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PARIS! PARIS! - IRWIN SHAW

Shaw foi muito famoso. Best seller durante os anos 50, 60, 70, roteirista de cinema, jornalista, autor de teatro, foi sendo esquecido nos anos 80 e hoje não é lembrado. Esse o destino dos Best Seller, vendem enquanto vivos, e assim que morrem se tornam encalhe de sebos. No caso de Shaw é uma pena, ele é da estirpe de Maugham, tem bom gosto e trata seu leitor como um adulto alfabetizado. --------------- Como aconteceu com milhares de soldados americanos, ao fim da guerra ele ficou em Paris e acabou por morar na cidade por 25 anos. Este livro conta suas lembranças da cidade em 5 artigos de revista. Ele consegue fazer com que até política pareça divertida. Não engraçada, ele não é humorista, ele é um entreteur. --------------- Cidades nascem, atingem apogeu, desaparecem, renascem, e algumas até morrem. Paris, quem tem alguma cultura sabe, foi brilhante várias vezes. A última delas entre 1950-1968. É o tempo de Shaw. Não ficarei aqui dizendo detalhes do porque, o livro conta isso, procure-o. Apenas irei resumir nestas linhas: Intelectuais e moda. Paris era fútil e era profunda, era linda e era suja, era um kaos e ao mesmo tempo chique. Latina-sensual e fria- rigorosa. Tinha o cheiro de comida e fuligem, era cinzenta e azul. E seus moradores, uma confusão de russos, portugueses, argelinos, espanhois e americanos. Muitos jovens, multidões de crianças nas ruas e todos sempre a discutir. Junto à tudo isso, o dom natural de se saber como usar uma écharpe, que vinho escolher e o modo certo de cruzar as pernas. Aristocrática e anarquista. Nenhuma cidade no mundo conseguia, de modo tão cartesiano, unir esses dois extremos: o luxo de certas ruas de Londres ou New York com a anarquia das revoluções do século XIX. ----------------- Isso morreu em 1968. A Paris que visitei já não era essa. Em 1976, 1982, tinha ainda alguma marca desse passado. Hoje ela tenta ser o que foi sendo aquilo que já é: impessoal. -------------- Shaw foi embora da cidade em 1972. Nunca mais morou lá. A cidade, como ele diz, estava irreconhecível. Sim, cidades são coisas vivas, e como tudo que é vivo devem mudar. O problema é quando mudam para pior. Paris, assim como Londres faz agora, optou por se entregar, abriu mão do rigor e assim perdeu sua alma. Roma ou Amsterdã souberam e estão sabendo conciliar seu estilo de sempre com o tempo que, logicamente, tem as transformado, Paris não. Ela se deixou levar.