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FLOAT ON
Da batida da bateria, galopando em sonho, às vozes, cada uma em um registro, Float on dos The Floaters, é uma obra prima POP mágica. Eles realmente conseguiram criar um ambiente sonoro em forma de sonho, onírico. Os instrumentos ao fundo decolam suavemente e nosso espírito vai junto. Lembro de ouvir essa canção de madrugada, aos 15 anos, lá por 1977, e me sentir levitar. E além do caráter de sonho, tudo nela é sexy, é sedução, delicadeza ousada. Tivesse sido composta por algum nome mais estabelecido, um Marvin Gaye, um Al Green, esta canção receberia elogios sem fim. Ela foi um grande sucesso em seu tempo mas hoje é apenas nostalgia de quem a conheceu na época. Não é revisitada por quem hoje tem 30 anos por não ser canção de grife, repertório de nome histórico. Não sabem o que estão perdendo. Os grandes tesouros do POP são sucessos de gente que teve um estouro e desapareceu depois. Float On é uma das melhores canções já gravadas.
DISCO MUSIC, O MAIS ODIADO ESTILO MUSICAL DA HISTÓRIA. POR QUE?
Um cara escreve quais são as 150 piores escolhas do Rock n Roll Hall of Fame. Corajoso. George Harrison está na lista. O autor diz que depois de 1970 ele nada fez que justifique sua importância. Algumas escolhas discordo: Queen e Deep Purple. Ele diz que ambos só têm duas boas canções. Acho essa uma visão muito americana do rock. Mas o bacana o texto é sua defesa da disco music. Ele fala que se é para premiar Duran Duran ou Depeche Mode seria muito melhor premiar New Order e DISCO MUSIC. Kc and The Sunshine Band por exemplo. Não leitor, ele não está sendo irônico. Ele destaca a extrema competência festeira de KC. Bom vocal, excelente instrumental, hits aos montes. Mas a questão é: Por que disco é tão odiada? ----------------- Em 1980 um artigo elogioso da Rolling Stone, o único, dizia que disco era odiada por ser latina. Era o único estilo latino e gay no POP e isso despertava aversão ao rock. Uma frase desse texto nunca esqueci: o rock estuprava, o disco seduzia. No rock o ato de amor sempre parece infantil e por isso pornô. No disco ele é adulto. Era música de quem transava, por isso a raiva juvenil. -------------- Continuo concordando com o texto e acrescento: disco nunca pagou tributo ao rock e isso lhes foi ofensivo. Gente do rock gravou disco music, mas gente do disco nunca tentou parecer rock. Quando o RAP surgiu foi considerado uma piada, até que em 1985 RUN DMC gravou rock, pagando tributo ao estilo. Logo veio Beastie Boys usando John Bonham como base. Isso deu respeitabilidade ao RAP. Era como se o estilo pedisse para ser parte da história oficial. No Disco isso nunca foi feito. Os artistas disco sempre ignoraram o rock, era como se eles nem existissem. Isso foi insuportável para as bandas dos anos 60-70. Por isso já em 1979 foi feito um violento cancelamento do estilo discoteque. O disco era chamado de burro, escapista, pobre em melodia, feito por robots, uma vergonha. ----------------- Uma bobagem dizerem isso porque acabo de ouvir alguns hits disco e mais uma vez me delicio com a técnico apurada de músicos sensacionais. É alegre, é bonito, é elegante, é uma folia. Parece que a raiz do ódio era mesmo a inveja.
A VIDA NUNCA FOI UMA LUTA ENTRE HEAVY METAL E PROG ROCK.
Sem a intenção, ouvi esta semana um bando de discos nada cool que exemplificam o que foi realmente o rock predominante dos anos 70. Vou botar um por um como faço com os filmes que vejo na semana:
OFF THE WALL - MICHAEL JACKSON
Produzido com genialidade por Quincy Jones, este disco, uma obra-prima, melhor disco de MJ, anunciou em 1979 a chegada de uma nova década. Vendeu 12 milhões de lps e o escuto com muito, muito prazer. Quincy cria uma cama rebolante de guitarras, teclados e metais, e coloca em destaque uma bateria e um contrabaixo que são guias de um paraíso. Em cada faixa há uma multidão de sons, de pequenas harmonias, de timbres metálicos. É esse o tipo de som que Bowie, Ferry, Gabriel e um imenso etc passariam os próximos dez anos tentando reproduzir.
