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FILMES SEX, DRUGS E ROCKNROLL
Assisto um pacotão de filmes feitos entre 1966-1970 endereçados àquilo que os executivos de Hollywood imaginavam ser "o público jovem". Antes de falar especificamente deles, devo dizer que havia um cinema jovem já em 1962,63, mas eram filmes pequenos, marginais, muitos estrangeiros. O problema é que com o estouro de bilheteria de Bonnie e Clyde e quase ao mesmo tempo de A PRIMEIRA NOITE DE UM HOMEM ( THE GRADUATE ), os chefões finalmente viram que o público que consumia discos às toneladas também ia ao cinema. --------------- Pessoas apenas dez anos mais velhas que os hippies e beats de então não conseguiam enteder a onda que rolava. Viam tudo de fora. Melhor exemplo é o caso de Antonioni, artista que tentou radiografar as cenas inglesa e americana e cometeu os nada "na onda" BLOW UP e ZABRISKIE POINT. O erro do diretor italiano foi tão grande ao ponto de ele querer filmar The Who em ação, gravar os Yardbirds, e só perceber o erro após o filme editado. Mesmo assim alguns jovens viram Blow Up e Zabriskie sob efeito de ácido nos cinemas. 2001 foi um hit entre os doidos. Mas Kubrick sabia tão pouco de rock e de estradas como Antonioni. -------------------- Os filmes que aqui comento são tentativas apressadas de faturar em cima do mundo hippie. Um deles é uma obra prima. Outro é um camaleão cult. Outro é das coisas mais chatas e ridículas já feitas. E há os outros, apenas curiosidades que vão do muito entediante ao interessante. -------------------- BARBARELLA tem Jane Fonda pelada. Henry Fonda teve uma paternidade estranha. Jane ficou pelada e Peter, o outro filho, fumava maconha em todo fotograma dos filmes feitos então. Barbarella é uma chatice canastrona e cafona, de efeitos especiais de mal gosto, ação estática e um humor constrangedor. Foi um fracasso então e hoje não serve nem como nostalgia. Roger Vadim era um impostor. O típico cara mais velho tentando se dar bem na onda jovem. Ele não mergulha no ridículo-festivo-psicótico que fez de Valley Of The Dolls algo horrivelmente delicioso, Vadim fica numa confortável babaquice. Este filme representa o que de pior se fez naquela época. ---------------------- Já EASY RIDER é, visto mais uma vez, uma autêntica obra-prima. Gostei muito mais dele visto pela terceira vez. Há um cena assustadoramente bela. Peter Fonda vai à um bordel, e com as meninas e Dennis Hopper, toma um ácido. A viagem, em um cemitério, é a versão mais real de uma bad trip já filmada. Mas o momento duro e lindo se dá quando Peter-O Capitão América, diz amar sua mãe e ao mesmo tempo briga feio com ela. É cena terrível. Pois quem conhece Peter sabe que sua mãe, na vida real a atriz Margaret Sullivan, se matou nos anos 40 cortando a própria jugular. Relatos da época dizem que a criança Peter Fonda, viu a cena e quase morreu de dor e desespero. Sacou? Peter expõe na tela de cinema uma ferida, terrível, de si mesmo, ou mais que isso, rememora para nós uma possível bad trip vivida na realidade. Mas Easy Rider é mais que isso. É o canto fúnebre da América de Walt Whitman. É filme de uma tristeza comovedora. É a primeira peça de arte a perceber que o movimento hippie era melancólico. Voce sabe, espero, o quanto ele mudou o cinema feito nos USA. Mas mesmo a gente esquecendo isso, vendo o filme apenas como um filme e não como peça histórica, ele é lindo. A câmera gira em círculo, em cena dentro de tenda, e nos faz ver o rosto de cada hippie da comunidade do deserto. E cada rosto é como um monumento. Particular, individual, único. São rostos fora do padrão. É o ápice e também o enterro do movimento começado em 1795, o romantismo anglo-americano. Um adendo especial a Jack Nicholson. Não me lembro de atuação melhor que essa. Jack faz o americano perdido, aquele que tenta viver dentro do sistema e não consegue. É apaixonante o que ele faz aqui. Por fim, 2022 nos mostra, em qualquer manifestação ecológica ou feminista, tudo que estava aqui agora tornado produto e "coisa bacana e a ser incentivada". São as mesmas roupas, os mesmos rostos e as mesmas manias. Porém em 2022 vividas como hábito, como costume, como parte da cadeia de consumo. Easy Rider é uma obra imensa a ser revista e reanalisada sempre. ------------------- VANISHING POINT é um filme que muda a cada revisão. O assiti algumas vezes e a cada vez minha opinião se transforma. Ele foi uma obra-prima para mim. Foi uma chatice sem fim. Foi uma aventura muito boa. Me fez dormir. Hoje eu vi nele um tipo de "grande filme sobre o suicídio". Kowalski quer morrer e se mata. O filme, feito após as mortes de Hendrix e Joplin, fala de um outsider que é alçado à mito pela mídia e morre por isso. Hoje senti o DJ como um vilão. Ao exagerar o valor de um simples piloto, ele o leva à morte. A trilha sonora é maravilhosa. Corra Kowalski, voce é o símbolo de todos nós, corra por todos os infelizes...well....não há, de Hendrix à Cobain ninguém que sobreviva à isso. ------------------------ CANDY é um lixo sem graça feito para mostrar Ewa Aulin pelada. Moderno? Jovem? Jamais! Christian Marquand, seu diretor, era um picareta, um sub Roger Vadim. Caso típico de veterano tentando se dar bem na onda hippie. Tem até Marlon Brando como guru indiano. Um vexame. Apesar de que os 10 minutos iniciais com Richard Burton, como um poeta estrela assediador, serem muito bons.------------------- UM BEATLE NO PARAÍSO. Deus! John Cleese ajudou no roteiro! Como pode ter escrito algo tão sem sal? Peter Sellers, mesmo ele, um gênio do humor, está ruim, é um bilionário inglês que adota um mendigo. O mendigo é Ringo Starr. Daí os dois andam por aí vendo os erros do capitalismo. Pois é.... enquanto eles vêm os erros a gente adormece. ------------------ THE TRIP tem Peter Fonda, pouco antes de Easy Rider, numa trip de LSD. Quem lhe dá a droga e o assiste é Bruce Dern. O diretor é Roger Corman, o cara que deu trabalho aos novatos Coppolla, Bogdanovich etc. A primeira metade é horrenda. Frio, bobo, vazio, chato. Didático até. Mas na segunda parte Peter sai às ruas bem chapado e o filme fica bem legal. Efeitos de cor e movimento que traduzem o estar doido ( nunca tomei ácido, mas quando louco por bebida é daquele jeito que vejo tudo e me sinto ). ------------------------ THE WILD ANGELS fala de Hells Angels, e tem de novo Peter Fonda, Bruce Dern e Roger Corman. Mas é imperdoável. O que vemos? Os caras andando de moto e arrumando brigas. Só isso. Menos ruim é HELLS ANGELS ON WHEELS. O diretor Richard Rush fez carreira e é bom. Jack Nicholson dá profundidade à um frentista que por acaso passa a andar com os Angels. -------------------- Richard Rush fez depois PSYCH OUT, filme que é dos poucos que mostra o mundo hippie de San Francisco por dentro. Jack Nicholson, com rabo de cavalo, é um mega drogado, e o que vemos é sua banda crescer na vida enquanto uma menina surge na "comunidade". É um filme bom. Tem cenas documentais e funciona como nostalgia e como diversão. Sincero, ousa até uma crítica aos próprios hippies mais radicais. E devo dizer: Jack faz qualquer filme crescer.
UM ESTRANHO NO NINHO SERÁ LACRADO
Revi após uns 20 anos o filme que em 1975 ganhou os 5 principais Oscars. Milos Forman dirigiu a adaptação da novela libertária de Ken Kesey de 1963, UM ESTRANHO NO NINHO, onde Jack Nicholson é um presidiário que resolve optar pela pena em uma instituição psiquiátrica. Espírito livre, cheio de energia, ele entra em guerra com a enfermeira hiper rígida e seguidora de regras, papel feito de modo bravio por Louise Fletcher. No elenco vemos gente depois muito famosa, dentre eles Danny de Vito, Christopher Lloyd, Will Sampson. O livro em 1963 era um texto otimista anunciando a liberdade hippie que viria na sequência, o filme em 1975 era um drama sobre a derrota de uma alma orginal, e visto em 2022 ele é o retrato de um tipo de homem que hoje seria execrado pelos seguidores do politicamente correto. ---------------- Há uma cena, no início, em que o heroi recebe um comprimido. Ele se recusa a tomar, dizendo que " não aceita engolir nada que não saiba o que seja ", a enfermeira diz que " aquilo é para seu bem ", e ele a engana fingindo engolir. Daí em diante, por todo o filme, o que vemos é um homem indisciplinado tentando sabotar o sistema da clínica. Ele inclusive não aceita o diagnóstico de seus companheiros de "tratamento", burlando todo modo como a doença é tratada. Chave no processo é sua relação com um gigante índio, dado como incomunicável, mas com o qual ele cria uma comunicação comovente. --------------- Estranho observar como um filme tão central para o cinema dos anos 70 é hoje meio que "esquecido". O personagem de Jack Nicholson seria o que hoje? Um negacionista? Um chato que destroi a pseudo harmonia do sistema? Uma pedra no sapato do que deve permanecer sempre igual? -------------- Tenho a certeza que um ator como Jack Nicholson não caberia na Hollywood de hoje, assim como o artista liberal de 1975 se transformou no mais obediente e covarde dos carneirinhos. O que definia gente como Jack e Warren Beaty era um feroz individualismo, um orgulho em não obedecer regras, um desejo por ser dono de suas decisões. Filmes como este ( e também Mash ou Taxi Driver ) só não são atacados pelos idiotas do Politicamente Correto por dois motivos: 1- Eles não conhecem estes filmes, 2- Ele não os entendem como adultos, percebem apenas o que podem perceber. -------------- Provável que seja apenas a alternativa 1. ------------------ Se em 1975 ele já era um filme de uma melancolia quase aviltante, visto hoje ele é quase insuportável. Assitir a derrota do super corajoso livre e ofensivo é quase como testemunhar o final da dignidade de uma espécie. ----------- Mas o universo é coisa viva. E eu sei e voce sabe que tudo vai mudar. A bravura é indestrutível.
AS MELHORES ENTREVISTAS DA ROLLING STONE ( BONO, JOHNNY CASH, COPPOLLA, OZZY, BRUCE...)
As entrevistas são editadas para caber num livro médio. Isso tira todo o sabor delas. Ler este livro é como ver uma série de trailers de filmes que voce gostaria de assistir. Nada acrescentam. Portanto é um livro ruim e eu não costumo citar os livros ruins que leio ( creia, são muitos ). Mas vale a pena dizer que umas 3 ou 4 entrevistas valem a pena.
O livro começa com Pete Townshend, que em 1968 foi o primeiro entrevistado da revista. O repórter foi num show do Who e Pete não quebrou a guitarra. Intrigado, o jornalista perguntou a ele o porque. Veio desse papo a primeira entrevista da RS. ( Bons tempos em que uma estrela se deixava entrevistar de improviso ).
John Lennon é very ugly. A cabeça dele estava um lixo em 1970. Ele se auto-glorifica. Sou um gênio, desde criança eu sabia disso e por aí vai. Pobre Paul que precisou conviver com esse pseudo-Goethe de Liverpool. É a figura mais ridicula de toda a história do rock. Mas, como ele fez meia dúzia de canções realmente boas, vou crer que aquele foi um momento de doença mental ou o que for.
Jim Morrison fala de álcool. Phil Spector é hilário. E tem ainda Bill Clinton, o Dalai Lama, Bill Murray, Tina Turner, Eric Clapton, Ray Charles, Brian Wilson, Keith Richards, Neil Young, Joni Mitchell, Kurt Cobain, Axl, Eminem e um vasto etc. Todas chatíssimas! Mas...
Jack Nicholson fala de quando descobriu que sua irmã era na verdade sua mãe. George Lucas conta da sua expectativa para o lançamento de seu novo filme, Star Wars, e conta que seu objetivo é fazer com que o cinema americano saia da depressão dos filmes descrentes dos anos 60/70 e volte a acreditar em cowboys, heróis, que os jovens de 1977 tenham de volta a fé que ele viveu nos filmes de Erroll Flynn e John Wayne. Mais que isso, seu sonho é ter lojas onde tudo isso se conjugue: filmes, quadrinhos, bonecos e jogos sobre esse mundo de heróis. George sem perceber, tem nessa entrevista o insight sobre 2014.
Leonard Bernstein é sempre cool. Fala de seu amor pela música. Há uma hilária conversa entre Truman Capote e Andy Warhol. Truman foi encarregado de escrever sobre o tour de 1972 dos Stones, mas não escreveu, então a revista manda Andy para saber o que houve. Truman gostou dos shows, mas não sentiu inspiração. Os dois se derramam em elogios a Jagger, mas o charme da coisa está em sua conversa sobre tudo e sobre nada. Os dois conversam passeando por NY, gravador ligado e sentimos a presença de Capote e Andy. Uma delicia!
