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LISZT POR RUBINSTEIN

Arthur Rubinstein é, provavelmente, o mais famoso pianista dos últimos cem anos. ( Horowitz não é tão famoso ). Ouço uma gravação dos anos 50 onde ele toca o primeiro concerto de piano de Franz Liszt. A orquestra é a da RCA e o maestro é Wallenstein. Esta é a primeira peça musical clássica pela qual me apaixonei, já a mais de 35 anos. Tem portanto um lugar especial em mim, e claro, já ouvi várias execuções dessa peça. Pois qual a minha surpresa ao me sentir muito incomodado com esta leitura? O andamento é tão veloz que quase parece uma marcha militar e Rubinstein, que coisa!, parece deixar de lado algumas notas! ---------------- Franz Liszt é um dos compositores mais fáceis de se gostar e por isso um dos mais fáceis de serem subestimados. Este concerto, belíssimo, se tocado com lentidão, revela um sentimento melancólico hipnotizante, uma teia de notas que nos levam ao sonho e a divagar sem freio algum. É romantico ao extremo. Tocado em alta velocidade ele se revela apenas uma peça de salão, fundo de festa ou pior, exibição de técnica. Rubinstein que me perdoe, mas não gostei.

Rubinstein at 90 interview

Artur Rubinstein - Chopin, Waltz Op. 64, No. 2

ARTHUR RUBINSTEIN

O toque no teclado de Rubinstein é diferente de qualquer outro. Com ele nós podemos ouvir algo que vem do tempo passado, vivo, porém distante. Ouvir o toque de seus dedos é testemunhar um som que vem do império austro-húngaro, da Polonia pré comunismo, dos cafés de antes da eletricidade. Rubinstein viveu muito, foi centenário, e suas gravações são heranças. Ele tira notas tão suaves que sentimos que elas quase inexistem, como se pudessem emudecer antes mesmo de soar. O piano em suas mãos é o piano de tempos de silêncio. ---------------- Não sei se ele foi melhor que Horowitz ou que Richter. Não toco o instrumento e portanto não tenho como saber. Mas possuo bons ouvidos e seu timbre é mais delicado que qualquer outro. Para Chopin não há igual. Chopin? Preciso falar de Chopin? O compositor polonês tem uma maldição: as pessoas o conhecem sem o conhecer. Imaginam o estereótipo do romântico choroso, quando na verdade ele foi muito mais que isso. Chopin criou enfim, o piano como o conhecemos, o instrumento da alma. O mais expressivo e o mais livre. Ele é o mais dificil de ser tocado, o mais complexo e o mais desafiador. É fácil destruir sua arte numa execução ruim, mas quando bem tocado ele alça voo. Sofrido, melancólico, fatalista, mesmo que voce não saiba, o molde de seu artista sofredor está aqui. Porém ele cria, cria beleza sem parar. Produção imensa em poucos anos de vida, Chopin é, após Beethoven, o mais gravado dos mestres. ---------------------- Rubinstein é um homem que ainda pode sentir a alma de Chopin próxima de si. Ouvir é um provilégio.