12 GREATEST HITS - NEIL DIAMOND
Nos anos 70 este era o Neil famoso e não o Young. Compositor de vários hits nos anos 60, nos 70 ele canta e compõe em seus próprios discos. Ele nada tem a ver com rock. Ele é pop, no sentido popular do Elvis final, de BJ Thomas, de Lobo, dos Bee Gees, do ABBA.. Tem uma voz linda, a banda é o tipo de top de estúdio e suas canções são hinos, feitas para erguer a alma. Brega, bonito, muito bem feito. Esta é o tipo de música que mais vendia na época.
GG - GARY GLITTER
Gary foi um acidente. Gorducho, feio e já meio velho, ele estourou na Inglaterra em 1971, no meio do Glam. Vendeu muito por dois anos e então decaiu. Nunca foi aceito nos EUA. Este disco de 1975 tenta renovar seu apelo. Na época o glam já era e Gary faz o mesmo que Bowie e Ferry faziam então, canta soul music. O único problema é que sou exige boa voz e Gary não sabe cantar. Talvez seja o mais tolo disco já gravado. Mas eu me divirto pacas quando o escuto.
BORN TO BE ALIVE - PATRICK HERNANDEZ
A minha geração não nasceu para ser wild. Nasceu para ficar viva. Este disco é uma obra-prima. Disco atemporal, as linhas de ritmo são usadas até hoje, quase 40 anos depois !!!!! Um hino gay, um hino hedonista, uma grande festa. Uma das minhas canções de todos os tempos.
GOES TO HELL - ALICE COOPER
Em 1976 se acreditava que o rock pesado era coisa do passado. Então Alice lança este disco esquisito. Acompanhado por uma banda diabólica, a mesma de Lou Reed, ele canta cabaret, funk, valsa, rock e até balada. Foi um fiasco na época, eu gosto muito.
YEAR OF THE CAT - AL STEWART
Doce menestrel escocês, rei de FMs, o cara do bom gosto. Esse tal de bom gosto foi uma praga do rock dos anos 70. Era música rock feita com bons instrumentistas, cantando letras adultas, em gravações com som apurado. Tudo empacotado com acordes de piano, solos de sax, violões estradeiros e clima de fim de noite. Era o som do Steely Dan, Chicago, Fleetwood Mac, Paul Simon, James Taylor...soft rock, o som contra o qual o punk americano se rebelou. Ouvir este disco hoje é pura nostalgia. Bonitinho.
CITY TO CITY - GERRY RAFFERTY
O mesmo dito acima vale para este disco. Que vendeu ainda mais em 1977. E que hoje soa pior, chato, banal e bem pretensioso.
QUO LIVE - STATUS QUO
Adoro esta banda! Eles são mitos na Inglaterra e nunca venderam bem nos EUA. Fazem um rock de pub, um tipo de honk tonk sem fim. Todas as músicas são basicamente a mesma, todas são legais. Sobreviveram ao furacão do punk inglês com galhardia.
Well...rock dos anos 70 era predominantemente isto. Discos bem gravados e bem cantados, mas sempre meio apáticos, às vezes sem estilo, feitos em série. Foi o auge da ditadura das gravadoras, auge do LP e do aparelho de som.
OFF THE WALL - MICHAEL JACKSON
Produzido com genialidade por Quincy Jones, este disco, uma obra-prima, melhor disco de MJ, anunciou em 1979 a chegada de uma nova década. Vendeu 12 milhões de lps e o escuto com muito, muito prazer. Quincy cria uma cama rebolante de guitarras, teclados e metais, e coloca em destaque uma bateria e um contrabaixo que são guias de um paraíso. Em cada faixa há uma multidão de sons, de pequenas harmonias, de timbres metálicos. É esse o tipo de som que Bowie, Ferry, Gabriel e um imenso etc passariam os próximos dez anos tentando reproduzir.