Mick Jagger impressiona. Ele conta que odeia se expor. Simples assim. As pessoas que façam o que quiserem, mas ele não gosta de falar de si-mesmo. Acho incrível e ao mesmo tempo noto que isso é verdade. Não há grandes fatos sobre a intimidade de Mick nesses 40 anos. Ele parece se expor no palco mas é teatro, máscara. Mick é um típico inglês vitoriano, reservado e familiar.
Falei de entrevistas divertidas, mas agora falo das únicas entrevistas que revelam alma, vida, dor e poesia.
Patti Smith é linda. Sei, ela parecia um garoto magro e agora parece uma bruxa. Leia o que ela fala e voce vai se apaixonar por ela. Patti conta sua história com Fred, seu marido, o que eles faziam nos anos 80, seu começo nos anos 70, sua vida com Mapplethorpe, a morte desse amigo genial, lentamente, de AIDS. O que ela pensa das novas bandas, sua poesia. São apenas cinco páginas que te tocam. Eis uma Dama. Eis algo que pode se aproximar da verdadeira genialidade.
E lemos a entrevista de Bob Dylan feita em 2002. Raios caem do céu. Dylan fala como um velho que viu tudo. E não dá pra não dizer: é como escutar Walt Whitman em 2002.
Mas então? Falei tão bem de algumas entrevistas...então o livro é bom! Não. São 40 entrevistas. Destaquei 5. OK?
O livro começa com Pete Townshend, que em 1968 foi o primeiro entrevistado da revista. O repórter foi num show do Who e Pete não quebrou a guitarra. Intrigado, o jornalista perguntou a ele o porque. Veio desse papo a primeira entrevista da RS. ( Bons tempos em que uma estrela se deixava entrevistar de improviso ).
John Lennon é very ugly. A cabeça dele estava um lixo em 1970. Ele se auto-glorifica. Sou um gênio, desde criança eu sabia disso e por aí vai. Pobre Paul que precisou conviver com esse pseudo-Goethe de Liverpool. É a figura mais ridicula de toda a história do rock. Mas, como ele fez meia dúzia de canções realmente boas, vou crer que aquele foi um momento de doença mental ou o que for.
Jim Morrison fala de álcool. Phil Spector é hilário. E tem ainda Bill Clinton, o Dalai Lama, Bill Murray, Tina Turner, Eric Clapton, Ray Charles, Brian Wilson, Keith Richards, Neil Young, Joni Mitchell, Kurt Cobain, Axl, Eminem e um vasto etc. Todas chatíssimas! Mas...
Jack Nicholson fala de quando descobriu que sua irmã era na verdade sua mãe. George Lucas conta da sua expectativa para o lançamento de seu novo filme, Star Wars, e conta que seu objetivo é fazer com que o cinema americano saia da depressão dos filmes descrentes dos anos 60/70 e volte a acreditar em cowboys, heróis, que os jovens de 1977 tenham de volta a fé que ele viveu nos filmes de Erroll Flynn e John Wayne. Mais que isso, seu sonho é ter lojas onde tudo isso se conjugue: filmes, quadrinhos, bonecos e jogos sobre esse mundo de heróis. George sem perceber, tem nessa entrevista o insight sobre 2014.
Leonard Bernstein é sempre cool. Fala de seu amor pela música. Há uma hilária conversa entre Truman Capote e Andy Warhol. Truman foi encarregado de escrever sobre o tour de 1972 dos Stones, mas não escreveu, então a revista manda Andy para saber o que houve. Truman gostou dos shows, mas não sentiu inspiração. Os dois se derramam em elogios a Jagger, mas o charme da coisa está em sua conversa sobre tudo e sobre nada. Os dois conversam passeando por NY, gravador ligado e sentimos a presença de Capote e Andy. Uma delicia!
Mick Jagger impressiona. Ele conta que odeia se expor. Simples assim. As pessoas que façam o que quiserem, mas ele não gosta de falar de si-mesmo. Acho incrível e ao mesmo tempo noto que isso é verdade. Não há grandes fatos sobre a intimidade de Mick nesses 40 anos. Ele parece se expor no palco mas é teatro, máscara. Mick é um típico inglês vitoriano, reservado e familiar.
Falei de entrevistas divertidas, mas agora falo das únicas entrevistas que revelam alma, vida, dor e poesia.
Patti Smith é linda. Sei, ela parecia um garoto magro e agora parece uma bruxa. Leia o que ela fala e voce vai se apaixonar por ela. Patti conta sua história com Fred, seu marido, o que eles faziam nos anos 80, seu começo nos anos 70, sua vida com Mapplethorpe, a morte desse amigo genial, lentamente, de AIDS. O que ela pensa das novas bandas, sua poesia. São apenas cinco páginas que te tocam. Eis uma Dama. Eis algo que pode se aproximar da verdadeira genialidade.
E lemos a entrevista de Bob Dylan feita em 2002. Raios caem do céu. Dylan fala como um velho que viu tudo. E não dá pra não dizer: é como escutar Walt Whitman em 2002.
Mas então? Falei tão bem de algumas entrevistas...então o livro é bom! Não. São 40 entrevistas. Destaquei 5. OK?
O MEU ESPORTE : CAMINHAR POR ENTRE OS TUMULOS DAQUELES QUE FIZERAM ESPORTES POR TODA A VIDA
""o meu esporte favorito é caminhar entre os túmulos daqueles que passaram a vida fazendo esportes". Essa frase é de Peter O`Toole e eu não a conhecia. Leio hoje, na nova Isto É, um texto muito bom de Giron sobre Peter.
Conheço Giron desde 1987. Dele foi o melhor texto sobre Bryan Ferry escrito no Brasil. Na Folha. A Ilustrada de Suzuki.
"Produtores de cinema de Hollywood são todos porcos. Nunca conheci um que não fosse." Essa frase deve explicar as oito vezes em que Peter perdeu o Oscar. Well, ela condiz com aquilo que Peter dizia ser ( e era ), um esquerdista radical que amava tanto os grandes sucessos como as vaias apaixonadas. Teve logo os dois. Aplausos pelo Hamlet que fez em Londres, dirigido por Olivier, em 1964, e vaias em seguida, por um texto de vanguarda, feito em 65. Tomates voaram ao palco e o acertaram. De verdade!
Giron descreve maravilhosamente o modo como Peter atuava. Vendo-o logo sentiamos sua fragilidade. Apesar de alto, ele era quase feminino. Noel Coward chamou seu Lawrence da Arabia de Nancy da Arabia. Para fazer o papel, eu desconhecia isso, ele passou meses vivendo com beduinos.
Mas tudo mudava quando ele abria a boca e atuava. Era viril, mais que isso, agressivo. Gestos amplos, falas altas, quase a histeria. Giron atenta para os olhos de Peter. Belos.
Fiel a sua classe social e sua Irlanda natal, Peter sempre uniu esse seu espirito etereo com a agressividade da anarquia. Foi fiel a si-mesmo. Tinha de ser posto em geladeira. E nunca deixou de provocar.
Queria ser jornalista quando jovem. Aos 15 anos estava empregado. Mas foi ver Michael Redgrave em Lear e isso mudou sua vida. Quis ser ator! Na escola dramatica conheceu Alan Bates e Albert Finney. A melhor das turmas desde 1925. E os excessos vieram, bebida, mulheres, brigas.
Hollywood o queria como um novo Cary Grant. Ele foi ser Peter O`Toole.
Como disse Giron, sossego post-morten. Peter se cala agora.
Foi grande em tudo. Nunca no meio, nunca o banal.
Na mesma revista...
Quem viu o filme CADA UM FAZ O QUE QUER ( FIVE EASY PIECES ), de Bob Rafelson, sabe o que Belchior sentiu. Como Jack Nicholson, como Larry em O Fio da Navalha, ele se desvencilha das coisas da vida e acha seu mundo.
Em tempos mais liberais seria tudo bem aceito e nada misterioso. Em 2013 se torna o graaaande misterio!
Deu?
Conheço Giron desde 1987. Dele foi o melhor texto sobre Bryan Ferry escrito no Brasil. Na Folha. A Ilustrada de Suzuki.
"Produtores de cinema de Hollywood são todos porcos. Nunca conheci um que não fosse." Essa frase deve explicar as oito vezes em que Peter perdeu o Oscar. Well, ela condiz com aquilo que Peter dizia ser ( e era ), um esquerdista radical que amava tanto os grandes sucessos como as vaias apaixonadas. Teve logo os dois. Aplausos pelo Hamlet que fez em Londres, dirigido por Olivier, em 1964, e vaias em seguida, por um texto de vanguarda, feito em 65. Tomates voaram ao palco e o acertaram. De verdade!
Giron descreve maravilhosamente o modo como Peter atuava. Vendo-o logo sentiamos sua fragilidade. Apesar de alto, ele era quase feminino. Noel Coward chamou seu Lawrence da Arabia de Nancy da Arabia. Para fazer o papel, eu desconhecia isso, ele passou meses vivendo com beduinos.
Mas tudo mudava quando ele abria a boca e atuava. Era viril, mais que isso, agressivo. Gestos amplos, falas altas, quase a histeria. Giron atenta para os olhos de Peter. Belos.
Fiel a sua classe social e sua Irlanda natal, Peter sempre uniu esse seu espirito etereo com a agressividade da anarquia. Foi fiel a si-mesmo. Tinha de ser posto em geladeira. E nunca deixou de provocar.
Queria ser jornalista quando jovem. Aos 15 anos estava empregado. Mas foi ver Michael Redgrave em Lear e isso mudou sua vida. Quis ser ator! Na escola dramatica conheceu Alan Bates e Albert Finney. A melhor das turmas desde 1925. E os excessos vieram, bebida, mulheres, brigas.
Hollywood o queria como um novo Cary Grant. Ele foi ser Peter O`Toole.
Como disse Giron, sossego post-morten. Peter se cala agora.
Foi grande em tudo. Nunca no meio, nunca o banal.
Na mesma revista...
Quem viu o filme CADA UM FAZ O QUE QUER ( FIVE EASY PIECES ), de Bob Rafelson, sabe o que Belchior sentiu. Como Jack Nicholson, como Larry em O Fio da Navalha, ele se desvencilha das coisas da vida e acha seu mundo.
Em tempos mais liberais seria tudo bem aceito e nada misterioso. Em 2013 se torna o graaaande misterio!
Deu?
WYLER/ JACK NICHOLSON/ AL PACINO/ LUMET/ HAWKS/ RITT/ WOODY ALLEN/ HUSTON
REBELIÃO NA INDIA de Henry King com Tyrone Power
Sobre um soldado mestiço, que na India inglesa tem de lutar contra seu irmão, irmão que organiza rebelião anti-colonial. Aventura de primeira. King foi um daqueles diretores pau-pra-toda-obra, um tipo de diretor que a partir da nouvelle vague deixou de existir. King mais de vinte sucessos, e mesmo assim continuou a fazer filmes como este: despretensiosos, bem feitos, inteligentes, eficientes. Nota 7.
OS PINGUINS DO PAPAI de Mark Waters com Jim Carrey e Carla Gugino
Waters surgiu como promessa de bom diretor. Parece que já se perdeu. Carrey um dia teve ambição, já se foi. Eu sempre preferi o Jim Carrey sem pretensão, mas as comédias excelentes que ele fazia não existem mais. Os pinguins são simpáticos, mas o filme é um lixo. Chega a ser revoltante como um profissional pode escrever algo tão idiota. Nota ZERO.
BEN-HUR de William Wyler com Charlton Heston
Houve um tempo que o filme tipo 'Avatar" era assim: uma aula de história com tinturas de ação e lição de moral. Caríssima produção, longuíssimo, imenso sucesso, montes de Oscars. Heston, apesar dos ataques de um certo idiota, foi um belo ator. Passa credibilidade a um papel muito dificil. A história todos sabem: os amigos que brigam: um é judeu, outro é romano. A ênfase não é na ação, é na lenda. Bonito. Nota 7.
A HONRA DOS PODEROSO PRIZZI de John Huston com Jack Nicholson, Kathleen Turner, Anjelica Huston e William Hickey
Uma visão meio cômica/ meio trágica da máfia. Nicholson é um matador apadrinhado pela máfia. Ele se apaixona e se casa com uma matadora polonesa. Mas a vida é cheia de surpresas... O roteiro é brilhante, e Huston, aos setenta anos dirige como um garoto. O filme recuperou o sucesso para sua carreira, concorreu a vários Oscars e fez dinheiro. Nicholson está engraçado e melancólico, faz um ítalo-americano meio burro e muito bom profissional. Turner foi uma sex-symbol de verdade. No meio dos anos 80 ela era o máximo. Mas há ainda Anjelica, fazendo a ex-esposa vingativa e o absurdo Hickey, um velhíssimo chefão, numa caracterização irresistível. Fantástico vê-lo babar e gaguejar. Nota 8.
