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XADREZ- COEN- DEANNA DURBIN- ZWICK- SUO

   O DONO DO JOGO de Edward Zwick com Tobey Maguire, Peter Sargaard e Liev Schreiber
Lembro de 1972. O mundo parou para assistir, em suspense, a série de jogos entre o campeão do mundo, Boris Spassky, e o fenômeno americano, Bobby Fischer. Eu era bem criança e ainda lembro. Manchetes no Jornal Nacional da Globo. Manchetes dia a dia. Fischer venceu. O xadrez virou mania mundial. Mequinho surge aqui como mestre prematuro. E eu ganho um tabuleiro de xadrez do meu pai ( tenho-o até hoje ). Aprendo a  jogar sozinho, na Barsa. Creia, no mundo louco de 72, xadrez era pop. Tinha coluna diária nos jornais, e o mais legal, é que com os códigos de grandes partidas impressos, a gente podia as repetir em casa. O jogo 6 entre os dois foi repetido em minha casa por meu irmão ( ele tinha 7 anos de idade então ). Este filme recria bem a paranoia daquele tempo e a loucura de Fischer ( sim, ele era louco ). Não é um grande filme mas é um grande tema. Adaptado ao gosto de 2016, é um filme sobre xadrez que não mostra nada de uma partida ou de um movimento. Se concentra, óbvio, na doença de Bobby. Cansamos dos seus sintomas e cansamos dele. Mas o tema é sensacional. Fosse mais ousado seria uma forte crítica à loucura daquele mundo e a mediocrização deste nosso tempo. Hoje não temos mais loucos célebres, temos apenas celebridades doentes. Nota 5.
   AVE CÉSAR! dos irmãos Coen com Josh Brolin, George Clooney e um monte de stars.
Um fracasso. Os irmãos Coen, que eu adoro, erram feio aqui. Exageram em seu veneno e se envenenam. Querem falar tanto, abranger tanto, que perdem o foco. O filme acaba no vazio, um monte de som e imagem que nada significam. A intenção era excelente: mostrar que no cinema americano é o produtor que mantém alguma sanidade em meio a atores idiotas e diretores narcisistas. Eddie Mannix existiu na vida real, foi produtor da MGM, já no começo do fim da era do glamour. Ele realmente "dava um jeito" em filmes de produção complicada, atrizes promíscuas e atores gays. Lidava com prazos, dinheiro, gente, doenças, artistas e roteiristas "comunistas". Mas...que ironia, faltou um Eddie Mannix para este filme. Nota 4.
   DANÇA COMIGO de Masaiuki Suo com Koji Yakusho
Este filme de 1996 foi sucesso no Japão e refilmado em 2006 nos EUA com Gere, Sarandon e J.Lopez. A refilmagem vulgarizou a extrema delicadeza desta pequena joia. Fala de um homem de 40 anos que resolve aprender dança de salão, escondido da esposa e da filha. Pois no Japão de hoje dança de salão é coisa vergonhosa, coisa de gente que se toca. O filme, triste, engraçado, real, lindo, acompanha a lenta caminhada desse homem bom, tímido, travado. Todos deveriam assistir esta obra e ter uma bela surpresa. Nota 9.
   100 HOMENS E UMA GAROTA de Henry Koster com Deanna Durbin
Uma menina ajuda seu pai desempregado a conseguir trabalho com um grande maestro. Um exemplar belo do cinema da "grande depressão" americana dos anos 30. Deanna era um anjo e o filme nunca fica piegas, è bonito. Nota 7.
  

ROBIN HOOD- AL PACINO- COLIN FIRTH- NICHOLAS BROTHERS- MIKE LEIGH- CAROL REED

   O CAMINHO DAS ESTRELAS de Carol Reed com David Niven e Stanley Holloway
Ingleses de várias camadas sociais são convocados e treinados para a guerra. A princípio são rancorosos, não compreendem a gravidade da guerra. O filme, muito simples, acompanha a transformação desses indivíduos numa unidade coesa. Bom filme. Carol Reed se tornaria em seguida o centro do cinema inglês do período 45-55. Nota 7.
   KINGSMAN, SERVIÇO SECRETO de Dave Gibbons com Colin Firth, Samuel L. Jackson
Firth é um agente secreto, elegante, conservador, um protótipo do inglês de guarda-chuva. Ele treina um garoto, típico garoto de 2015, para ser um novo agente. O filme tem a venerável presença de Michael Caine ( é o que restou... ), mas não diz a que veio. Veja bem, não é ruim, mas tudo nele é banal. Ele tenta resgatar o chique e o apelo dos velhos filmes de espiões, mas ao se dirigir aos teens de agora ele se trai. Fica num meio termo muito opaco. Nota 3.