12 GREATEST HITS - NEIL DIAMOND
Nos anos 70 este era o Neil famoso e não o Young. Compositor de vários hits nos anos 60, nos 70 ele canta e compõe em seus próprios discos. Ele nada tem a ver com rock. Ele é pop, no sentido popular do Elvis final, de BJ Thomas, de Lobo, dos Bee Gees, do ABBA.. Tem uma voz linda, a banda é o tipo de top de estúdio e suas canções são hinos, feitas para erguer a alma. Brega, bonito, muito bem feito. Esta é o tipo de música que mais vendia na época.
GG - GARY GLITTER
Gary foi um acidente. Gorducho, feio e já meio velho, ele estourou na Inglaterra em 1971, no meio do Glam. Vendeu muito por dois anos e então decaiu. Nunca foi aceito nos EUA. Este disco de 1975 tenta renovar seu apelo. Na época o glam já era e Gary faz o mesmo que Bowie e Ferry faziam então, canta soul music. O único problema é que sou exige boa voz e Gary não sabe cantar. Talvez seja o mais tolo disco já gravado. Mas eu me divirto pacas quando o escuto.
BORN TO BE ALIVE - PATRICK HERNANDEZ
A minha geração não nasceu para ser wild. Nasceu para ficar viva. Este disco é uma obra-prima. Disco atemporal, as linhas de ritmo são usadas até hoje, quase 40 anos depois !!!!! Um hino gay, um hino hedonista, uma grande festa. Uma das minhas canções de todos os tempos.
GOES TO HELL - ALICE COOPER
Em 1976 se acreditava que o rock pesado era coisa do passado. Então Alice lança este disco esquisito. Acompanhado por uma banda diabólica, a mesma de Lou Reed, ele canta cabaret, funk, valsa, rock e até balada. Foi um fiasco na época, eu gosto muito.
YEAR OF THE CAT - AL STEWART
Doce menestrel escocês, rei de FMs, o cara do bom gosto. Esse tal de bom gosto foi uma praga do rock dos anos 70. Era música rock feita com bons instrumentistas, cantando letras adultas, em gravações com som apurado. Tudo empacotado com acordes de piano, solos de sax, violões estradeiros e clima de fim de noite. Era o som do Steely Dan, Chicago, Fleetwood Mac, Paul Simon, James Taylor...soft rock, o som contra o qual o punk americano se rebelou. Ouvir este disco hoje é pura nostalgia. Bonitinho.
CITY TO CITY - GERRY RAFFERTY
O mesmo dito acima vale para este disco. Que vendeu ainda mais em 1977. E que hoje soa pior, chato, banal e bem pretensioso.
QUO LIVE - STATUS QUO
Adoro esta banda! Eles são mitos na Inglaterra e nunca venderam bem nos EUA. Fazem um rock de pub, um tipo de honk tonk sem fim. Todas as músicas são basicamente a mesma, todas são legais. Sobreviveram ao furacão do punk inglês com galhardia.
Well...rock dos anos 70 era predominantemente isto. Discos bem gravados e bem cantados, mas sempre meio apáticos, às vezes sem estilo, feitos em série. Foi o auge da ditadura das gravadoras, auge do LP e do aparelho de som.
NÓS ERRAMOS E PEÇO PERDÃO ( OUTRA VEZ )
Imagine um cara que em 1977 está ouvindo Lynyrd Skynyrd. E também Led Zeppelin, The Who e Eagles. Então ele vê na TV um negro de um metro e noventa descendo uma escada. Esse negro está maquiado, tem um leque e se move como uma bicha. Que reação esse cara vai ter...Pior de tudo: esse gay canta as alegrias do amor físico. ALEGRIA.
Cena dois. Uma garota é, em 1976, louca por Peter Frampton, Paul MacCartney...então ela vê uma mulher, desajeitada, rebolando como uma prostituta das mais baratas. Ela pede mais sexo, more more more, e pela primeira vez essa menina do rock vê uma puta barata na TV.
Mais uma cena. Dois irmãos do Brasil, que ouvem Stones, Rod e Purple, acham cômico uma música besta que fala de macho man. Mas ao ver o clip num domingo de noite se sentem estranhos...tem uns caras rebolando, um bigodudo vestido de couro preto, um índio meio pelado...que é isso!
