O livro dos 50 anos da Ilustrada, após os intelectuais anos 80, explica e exibe os anos 90.
Vamos lá!!!!
Erika Palomino entra na Folha. E surgem os Andrés, todos filhos pop de Pepe Escobar. Mas são os anos 90 ( que começaram em 89 ) que lançam a ditadura da página de moda. Desde então, e para sempre, viver bem será estar em páginas da Elle ou da Vogue.
No começo foi bonito. Havia um belo senso de beleza superficial. O belo que se justifica pela aparência. Beleza é só pele e casca, e daí? Esse é o slogan desse tempo. Todos querem ser bonitos.
Na noite é tempo de Sra. Kravitz e do Hells. Hedonismo após o pesadelo deprê dos anos 80. Mal sabíamos que isso levaria ao vazio....
É tempo de moda. Novas marcas e novos nomes: Galliano, McQueen, Diesel, Dolce e Gabbana, Versace, Gaultier ( sei que não surgiram nesse tempo. Mas é aí que se tornam gurus ).
Tempo das Uber-model: Linda Evangelista, Cindy Crawford, Claudia Schiffer.
E já havia os sujos Pixies, Janies Addiction e Sonic Youth; mas este é o tempo dos super clips. Os clips belos como fotos de Richard Avedon, clips "fresquíssimos", dirigidos por alguns dos melhores fotógrafos de moda ou pelos futuros cineastas de filmes moderninhos. São clips pelos quais me apaixonei na época ( essa é a última vez em que corrí atrás de novidades ). Clips que hoje, pós-Nirvana, são irrecuperáveis.
O luxo de Madonna cantando Vogue, Chris Isaak dirigido pelo gênio Bruce Webber em Wicked Game, US3 e sua estética de rap com cool jazz, C and C Music Factory e seus grafismos extra cool, o Soul To Soul que dava toda a atenção ao visual, e que tinha um líder que se assinava Jazzie B., Bryan Ferry e a elegãncia espanhola de Mamouna, um clip de luxo ostensivo e de cafonália estilosa, e principalmente o clip símbolo da época: Being Boring dos Pet Shop Boys, hino ao prazer da carne, a beleza de jovens ricos, a pele perfeita. Being Boring é um tratado filosófico. E é mais um de Bruce Webber ( que fez um doc sobre Chet Baker que é o sublime levado ao inferno ).
É nesse começo de anos 90 que temos o auge da moda skate e surf. De luxo, claro. Bermudões e camisas coloridas, leves e soltas. Como disse, o que podemos falar desse tempo é sempre MODA E VISUAL. NBA e seus tênis. Chicago Bulls e Hornets.
Valoriza-se o jazz, por seu aspecto visual e não por sua revolução; valoriza-se a escrita de Scott Fitzgerald, Auden, Wilde, Forster, Evelyn Waugh, por causa de seus ambientes chic, sua decadência bonita, seu "visual" elegante.
No cinema se fala em Audrey e em Montgomery Clift. Porque? O visual, lógico!
Cinema de Terry Gillian, de Bertolucci, de Ridley Scott e de David Lynch. Experiências visuais de Soderbergh e de Van Sant. Imagem. Tudo é imagem.
Mas essa "década" dura apenas 6 anos.
O grunge assassina tudo isso e traz a feiúra metal unida aos valores hippies. Ser tosco e sujo se torna padrão. Os clips partem para a tosqueira ( Loser e Even Flow ). Até as bandas inglesas deixam de ter "visual" e os eletros passam a cultivar o não-visual. A excessão é o Prodigy.
Todo esse glamour jamais seria recuperado. Grupos de rock hoje têm sempre a imagem dos anos 70 em mente. Seja punk, metal ou glitter. Toda banda flutua entre Led Zeppelin, Clash ou T.Rex.
Os clips da época são recuperados, de modo muito mais histérico e raso, pelo pop: Black Eyed Peas, Beyoncé ou Shakira. Mas é como comparar Madonna com Lady Gaga.
Foram anos muito divertidos! O que importava ( como diz Being Boring ) era ter 19 anos, porque aos 19 nada enche o saco, tudo é bonito e voce nunca é chato.
PS: Esqueci do cara símbolo da época, e que foi massacrado no tempo de grunges "feios": George Michael e seu clip Freedom. Lá estão Cindy e Linda e Claudia e Naomi. Lá tudo é bonito e sexy. Lá a vida se parece com jazz e Audrey e Clift e um poema de Auden.
E tudo acabou em policia e banheiro.....
Entendeu?
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