   NÃO OLHE PARA TRÁS de Dan Fogelman com Al Pacino, Annete Bening, Jennifer Garner, Bobby Cannavale e Christopher Plummer
Mais um produto para consumidores de meia idade. Pacino é um cantor que em 1971 era uma grande promessa, mas que em 2015 é uma estrela, milionária, para velhos acomodados. Então seu empresário lhe dá uma carta perdida de 1971, uma carta que John Lennon lhe enviou e que nunca chegou. Essa carta muda sua vida. Ele tenta voltar a ser um cantor sério. Ok... a gente pode pensar em Rod Stewart, em Paul Simon...mas o cara é bem pior! Ele é Neil Diamond, um cantor que compôs canções geniais entre 1966-1971, e que desde então se contenta em ser o Roberto Carlos de Las Vegas. Eu achei o trabalho de Pacino péssimo! Preguiçoso, flácido, sem pique. O roteiro se fixa na velha ladainha do " desculpe meu filho por ter sido uma estrela "... Poderia ter sido um grande filme, o tema é excelente, mas não passa de um filme família bem comum. Nota 3.
   GRANDE JOGO de Jalmari Helander com Samuel L. Jackson
O diretor é finlandês. Samuel é o presidente americano. Ele cai no interior da Finlândia. Um menino o salva dos terroristas. Podia ser uma boa aventura. Mas tenta ser arte....Uma baboseira sobre entrada na vida adulta, compromisso, vida natural....Fuja!
   SEGREDOS E MENTIRAS de Mike Leigh com Brenda Blethyn e Timothy Spall
Escrevi sobre ele abaixo. Começa em enterro. Passa ao mundo banal de um fotógrafo, uma mãe solteira, uma filha à procura da mãe. Ninguém é bonito, nada é bacana. Tudo o que eles querem não é dito. Existem filmes que conseguem acertar o alvo. Capturam a verdade, uma verdade difícil de ser descrita. É um dos dez melhores filmes dos anos 90. O elenco faz milagres. O final é sublime. DEZ.
   E A FESTA ACABOU de W.L.Norton com Ron Howard, Cindy Willians e Paul Le Mat
American Graffitti transformou George Lucas em milionário em 1973. Ele contava um dia na vida de um bando de amigos em 1960. E é incrível como esse estilo de filme foi imitado desde então. Em 1979 foi feita sua continuação, este filme esquisito, dirigido por um dos amigos de Lucas que não deu certo. Lucas produziu. Eu o vi no cinema, na época, matando aula. Ele se passa em 1964-1967 e é todo centrado na guerra do Vietnã. Vemos o que foi feito daqueles moleques de quatro anos antes. O mundo muda demais e eles se perdem. A melhor história é a do soldado na selva, quase um tipo de Mash em sua loucura. Tem um retrato interessante de hippies em seus inícios, mas as histórias acabam parecendo mal desenvolvidas. É um filme simpático, gostoso de ver. Nota 6.
   SERENATA AZUL de Archie Mayo
Este filme é um forte argumento contra o racismo. Vejam: é um filme pavoroso, com atores ruins, cenas patéticas, roteiro bobo. E então, durante cinco minutos, ele cresce e se transforma numa obra-prima. São os cinco minutos em que os irmãos negros- Nicholas Brothers- podem se exibir. Meros cinco minutos de absoluta genialidade. Míseros cinco minutos, o tempo que o racismo permitiu. Nas cidades do sul esses cinco minutos eram cortados. Deus meu! O que perdemos!!!!!
   RIVAL SUBLIME de William A. Seiter com Deanna Durbin, Kay Francis e Walter Pidgeon
Uma bobagem gostosa. Um tipo de souflê leve e fofo. Uma menina, filha de atriz famosa, se envolve com homem mais velho que na verdade gosta da mãe. Tudo bem filmado, engraçadinho, fácil de gostar. Deanna era ótima! Nota 6.
   AS AVENTURAS DE ROBIN HOOD de Michael Curtiz com Errol Flynn, Olivia de Havilland, Claude Rains e Basil Rathbone.
A super colorida, super grandiosa e super feliz versão da Warner do clássico da aventura. Errol nasceu para ser Robin Hood, e todo o elenco tem tempo para seu solo de brilho e charme. A trilha sonora se tornou molde de vários filmes agitados e a ação escorre por todo lado. Mas...há um problema com este filme de 1938. Ele foi tão imitado, tão copiado, é tão conhecido ( mesmo por quem nunca o viu ), que a sensação de deja vu se torna pesada. O mais leve dos filmes se torna um peso... Outras aventuras de Flynn, como Dodge City ou Gentleman Jim, funcionam muito mais por serem menos conhecidas. Robin Hood tem o mesmo problema de Star Wars ou de Indiana Jones, mesmo aqueles que não os viram sabem tudo sobre o filme. Não há como se surpreender. Pena.

MORTDECAI/ JOHNNY DEPP/ ERROL FLYNN/ MORGAN FREEMAN/ BELLE E SEBASTIAN

MORDECAI, A ARTE DA TRAPAÇA de David Koepp com Johnny Depp, Ewan MacGregor, Gwyneth Paltrow e Paul Bettany.