SERPICO de Sidney Lumet com Al Pacino
Na suja NY dos anos 70, Pacino é Serpico, um cara que sempre sonhou em ser um policial. Mas, ao começar a trabalhar ele se depara com a corrupção no meio. Al Pacino em uma de suas grandes atuações. Serpico é um tira que usa barba, brinco, faz ballet e veste batas indianas. O filme começa como uma quase comédia ácida maravilhosa, mas Serpico vai pirando e Lumet quase se perde. No final o filme se reergue e seu fim é bastante amargo. Na sequencia Sidney Lumet faria Um Dia de Cão e a obra-prima Network. Que grande diretor ele foi ! Nota 7.
DUELO NA CIDADE FANTASMA de John Sturges com Robert Taylor e Richard Widmark
Ótimo western. Fala de ex bandido, agora xerife, que é sequestrado por seu ex comparsa. A fotografia em cores de Robert Surtees é estupenda. As paisagens são de tirar o fôlego. Sturges teve quinze anos de sucesso, sabia fazer filmes de ação. Um western que indico para fâs e para aqueles que desejam aprender a gostar deste tipo de cinema viril e sincero. Nota 8.
E AGORA BRILHA O SOL de Henry King com Tyrone Power, Ava Gardner e Errol Flynn
Versão da Fox para O Sol Também se Levanta de Heminguay. É bacana o retrato da festiva Paris de 1926, a Espanha aparece cheia de sol, de touros e de fiestas, mas nada há no filme do senso de tragédia de Heminguay. Mesmo assim é um filme bom, fácil de ver e sempre interessante. Ava faz uma bela Lady Brett e Errol está ótimo como o escocês bêbado. Este filme seria a salvação de sua carreira se ele não tivesse morrido pouco depois. Nota 6.
BOLA DE FOGO de Howard Hawks com Gary Cooper e Barbara Stanwyck
É um filme de Hawks que não se parece com Hawks. E é fácil saber porque: o roteiro é de Charles Brackett e de Billy Wilder. O filme tem muito mais o estilo grosso de Wilder que o modo fluido de Hawks. Fala de inocente linguista que se envolve com moça de boate e seu cafetão. O filme é ok, mas tem um ar de conto da carochinha para adultos que jamais funciona. Uma pena.... Nota 5.
TESTA DE FERRO POR ACASO de Martin Ritt com Woody Allen e Zero Mostel
Na época do MacCathismo, um caixa de bar é convencido por seu amigo escritor -erseguido a ser seu testa de ferro. É a melhor interpretação da vida de Allen. O seu caixa de bar que vira "autor" em nada se parece com sua persona ( embora ele solte às vezes uma piada à Woody Allen ). Ritt era um famoso diretor do bem, seus filmes sempre falavam de injustiças. Foi perseguido pelo MacCarthismo na vida real, assim como vários componenetes deste filme. É uma obra desigual, tem bons momentos e outros fracos. O final é perfeito, ao ser interrogado pela comissão do senado Woody Allen lhes dá a única resposta cabível. Por essa cena vale o filme. Nota 5.
O SEGREDO DAS JÓIAS de John Huston com Sterling Hayden, Sam Jaffe e Louis Calhern
Uma obra-prima. Há quem o considere o melhor filme de Huston. Não sei se é, mas é tão bom quanto Sierra Madre. Aula de ritmo, fotografia, posição de câmera, atuação. O filme termina e voce já sente vontade de o rever. Foi satirizado pela obra-prima da comédia italiana, Os Eternos Desconhecidos. Caso único de obra-prima satirizada por outra obra-prima. Deu cria ainda a ao menos um grande filme: Rififi de Jules Dassin. Sensacional. NOTA DEZ.
Sobre um soldado mestiço, que na India inglesa tem de lutar contra seu irmão, irmão que organiza rebelião anti-colonial. Aventura de primeira. King foi um daqueles diretores pau-pra-toda-obra, um tipo de diretor que a partir da nouvelle vague deixou de existir. King mais de vinte sucessos, e mesmo assim continuou a fazer filmes como este: despretensiosos, bem feitos, inteligentes, eficientes. Nota 7.
OS PINGUINS DO PAPAI de Mark Waters com Jim Carrey e Carla Gugino
Waters surgiu como promessa de bom diretor. Parece que já se perdeu. Carrey um dia teve ambição, já se foi. Eu sempre preferi o Jim Carrey sem pretensão, mas as comédias excelentes que ele fazia não existem mais. Os pinguins são simpáticos, mas o filme é um lixo. Chega a ser revoltante como um profissional pode escrever algo tão idiota. Nota ZERO.
BEN-HUR de William Wyler com Charlton Heston
Houve um tempo que o filme tipo 'Avatar" era assim: uma aula de história com tinturas de ação e lição de moral. Caríssima produção, longuíssimo, imenso sucesso, montes de Oscars. Heston, apesar dos ataques de um certo idiota, foi um belo ator. Passa credibilidade a um papel muito dificil. A história todos sabem: os amigos que brigam: um é judeu, outro é romano. A ênfase não é na ação, é na lenda. Bonito. Nota 7.
A HONRA DOS PODEROSO PRIZZI de John Huston com Jack Nicholson, Kathleen Turner, Anjelica Huston e William Hickey
Uma visão meio cômica/ meio trágica da máfia. Nicholson é um matador apadrinhado pela máfia. Ele se apaixona e se casa com uma matadora polonesa. Mas a vida é cheia de surpresas... O roteiro é brilhante, e Huston, aos setenta anos dirige como um garoto. O filme recuperou o sucesso para sua carreira, concorreu a vários Oscars e fez dinheiro. Nicholson está engraçado e melancólico, faz um ítalo-americano meio burro e muito bom profissional. Turner foi uma sex-symbol de verdade. No meio dos anos 80 ela era o máximo. Mas há ainda Anjelica, fazendo a ex-esposa vingativa e o absurdo Hickey, um velhíssimo chefão, numa caracterização irresistível. Fantástico vê-lo babar e gaguejar. Nota 8.
SERPICO de Sidney Lumet com Al Pacino
Na suja NY dos anos 70, Pacino é Serpico, um cara que sempre sonhou em ser um policial. Mas, ao começar a trabalhar ele se depara com a corrupção no meio. Al Pacino em uma de suas grandes atuações. Serpico é um tira que usa barba, brinco, faz ballet e veste batas indianas. O filme começa como uma quase comédia ácida maravilhosa, mas Serpico vai pirando e Lumet quase se perde. No final o filme se reergue e seu fim é bastante amargo. Na sequencia Sidney Lumet faria Um Dia de Cão e a obra-prima Network. Que grande diretor ele foi ! Nota 7.
DUELO NA CIDADE FANTASMA de John Sturges com Robert Taylor e Richard Widmark
Ótimo western. Fala de ex bandido, agora xerife, que é sequestrado por seu ex comparsa. A fotografia em cores de Robert Surtees é estupenda. As paisagens são de tirar o fôlego. Sturges teve quinze anos de sucesso, sabia fazer filmes de ação. Um western que indico para fâs e para aqueles que desejam aprender a gostar deste tipo de cinema viril e sincero. Nota 8.
E AGORA BRILHA O SOL de Henry King com Tyrone Power, Ava Gardner e Errol Flynn
Versão da Fox para O Sol Também se Levanta de Heminguay. É bacana o retrato da festiva Paris de 1926, a Espanha aparece cheia de sol, de touros e de fiestas, mas nada há no filme do senso de tragédia de Heminguay. Mesmo assim é um filme bom, fácil de ver e sempre interessante. Ava faz uma bela Lady Brett e Errol está ótimo como o escocês bêbado. Este filme seria a salvação de sua carreira se ele não tivesse morrido pouco depois. Nota 6.
BOLA DE FOGO de Howard Hawks com Gary Cooper e Barbara Stanwyck
É um filme de Hawks que não se parece com Hawks. E é fácil saber porque: o roteiro é de Charles Brackett e de Billy Wilder. O filme tem muito mais o estilo grosso de Wilder que o modo fluido de Hawks. Fala de inocente linguista que se envolve com moça de boate e seu cafetão. O filme é ok, mas tem um ar de conto da carochinha para adultos que jamais funciona. Uma pena.... Nota 5.
TESTA DE FERRO POR ACASO de Martin Ritt com Woody Allen e Zero Mostel
Na época do MacCathismo, um caixa de bar é convencido por seu amigo escritor -erseguido a ser seu testa de ferro. É a melhor interpretação da vida de Allen. O seu caixa de bar que vira "autor" em nada se parece com sua persona ( embora ele solte às vezes uma piada à Woody Allen ). Ritt era um famoso diretor do bem, seus filmes sempre falavam de injustiças. Foi perseguido pelo MacCarthismo na vida real, assim como vários componenetes deste filme. É uma obra desigual, tem bons momentos e outros fracos. O final é perfeito, ao ser interrogado pela comissão do senado Woody Allen lhes dá a única resposta cabível. Por essa cena vale o filme. Nota 5.
O SEGREDO DAS JÓIAS de John Huston com Sterling Hayden, Sam Jaffe e Louis Calhern
Uma obra-prima. Há quem o considere o melhor filme de Huston. Não sei se é, mas é tão bom quanto Sierra Madre. Aula de ritmo, fotografia, posição de câmera, atuação. O filme termina e voce já sente vontade de o rever. Foi satirizado pela obra-prima da comédia italiana, Os Eternos Desconhecidos. Caso único de obra-prima satirizada por outra obra-prima. Deu cria ainda a ao menos um grande filme: Rififi de Jules Dassin. Sensacional. NOTA DEZ.
LOSEY/ VISCONTI/ BURT LANCASTER/ OLIVIER/ HITCHCOCK/ HELEN MIRREN/ JACK NICHOLSON
EVA de Joseph Losey com Jeanne Moreau, Laurence Harvey e Virna Lisi Se eu gostasse tanto de Moreau como Losey parece gostar, o filme seria melhor. A trilha sonora de Michel Legrand é fascinante e a fotografia de Gianni di Venanzo faz deste um dos mais elegantes filmes já feitos. Fala de uma relação completamente vazia entre um homem poderoso, confiante e uma mulher sem alma. Ele sucumbirá. Filme bom de se olhar, mas tão árido quanto seu tema. Losey fugiu do MacCarthismo e se deu bem na Europa. Tem vários filmes maravilhosos, este não é um deles. Nota 5.//////// RUMO A FELICIDADE de Ingmar Bergman com Maj-Britt Nilsson, Stig Olin e Victor Sjostrom Bergman é uma alegria em minha vida. Toda a dor que ele mostra em seus filmes ( e que deprime alguns ) me dá força, paz e confiança. Porque? Pela magnifica beleza que existe em seu mundo. Cada close, cada tomada, todo ator em cena, a escolha das músicas, tudo é digno, claro, hipnótico, belo sem ser tolo ou piegas. Este é seu último filme antes da entrada em sua fase genial, fase de inigualável sequencia de obras-primas ( entre 1951/1982 ). Este fala de jovem casal que não consegue ser feliz. O egoismo dele tudo aniquila. Um filme simples, um ensaio para coisas maiores. Nota 6. ////////HAMLET de Laurence Olivier com Olivier e Jean Simmons Não preciso falar da excelencia dos atores. Este foi o primeiro filme ingles a ganhar o Oscar de melhor filme ( em ano muito forte, basta dizer que venceu Sierra Madre ). Já foi meu filme favorito, o que confirma a tese de Paul Valery de que crescemos todo o tempo com a prática da apreciação artistica. O filme é ainda maravilhoso, mas com esse texto e esses atores que filme não seria? Shakespeare tem alguns bons filmes no cinema, mas o melhor não é este ( é RAN de Kurosawa, baseado em Rei Lear ). O cenário é feito de escadas em espiral, fumaça e escuridão, e Simmons é a Ofelia mais bela possível, mas a direção de Olivier se perde as vezes num excesso de freudianismo ( sim, este é Hamlet sob a ótica de Édipo ). De qualquer modo é um espetáculo nobre e que deve ser sempre visto e revisto ( é minha sexta apreciada ). Hoje um filme tão elevado ganharia o prêmio? Nota 9.//////////// O AGENTE SECRETO de Alfred Hitchcock com John Gielgud e Madeleine Carrol Hitch na Inglaterra fez filmes melhores que nos EUA? Ele próprio pensava que não, mas fica bem para um certo tipo de esnobe dizer que sim. Tolice! Embora na Inglaterra ele tenha feito algumas obras-primas, é nos EUA que ele atinge o cume dos cumes. Este é um suspense médio que serve para mostrar Gielgud, o melhor ator ingles de teatro ( é dele o maior dos Hamlets ), e que jamais deu certo nas telas. Nota 6. ////////////SABOTAGEM de Hitchcock com Silvya Sidney e Oskar Homolka Um belo Hitch da fase inglesa. Cheio de ação e com um clima opressivo, sórdido, cruel até. Lemos em entrevistas que ele não gostava do filme, mas é incompreensível: é uma obra invulgar. Destaque para a cena no ônibus e a da sala de cinema, Hitchcock já sendo um mestre absoluto. Nota 7. ////////////////A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Michael Hoffman com Helen Mirren, Christopher Plummer e Paul Giamatti Só agora é lançado este filme que assisti um ano atrás!!!! Escrevi sobre ele na época e o registro novamente. Se voce quer saber algo sobre o gênio Tolstoi nada vai saber vendo o filme. Mas se voce quer ver dois atores dando aulas de magia e carisma, aqui está. Helen Mirren é a melhor atriz viva, Plummer não desaparece ao seu lado. O filme é bastante melancólico ( existe algum filme "artisitico" feito hoje que não o seja? ), e está longe de ser do tamanho que o tema merecia. Mas é bem superior a 99% daquilo que voce pode ver agora. Nota 6. /////////////////VIOLÊNCIA E PAIXÃO de Luchino Visconti com Burt Lancaster e Helmut Berger Citando Valery outra vez, se voce tem já alguma intimidade com grandes filmes corra ao Cinesesc e se dê o privilégio de ver esta obra-prima. Se voce ainda está naquela ração de lançamentos da semana, fuja. Visconti é o contrário de tudo o que se faz em cinema agora ( quase tudo ), ele é titânico. Seu tema nunca é modesto, tudo é sempre grande, vasto, operistico. Este adorável filme me toca profundamente por falar de meu tema favorito: decadencia. Vemos a vulgarização do mundo de um esteta, o assassinato da aristocracia de gostos e de gestos. O filme exibe a vitória da vulgaridade, do espalhafato, da grosseria. Quando os novos inquilinos chegam, vemos a barbárie rica e pretensamente chic tomar o poder. Impotente, só resta ao aristocrata assistir estoicamente o fim de seu mundo. Lancaster brilha intensamente. Cada olhar que ele nos dá é um testamento de nobre pensamento. O filme é inesquecível. Nota DEZ!!!!!!!!!! O MÁGICO de Sylvain Chomet Que decepção!!!! Este desenho homenagem a Jacques Tati ( parece que ele deixou um esboço de roteiro que foi aqui usado ) é tudo o que Tati nunca foi: chato. Os traços são maravilhosos, as ruas de Londres e de Edimburgo estão belas como em sonho, mas o desenho é de uma melancolia que parece forçada, poética demais. Há que se comentar um fato: por que os desenhos feitos a mão parecem mais humanos? Sem saudosismo, os digitais são mais perfeitos, mas um desenho como este sempre tem mais "autoria", mais calor. Mas o roteiro, sobre um mágico modesto, é enfadonho! Nota 4.////////////////// HEAD de Bob Rafelson com Monkees, Jack Nicholson, Frank Zappa e Victor Mature Jack Nicholson e Rafelson, amigos até hoje, se encheram de ácido e escreveram o roteiro desta viagem psicodélica. Entregaram tudo aos Monkees, que após o fim de seu seriado de sucesso na NBC, se despediam da fama com este fracasso. O filme é um caleidoscópico dia na vida da banda. Mas é dificil resumir a história ( que história? ). A trilha é fascinante e o filme, que hoje é hiper-cult, acaba sendo uma diversão bastante instigante. Para se ter uma idéia do filme, há uma cena com Zappa puxando uma vaca e outra com os Monkees presos num secador de cabelos. Foram meus primeiros ídolos, eu os amava apaixonadamente aos 7, 8 anos de idade. Ainda sinto algo quando os vejo. Nota 6.