Pela primeira vez na história do POP ( se a gente ignorar o jazz, pois o jazz nunca foi POP ), a música do bordel se tornou mainstream. Sim, porque o que mais nos incomodava na disco era o fato de seu amadorismo e seu sexo barato, muito barato. E feliz. No rock sexo é sempre dor, ansiedade ou desafio. Na disco ele era uma noite no puteiro. E esse local tinha além de suas meninas desajeitadas, bichas, muitas bichas alegres e sem vergonha.
Como reagiu o mainstream, eu incluído...COM ÓDIO! Um ódio que voce, que tem hoje 30 anos, não pode nem imaginar... tanto ódio que os fãs chegaram a juntar 3 toneladas de discos de disco e os destruir dentro de um estádio de beisebol. Mas esse ódio era do que...
Alegria, latinos, negros, gays, todos felizes e se exibindo...isso não pode!!!! E a acusação foi aquela de sempre, ISSO NÃO É MÚSICA! Claro, não se podia assumir o preconceito de raça e de sexo...
É música sim! Os caras cantavam e tocavam muito bem e os arranjos, alguns, são coisa de gênio. Longos arranjos de violinos, de baixo e de percussão. Lindo!
Madonna e Prince, espertamente, pegaram tudo da disco, deram um banho de loja e o deixaram aceitável para muitos dos ex raivosos. Mas nos anos 80 já havia algo de neurótico na coisa, a AIDS, a repetição de algo que fora espontâneo, alguma coisa parecia fake em 1986. Hoje, 2017, Beyoncé e que tais continuam a repetir a festa. Mas quanto mais o luxo aumenta menos feliz ele parece.
Em 1976 os loucos tomaram os negócios. Raivosos e idealistas tomaram via PUNK. Deslumbrados e festeiros via DISCO. Foram quatro anos fantásticos! ( Hoje os loucos tomam as rédeas em casa, e isso não causa nada de novo ).
E eu, em 1978, ouvindo Kiss, Aerosmith, perdi a festa...
( Mentira! Eu ouvia disco e ia à Banana Power escondido... ).
Cena dois. Uma garota é, em 1976, louca por Peter Frampton, Paul MacCartney...então ela vê uma mulher, desajeitada, rebolando como uma prostituta das mais baratas. Ela pede mais sexo, more more more, e pela primeira vez essa menina do rock vê uma puta barata na TV.
Mais uma cena. Dois irmãos do Brasil, que ouvem Stones, Rod e Purple, acham cômico uma música besta que fala de macho man. Mas ao ver o clip num domingo de noite se sentem estranhos...tem uns caras rebolando, um bigodudo vestido de couro preto, um índio meio pelado...que é isso!
Pela primeira vez na história do POP ( se a gente ignorar o jazz, pois o jazz nunca foi POP ), a música do bordel se tornou mainstream. Sim, porque o que mais nos incomodava na disco era o fato de seu amadorismo e seu sexo barato, muito barato. E feliz. No rock sexo é sempre dor, ansiedade ou desafio. Na disco ele era uma noite no puteiro. E esse local tinha além de suas meninas desajeitadas, bichas, muitas bichas alegres e sem vergonha.
Como reagiu o mainstream, eu incluído...COM ÓDIO! Um ódio que voce, que tem hoje 30 anos, não pode nem imaginar... tanto ódio que os fãs chegaram a juntar 3 toneladas de discos de disco e os destruir dentro de um estádio de beisebol. Mas esse ódio era do que...
Alegria, latinos, negros, gays, todos felizes e se exibindo...isso não pode!!!! E a acusação foi aquela de sempre, ISSO NÃO É MÚSICA! Claro, não se podia assumir o preconceito de raça e de sexo...
É música sim! Os caras cantavam e tocavam muito bem e os arranjos, alguns, são coisa de gênio. Longos arranjos de violinos, de baixo e de percussão. Lindo!
Madonna e Prince, espertamente, pegaram tudo da disco, deram um banho de loja e o deixaram aceitável para muitos dos ex raivosos. Mas nos anos 80 já havia algo de neurótico na coisa, a AIDS, a repetição de algo que fora espontâneo, alguma coisa parecia fake em 1986. Hoje, 2017, Beyoncé e que tais continuam a repetir a festa. Mas quanto mais o luxo aumenta menos feliz ele parece.