Houve um tempo em que pessoas elegantes iam ao cinema. Para essas pessoas eram feitos os famosos filmes de ação sofisticada. Ou comédia sofisticada. De Ladrão de Casaca ate Charada, esses filmes, feitos de 1932 a 1970, tinham cenários pitorescos, atores bonitos e chiques, e trilhas sonoras espertas. Mas o principal eram os roteiros. Eles eram bem escritos, nada óbvios, cultos. Uniam Wodehouse com Coward. Esse tipo de filme continua a ser feito. Atores sonham em fazer papéis que foram de Audrey e de Cary Grant, e diretores querem mostrar seu lado Donen ou Lubitsch de ser. Mas não há publico. Os poucos que gostariam ficam em casa, e pior, os roteiristas cometem vulgaridades deploráveis. Todo ano estreiam quatro ou cinco tentativas de reanimar o chic em filmes, e todos naufragam. O ultimo a dar certo foi Oceans Eleven, faz tempo...Depp produziu este filme que une Jeeves e Pastelão. Eu gosto da tentativa, Depp está bem, mas o filme é um fracasso total! Muito tolo para ser chique, muito metido para ser pop. O fiasco passa pelo roteiro óbvio e por Gwyneth, uma atriz feia fazendo papel super sexy. O filme, que triste, tem dois ótimos personagens jogados no filme errado.
A MESMA VIDA de Richard Locrane com Morgan Freeman e Diane Keaton
Pra que mudar de casa? Essa a questão. Um casal pensa em se mudar e descobre que é melhor ficar. Pois é... Qual é a desse filme? Ruim? Não. Bom? Não. Diane faz o mesmo papel desde 1978. Morgan está bem. Ele não faz Morgan. Nota 4.
BELLE E SEBASTIAN de Nicolas Vanier com Felix Bossuet e Margaux Chatelier.
O filme teve a maior bilheteria da França em 2014. Mas é bobissimo. Em 1943 na divisa entre França e Suíça, um garoto lida com nazistas, um cão perdido e uma fuga. É chato.
Deliciosa Mentira de Irving Pichel com Deanna Durbin e Donald OConnors.
Tudo deu errado nesta penúltima produção com Durbin. Ela largaria o cinema no ano seguinte e viveria mais 40 anos aposentada na França. O filme tem em John Dall o pior herói romântico do cinema. A gente nota a cara de Deanna segurando o riso.
O INTRÉPIDO GENERAL CUSTER DE Raoul Walsh com Errol Flynn, Olivia de Havilland e Anthony Quinn.
Nada a ver com o verdadeiro Custer, mas ora, isto é cinema! O grande cinema dos anos trinta, uma aventura que une ação, romance e humor e nunca perde o ritmo. Walsh foi um dos inventores do filme de aventuras. Errol está em um de seus grandes dias, seu Custer é delicado, suave, meio tolo, e mesmo assim é totalmente heróico. Um dos grandes filmes de seu tempo. DEZ!!!!!!
UMA CIDADE QUE SURGE ( DODGE CITY ) de Michael Curtiz com Errol Flynn, Olivia de Havilland e Bruce Cabot.
Western sobre o progresso corrupto do oeste. Flynn faz um caçador que luta contra os poderosos. Mais um dos grandes filmes de Flynn. Os westerns que ele fez são tão bons quanto os melhores de Wayne ou Cooper, mas têm o modo Errol de ser, são mais educados. DEZ!!!!!


MASTROIANNI/ SOPHIA/ 1941/ JOSH BROLIN/ ANTHONY QUINN/ DEANNA DURBIN

   GI JOE, RETALIAÇÃO de Jon M Chu com Channing Tatum e Dwayne Johnson
A equipe é traída pelo governo. Aquelas coisas, voce disfarça a patriotada com alguns politicos "do mal". O enredo é primário, mas a ação é bem ok. Dá pra ver sem se irritar. Depois de dois minutos terminado voce não lembra de mais nada. Não é exatamente isso que o povo quer? Nota 3.
   O PREÇO DE UM COVARDE de Andrew V. McLaglen com James Stewart, Dean Martin, Raquel Welch e George Kennedy
Martin é um ladrão. Pego pelo xerife é salvo da forca pelo irmão, Stewart. O xerife, que é um puritano, os persegue pelo deserto. Os bandidos levam Welch com eles, como refém. Stewart e Martin formam um boa dupla. Um já velho e bom moço, o outro amargo e rebelde. Concordo com Tarantino, Dean Martin foi um ator subestimado. O filme é legal e de todos os westerns de McLaglen que vi, diretor que erra muito, é o melhor. Bela diversão! Nota 7.
   1941 de Steven Spielberg com Dan Akroyd, John Belushi, Toshiro Mifune
É o filme que quase destruiu a carreira de Spielberg. Caríssimo, foi um hiper fracasso de bilheteria e de crítica. É um comédia histérica e muito sem graça. O humor parece aquele de meninos de 11 anos. Mais que grosseiro, ele é bobo. Bons atores são desperdiçados e atores ruins ganham papéis grandes. Após os sucesso de Jaws e de Close Encounters, Spielberg se dava mal. ET seria sua salvação na sequência. Fuja!