ABEL GANCE/ MELVILLE/ LOSEY/ WARREN BEATTY/ KUROSAWA
NAPOLEÃO de Abel Gance
O mítico filme de Gance, quatro horas de duração, restaurado por Coppolla e com linda trilha musical de Carmine Coppolla, pai de Francis. Não conheço filme silencioso melhor que este. Se o roteiro chega a ser piegas ( Napoleão é visto como um deus ) a forma como Abel conta a história é coisa de gênio consumado. Montagem caleidoscópica, câmera que voa sobre multidões, fusões violentas, tempestades no mar, a famosa batalha na neve, cavalos em carga, cenários imensos. Gance usa tudo o que era possível usar e inventa o que não existia. O filme é de um louco apaixonado por cinema e por Napoleão. Obra-prima. Nota DEZ.
JONES FAIXA PRETA de Robert Clouse com Jim Kelly
Blaxpoitation. Um filme ruim, mas que é uma delicia. Sobre escola de karatê que se defende de máfia. Roupas maravilhosas dos anos 70, trilha sonora black, cabelões afro, carrões. Um tipo de filme "pulgueiro", que alimentava as salas de bairro. Os velhos cines da Santo Amaro, São João, Ipiranga e de Pinheiros, Brás, Moóca e Lapa. É pra rir. Ah sim!!!! Dá pra se imaginar Tarantino vendo e revendo este filme vezes sem fim. Nota 5.
CORRIDA MORTAL de Paul W.S. Anderson com Jason Statham e Ian McShane
Aquela coisa. Se antes o filme pop era solar e cômico, hoje eles são sombrios e pessimistas. Um cara vai para a prisão e passa a correr em provas mortais. Um vale tudo das pistas. O filme é só edição. Quase nada se vê. Rostos, cenários e reações ficam em segundo plano, a velocidade é tudo. È mais um video-game que um filme ( assim como o cinema dos anos 30 era mais teatro, o dos 50 literatura ). É divertido, mas dificilmente voce vai conseguir lembrar de alguma cena no dia seguinte. Barulho e ação que nada significam. Nota 5.
O SAMURAI de Jean-Pierre Melville com Alain Delon
Melville tem estilo. Ele é ultra-cool. E Delon faz um assassino cool perseguido por delegado que o detesta. O filme é quieto, zen, lento. Mas é cheio de toques excêntricos. Não se compara a super obra-prima do cool, BOB LE FLAMBEUR, mas tem sua originalidade clean. Nota 7.
O MENSAGEIRO de Joseph Losey com Julie Christie, Alan Bates, Michael Redgrave, Margaret Leighton e Edward Fox
Com trilha sonora de Michel Legrand ( talvez sua melhor ), fotografia de Gerry Fisher e roteiro de Harold Pinter. Uma crítica ao sistema de classes inglês. Mas também ao modo como os adultos tratam adolescentes, como o amor é usado, uma exposição do egoísmo. O filme é moderno, nada tem desses filmes bonitos sobre a época vitoriana. Losey, sempre um rebelde, filma o passado de um modo arrojado. Sem pompa e sem cerimônia. O filme então nada tem de saudoso, ao contrário, ele abomina o que mostra. Marcante. Nota DEZ.
YOJIMBO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Uma das melhores aventuras já filmadas. É um samurai-western. Mifune tem momento de gênio, cria um mito. O filme, relaxado, foi o grande sucesso de Kurosawa. Sendo influenciado pelo cinema americano, acabou por mudar o próprio cinema de Hollywood. As cenas de ação são maravilhosas. Nota DEZ.
SANJURO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Um tipo de continuação de Yojimbo. Mas aqui a ação é menos elaborada e o filme é na verdade uma bela comédia. Algumas cenas são muito engraçadas. Mifune faz o personagem com carinho e exagerando seu lado "tosco". O capricho visual não é tão grande e este filme acaba tendo um jeitão de brincadeira feita às pressas. Nota 7. ( A cena final é pura genialidade ).
SUBLIME OBSESSÃO de John M.Stahl com Irenne Dunne e Robert Taylor
Inacreditávelmente antiquado. Uma patasquada melô. Não falarei do enredo, é risivel. Nunca é chato, nunca irrita, mas é de uma tolice atroz!!!! Douglas Sirk o refilmou, ainda não assisti o que o alemão talentoso fez com isto. Se conseguiu fazer um bom filme, é gênio. Mas este original é argh!!!!! Nota ZERO
REDS de Warren Beatty com Warren Beatty, Diane Keaton e Jack Nicholson
Houve um tempo, 1981, em que a Paramount ousava fazer um filme de quatro horas, caríssimo, sobre um herói do comunismo. Sim!!! John Reed foi um americano dos anos 10/30 que foi enterrado no Kremlim ( o único ). O filme defende os sindicatos, os vermelhos, a revolução russa, a liberdade de imprensa. Warren, e quem leu o livro de Peter Biskin sabe o quanto Warren é grande, ganhou um Oscar de direção com este filme. Simbolicamente, o prêmio homenageou a Hollywood liberal dando a láurea a seu maior batalhador. 1981 simboliza a renascença do cinema família, REDS é o epitáfio da rebeldia. Sabendo de tudo isso, queremos adorar o filme, mas, que chato, isso não acontece. O filme é aborrecido, longo demais, e Diane Keaton está perdida. Sua Louise Bryant é apenas uma histérica. Em compensação Beatty está comovente como o idealista e meio ingênuo Reed. Jack Nicholson faz um Eugene O'Neill bastante convincente. O melhor é a fotografia de Vittorio Storaro e os depoimentos dos personagens reais, gente que conheceu John Reed. Então vemos durante o filme as intervenções bem-vindas de Henry Miller, Will Durant, Rebecca West e vários outros. É o tipo de filme bem pensado, bem intensionado, corajoso, mas que não funciona. É o tipo de filme que abriu as portas para Spielberg. Nota 6.
O mítico filme de Gance, quatro horas de duração, restaurado por Coppolla e com linda trilha musical de Carmine Coppolla, pai de Francis. Não conheço filme silencioso melhor que este. Se o roteiro chega a ser piegas ( Napoleão é visto como um deus ) a forma como Abel conta a história é coisa de gênio consumado. Montagem caleidoscópica, câmera que voa sobre multidões, fusões violentas, tempestades no mar, a famosa batalha na neve, cavalos em carga, cenários imensos. Gance usa tudo o que era possível usar e inventa o que não existia. O filme é de um louco apaixonado por cinema e por Napoleão. Obra-prima. Nota DEZ.
JONES FAIXA PRETA de Robert Clouse com Jim Kelly
Blaxpoitation. Um filme ruim, mas que é uma delicia. Sobre escola de karatê que se defende de máfia. Roupas maravilhosas dos anos 70, trilha sonora black, cabelões afro, carrões. Um tipo de filme "pulgueiro", que alimentava as salas de bairro. Os velhos cines da Santo Amaro, São João, Ipiranga e de Pinheiros, Brás, Moóca e Lapa. É pra rir. Ah sim!!!! Dá pra se imaginar Tarantino vendo e revendo este filme vezes sem fim. Nota 5.
CORRIDA MORTAL de Paul W.S. Anderson com Jason Statham e Ian McShane
Aquela coisa. Se antes o filme pop era solar e cômico, hoje eles são sombrios e pessimistas. Um cara vai para a prisão e passa a correr em provas mortais. Um vale tudo das pistas. O filme é só edição. Quase nada se vê. Rostos, cenários e reações ficam em segundo plano, a velocidade é tudo. È mais um video-game que um filme ( assim como o cinema dos anos 30 era mais teatro, o dos 50 literatura ). É divertido, mas dificilmente voce vai conseguir lembrar de alguma cena no dia seguinte. Barulho e ação que nada significam. Nota 5.
O SAMURAI de Jean-Pierre Melville com Alain Delon
Melville tem estilo. Ele é ultra-cool. E Delon faz um assassino cool perseguido por delegado que o detesta. O filme é quieto, zen, lento. Mas é cheio de toques excêntricos. Não se compara a super obra-prima do cool, BOB LE FLAMBEUR, mas tem sua originalidade clean. Nota 7.
O MENSAGEIRO de Joseph Losey com Julie Christie, Alan Bates, Michael Redgrave, Margaret Leighton e Edward Fox
Com trilha sonora de Michel Legrand ( talvez sua melhor ), fotografia de Gerry Fisher e roteiro de Harold Pinter. Uma crítica ao sistema de classes inglês. Mas também ao modo como os adultos tratam adolescentes, como o amor é usado, uma exposição do egoísmo. O filme é moderno, nada tem desses filmes bonitos sobre a época vitoriana. Losey, sempre um rebelde, filma o passado de um modo arrojado. Sem pompa e sem cerimônia. O filme então nada tem de saudoso, ao contrário, ele abomina o que mostra. Marcante. Nota DEZ.
YOJIMBO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Uma das melhores aventuras já filmadas. É um samurai-western. Mifune tem momento de gênio, cria um mito. O filme, relaxado, foi o grande sucesso de Kurosawa. Sendo influenciado pelo cinema americano, acabou por mudar o próprio cinema de Hollywood. As cenas de ação são maravilhosas. Nota DEZ.
SANJURO de Akira Kurosawa com Toshiro Mifune
Um tipo de continuação de Yojimbo. Mas aqui a ação é menos elaborada e o filme é na verdade uma bela comédia. Algumas cenas são muito engraçadas. Mifune faz o personagem com carinho e exagerando seu lado "tosco". O capricho visual não é tão grande e este filme acaba tendo um jeitão de brincadeira feita às pressas. Nota 7. ( A cena final é pura genialidade ).
