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EASTER PARADE, FILME DE FRED E JUDY. PORQUE É IMPORTANTE SER FELIZ

Fazia muito, muito tempo que eu não me sentia no mood para ver um musical clássico. Entenda, um filme musical é um outro tipo de cinema, um gênero completamente à parte. Para o usufruir é necessário certos requisitos: 1- Sentir-se civilizado. 2- Estar disposto ao amor. 3- Estar aberto à fantasia da felicidade plena. 4- Abrir ouvidos e olhos para o dom de usufruir. 5- Diminuir a tensão. ( Todos esses requisitos explicam o porque do filme musical ser um gênero de cinema morto. Qual o frequentador de filmes que possui hoje essas condições? ). Então escolho Easter Parade para rever. Escolho por acaso, estico o braço e o pego. O encanto acontece rapidamente. --------------- O filme foi feito em 1948, e reúne músicas de Irving Berlin em roteiro de Sidney Sheldon. Berlin foi o compositor mais popular dos EUA na primeira metade do século XX. Prolífico, ele tem centenas de canções que se tornaram hits e muitas são até hoje parte do folclore do país. Foi amado por gente do calibre de Gershwin e Cole Porter, Sinatra e Bing Crosby. Suas rimas são fantásticas, as melodias lindas e leves. Para interpretar o casal principal chamaram Judy Garland e Gene Kelly, mas Gene se machucou nos ensaios e Astaire o substituiu. Charles Walters, um dos melhores diretores de musicais, coordenou a produção. O filme foi um imenso sucesso. A história fala de uma dupla de dançarinos, Fred e Ann Miller. Ela o larga para seguir solo e bêbado, ele escolhe a não dançarina Judy Garland para ser sua nova partner. O filme é a descoberta dos talentos de Judy e o nascimento do amor em Astaire. Apenas uma história leve, simples, onde possam ser encaixadas as canções de Berlin. Um tipo de simplicidade que não ofenda nossa inteligência, que divirta, que nos faça querer dançar na rua, que salve nossa semana, que nos faça querer amar. --------------- O bom musical nos diverte, o grande musical nos faz seres melhores. Por isso quando um fã de musicais, alguém como eu, vê Fred Astaire, sente estar diante de alguém maior que um ator. Ele é, para nós, uma figura religiosa, alguém que nos liga a algo maior e melhor que a vida. Musicais são como cerimônias religiosas, uma cerimônia, um encontro entre fieis, uma seita, uma educação, um sentido para o kaos. Aula de beleza, de amor, de encanto. ---------------- Postei uma cena onde Judy e Fred se vestem de mendigos. É adorável. Judy Garland consegue algo quase impossível: rouba a cena de Astaire. Nossos olhos se encantam com suas expressões, sua alegria, seu talento sem limites. Judy poderia ter sido uma humorista fantástica. Triste Judy, desde os 4 anos de idade nos palcos, cheia de problemas psicológicos, viciada em calmantes e alcool, amores frustrados, insegurança quanta ao seu talento. Ela disputa com Vivien Leigh e Margaret Sullavan o troféu da mais trágica das vidas. Mas aqui, nas telas, quanta alegria, quanta energia, quanto esbanjamento de um dom divino. ------------------------ No filme Manhattan, há uma cena em que Woody Allen lembra das coisas que fazem a vida valer a pena. Ele cita os Irmãos Marx, beisebol, canções dos anos 30, Astaire. Não há em minha vida ator que me faça melhor, que me dê mais vontade de viver, que me acalme como Fred Astaire. Entenda, ele não é um grande ator, ele não pode ser comparado à John Barrymore ou James Stewart, ele é de outra liga. Ele é uma presença. E nesse aspecto de ser UMA AUTORIDADE, só Cary Grant e John Wayne podem ser comparados à Astaire. São atores que queremos olhar e ouvir. Nada mais que isso. Irradiam luz, nos dão calor, nos ensinam como se deve viver. Salvam. -------------- Após alguns anos de realidade em excesso e desejo puramente animal, adentrar outra vez o mundo de Astaire é como voltar ao PARAÍSO.