   UM RAIO DE SOL de Henry Koster com Deanna Durbin, Charles Laughton e Robert Cummings
O maravilhoso ator inglês Charles Laughton faz um milionário que está morrendo. Seu filho apresenta uma desconhecida como sua noiva ( ele não encontra a noiva verdadeira que está fazendo compras ). O velho se apaixona pela falsa noiva. O filho precisa manter a farsa. Henry Koster, o diretor do sublime Harvey, faz aqui aquilo que fazia melhor, filmes para se sentir bem. Tudo é artificial, falso, ingênuo? Que bom! Porque não podemos crer em nossa própria ingenuidade? Durbin foi a atriz que salvou a Universal da falência nos anos 30. Aqui, adulta, ela exibe sua leveza etérea de sempre. O filme é uma delicia. Nota 7.
   A 25# HORA de Henri Verneuil com Anthony Quinn e Virna Lisi
Quinn faz mais uma vez Zorba. Impressionante! Não conheço caso de ator que ficou mais preso a um grande papel. Após 1964, quando fez Zorba, Quinn passou trinta anos fazendo variações sobre Zorba. Aqui ele é um romeno que na segunda guerra é confundido com um judeu. Vai preso. Depois o confundirão com várias "raças" até que ao final vai a julgamento como um nazista!!! O filme é tão improvável, tão absurdo que se torna até cômico. Uma bobagem gigantesca. Ah! No começo Quinn dança! Como Zorba, claro! Nota 4.
   SOLARIS de Andrei Tarkovski
Poucos filmes mexeram tanto comigo. Ele me deixou muito introspectivo, triste, me sentindo isolado. A verdade é que me identifiquei com o personagem central. O filme fala das coisas que mais me absorvem: tempo, memória, amor e imaginação. É um filme chato, preciso dizer isso. Mas que consegue nos dar alguns momentos de beleza sublime. Romântico então, verdadeiramente romântico. Nota 9.
   CAÇA AOS GANGSTERS de Ruben Fleischer com Josh Brolin, Ryan Gosling, Sean Penn e Nick Nolte
Pessoas que nada entendem de filmes falaram que este era um film noir. Onde? É um filme de gangster! O filme noir tem um homem sózinho, confuso, tentando desvendar um mistério. O filme de gangster, que foi criado em 1930 com Scarface e Public Enemy, fala de grupo de tiras lutando contra uma organização criminosa. É este o caso. E devo falar que é um bom filme. O roteiro é bastante fraco mas ele é salvo pela direção cheia de ritmo e sem frescuras de Ruben. Josh Brolin é perfeito. Tem voz e rosto de homem, passa a sensação de verdade. Já Ryan está no filme errado. Parece um menino vestido com o terno do pai e fumando escondido. Sean Penn imita De Niro em seus piores dias. Parece Dustin Hoffman em Dick Tracy. Mesmo assim este filme, de visual lindo, diverte e nunca cansa. Um adendo: Que época é esta em que vivemos? Cenas de violência são mostradas em detalhes pornô e cenas de sexo são feitas com lingerie e puritanismo. Why? Porque sexo só pode existir em filme "doentio"? Sempre vindo em embalagem de mal, de distúrbio e de doença? Porque seios, bundas e pênis nunca surgem em filmes alegres, leves e pop? Mas corpos dilacerados e sangue jorrando podem? Welll....Dito isto, este filme vale um 6.
   UM DIA MUITO ESPECIAL de Ettore Scola com Sophia Loren e Marcello Mastroianni
Quase um milagre. Scola consegue fazer um filme tristíssimo que não entristece. Um filme hiper dificil que nunca aborrece. Um filme tipo teatro que não parece sufocar. Ele se passa em dois apartamentos e a trilha sonora é feita pelos sons do dia em que Hitler veio visitar a Itália de Mussolini. Sophia é mãe de filhos fascistas e tem um marido do partido. Marcello é um homossexual que foi expulso do trabalho por não ser " marido, pai e soldado". Os dois se conhecem e uma mudança acontece nela. Ou não? Scola dirige com uma delicadeza exuberante. Toda cena é suave, dolorida, desbotada. Nos assustamos com um fato: Como pode aquilo ocorrer? Todos, alegremente fascistas, comentando a beleza de Hitler, a sabedoria do Duce. Bem, falo agora dos dois atores. Sophia é uma grande atriz. Nas cenas finais ela comove em sua derrota. Ela está vencida, presa, humilhada. Mas é Marcello que atinge o sublime. Nunca assisti um retrato tão perfeito de um homossexual. Em cada movimento de suas mãos, de seus olhos, percebemos sua homossexualidade, sem caricatura, sem exagero, sem nada de ofensivo, natural. Quanta melancolia naquele homem, quanta raiva muda. Lembro que em 1977 ele concorreu ao Oscar e o perdeu para Richard Dreyfuss em The Goodbye Girl. Dreyfuss estava ótimo, mas isso aqui é histórico! Um belo filme. Nota 8.