SUBLIME OBSESSÃO de John M.Stahl com Irenne Dunne e Robert Taylor
Inacreditávelmente antiquado. Uma patasquada melô. Não falarei do enredo, é risivel. Nunca é chato, nunca irrita, mas é de uma tolice atroz!!!! Douglas Sirk o refilmou, ainda não assisti o que o alemão talentoso fez com isto. Se conseguiu fazer um bom filme, é gênio. Mas este original é argh!!!!! Nota ZERO
REDS de Warren Beatty com Warren Beatty, Diane Keaton e Jack Nicholson
Houve um tempo, 1981, em que a Paramount ousava fazer um filme de quatro horas, caríssimo, sobre um herói do comunismo. Sim!!! John Reed foi um americano dos anos 10/30 que foi enterrado no Kremlim ( o único ). O filme defende os sindicatos, os vermelhos, a revolução russa, a liberdade de imprensa. Warren, e quem leu o livro de Peter Biskin sabe o quanto Warren é grande, ganhou um Oscar de direção com este filme. Simbolicamente, o prêmio homenageou a Hollywood liberal dando a láurea a seu maior batalhador. 1981 simboliza a renascença do cinema família, REDS é o epitáfio da rebeldia. Sabendo de tudo isso, queremos adorar o filme, mas, que chato, isso não acontece. O filme é aborrecido, longo demais, e Diane Keaton está perdida. Sua Louise Bryant é apenas uma histérica. Em compensação Beatty está comovente como o idealista e meio ingênuo Reed. Jack Nicholson faz um Eugene O'Neill bastante convincente. O melhor é a fotografia de Vittorio Storaro e os depoimentos dos personagens reais, gente que conheceu John Reed. Então vemos durante o filme as intervenções bem-vindas de Henry Miller, Will Durant, Rebecca West e vários outros. É o tipo de filme bem pensado, bem intensionado, corajoso, mas que não funciona. É o tipo de filme que abriu as portas para Spielberg. Nota 6.
FREUD/ COCO CHANEL/ O CORVO/ SHANGHAI MARLENE
O CORVO de Henri-Georges Clouzot
Cartas são enviadas anonimamente e deixam pessoas muuuuito nervosas. Mestre Henri toca em ferida de franceses de 1944 : a delação. O filme, labirintico, envolvente, nervoso e maravilhosamente belo, é obra de diretor inesquecível. Clouzot domina toda a técnica mas vai além, tem muito o que falar. Não é seu melhor filme ( O SALARIO DO MEDO é imbatível ) mas fornece pistas do quanto ele é grande. Nota 8.
A ÚLTIMA MISSÃO de Hal Ashby com Jack Nicholson, Otis Young e Randy Quaid
No livro de Peter Biskind se fala muito deste filme. Exemplo do moderno filme americano da época : sem herói, sem grandes cenas, sem enfeites. Jack tem talvez seu melhor desempenho e a história fala de dois marinheiros que devem levar marujo, preso por ter roubado, de base naval até policia. Acabam desviando do caminho e se encantando pelo prisioneiro, um ingênuo caipirão. O filme tem a virtude de ser honesto, crú. Ashby foi mais um talento destruído pelo pó. Nota 7.
A GAIOLA DAS LOUCAS de Edouard Molinaro com Ugo Tognazzi e Michel Serrault
Perdeu a graça. Baseado numa peça de imenso sucesso de Jean Poiret, fala de casal gay que irá receber a visita da ultra-conservadora família da noiva do filho de um deles ( o filho foi concebido em noite de fraqueza ). Assisti este sucesso ( filmes europeus faziam sucesso popular nos anos 70/80 ) no cine Cal-Center. Achei hilário na época. Era um tempo em que assistir alguém desmunhecar era engraçado. Não sei se somos mais tristes ou menos ingênuos, mas esse tipo de humor não provoca nada hoje. Tognazzi está muito bem, Serrault nem tanto. A refilmagem de Nichols com Robin Willians não é melhor. Este vale como lembrança do luxo dos anos 70. Caraca ! Como as pessoas se vestiam com cuidado !!!! Nota 4.
O EXPRESSO DE SHANGHAI de Josef Von Sternberg com Marlene Dietrich e Anna May Wong
Cada close em Marlene é sonho de beleza ( e como ela está canastrona ! ). Sternberg era apaixonado por ela e fez sequencia de filmes só para a homenagear. Este é o mais famoso, mas não o melhor. O estilo das imagens ainda impressiona : barroquismo puro. Sternberg enche a tela de gente andando, de carroças, cavalos, carros, malas, véus e móveis. As estações de trem e o próprio veículo são completamente falsos, mas são ao mesmo tempo aquilo que sonhamos como certo. É o mundo como ele deveria ser, não como é. Cada escada e cada roupa é obra de mil detalhes. Sternberg era louco. O filme é velho como diamante. E ainda brilha. Nota 7.
COCO ANTES DE CHANEL de Anne Fontaine com Audrey Tautou
Lixo. Lindos cenários que nada significam em historinha boba sobre a vida de Chanel em seus começos. Chega a ser desagradável de tão vazio. Nota 1.
HOMEM DE FERRO II de Jon Favreau com Robert Downey e Mickey Rourke
Um filme tipo Amaury Junior. Voce olha um bando de celebridades se divertir ( eles riem, se exibem, brincam, são sexy ) enquanto voce baba fingindo se divertir também. Não dá pra dizer que o cinema está em crise de talento. Terminou. O que era lixo é hoje top, o que foi top é feito com vergonha e sensação de fracasso. A inteligência artística morreu, viva a esperteza bancária.
FREUD de John Huston com Montgomery Clift e Susannah York
Em seu livro Huston diz ter péssimas lembranças deste filme. Atores com estrelismo e sets tensos. Mas valeu a pena : o olhar de Clift é poder transcendente. Ele é Freud sem imitar Freud. Ele cria seu Freud, ou seja, interpreta. Penso que se refizessem este filme fariam de Freud um tipo de cheirador doidão. Aqui ele é um neurótico muito curioso, que enfrenta a descrença de seu meio. As cenas de sonho são inesquecíveis e todo o filme, fotografado em p/b por Douglas Slocombe, tem a irrealidade de fotos perdidas. Assisti pela primeira vez em 1978 na Globo. Foi paulada tão forte que não pude dormir. Revisto algumas vezes desde então ele mantém seu poder. É filme sério, sisudo até. Como Freud o foi. Huston dirige de seu modo rápido e sem frescura, funciona. Aqueles cenários de ruas enevoadas e os hospitais com seus loucos perdidos nos hipnotizam. Freud se perde dentro de si-mesmo e volta à tona com a chave do inconsciente. Se a sua descoberta é válida ou não, não importa. Ele mudou nosso modo de ver a vida. O filme é digno disso. Nota DEZ.
Cartas são enviadas anonimamente e deixam pessoas muuuuito nervosas. Mestre Henri toca em ferida de franceses de 1944 : a delação. O filme, labirintico, envolvente, nervoso e maravilhosamente belo, é obra de diretor inesquecível. Clouzot domina toda a técnica mas vai além, tem muito o que falar. Não é seu melhor filme ( O SALARIO DO MEDO é imbatível ) mas fornece pistas do quanto ele é grande. Nota 8.
A ÚLTIMA MISSÃO de Hal Ashby com Jack Nicholson, Otis Young e Randy Quaid
No livro de Peter Biskind se fala muito deste filme. Exemplo do moderno filme americano da época : sem herói, sem grandes cenas, sem enfeites. Jack tem talvez seu melhor desempenho e a história fala de dois marinheiros que devem levar marujo, preso por ter roubado, de base naval até policia. Acabam desviando do caminho e se encantando pelo prisioneiro, um ingênuo caipirão. O filme tem a virtude de ser honesto, crú. Ashby foi mais um talento destruído pelo pó. Nota 7.
A GAIOLA DAS LOUCAS de Edouard Molinaro com Ugo Tognazzi e Michel Serrault
Perdeu a graça. Baseado numa peça de imenso sucesso de Jean Poiret, fala de casal gay que irá receber a visita da ultra-conservadora família da noiva do filho de um deles ( o filho foi concebido em noite de fraqueza ). Assisti este sucesso ( filmes europeus faziam sucesso popular nos anos 70/80 ) no cine Cal-Center. Achei hilário na época. Era um tempo em que assistir alguém desmunhecar era engraçado. Não sei se somos mais tristes ou menos ingênuos, mas esse tipo de humor não provoca nada hoje. Tognazzi está muito bem, Serrault nem tanto. A refilmagem de Nichols com Robin Willians não é melhor. Este vale como lembrança do luxo dos anos 70. Caraca ! Como as pessoas se vestiam com cuidado !!!! Nota 4.
O EXPRESSO DE SHANGHAI de Josef Von Sternberg com Marlene Dietrich e Anna May Wong
Cada close em Marlene é sonho de beleza ( e como ela está canastrona ! ). Sternberg era apaixonado por ela e fez sequencia de filmes só para a homenagear. Este é o mais famoso, mas não o melhor. O estilo das imagens ainda impressiona : barroquismo puro. Sternberg enche a tela de gente andando, de carroças, cavalos, carros, malas, véus e móveis. As estações de trem e o próprio veículo são completamente falsos, mas são ao mesmo tempo aquilo que sonhamos como certo. É o mundo como ele deveria ser, não como é. Cada escada e cada roupa é obra de mil detalhes. Sternberg era louco. O filme é velho como diamante. E ainda brilha. Nota 7.
COCO ANTES DE CHANEL de Anne Fontaine com Audrey Tautou
Lixo. Lindos cenários que nada significam em historinha boba sobre a vida de Chanel em seus começos. Chega a ser desagradável de tão vazio. Nota 1.
HOMEM DE FERRO II de Jon Favreau com Robert Downey e Mickey Rourke
Um filme tipo Amaury Junior. Voce olha um bando de celebridades se divertir ( eles riem, se exibem, brincam, são sexy ) enquanto voce baba fingindo se divertir também. Não dá pra dizer que o cinema está em crise de talento. Terminou. O que era lixo é hoje top, o que foi top é feito com vergonha e sensação de fracasso. A inteligência artística morreu, viva a esperteza bancária.
FREUD de John Huston com Montgomery Clift e Susannah York
Em seu livro Huston diz ter péssimas lembranças deste filme. Atores com estrelismo e sets tensos. Mas valeu a pena : o olhar de Clift é poder transcendente. Ele é Freud sem imitar Freud. Ele cria seu Freud, ou seja, interpreta. Penso que se refizessem este filme fariam de Freud um tipo de cheirador doidão. Aqui ele é um neurótico muito curioso, que enfrenta a descrença de seu meio. As cenas de sonho são inesquecíveis e todo o filme, fotografado em p/b por Douglas Slocombe, tem a irrealidade de fotos perdidas. Assisti pela primeira vez em 1978 na Globo. Foi paulada tão forte que não pude dormir. Revisto algumas vezes desde então ele mantém seu poder. É filme sério, sisudo até. Como Freud o foi. Huston dirige de seu modo rápido e sem frescura, funciona. Aqueles cenários de ruas enevoadas e os hospitais com seus loucos perdidos nos hipnotizam. Freud se perde dentro de si-mesmo e volta à tona com a chave do inconsciente. Se a sua descoberta é válida ou não, não importa. Ele mudou nosso modo de ver a vida. O filme é digno disso. Nota DEZ.
PIRATAS DO ROCK/ BRUCE WILLIS/HITCHCOCK/PETER FONDA/DEMÔNIOS SOBRE RODAS
ZAROFF de Irving Pichel com Fay Wray e Joel McCrea
Um dos piores de todos os tempos. A história do náufrago em ilha que é caçado por conde louco. Mal escrito, péssimamente interpretado. Ridículo. Nota Zero.
DEMÔNIOS SOBRE RODAS de Richard Rush com Jack Nicholson
Turma de Hells Angels andam de moto e arrumam brigas. O filme é só isso. Mas tem um muito jovem Jack, fazendo um cara que se mistura com eles e no final vê o quanto eles são tolos. Machismo de montão num filme monótono. Nota 3.
SURPRESAS DO AMOR de Seth Gordon com Reese Witherspoon, Vince Vaughn, Sissy Spaceck, Jon Voight, Robert Duvall
Com esse elenco se conseguiu fazer um muito medíocre filme. Um casal que viaja para passar o natal com os pais. Não há uma só fala razoávelmente bem pensada, nem um minuto de bom cinema. Tudo é tolo, previsível, bobo, infantil. Os rostos estão tão retocados digitalmente que é impossível se ver qualquer sinal de interpretação. Reese, atriz que gosto muito, já não encontra papéis e está estranhamente parecida com Nicole Kidman ! Um lixo ! Nota Zero.
O HOMEM ERRADO de Alfred Hitchcock com Henry Fonda e Vera Miles.