Em 1976 os loucos tomaram os negócios. Raivosos e idealistas tomaram via PUNK. Deslumbrados e festeiros via DISCO. Foram quatro anos fantásticos! ( Hoje os loucos tomam as rédeas em casa, e isso não causa nada de novo ).
E eu, em 1978, ouvindo Kiss, Aerosmith, perdi a festa...
( Mentira! Eu ouvia disco e ia à Banana Power escondido... ).
A MAIS ODIADA DAS MÚSICAS
Tom Smucker dá uma versão perfeita do porque de a disco music ter sido a mais odiada das formas musicais. Sim meu menino inocente, voce pode odiar rock progressivo, country, axé ou funk do Rio, mas saiba que em 1978 as pessoas faziam cerimônias para a queima de vinis de discoteque. Num estádio de beisebol, em Cleveland, milhares de fâs do The Who levaram toneladas de discos e os destruíram. Odiar disco music era uma atitude politica, voce era o tanto de ódio que tinha.
Entrando na adolescência, comigo acontecia algo de muito esquizo. Eu amava rock como jamais amei de novo. Vivia para ele. Mas ao mesmo tempo, e morrendo de vergonha, eu adorava SATURDAY NIGHT FEVER, aprendia passos de disco e me sentia feliz ao escutar YOU AND I ou DISCO INFERNO. Vergonha, vergonha, vergonha...
A versão de Tom Smucker a tanto ódio é certeira.
Primeiro: Disco é o primeiro tipo de música, surgida desde o nascimento do rock, que nada tem a ver com o meio rural. Não tem nenhuma raiz aparente em blues ou country, é urbana, tem cheiro de asfalto, neon e calçadas.
Segundo: Tudo no rock e derivados sempre teve a marca do sofrimento e da raiva. Nada no disco é triste ou raivoso. A alegria no rock sempre tem um jeito de "paz após a tempestade", na disco essa alegria se parece com puro hedonismo. É uma alegria desde sempre. Quanto a raiva, até as canções de amor no rock têm algo de superação do ódio, na disco não existe ódio, o amor é apenas sexo e sexo é celebração. Essa alegria da disco music é insuportável para o rocknroll.
Terceiro e mais importante: A disco nasce do gueto urbano, num meio que mistura negros, chicanos e gays. O rock sempre foi negro, mas o que os brancos amavam é que eram negros revoltados, sofridos, segregados, aqui, como no funk de Sly Stone, há uma negritude feliz, sem raiva, e mais estranho, misturada. A disco music é a primeira música a misturar raças e sexos, a pregar a promiscuidade total. Isso para o rigido e crispado mundo do rock era inaceitável.
Quarto: Smucker diz que a atitude básica do rock é sempre a do macho selvagem. É um comedor enlouquecido ou um macho impotente, mas a visão é sempre centrada na potência. Vikings, cowboys e poetas boêmios, não importa a máscara, a atitude diante das mulheres é sempre a do conquistador. Na disco isso não existe. É surpreendente, mas aqui o homem se feminiliza e tenta seduzir sem conquistar. Ele nunca pega uma mulher, ele a envolve.
Em 1980 comemoraram o aparente fim da disco e não perceberam que ela era pra sempre. Os discos com versões de meia hora se tornaram os remix de sempre, o euro-disco se transformou em Madonna e suas clones, a ênfase na dança e na boate se fez o mundo das raves, e a mistura de raças e sexos fez nascer o pop de agora e de sempre.
Se o punk acelerou e fez simplificar o rock ( mas sendo ainda rock ), a discoteque ignorou todo o rock e deu vida a um novo mundo. Lembrou a todos que música é pra dançar e pra celebrar. Lembrou que ela é festa da taba, da aldeia, é voodoo. Dando toda a ênfase em baixo e arranjos, ela se fez inimiga dos cintura dura e dos cabeças pensantes. Só podia ser eleita inimiga.