SODERBERGH/ JACKIE CHAN/ TONY CURTIS/ ROBERT RODRIGUEZ/ BRAD PITT/ OLIVIER

   VIVO PARA CANTAR de Frank Ryan com Deanna Durbin
Em 1999 Haley Joel Osment, eu juro, foi chamado de gênio. O menino do Sexto Sentido era tido como "o maior talento infantil da história do cinema". Anna Paquin recebera a mesma dádiva alguns anos antes e na época Matrix era considerado na Set "o maior filme da história dos filmes". Nada como o tempo para colocar tudo nos eixos. Matrix é encalhe de sebos, Paquin luta por papéis na TV, e Joel.... sei lá. Atores infantis costumam quebrar a cara quando crescem. Judy Garland, Natalie Wood e Jodie Foster são os únicos que tiveram como adultos o mesmo sucesso de crianças. Roddy MacDowall também teve uma boa carreira adulta, mas como criança ele era bem mais. Deanna Durbin foi uma big star aos 14 anos. Cantava e tinha uma imagem simpática, calorosa, do bem. Mas aqui, já adulta, dá pra se notar a proximidade do fim. Ela se tornou "comum". Sem grande diferencial. Sabiamente ela largou o cinema e foi viver na França. Poupou seus fãs de assistir seu ocaso. Ela era ótima, mas este filme é um lixo. Nota 1.
   O ESCUDO NEGRO DE FALWORTH de Rudolph Maté com Tony Curtis, Janet Leigh, Herbert Marshall e Barbara Rush
Finalmente lançam este DVD no Brasil!!! Um dos mais reprisados filmes da Sessão da Tarde dos anos 70, é surpreendentemente bom. Maté foi um grande diretor de fotografia. Começou com Dreyer e foi para Hollywood onde dirigiu alguns filmes médios. Este é seu melhor. Tony Curtis era lançado a época como a nova estrela da Universal. Ele funciona em aventuras muito bem. Faz aqui um tipo estourado, meio bronco. O filme fala de jovem, estamos na idade média, que é o filho de um nobre arruinado sem o saber. Vai para a corte, onde é hostilizado por jovem nobre e ajudado por velho mestre de espadas. Eu não sei porque o filme me lembrou muito Star Wars. De qualquer forma, ele é alegre, movimentado, muito colorido. Boa amostra do antigo filme juvenil, do antigo filme "B", que hoje seria tratado como filme "A". Nota 7.
   EL MARIACHI de Robert Rodriguez
Eis o primeiro filme de Rodriguez, famoso na época por ter sido feito com a grana de um carro. Ele é pobre, claro, tem uma fotografia miserável, mas é cheio de ação, clima e promete aquilo que seu diretor faria em seguida. Filmes pop levados com leveza e rapidez. Vale conhecer. Nota 5.
   FÚRIA DE TITÃS de Desmond Davis com Judi Bowker, Laurence Olivier, Claire Bloom e Maggie Smith
Não se empolgue com os nomes veneráveis de Olivier, Bloom e Maggie Smith. Muito menos com os efeitos de Ray Harryhausen. É uma insuportável aventura mitológica sobre Perseu etc... Incrivelmente ruim, até os efeitos de Ray estão ridiculos. A magia que ele criava antes, aqui está perdida. O ator central é um dos piores já vistos. A câmera insiste em dar close de seu rosto e tudo o que ele faz é ajeitar os cachos dos cabelos e aumentar seu biquinho. Olivier é Zeus. Porque, ao fim da carreira, ele aceitava filmes tão ruins? Vaidade? Grana? Pior: este lixo foi refilmado no ano passado com o mesmo nome. Pra que? ZERO!!!!
   HORA DO RUSH 2 de Brett Ratner com Jackie Chan e Chris Tucker
O cinema americano não soube usar os talentos de Chan e de Chris. Assim como ocorreu com Jim Carrey, os executivos os rotularam de "astros para filmes ligeiros" e fim. Jackie Chan merecia aventuras mais caras, mais ambiciosas ( mas talvez nessas aventuras ele fosse sufocado em efeitos digitais ) e Chris merecia filmar mais, muito mais. Este filme, delicioso, é aquele que voce já sabe: os dois vão para Hong Kong, se envolvem com máfia e depois tudo se resolve nos EUA. Eu queria mais, mais lutas, mais piadas, mais duração. Mas é um filme legal para dias de tédio. Nota 6.
   SET UP de Mike Gunter com 50 Cent, Ryan Philippe e Bruce Willis
Muito rap, massacres, vida de cão na prisão, guitarras, tiros e mal caratismo. Que lixo é isto? Como é possível que uma coisa que já foi tão nobre como o cinema, possa agora, como uma rameira sifilica ou um traficante de veneno produzir algo tão do mal, com intensões tão ruins. Ele glorifica a bandidagem, a violência, a vida sem moral alguma. Depois não venham reclamar do rumo que o mundo toma. Bruce se especializou em pequenos papéis "especiais" de chefões do crime. Morro de saudades do "bom e velho" Duro de Matar. Ali tínhamos ação com boas intenções, humor e tiros, explosões e suspense. Nada disso aqui. ZERO!!!!!!