O mais moderno dos filmes de Hitch. Um músico casado e bom pai, é acusado de assalto. É preso e tudo se volta contra ele. Não há suspense, não acompanhamos nenhuma investigação, nada. Tudo o que o mestre nos dá é a via-crucis de Fonda, sua prisão em cada detalhe, sua muda estupefação, suas reações discretas. É filme de imensa tristeza, de nenhuma concessão. Filmado com coragem exemplar, traz ainda um Henry Fonda estupendo ( ele comove o tempo todo usando apenas olhares e movimento de mãos ). Um filme para ser jamais esquecido. Nota DEZ !
PIRATAS DO ROCK de Richard Curtis com Philip Seymour Hoffman, Kenneth Branagh, Bill Nighy e Rhys Ifans.
Maravilhosa surpresa ! História real sobre as rádios piratas inglesas que em 65/69 mantiveram vivo o rock quando ele ainda era combatido na Inglaterra. A Radio Rock realmente existiu, transmitindo de um navio ancorado no mar do norte. O filme, bem-humorado sempre, acompanha a vida desses DJs. O filme é cheio de boas cenas, mas há uma, com uma xícara de chá e som de Leonard Cohen, que é genial : engraçada e humana, que milagre ! A trilha sonora é impossivelmente ótima, tem de Kinks ( começa com ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT ) e não esquece Pretty Things, Small Faces, Who e Yardbirds. Um filme que te deixa lá em cima, que te faz gostar dos personagens, com lindas garotas ( uma faz o estilo Anna Karina, outra faz um tipo Anita Pallemberg ) e diálogos muito bons. O que mais voce quer ? O único senão é uma certa melancolia no final... sentimos que dalí em diante fazer rock seria mainstream e que o heroísmo ficava para trás... Porque este filme não fez sucesso ? Será que o público se imbecilizou tanto assim ? Nota 9.
OS SUBSTITUTOS de Johnathan Mostow com Bruce Willis e Rhada Mitchell
No futuro as pessoas ficam em casa controlando seus clones que vivem por elas. Sacou ? Não é genial ? Não é mudernu e ousado ? Não, não é. Trata-se de uma completa e muito burra bomba. Não sei quem foi que escreveu que com menos de oito segundos por take a reflexão num filme se torna impossível. Me dei ao trabalho de contar : 3 segundos em média. Chegou um momento em que tive a impressão de estar vendo um trailer : juro, parecia que aquilo não era um filme, era o anúncio de um filme que ainda ia começar ! Não tem diálogos, os personagens são bonecos sem pensamento algum, os atores estão digitalizados. Um absoluto exemplo do pior lixo de uma época descerebrada. Isto é o fim. Qualquer chance de cinema razoável morre aqui. Um dos mais detestáveis filmes que já ví. E olha que gosto muito de Bruce !! Nota ZERO !
THE TRIP- VIAGEM AO MUNDO DA ALUCINAÇÃO de Roger Corman com Peter Fonda, Dennis Hopper e Bruce Dern
Um cara toma um LSD. O filme é sua viagem. É exatamente o que voce leu : o filme mostra Peter Fonda viajando de ácido. Sabe de quem é o roteiro ? Jack Nicholson !!!! E tem Dennis Hopper, muuuuuito jovem, como um hiper maconheiro. Peter toma um ácido com seu gurú e viaja : cores, sexo, nóia, viagem ao passado, mergulho...... O filme é muito ruim, muito pobre, mas jamais irrita. Talvez porque ele seja estranhamente honesto, simples, bem intencionado. Um toque sobre Peter : filho do grande Henry Fonda. A mãe de Peter se matou quando ele tinha 7 anos. Aos 10 anos de idade, Peter enfiou uma faca na própria barriga. Na época deste filme ele era o segundo ator mais doido da Califórnia ( o primeiro era Hopper, imbatível ). Nicholson era o terceiro mais louco ( a mãe de Jack fugiu de casa e nunca voltou ). O trio faria Easy Rider um ano depois... Não dou nota a este filme. Tô viajandão....
A ARMAÇÃO de Robert Altman com Kenneth Branagh, Robert Downey Jr., Famke Janssem e Robert Duvall
Não deu certo. O modo livre, relax de Altman não combina com este suspense de Grisham. Além do que Branagh como um sulista americano está terrível. Altman fazendo suspense é tão estranho como seria Tarantino fazendo Bergman. Nota 3.
Um dos piores de todos os tempos. A história do náufrago em ilha que é caçado por conde louco. Mal escrito, péssimamente interpretado. Ridículo. Nota Zero.
DEMÔNIOS SOBRE RODAS de Richard Rush com Jack Nicholson
Turma de Hells Angels andam de moto e arrumam brigas. O filme é só isso. Mas tem um muito jovem Jack, fazendo um cara que se mistura com eles e no final vê o quanto eles são tolos. Machismo de montão num filme monótono. Nota 3.
SURPRESAS DO AMOR de Seth Gordon com Reese Witherspoon, Vince Vaughn, Sissy Spaceck, Jon Voight, Robert Duvall
Com esse elenco se conseguiu fazer um muito medíocre filme. Um casal que viaja para passar o natal com os pais. Não há uma só fala razoávelmente bem pensada, nem um minuto de bom cinema. Tudo é tolo, previsível, bobo, infantil. Os rostos estão tão retocados digitalmente que é impossível se ver qualquer sinal de interpretação. Reese, atriz que gosto muito, já não encontra papéis e está estranhamente parecida com Nicole Kidman ! Um lixo ! Nota Zero.
O HOMEM ERRADO de Alfred Hitchcock com Henry Fonda e Vera Miles.
O mais moderno dos filmes de Hitch. Um músico casado e bom pai, é acusado de assalto. É preso e tudo se volta contra ele. Não há suspense, não acompanhamos nenhuma investigação, nada. Tudo o que o mestre nos dá é a via-crucis de Fonda, sua prisão em cada detalhe, sua muda estupefação, suas reações discretas. É filme de imensa tristeza, de nenhuma concessão. Filmado com coragem exemplar, traz ainda um Henry Fonda estupendo ( ele comove o tempo todo usando apenas olhares e movimento de mãos ). Um filme para ser jamais esquecido. Nota DEZ !
PIRATAS DO ROCK de Richard Curtis com Philip Seymour Hoffman, Kenneth Branagh, Bill Nighy e Rhys Ifans.
Maravilhosa surpresa ! História real sobre as rádios piratas inglesas que em 65/69 mantiveram vivo o rock quando ele ainda era combatido na Inglaterra. A Radio Rock realmente existiu, transmitindo de um navio ancorado no mar do norte. O filme, bem-humorado sempre, acompanha a vida desses DJs. O filme é cheio de boas cenas, mas há uma, com uma xícara de chá e som de Leonard Cohen, que é genial : engraçada e humana, que milagre ! A trilha sonora é impossivelmente ótima, tem de Kinks ( começa com ALL DAY AND ALL OF THE NIGHT ) e não esquece Pretty Things, Small Faces, Who e Yardbirds. Um filme que te deixa lá em cima, que te faz gostar dos personagens, com lindas garotas ( uma faz o estilo Anna Karina, outra faz um tipo Anita Pallemberg ) e diálogos muito bons. O que mais voce quer ? O único senão é uma certa melancolia no final... sentimos que dalí em diante fazer rock seria mainstream e que o heroísmo ficava para trás... Porque este filme não fez sucesso ? Será que o público se imbecilizou tanto assim ? Nota 9.
OS SUBSTITUTOS de Johnathan Mostow com Bruce Willis e Rhada Mitchell
No futuro as pessoas ficam em casa controlando seus clones que vivem por elas. Sacou ? Não é genial ? Não é mudernu e ousado ? Não, não é. Trata-se de uma completa e muito burra bomba. Não sei quem foi que escreveu que com menos de oito segundos por take a reflexão num filme se torna impossível. Me dei ao trabalho de contar : 3 segundos em média. Chegou um momento em que tive a impressão de estar vendo um trailer : juro, parecia que aquilo não era um filme, era o anúncio de um filme que ainda ia começar ! Não tem diálogos, os personagens são bonecos sem pensamento algum, os atores estão digitalizados. Um absoluto exemplo do pior lixo de uma época descerebrada. Isto é o fim. Qualquer chance de cinema razoável morre aqui. Um dos mais detestáveis filmes que já ví. E olha que gosto muito de Bruce !! Nota ZERO !
THE TRIP- VIAGEM AO MUNDO DA ALUCINAÇÃO de Roger Corman com Peter Fonda, Dennis Hopper e Bruce Dern
Um cara toma um LSD. O filme é sua viagem. É exatamente o que voce leu : o filme mostra Peter Fonda viajando de ácido. Sabe de quem é o roteiro ? Jack Nicholson !!!! E tem Dennis Hopper, muuuuuito jovem, como um hiper maconheiro. Peter toma um ácido com seu gurú e viaja : cores, sexo, nóia, viagem ao passado, mergulho...... O filme é muito ruim, muito pobre, mas jamais irrita. Talvez porque ele seja estranhamente honesto, simples, bem intencionado. Um toque sobre Peter : filho do grande Henry Fonda. A mãe de Peter se matou quando ele tinha 7 anos. Aos 10 anos de idade, Peter enfiou uma faca na própria barriga. Na época deste filme ele era o segundo ator mais doido da Califórnia ( o primeiro era Hopper, imbatível ). Nicholson era o terceiro mais louco ( a mãe de Jack fugiu de casa e nunca voltou ). O trio faria Easy Rider um ano depois... Não dou nota a este filme. Tô viajandão....
A ARMAÇÃO de Robert Altman com Kenneth Branagh, Robert Downey Jr., Famke Janssem e Robert Duvall
Não deu certo. O modo livre, relax de Altman não combina com este suspense de Grisham. Além do que Branagh como um sulista americano está terrível. Altman fazendo suspense é tão estranho como seria Tarantino fazendo Bergman. Nota 3.
NICHOLSON/JAMES DEAN/SCORSESE/ELLEN
CADA UM VIVE COMO QUER de Bob Rafelson com Jack Nicholson, Karen Black e Susan Anspach
Este filme causou profunda impressão em sua época. Mostrava com clareza a crise de toda uma geração. Cenas como a da lanchonete são usadas até hoje como exemplo de atuação ( Jack, aqui em atuação fantástica. ) O filme está longe de ser uma obra-prima. Algumas cenas são ruins. Mas ele tem algo de muito profundo, muito sincero e principalmente : ele inventou o tal "filminho independente tristinho ". Acompanhamos a crise de nosso herói com interesse e assistimos Jack Nicholson criar o perfeito herói existencial. Seu personagem está no limite. É uma figura de Antonioni em filme cem por cento americano. O final, uma longa tomada silenciosa, dolorosa e árida, é sim uma obra-prima. Jack nunca mais foi tão sincero. Ele é o desamparo, e faz isso sem uma careta, um grito, uma esquisitice. É de verdade. Este filme, irregular, fica em sua memória. Nota 8.
A BONECA DO DEMÔNIO de Tod Browning com Lionel Barrymore e Maureen O'Sullivan
Uma decepção. Os primeiros minutos são aquele delicioso terror dos anos 30, mas depois a melosa trama MGM toma conta de tudo. Browning, o gênio dos góticos da Universal, afunda no romantismo Metro. Não é a toa que ele abandonaria o cinema logo em seguida. Nota 3.
A PELE de Steven Shainberg com Nicole Kidman e Robert Downey Jr.
Uma pretensiosa bobagem. O filme tenta mostrar o porque de Diane Arbus fotografar gente esquisita. Inventa, lógico, um motivo romântico, e afunda numa chatice moderninha. Nicole está fria e distante e Downey alheio. O filme é lixo pseudo-sério. Nota Zero.
DOLLS de Takeshi Kitano
O visual é bonito. Frio com cores quentes, bem japonês. Mas em sua tristeza pop-teen, Kitano nada tem a dizer. Filmes deprê só se justificam quando têm grandes atuações ou quando são cheios de significados´poéticos. Aqui os atores não podem atuar ( são pastiches ) e o significado se esgota em dez minutos. É imperdoávelmente chato, vazio, sem vida. Como um belo boneco jogado ao canto, ele não respira, não se move, nada diz. Exemplo supremo da confusão que há entre arte e tédio, profundidade e tristeza. Ser triste não é ser profundo, e ser entediado e entediante não significa "filme de arte". Nota 4 pelo visual bonito.
A VIDA DE LOUIS PASTEUR de William Dieterle com Paul Muni
Muni foi grande ator. Aqui se mostra a luta de Pasteur para ter suas idéias aceitas. Filme biográfico da Warner : curto, objetivo, simples. Se assiste com prazer. Se esquece logo. Nota 6.