Como tudo que vende muito e se faz sempre presente, toneladas de lixo foram produzidas. Mas em meio a todo aquele material insuportável, existe muita coisa genial e que dura desde então, é música de altíssimo nivel. O que me faz lembrar de uma história.
Em 1977, Eno e Bowie viviam em Berlin onde começavam a pensar em gravar. Um dia Eno liga para Bowie e pede para ele sintonizar a rádio .... Bowie sintoniza e Eno lhe diz: "-Preste atenção nisso...esse é o som do futuro". O que Eno e Bowie ouviam era I FEEL LOVE de Giorgio Moroder com Donna Summer.
Nunca um músico teve um palpite tão certeiro.
Entrando na adolescência, comigo acontecia algo de muito esquizo. Eu amava rock como jamais amei de novo. Vivia para ele. Mas ao mesmo tempo, e morrendo de vergonha, eu adorava SATURDAY NIGHT FEVER, aprendia passos de disco e me sentia feliz ao escutar YOU AND I ou DISCO INFERNO. Vergonha, vergonha, vergonha...
A versão de Tom Smucker a tanto ódio é certeira.
Primeiro: Disco é o primeiro tipo de música, surgida desde o nascimento do rock, que nada tem a ver com o meio rural. Não tem nenhuma raiz aparente em blues ou country, é urbana, tem cheiro de asfalto, neon e calçadas.
Segundo: Tudo no rock e derivados sempre teve a marca do sofrimento e da raiva. Nada no disco é triste ou raivoso. A alegria no rock sempre tem um jeito de "paz após a tempestade", na disco essa alegria se parece com puro hedonismo. É uma alegria desde sempre. Quanto a raiva, até as canções de amor no rock têm algo de superação do ódio, na disco não existe ódio, o amor é apenas sexo e sexo é celebração. Essa alegria da disco music é insuportável para o rocknroll.
Terceiro e mais importante: A disco nasce do gueto urbano, num meio que mistura negros, chicanos e gays. O rock sempre foi negro, mas o que os brancos amavam é que eram negros revoltados, sofridos, segregados, aqui, como no funk de Sly Stone, há uma negritude feliz, sem raiva, e mais estranho, misturada. A disco music é a primeira música a misturar raças e sexos, a pregar a promiscuidade total. Isso para o rigido e crispado mundo do rock era inaceitável.
Quarto: Smucker diz que a atitude básica do rock é sempre a do macho selvagem. É um comedor enlouquecido ou um macho impotente, mas a visão é sempre centrada na potência. Vikings, cowboys e poetas boêmios, não importa a máscara, a atitude diante das mulheres é sempre a do conquistador. Na disco isso não existe. É surpreendente, mas aqui o homem se feminiliza e tenta seduzir sem conquistar. Ele nunca pega uma mulher, ele a envolve.
Em 1980 comemoraram o aparente fim da disco e não perceberam que ela era pra sempre. Os discos com versões de meia hora se tornaram os remix de sempre, o euro-disco se transformou em Madonna e suas clones, a ênfase na dança e na boate se fez o mundo das raves, e a mistura de raças e sexos fez nascer o pop de agora e de sempre.
Se o punk acelerou e fez simplificar o rock ( mas sendo ainda rock ), a discoteque ignorou todo o rock e deu vida a um novo mundo. Lembrou a todos que música é pra dançar e pra celebrar. Lembrou que ela é festa da taba, da aldeia, é voodoo. Dando toda a ênfase em baixo e arranjos, ela se fez inimiga dos cintura dura e dos cabeças pensantes. Só podia ser eleita inimiga.
Como tudo que vende muito e se faz sempre presente, toneladas de lixo foram produzidas. Mas em meio a todo aquele material insuportável, existe muita coisa genial e que dura desde então, é música de altíssimo nivel. O que me faz lembrar de uma história.
Em 1977, Eno e Bowie viviam em Berlin onde começavam a pensar em gravar. Um dia Eno liga para Bowie e pede para ele sintonizar a rádio .... Bowie sintoniza e Eno lhe diz: "-Preste atenção nisso...esse é o som do futuro". O que Eno e Bowie ouviam era I FEEL LOVE de Giorgio Moroder com Donna Summer.
Nunca um músico teve um palpite tão certeiro.
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