   PÁGINA OITO de David Hare com Bill Nighy, Rachel Weisz, Judy Davis e Michael Gambom
Bom filme inglês. Bill, sempre sério e elegante, é um velho funcionário da segurança britãnica. Ele descobre que o primeiro-ministro tornou-se conivente com a politica americana de tortura e combate ao terror. Mais que isso, que há uma outra agência de segurança dentro do governo, mais imoral, mais corrupta, para agenciar as coisas desse ministro. O filme mostra sua intenção: a Inglaterra é agora apenas um apêndice dos EUA. Bill Nighy é um agente à velha moda, ético, trabalha para o país, para o defender de inimigos e não para acomodar interesses globais. Amargo e com final dúbio, é um digno veículo para um bom ator. Rachel faz uma vizinha ativista da causa árabe. Seu papel, melhor do que parece, é que faz com que Bill se mova. Não sei se esse filme foi exibido aqui. Nota 7.
   ONZE HOMENS E UM SEGREDO de Steven Soderbergh com George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts, Elliot Gould e Andy Garcia
Revejo-o após dez anos. O filme tem poucas semelhanças com o original de Sinatra. O que fica de mais próximo é o aspecto cool da produção. Temos um fascinante desfile de roupas elegantes, cenários bonitos e figurantes bem dirigidos. A trilha sonora de David Holmes é exuberante, ninguém hoje faz trilhas sonoras melhores. Vejo o filme, excelente, e penso que ele é uma bela amostra daqueles filmes espertos feitos por volta de 1960, com seus ladrões amorais e seu clima chique. Nos extras do DVD, Soderbergh fala de Golpe de Mestre ( um espetacular filme com Paul Newman e Redford que ganhou melhor filme em 1973 ), e mais, atrás de Soderbergh há um poster de um filme: Bande a Part de Godard. Um filme com Anna Karina que trata de roubo. O que tem Bande a Part? É o nome da produtora de Tarantino e agora surge no escritório de Soderbergh...filme influente é assim que se revela... Voltando, dá pra notar um monte de furos no roteiro, o plano não é assim tão genial; mas a coisa é muito bem dirigida e tudo o que sentimos durante o filme é prazer. George Clooney está em casa, nasceu para esse tipo de papel. Mas Brad Pitt está ainda melhor. Seu rosto é pura diversão. É este filme que exibe melhor o tipo de filme pop que eu adoraria ver mais na Hollywood de hoje. Absolutamente sem erros. Nota 9.

TYRONE POWER/ HENRY FONDA/ ROBERT RODRIGUEZ/ JERRY LEWIS/ BRUCE WILLIS/ DEANNA DURBIN/ RED DOG/ LANTERNA VERDE

   PRIMEIRO AMOR de Henry Koster com Deanna Durbin e Robert Stack
No começo da década de 30 todos os estúdios de Hollywood, com excessão da MGM, estavam no vermelho. Reflexo da crise de 29 e dos salários absurdos dos deuses do cinema silencioso. A Paramount, que foi a companhia mais ameaçada, foi salva graças a De Mille e aos musicais de Jeannette MacDonald. A Warner se salvou com seus filmes de gangster com James Cagney ou Edward G. Robinson, a Columbia se safou com os filmes de Frank Capra, a Fox com westerns baratos e temos a Universal que deveu sua salvação a filmes de monstros, tipo Drácula e Frankenstein e a descoberta da estrela juvenil Deanna Durbin. Eu nunca havia visto um filme dela, este é meu primeiro. Deanna me conquistou só com um olhar. Ela não é bonitona ou glamurosa, é comum, banal, simples, mas é simpática. O que a define é uma simpatia doce, sem nada de forçado, anti-artificial. Voce olha pra Deanna e sente uma imensa vontade de a proteger. Dizem que foi ela quem criou essa coisa chamada de "teen americana", que antes dela adolescente era pequeno adulto. Não sei e não creio muito nisso. O que interessa é que este filme, uma atualização da história de Cinderela, é muito agradável, gostoso de ver, encantador até. Ele é como um bom sofá, uma lareira, um amigo, nos dá paz, tranquila fruição. Existe algum tipo de filme hoje que ainda procura ser essa coisa calma, plácida e feliz? Deanna Durbin foi uma das maiores estrelas dos anos 30. Começou aos 14 anos sempre em filmes que exibiam seus dotes vocais ( ah, ela canta divinamente ). Quando começou a ficar adulta teve a inteligência de largar o cinema, casou-se e foi morar na França. Viveu mais de 90 anos, e espero que tenham sido anos muito felizes. Deanna mereceu. Nota 7.