VIDAS AMARGAS de Elia Kazan com James Dean, Julie Harris e Raymond Massey
Tem alguma coisa muito irritante aqui. É James Dean. Que ator foi esse ? Ele popularizou essa coisa de que o ator deve ser "artista" e portanto deve criar sua atuação única. Então TUDO o que Dean faz é criativo : se ele pega um copo ele o pega pela borda, criativamente. Quando corre, corre de lado, braços para a esquerda e pernas para a direita. Todas as falas têm gemidos, tosse, pausas e murmúrios incompreensíveis. Ele anda tropeçando, senta-se criativamente e até o olhar é "original" : torto, semi-cerrado, louco. Foi um gênio ou um retardado ? Com James Dean termina a era dos atores "naturais" : Cary Grant, Bogart, James Stewart. Nasce a era do ator "criativo", era que dura até hoje ( Vemos tudo de Sean Penn, Nicholas Cage e principalmente de Johnny Depp em Dean. ) O filme, baseado em Steinbeck, fala do amor de pai e filho. O pai não o aceita e tudo o que ele faz é errado. A fotografia é belíssima, mas, que coisa ! James Dean estraga o filme !!!!!!!! Nota 6.
MOSQUETEIROS DA INDIA de James W. Horne com Laurel e Hardy
Uma das alegrias da vida é saber que O Gordo e o Magro existiram. Seu humor ingênuo é delicioso. Como acontece com Keaton, amamos seus filmes porque amamos a eles mesmos. Laurel foi um gênio e Hardy o complementa com perfeição. A vontade é de vê-los para sempre. Enquanto houver humor "do bem" ( os irmãos Marx são o humor "do mal" ) eles viverão. Not 7.
ALICE NÃO MORA MAIS AQUI de Martin Scorsese com Ellen Burstyn, Kris Kristofferson, Harvey Keitel e Jodie Foster
Ellen exigiu que o desconhecido Scorsese a dirigisse aqui. Ele fez um filme maravilhoso e ela ganhou o Oscar de atriz ( vencendo Gena Rowlands e Liv Ullmann ! ). Sua Alice é apaixonante e o filme tem a mais engraçada e deliciosa relação mãe/filho que já assistí. È um filme vivo, ágil, eletrizante e engraçadissimo ! Apesar de a vida de Alice ser uma desgraça... Veja o começo do filme : a criança Alice canta e num corte de 27 anos mais tarde, vemos a câmera correr e invadir a vida atual de Alice ( ao som do Mott the Hoople. O filme é do tempo do glitter. Lembra muito, no visual, Quase Famosos de Crowe ). Temos aqui três atos : o primeiro é drama puro. Alice perde o marido e cai na estrada. No segundo, ela conhece Keitel e o filme mostra o que é : comédia amarga. No ato três ela acaba em lanchonete e encontra o amor. O filme, que já era perfeito, ainda fica melhor. O elenco todo brilha ( o filho é um tipo de jovem Woody Allen que ouviu muito T.Rex... hilário ! ), Jodie é uma menina-macho que adora roubar, Keitel é um doido infantil e Kris um cowboy maduro. Mas Ellen teve aqui uma chance de ouro. Nos apaixonamos por sua Alice otimista e tão judiada. Quanto a Martin... ele vinha de dirigir Mean Streets e aqui, sempre com a câmera na mão, em movimento, usando cores claras e quentes e deixando os atores improvisarem muito, faz uma de suas maiores e melhores obras-primas e seu mais divertido filme. Única tristeza desta delícia : ela acaba. Alice deveria durar para sempre, ser box de 50 discos. Obrigatório para quem ama cinema, vida e mulheres. Nota trocentos zilhões.
A GLÓRIA DE MEU PAI de Yves Robert
Marcel Pagnol foi teatrólogo, poeta, romancista e cineasta. Foi acima de tudo um embaixador do que a França tem/teve de melhor. Este filme, baseado em suas memórias de infância, foi sucesso imenso nos anos 90 na Europa. Que filme ! Lí o livro e posso dizer que o filme é melhor. E é corajoso, pois é um filme sobre a alegria, a felicidade e o prazer de viver. Ou seja, o que vemos é desprovido de drama, de suspense e de vilões. Uma família feliz viaja em férias para a Provence. Caçam, comem, bebem, vivem. E é só isso. O filme nunca surpreende, acompanhamos a história com prazer calmo, discreto e feliz. Quando termina pensamos : é só isso ? Mas então, ao acordar no dia seguinte, nos pegamos com saudades de seu mundo. Pois o mundo do filme é nosso melhor universo. O lugar onde se fez nossa arte, nossa boa-vida, nosso amor. Tudo que nele é mostrado é atemporal, é encantador e nada tem de extraordinário. Nota 7.
O CASTELO DE MINHA MÃE de Yves Robert
Continuação do filme acima. Mostra mais uma vez as mesmas coisas. O achei melhor que o primeiro. Os franceses são desconcertantes. Fazem os filmes mais chatos do mundo. Verborrágicos e metidos. Mas também fazem, como ninguém mais, filmes sobre o prazer de viver. Tudo aqui é prazer : a luz, os pássaros, a comida, o vinho. Observe o gigantesco pão. Observe a cena em que as janelas são abertas. As caminhadas. É um filme feito de luz, de gente de bom coração. Mostra uma sociedade que não poderia ter acabado. Tem, em seu final, o único travo amargo de todo o filme : Marcel adulto, cineasta famoso, recorda a morte de sua mãe. Uma frase é dita : " e é isso a vida: momentos alegres cercados por imensas tristezas..." O filme é momento de alegria. Nota 8.
Este filme causou profunda impressão em sua época. Mostrava com clareza a crise de toda uma geração. Cenas como a da lanchonete são usadas até hoje como exemplo de atuação ( Jack, aqui em atuação fantástica. ) O filme está longe de ser uma obra-prima. Algumas cenas são ruins. Mas ele tem algo de muito profundo, muito sincero e principalmente : ele inventou o tal "filminho independente tristinho ". Acompanhamos a crise de nosso herói com interesse e assistimos Jack Nicholson criar o perfeito herói existencial. Seu personagem está no limite. É uma figura de Antonioni em filme cem por cento americano. O final, uma longa tomada silenciosa, dolorosa e árida, é sim uma obra-prima. Jack nunca mais foi tão sincero. Ele é o desamparo, e faz isso sem uma careta, um grito, uma esquisitice. É de verdade. Este filme, irregular, fica em sua memória. Nota 8.
A BONECA DO DEMÔNIO de Tod Browning com Lionel Barrymore e Maureen O'Sullivan
Uma decepção. Os primeiros minutos são aquele delicioso terror dos anos 30, mas depois a melosa trama MGM toma conta de tudo. Browning, o gênio dos góticos da Universal, afunda no romantismo Metro. Não é a toa que ele abandonaria o cinema logo em seguida. Nota 3.
A PELE de Steven Shainberg com Nicole Kidman e Robert Downey Jr.
Uma pretensiosa bobagem. O filme tenta mostrar o porque de Diane Arbus fotografar gente esquisita. Inventa, lógico, um motivo romântico, e afunda numa chatice moderninha. Nicole está fria e distante e Downey alheio. O filme é lixo pseudo-sério. Nota Zero.
DOLLS de Takeshi Kitano
O visual é bonito. Frio com cores quentes, bem japonês. Mas em sua tristeza pop-teen, Kitano nada tem a dizer. Filmes deprê só se justificam quando têm grandes atuações ou quando são cheios de significados´poéticos. Aqui os atores não podem atuar ( são pastiches ) e o significado se esgota em dez minutos. É imperdoávelmente chato, vazio, sem vida. Como um belo boneco jogado ao canto, ele não respira, não se move, nada diz. Exemplo supremo da confusão que há entre arte e tédio, profundidade e tristeza. Ser triste não é ser profundo, e ser entediado e entediante não significa "filme de arte". Nota 4 pelo visual bonito.
A VIDA DE LOUIS PASTEUR de William Dieterle com Paul Muni
Muni foi grande ator. Aqui se mostra a luta de Pasteur para ter suas idéias aceitas. Filme biográfico da Warner : curto, objetivo, simples. Se assiste com prazer. Se esquece logo. Nota 6.
VIDAS AMARGAS de Elia Kazan com James Dean, Julie Harris e Raymond Massey
Tem alguma coisa muito irritante aqui. É James Dean. Que ator foi esse ? Ele popularizou essa coisa de que o ator deve ser "artista" e portanto deve criar sua atuação única. Então TUDO o que Dean faz é criativo : se ele pega um copo ele o pega pela borda, criativamente. Quando corre, corre de lado, braços para a esquerda e pernas para a direita. Todas as falas têm gemidos, tosse, pausas e murmúrios incompreensíveis. Ele anda tropeçando, senta-se criativamente e até o olhar é "original" : torto, semi-cerrado, louco. Foi um gênio ou um retardado ? Com James Dean termina a era dos atores "naturais" : Cary Grant, Bogart, James Stewart. Nasce a era do ator "criativo", era que dura até hoje ( Vemos tudo de Sean Penn, Nicholas Cage e principalmente de Johnny Depp em Dean. ) O filme, baseado em Steinbeck, fala do amor de pai e filho. O pai não o aceita e tudo o que ele faz é errado. A fotografia é belíssima, mas, que coisa ! James Dean estraga o filme !!!!!!!! Nota 6.
MOSQUETEIROS DA INDIA de James W. Horne com Laurel e Hardy
Uma das alegrias da vida é saber que O Gordo e o Magro existiram. Seu humor ingênuo é delicioso. Como acontece com Keaton, amamos seus filmes porque amamos a eles mesmos. Laurel foi um gênio e Hardy o complementa com perfeição. A vontade é de vê-los para sempre. Enquanto houver humor "do bem" ( os irmãos Marx são o humor "do mal" ) eles viverão. Not 7.
ALICE NÃO MORA MAIS AQUI de Martin Scorsese com Ellen Burstyn, Kris Kristofferson, Harvey Keitel e Jodie Foster
Ellen exigiu que o desconhecido Scorsese a dirigisse aqui. Ele fez um filme maravilhoso e ela ganhou o Oscar de atriz ( vencendo Gena Rowlands e Liv Ullmann ! ). Sua Alice é apaixonante e o filme tem a mais engraçada e deliciosa relação mãe/filho que já assistí. È um filme vivo, ágil, eletrizante e engraçadissimo ! Apesar de a vida de Alice ser uma desgraça... Veja o começo do filme : a criança Alice canta e num corte de 27 anos mais tarde, vemos a câmera correr e invadir a vida atual de Alice ( ao som do Mott the Hoople. O filme é do tempo do glitter. Lembra muito, no visual, Quase Famosos de Crowe ). Temos aqui três atos : o primeiro é drama puro. Alice perde o marido e cai na estrada. No segundo, ela conhece Keitel e o filme mostra o que é : comédia amarga. No ato três ela acaba em lanchonete e encontra o amor. O filme, que já era perfeito, ainda fica melhor. O elenco todo brilha ( o filho é um tipo de jovem Woody Allen que ouviu muito T.Rex... hilário ! ), Jodie é uma menina-macho que adora roubar, Keitel é um doido infantil e Kris um cowboy maduro. Mas Ellen teve aqui uma chance de ouro. Nos apaixonamos por sua Alice otimista e tão judiada. Quanto a Martin... ele vinha de dirigir Mean Streets e aqui, sempre com a câmera na mão, em movimento, usando cores claras e quentes e deixando os atores improvisarem muito, faz uma de suas maiores e melhores obras-primas e seu mais divertido filme. Única tristeza desta delícia : ela acaba. Alice deveria durar para sempre, ser box de 50 discos. Obrigatório para quem ama cinema, vida e mulheres. Nota trocentos zilhões.
A GLÓRIA DE MEU PAI de Yves Robert
Marcel Pagnol foi teatrólogo, poeta, romancista e cineasta. Foi acima de tudo um embaixador do que a França tem/teve de melhor. Este filme, baseado em suas memórias de infância, foi sucesso imenso nos anos 90 na Europa. Que filme ! Lí o livro e posso dizer que o filme é melhor. E é corajoso, pois é um filme sobre a alegria, a felicidade e o prazer de viver. Ou seja, o que vemos é desprovido de drama, de suspense e de vilões. Uma família feliz viaja em férias para a Provence. Caçam, comem, bebem, vivem. E é só isso. O filme nunca surpreende, acompanhamos a história com prazer calmo, discreto e feliz. Quando termina pensamos : é só isso ? Mas então, ao acordar no dia seguinte, nos pegamos com saudades de seu mundo. Pois o mundo do filme é nosso melhor universo. O lugar onde se fez nossa arte, nossa boa-vida, nosso amor. Tudo que nele é mostrado é atemporal, é encantador e nada tem de extraordinário. Nota 7.
O CASTELO DE MINHA MÃE de Yves Robert
Continuação do filme acima. Mostra mais uma vez as mesmas coisas. O achei melhor que o primeiro. Os franceses são desconcertantes. Fazem os filmes mais chatos do mundo. Verborrágicos e metidos. Mas também fazem, como ninguém mais, filmes sobre o prazer de viver. Tudo aqui é prazer : a luz, os pássaros, a comida, o vinho. Observe o gigantesco pão. Observe a cena em que as janelas são abertas. As caminhadas. É um filme feito de luz, de gente de bom coração. Mostra uma sociedade que não poderia ter acabado. Tem, em seu final, o único travo amargo de todo o filme : Marcel adulto, cineasta famoso, recorda a morte de sua mãe. Uma frase é dita : " e é isso a vida: momentos alegres cercados por imensas tristezas..." O filme é momento de alegria. Nota 8.
