iowa ou Arkansas não contava. Gram Parsons, apesar de nascido na Florida, de familia rica e moderna, mudou a coisa.
   Entrando nos Byrds em 1968, ele transformou uma banda que era folk-elétrico em country-elétrico. Fora dos EUA as pessoas colocam folk e country no mesmo saco. Nada a ver. Folk é esquerda, country era direita. Folk é Woody Guthrie e Dylan, violão e letras gigantes, country é banjo, rabeca e dobro, letras sobre familia, campo e Jesus. O que Gram fez foi pegar a musica country e botar maconha nela. As letras falam de herois da estrada, de gente perdida em encruzilhadas, de amores desesperados e de muita solidão. Tudo regado a marijuana e tequila. E vestindo seu famoso paletó,  folhas de erva desenhadas sobre fundo branco.
   Os Byrds resolveram ir tocar na Africa do Sul. Gram se recusou, apartheid ainda vivo. Fundou os Flying Burrito Brothers.  O disco de estréia é lindo como a Lua. Mas nada vendeu.
   Como acontece com várias bandas, apesar de não estourar foram escutados pelas pessoas influentes. Um monte de gente começou a gravar country não-careta. E logo Keith Richards se fez fã e amigo. Gram e Keith passaram a andar juntos e a influência de Parsons sobre o som dos Stones de então é imensa. Dead Flowers ou Sweet Virginia são puro Parsons e Wild Horses foi composta tendo Gram em mente. Indo para a carreira solo, onde sua proposta country foi ainda mais radicalizada, Parson ainda teve o tempo de lançar dois discos. Mas em 1973 foi encontrado morto. Overdose de heroína.
   Há aqui uma história típica da época, que poderia estar em filme dos Coen. Os amigos, sabendo que Gram queria ser cremado, pegaram o corpo do velório e o levaram pro deserto. Lá tentaram cremá-lo com gasolina e não conseguiram. O corpo não virava cinza, virava churrasco...
   Os dois discos solo são pra chorar. Tristes como fim de caso ou fim de tarde solitária. Alguns momentos dão a certeza de que Parsons era um super poeta, um artista superior. Estava pronto para tomar as paradas do mundo. Não houve tempo pra isso. Morreu com 24 anos.
   Os Flying são uma bela alternativa para estes tempos posudos. Eles são naturais. O fato de não terem estourado demonstra a riquesa de sua época. Ou a cegueira de um sistema. No clip que postei abaixo, que é uma gozação e Não demonstra o tipico som de Parsons, ele faz gozação a Mick Jagger. Imita os trejeitos de Jagger e cria uma cumplicidade com Keith Richards. Eu, assim como tantos outros neste século que já nasce velho, adoro Gram Parsons.

The Flying Burrito Brothers - The Older Guys USTV (full version)



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TODO CORAÇÃO É SIMPLES - GRAM PARSONS

No mundo conturbado de 1968, e do qual somos o resto e o objetivo, cantar country music era se confessar racista/republicano/ignorante. Nada era mais conservador e anti-revolucionário que cantar acompanhado por fiddle/ slide guitar e banjo.
Gram Parsons surge em 1968 e junta-se aos Byrds. E sózinho resgata o som da Georgia, do Tennessee, do Jack Daniels. Gênio.
Os Byrds já eram uma banda decadente ( naqueles anos velozes 4 anos era um século ) quando o muito jovem Parsons foi convidado a entrar. E ele tirou de McGuinn e Hillman tudo o que havia de psicodélico. No lugar tascou country music. Coragem. Isso seria o equivalente ao Barão Vermelho voltar tocando Tonico e Tinoco e Pena Branca e Xavantinho. Entenda, não era o country modernoso ou o universitário. Nem era um tipo de gozação. Era o country de raiz, o mais tosco, simples, do matão.
Mas ele fez uma coisa mais ousada que tudo: não mexeu na música, mas modernizou as letras. Falava do mundo de sua época e sob a ótica de um jovem rebelde. Seria como se fizessem no Brasil de agora, chorinho tipo Pixinguinha, falando sobre o morro do Alemão.
Logo, Gram Parsons saiu dos Byrds. Saiu por discordar de uma série de shows na Africa do Sul do apartheid. Formou os Flying Burrito Brothers ( que nome do cacete!!!! ) e o resto é lenda. Vende pouco, mas influencia toda a musica pop de então. Resgata a ingenuidade de corações que sofrem de amor, de solidão e de injustiça. As melodias, doces, piegas, chorosas, lindas de desenho celestial, grudam nas artérias de quem as escuta. Mas, irriquieto, ele salta dos Burritos e se vai à carreira solo.
Dois discos apenas. 1973 e 1974. Duetos deliciosamente sofridos com Nicolette Larson. A banda que o acompanha é a de Elvis. O Elvis de Las Vegas. Só feras. Os dois discos fazem um milagre em quem os escuta: dão vontade de se apaixonar. Há uma canção chamada SHE que é de doer de tão bonita. GRAM PARSONS ERA UM ANJO.
Torna-se o melhor amigo de Keith Richards e os Stones tentam soar como Gram. ( Dead Flowers, Sweet Black Angel, Wild Horses ). Mas Gram Parsons morre.
Retrato da época ( em cena que foi aproveitada no GRANDE LEBOWSKI ): ele queria ser cremado. E que suas cinzas fossem jogadas ao deserto. O que seus amigos fizeram? Pegaram seu corpo e encheram de gasolina no deserto. E atearam fogo! O corpo, lógico, não virou cinza. Que viagem! Tiveram que levar os restos carbonizados à funerária. Waaaaal......
Tivesse vivido, Parsons dominaria facilmente o rock made in California dos anos 70. Ele era pop como os Eagles e Linda Ronstadt, mas tinha o amargor de Jackson Browne e de Warren Zevon. E ninguém era tão raiz quanto ele.
Ouvir Gram Parsons em 2010 é conversar com o próprio coração.
Creia, seu coração tem a voz de quem canta SHE. Seu coração é piegas. É country.
GRAM PARSONS ERA LINDO.