   DÚVIDAS NO CORAÇÃO de Sidney Lanfield com Tyrone Power e Sonja Henie
No cinema hiper pop dos anos 30, quando surgia um campeão do esporte logo se pensava em transformá-lo em star. Assim foi com Weissmuller como Tarzan, com Buster Crabbe como Flash Gordon, Esther Willians e suas piscinas musicadas e com a campeã de patinação Sonja Henie, uma norueguesa muito má atriz, mas que por ter uma imagem tão sorridente e pouco pretensiosa, deu muito certo por alguns anos. Aqui ela é uma professora que sem querer se torna uma estrela do cinema. O legal do filme é que ele mostra o processo de construção de uma estrela: os romances forjados, a falsidade das biografias. Tyrone Power ao contrário de Sonja, foi uma estrela no cinema do começo ate´sua morte nos anos 50. Tyrone era um ator apenas razoável, mas era bonito, elegante e podia tanto ser um industrial de Boston como um cowboy do Texas. Seu rosto, meio latino meio irlandês ( na verdade ele era totalmente irlandês ), comportava uma gama imensa de caracteres. Aqui, bastante jovem, ele faz um tipo que James Stewart faria alguns anos depois, o jovem ambicioso e atrapalhado que se revela um bom coração. Um filme que se deixa ver, exemplo da linha de produção dos anos 30/40. Nota 6.
   BLOQUEIO de William Dieterle com Madeleine Carroll e Henry Fonda
Fonda tinha uma caracterísitca que às vezes me irrita: ele era sério demais. Parece que tudo nele tinha de ser relevante, comprometido, nobre. Em filmes como O Jovem Lincoln ou Consciências Mortas esse modo de Henry Fonda ser, casa a perfeição com a obra. Mas em outros filmes esse seu jeito bom demais, correto demais parece fora de lugar. Este filme, uma bagunça esquisita, uma produção sem rumo, que fala sobre a revolução espanhola, é muito desagradável. Madeleine, que era um atriz deliciosa, é uma espiã dos fascistas, Fonda é um comunista que luta pela  causa. O filme, feito durante a própria revolução, termina com um apelo ao mundo. Fonda se volta ao público e pergunta: Onde está a consciência do mundo? A mensagem do filme é clara, o mundo deixou que a Espanha fosse massacrada, mal sabia o mundo que a consequencia seria Hitler. Que a Espanha era um campo de treino para o exército nazi. Mas em que pese sua visão e o fato de Dieterle ser um ótimo diretor, as coisas aqui são tão sérias e tão politicas que a diversão vai pro espaço. Nota 4.
   O QUINTO ELEMENTO de Luc Besson com Bruce Willis, Gary Oldman, Chris Rock, Ian Holm e Milla Jovovich
Claro que já vi este filme N vezes. E após alguns anos o revi nesta semana. E mais uma vez me diverti. É uma comédia juvenil ao estilo dos seriados bobos dos anos 40. Nada é sério e tudo é uma fantasia sem compromisso com nada. Toda produção de HQ deveria ter este espírito. Besson dá um belo visual cafona a tudo, é um futuro colorido, gay, festivo, purpurinado. Gaultier cuidou do visual e se percebe em sua mistura de cafonice com luxo tecno espacial. Os efeitos digitais aqui ( 1995 ) ainda não haviam dominado toda a produção, então há algo de humano neste mundo brilhoso. Bruce Willis sabe unir tudo, sabe ser engraçado e heróico ao mesmo tempo. Ele tempera o filme com olhares de ironia e atitudes de bronco. Inteligente, ele sempre foi um ator muito mais inteligente do que os críticos perceberam. Chris Rock faz um DJ baseado em Prince. Comediante maravilhoso, até hoje ninguém entendeu porque sua carreira não engrenou. Talvez ele seja amoral demais. Asssistir este filme bobíssimo é como ver um grande desfile de escola de samba ou um belo jogo de futebol, uma baita diversão. Nota 7.
   MOCINHO ENCRENQUEIRO de Jerry Lewis
Um amigo escreveu reclamando da critica que fiz a Jerry postagens atrás. Acho que não deixei claro que gosto muito de Jerry. Cresci vendo seus filmes na TV. Tardes em que eu, meu irmão, minha mãe e minha tia chorávamos de rir vendo seus filmes. Para mim, então, os criticos franceses estavam certos, Jerry era um gênio. O cara produzia, escrevia, interpretava um ou dois filmes por ano, e sempre era engraçado. Os americanos iam ver seus filmes, mas achavam risivel os franceses, Jerry na América era apenas um humorista, jamais um gênio. Pois bem, vendo seus filmes agora percebo que as duas visões são corretas e erradas. Jerry não era apenas um humorista, era um muito criativo cineasta. Seus filmes são criações de uma mente original. Então, sim ele é um autor. Mas ao mesmo tempo ele erra muito. Demais até, e piadas que poderiam ser excelentes são estragadas por sua ambição sem freio. Minha critica é a de que Jerry hoje não tem graça, mas, sobrevive como um diretor original e cheio de boas ideias. De qualquer modo, este filme, sobre um empregado de estúdio de cinema, nos dá a chance de ver a Paramount em seus interiores e tem ao menos uma piada hilária, a cena no elevador é muito boa. Nota 6.