MENSAGEIRO DO DIABO/EMBRIAGUEZ DO SUCESSO/PARTNER/PERFORMANCE
AS BRUXAS DE SALEM de nicholas hytner
se mantém a força do texto alegórico de arthur miller. daniel day lewis e paul scofield seguram o filme. 5.
POR AMOR OU POR DINHEIRO de bertrand blier
blier sempre faz filmes que procuram fugir do padrão. não se tratam de comédias, nem dramas, sequer aventuras ou alegorias. este é uma quase comédia. sem graça. 1.
O MENSAGEIRO DO DIABO de charles laughton
para quem não sabe, laughton foi um dos maiores e mais conhecidos atores ingleses de cinema. gordo, com cara de sapo, gay assumido, brilhou como rembrandt, como henrique viii e em filmes de hitchcock e wilder. este filme, de 1955, foi o único dirigido por ele. é considerado uma obra-prima e foi fracasso de crítica e público na época. fácil entender o porque : trata-se de uma comédia gótica afiadíssima! um filme que tim burton ou david lynch adorariam ter feito. a história trata de um pastor que se casa com viúva. comete o assassinato para ficar com o dinheiro. os dois filhos da viúva conseguem fugir e ele os persegue. isso tudo contado em clima de sonho/pesadelo, sombras expressionistas, cortes precisos e um robert mitchum perto do milagroso ( seu papel se tornou referencia ). na parte final, quando as crianças encontram a velhinha boazinha ( lilian gish ), voce quase tem um orgasmo de tanto prazer em estar vendo tal obra-prima. DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO de alexander mackendridk
filme de 1958, dirigido por um grande diretor ingles de comédias e que dirige aqui, nos eua, seu único drama. fracasso na época ( de público ), traz burt lancaster em mais um grande desempenho, com seu rosto de pedra pleno de autoridade e força viril. mas é tony curtis, o subestimado curtis quem rouba o filme, fazendo um vilão patético e mesquinho. o filme ( cheio de jazz e clima cool ) trata de um jornalista que domina carreiras com suas fofocas. curtis é o auxiliar puxa-saco desse poderoso homem de midia. o filme, cheio de fel e com falas exuberantes, mostra a derrocada dessa carreira e a inexorabilidade de seus destinos. cínico, amargo, brilhante! 9.
RICARDO III, UM ENSAIO
única doreção de al pacino. obrigatório para quem trabalha com teatro ou ama a cultura. 7.
O DESTINO BATE A SUA PORTA de bob rafelson
rafelson, diretor de head e cada um vive como quer, dirigiu este new-noir em 1982, usando jack nicholson e uma jessica lange cheia de sexualidade vulgar. se trata de um bonito filme que não tem aquilo que os noir clássicos tinham de melhor- nervos! mesmo assim é fácil de assistir, lange está maravilhosa e o choro final de jack é coisa que justifica uma carreira inteira. 6.
BEIJOS E TIROS de shane black
primeira direção do roteirista dos filmes lethal weapon. robert downey é um ladrãozinho de quinta que vira ator em ´hollywood ( é uma comédia ). val kilmer ( bem ) é um detetive gay e a lindíssoma michelle monaghan está no elenco. o filme é ágil, alegre, os capítulos têm nomes de títulos dos livros de chandler..mas falta loucura. os coen fariam dele uma festa! como está, é apenas um divertido produto meio termo. 6.
RESGATE ABAIXO DE ZERO de frank marshall
marshall, roteirista e produtor de vários filmes de spielberg, nos apresenta uma aventura antártica. para quem gosta de cães ( eu os idolatro ), é obrigatório. como cinema, é sessão da tarde das boas. 7.
FILMES PSICODÉLICOS FEITOS EM PLENA VIAGEM PSICO
PARTNER de bernardo bertolucci.
em 1968 bertolucci resolveu filmar partner, baseado numa novela de dostoievski. mas, em meio as filmagens explodiu o maio/68 e bernardo jogou o roteiro fora e passou a improvisar. o filme, fascinante, mistura lacan com nietzsche e tem uma trilha sonora de ennio morricone que é absolutamente genial e radical. pierre clementi, ator francês que era viciado em heroína, tem uma das atuações mais maníacas, inesquecíveis, originais, revolucionárias que já ví. ele apresenta completo domínio do corpo, total entrega e uma quase loucura digna de klaus kinski, bruno s ou falconetti. o filme fala de máscaras, de duplos, do quanto nós todos somos fingidos e de alienação. uma quase obra-prima e o mais difícl filme de um cineasta que jamais se acomodou. 8.
PERFORMANCE de donald cammel.
filme maldito feito em 1970. cammel, que se suicidaria em 78, filma em londres, a história de um gangster ( james fox ) que se esconde na casa de um astro do rock ( mick jagger ). nessa casa, o gangster prova sexo, drogas e muito rock e se torna um jagger também ( ou não ? ). o filme, que ainda tem anita pallemberg ( ex- brian, na época esposa de keith ) num papel de junk-bissexual, é absolutamente fascinante e muito inspirador. aqui é criado o conceito de glam-rock e se voce quer saber o que velvet goldmine tentou mostrar veja este filme radical. mick era incrivelmente magro, efeminado, drogado e o filme é hipnótico, macio, colorido e nem um pouco paz e amor. único, ele é aquilo que bergman faria se fosse mais jovem e ingles. 9.
PSYCH OUT de richard rush
jack nicholson tem muita história pra contar. ele está neste filme de 68, feito em san francisco, no auge do movimento hippie. uma moça foge de casa e vai parar em sanfran. conhece os hippies e passa a viver com eles. o filme é fraco, amador, constrangedor, e jack usa um péssimo cabelo. mas tem um clip fantástico dos inacreditáveis the seeds e mostra o que eram os tais hippies. o que eles eram ? drogados classe-média deslumbrados com sexo. comparando este filme com performance vemos que londres nos 60 era mais lsd, mais reichiana, mais individualista, mais psicótica. sua trilha era pink floyd, soft machine e gong. sanfran é mais alegre, comunitária, machista, mais anfetaminas e marijuana, mais byrds, grateful dead e love. hippies americanos se interessavam em sexo, festas e protestos de rua. hippies ingleses queriam saber até onde se cérebro conseguiria enlouquecer. o filme vale como puro fun. 5.
BARBARELLA de roger vadim
e vadim, inventor de brigitte bardot, tenta lançar jane fonda como nova bb. jane está absolutamente linda e anita pallemberg é a vi´lã. psicodelismo para os não psicodélicos, o filme mostra que em dois anos o movimento já se tornara um produto bonitinho e anódino. 4.
se mantém a força do texto alegórico de arthur miller. daniel day lewis e paul scofield seguram o filme. 5.
POR AMOR OU POR DINHEIRO de bertrand blier
blier sempre faz filmes que procuram fugir do padrão. não se tratam de comédias, nem dramas, sequer aventuras ou alegorias. este é uma quase comédia. sem graça. 1.
O MENSAGEIRO DO DIABO de charles laughton
para quem não sabe, laughton foi um dos maiores e mais conhecidos atores ingleses de cinema. gordo, com cara de sapo, gay assumido, brilhou como rembrandt, como henrique viii e em filmes de hitchcock e wilder. este filme, de 1955, foi o único dirigido por ele. é considerado uma obra-prima e foi fracasso de crítica e público na época. fácil entender o porque : trata-se de uma comédia gótica afiadíssima! um filme que tim burton ou david lynch adorariam ter feito. a história trata de um pastor que se casa com viúva. comete o assassinato para ficar com o dinheiro. os dois filhos da viúva conseguem fugir e ele os persegue. isso tudo contado em clima de sonho/pesadelo, sombras expressionistas, cortes precisos e um robert mitchum perto do milagroso ( seu papel se tornou referencia ). na parte final, quando as crianças encontram a velhinha boazinha ( lilian gish ), voce quase tem um orgasmo de tanto prazer em estar vendo tal obra-prima. DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A EMBRIAGUEZ DO SUCESSO de alexander mackendridk
filme de 1958, dirigido por um grande diretor ingles de comédias e que dirige aqui, nos eua, seu único drama. fracasso na época ( de público ), traz burt lancaster em mais um grande desempenho, com seu rosto de pedra pleno de autoridade e força viril. mas é tony curtis, o subestimado curtis quem rouba o filme, fazendo um vilão patético e mesquinho. o filme ( cheio de jazz e clima cool ) trata de um jornalista que domina carreiras com suas fofocas. curtis é o auxiliar puxa-saco desse poderoso homem de midia. o filme, cheio de fel e com falas exuberantes, mostra a derrocada dessa carreira e a inexorabilidade de seus destinos. cínico, amargo, brilhante! 9.
RICARDO III, UM ENSAIO
única doreção de al pacino. obrigatório para quem trabalha com teatro ou ama a cultura. 7.
O DESTINO BATE A SUA PORTA de bob rafelson
rafelson, diretor de head e cada um vive como quer, dirigiu este new-noir em 1982, usando jack nicholson e uma jessica lange cheia de sexualidade vulgar. se trata de um bonito filme que não tem aquilo que os noir clássicos tinham de melhor- nervos! mesmo assim é fácil de assistir, lange está maravilhosa e o choro final de jack é coisa que justifica uma carreira inteira. 6.
BEIJOS E TIROS de shane black
primeira direção do roteirista dos filmes lethal weapon. robert downey é um ladrãozinho de quinta que vira ator em ´hollywood ( é uma comédia ). val kilmer ( bem ) é um detetive gay e a lindíssoma michelle monaghan está no elenco. o filme é ágil, alegre, os capítulos têm nomes de títulos dos livros de chandler..mas falta loucura. os coen fariam dele uma festa! como está, é apenas um divertido produto meio termo. 6.
RESGATE ABAIXO DE ZERO de frank marshall
marshall, roteirista e produtor de vários filmes de spielberg, nos apresenta uma aventura antártica. para quem gosta de cães ( eu os idolatro ), é obrigatório. como cinema, é sessão da tarde das boas. 7.
FILMES PSICODÉLICOS FEITOS EM PLENA VIAGEM PSICO
PARTNER de bernardo bertolucci.
em 1968 bertolucci resolveu filmar partner, baseado numa novela de dostoievski. mas, em meio as filmagens explodiu o maio/68 e bernardo jogou o roteiro fora e passou a improvisar. o filme, fascinante, mistura lacan com nietzsche e tem uma trilha sonora de ennio morricone que é absolutamente genial e radical. pierre clementi, ator francês que era viciado em heroína, tem uma das atuações mais maníacas, inesquecíveis, originais, revolucionárias que já ví. ele apresenta completo domínio do corpo, total entrega e uma quase loucura digna de klaus kinski, bruno s ou falconetti. o filme fala de máscaras, de duplos, do quanto nós todos somos fingidos e de alienação. uma quase obra-prima e o mais difícl filme de um cineasta que jamais se acomodou. 8.
PERFORMANCE de donald cammel.
filme maldito feito em 1970. cammel, que se suicidaria em 78, filma em londres, a história de um gangster ( james fox ) que se esconde na casa de um astro do rock ( mick jagger ). nessa casa, o gangster prova sexo, drogas e muito rock e se torna um jagger também ( ou não ? ). o filme, que ainda tem anita pallemberg ( ex- brian, na época esposa de keith ) num papel de junk-bissexual, é absolutamente fascinante e muito inspirador. aqui é criado o conceito de glam-rock e se voce quer saber o que velvet goldmine tentou mostrar veja este filme radical. mick era incrivelmente magro, efeminado, drogado e o filme é hipnótico, macio, colorido e nem um pouco paz e amor. único, ele é aquilo que bergman faria se fosse mais jovem e ingles. 9.
PSYCH OUT de richard rush
jack nicholson tem muita história pra contar. ele está neste filme de 68, feito em san francisco, no auge do movimento hippie. uma moça foge de casa e vai parar em sanfran. conhece os hippies e passa a viver com eles. o filme é fraco, amador, constrangedor, e jack usa um péssimo cabelo. mas tem um clip fantástico dos inacreditáveis the seeds e mostra o que eram os tais hippies. o que eles eram ? drogados classe-média deslumbrados com sexo. comparando este filme com performance vemos que londres nos 60 era mais lsd, mais reichiana, mais individualista, mais psicótica. sua trilha era pink floyd, soft machine e gong. sanfran é mais alegre, comunitária, machista, mais anfetaminas e marijuana, mais byrds, grateful dead e love. hippies americanos se interessavam em sexo, festas e protestos de rua. hippies ingleses queriam saber até onde se cérebro conseguiria enlouquecer. o filme vale como puro fun. 5.
BARBARELLA de roger vadim
e vadim, inventor de brigitte bardot, tenta lançar jane fonda como nova bb. jane está absolutamente linda e anita pallemberg é a vi´lã. psicodelismo para os não psicodélicos, o filme mostra que em dois anos o movimento já se tornara um produto bonitinho e anódino. 4.
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