   RED DOG de Kriv Stenders
Nos anos 70 um cão se tornou famoso no norte da Austrália. Era um cão sem dono, que vagava por meio continente e que era adotado por toda cidade. Essa história real foi filmada em 2010, produção australiana que ganhou prêmios locais. É óbvio que não passou no Brasil, mas vale muito a pena baixar. Todo mundo sabe que sou louco por cães. Mas me revolta a ruindade da maioria dos filmes com cachorros. Eles humanizam os bichos, fazem com que eles falem, tenham expressões faciais de humanos, se tornem crianças espertas ou pior, santos sofredores. Não é este caso. Red Dog é todo o tempo um cão. Nada de gracinhas, nada de olhares de gente. O filme, passado entre mineradores do sertão, é como cinema um filme muito bom. E em seu final, sem apelar muito, é profundamente emocionante. Não me recordo de filme com cachorro melhor que este. É ao mesmo tempo um filme estradeiro, uma comédia sobre broncos, uma descrição de uma região do mundo que ninguém conhece e uma lição sobre amizade. Adorei. Nota 8.
   O INCRIVEL HOMEM QUE ENCOLHEU de Jack Arnold
Clássico cult de sci-fi. Baseado num conto de Richard Matheson, acompanhamos a saga de  um homem que ao sofrer radiação no mar, começa a encolher dia a dia. O filme é muito, muito triste. O desespero do pobre sujeito nos desespera. Não há cura e ele se torna um anão, um boneco e logo um inseto. Até o final do filme, belissimo, em que ele chega ao nivel das bactérias e encontra a paz. Dá sim pra chamá-lo de pequena obra-prima. Não faz a menor concessão, nada ali pode o salvar. Filme barato que é hoje um dos gigantes de seu tempo. Nota 9.
   WINTER, O GOLFINHO de Charles Martin Smith com Harry Connick Jr., Ashley Judd, Kris Kristoferson e Morgan Freeman
Smith foi ator nos anos 80, Conta Comigo por exemplo. Tem se revelado um muito bom diretor. Sensível sem nunca parecer apelativo. É outra história veridica. Aqui é sobre golfinho ferido que é ajudado por equipe de aquário na Flórida. Há menino timido que encontra seu lugar no mundo, mãe abandonada, doutor bonachão. Tudo cliché, mas nada disso atrapalha a beleza das imagens e o encanto da história. O golfinho verdadeiro está vivo e pode ser acompanhado pela internet. A proteção animal é uma das melhores coisas do nosso mundo tecnológico. Se voce tem filhos este é o filme certo! Nota 7.
   LANTERNA VERDE de Martin Campbell com Ryan Reynolds
Vou falar do porque dos efeitos digitais me incomodarem. Vejo um stuntman dirigir um carro num filme. Me emociono e fico ligado. Vejo um carro digitalizado correr, não consigo atingir o mesmo nivel de adrenalina, Porque? Preconceito meu? Tenho uma teoria. Quando vejo uma cena de luta em filme chinês, ou Statham numa cena de carros, sei que ali há um limite. O limite humano. E a emoção está em ver até onde vai esse limite. Mesmo que existam efeitos digitais ali ( e os há ), a ênfase é na habilidade do homem. Existe suspense porque existe um limite. Isso não ocorre, nunca, em filmes cem por cento em digital. Tudo pode acontecer, e se tudo pode acontecer não existe um limite a ser desafiado. Em Os Eleitos, obra-prima de Philip Kauffman sobre entre outras coisas aviões, vemos Chuck Yeager voar. Ele sobe e sobe e sobe e nosso nervos enlouquecem. Aqui sabemos que o piloto Hal Jordan pode voar até o sol, e daí? Ele pode vencer um destruidor de mundos como quem dá um chute numa bola.  O bom do filme é o visual do espaço, mas o que dizer de uma aventura sem emoção? E ainda com todo aquele cliché de herói que se humaniza, de bandido que é enlouquecido pelo poder, de menina que ama o cara mas não admite isso....quantos bocejos!!!! E de humor, de fantasia pura, de inesperado, nada.... Nota 2. ( há piores ).
   A BALADA DO PISTOLEIRO de Robert Rodriguez com Antonio Banderas, Salma Hayeck, Steve Buscemi, Quentin Tarantino, Joaquim de Almeida e Danny Trejo
Adoro Robert. Adoro a trilha sonora, adoro as cores, as mulheres, a loucura, o humor escrachado, a atitude rocknroll. E adoro esse lado humorista de Banderas, um ator que nasceu para ser engraçado e que pouco encontrou papéis a sua altura. Ele pode fazer uma coisa que é das mais dificeis, ser engraçado e ao mesmo tempo sedutor, ser ridiculo sem perder a elegancia. Nesta terceira revisão o filme me lembrou muito Yojimbo de Kurosawa. Aliás, acho que Yojimbo se gravou no sub-consciente de Rodriguez e Tarantino. Salma nunca esteve tão bonita e o filme é uma deliciosa diversão. Explosão de sangue, elegancia e muito sol. Nota 7.