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CARMEN MIRANDA SPENCER TRACY HILLARY SWANK CLIVE OWEN LIZ TAYLOR

   ENTRE A LOURA E A MORENA de Busby Berkeley com Alice Faye e Carmen Miranda
Um roteiro bobo num musical hiper colorido da Fox. Busby Berkeley era completamente louco. Seus números musicais são imagens de LSD antes da invenção do psicodelismo. Carmen Miranda era genial. O filme abre com Aquarela do Brasil. Emociona. Tem ainda a orquestra de Benny Goodman. E eu adoro Benny! E Edward Everett Horton. Mas o roteiro podia ser um pouquinho melhor... Nota 4
   DÍVIDA DE HONRA de Tommy Lee Jones com Hillary Swank, Tommy Lee Jones e Meryl Streep
Aff...no tempo do oeste, em Nebraska, uma mulher parte sozinha para resgatar mulheres que enlouqueceram em outro estado. O filme é um pé no saco. Hillary faz seu papel de machona, Tommy é um velho esquisito e todo o filme nada tem de atraente ou de novo. Tédio, puro tédio.
   DEPOIS DA VIDA de Hirokazu Kore-Eda
Os países que perderam a guerra tiveram de se reinventar. Mantiveram a tradição, mas ao mesmo tempo zeraram sua história. Li isso no livro sobre o Kraftwerk. Este filme, extremamente chato, extremamente gratificante, é aquilo que o Japão é: uma cultura em construção eterna, ou: o mesmo de sempre se vestindo de novo. Passei todo o filme em quase transe, minha memória trazia de volta coisas que eu achava ter esquecido. É um filme que tem esse poder, ele nos faz mergulhar dentro de nós mesmos. Japonês. Os atores são sublimes.
   POR AQUI E POR ALI de Ken Kwapis com Robert Redford e Nick Nolte
Um filme bem simples. Um velho escritor de viagens resolve fazer uma viagem pelos EUA a pé. Sua esposa, Emma Thompson, só o deixa ir se for com companhia. Ele convida um monte de amigos e nenhum aceita. Mas do passado surge um amigo esquisitão, um bêbado meio sujo. Os dois partem então. Well...a geração baby boomer ficou velha e os filmes geriátricos abundam. Quando minha geração chegar aos 70 esse tipo de filme será maioria. Este é ok. Não é comédia, é apenas um filme leve, tranquilo e alto astral. Redford está um caco. Mas envelhece dignamente. Nota 5.
   A CONFIRMAÇÃO de Bob Nelson com Clive Owen e Maria Bello.
Na verdade é Ladrão de Bicicletas em versão 2016. O que vemos é um pai fracassado perder suas ferramentas de carpinteiro. Com o filho ele parte numa busca por quem as roubou. Emoção zero. O filme é bem bobo. Se a América é hoje desse jeito, estamos ferrados.
   ESPOSA SÓ NO NOME de John Cromwell com Cary Grant, Carole Lombard e Kay Francis.
Melodrama pavoroso! Cary é um homem casado que conhece Carole. Se apaixonam. A esposa de Cary, uma megera, faz de tudo para os separar. Uma pena ver dois atores tão geniais num roteiro tão ruim. O filme é velho, mofado, quase inacreditável.
   A GAROTA DOS OLHOS DE OURO de Jean Gabriel Albicocco com Marie Laforet, Françoise Dorleac e Paul Guers
Em 1961 este filme causou sensação. A fotografia era ousada, esquisita, bela. Hoje ela ainda impressiona...por dez minutos. O filme é insuportável. Uma mixórdia sobre um playboy que se apaixona por uma mulher misteriosa. Tudo contado de um modo truncado, torto, abrupto, bem à moda de então: nouvelle vague. Duvido que alguém consiga o ver até o fim.
   NO CAMINHO DOS ELEFANTES de William Dieterle com Elizabeth Taylor e Peter Finch
Uma inglesa jovem vai morar com seu marido rico no Ceilão. Lá ele se revela um doido. machista e beberrão. E há ainda os elefantes que ameaçam destruir a casa... Este filme dá pra passar o tempo. O cenário é bonito, Liz está linda e a direção faz a coisa fluir.
   A SELVA NUA de Byron Haskin com Eleanor Parker e Charlton Heston
Agora é na Amazônia. Uma moça se casa por procuração e vai à selva encontrar o marido que nunca viu. Ele a trata muito mal e aos poucos os dois se aproximam. Enquanto isso formigas ameaçam a fazenda...Quase a mesma história. Este é pior. Algumas falas são de doer! Eleanor Parker exala desejo por todos os poros...isso é fascinante.
   AMOR ELETRÔNICO de Walter Lang com Kate Hepburn e Spencer Tracy
Numa emissora de TV se instala um computador. As funcionárias não aceitam isso, têm medo de perder o lugar...É 1956, o computador ocupa toda a sala e faz ruídos " de computador". Kate e Spencer são tão bons que a coisa funciona! É um gostoso passatempo. E uma doce curiosidade. O computador é da IBM.

BRIAN WILSON- BOGEY- JASON STATHAM- VINGADORES- JURASSIC- BETTE DAVIS

   OS VINGADORES-A ERA DE ULTRON com os vingadores
Não rola. Ele começa já com ação, desinteressante, e rola ladeira abaixo. A história é sobre um super ser que toma a mente do Homem de Ferro. O filme falha no principal: pouco ligamos para os heróis. O primeiro filme da série era bem bom. Este é uma coisa perdida.
  OS ÚLTIMOS CAVALEIROS de Kaz I Kirya com Clive Owen e Morgan Freeman
Você vai achando que se trata de um gostoso filme medieval. Você quer um pouco de ação, heróis e magia pop. Mas então você descobre que o filme foi feito em Taiwan e que desse modo se trata de uma visão oriental sobre a idade média. E que no oriente não houve uma idade média. E que portanto o que temos é um carnaval de misturas mal feitas que tornam a coisa insuportável. Alguns personagens parecem do século XII, outros são de 1700 e alguns de Star Wars. Os nobres são negros, há ainda samurais e odaliscas. Nem Stan Lee foi tão doido. Pior de tudo, a ação é pífia.
  JURASSIC WORLD de Colin Trevorrow com Chris Pratt e Bryce Dallas Howard
Então vocês acham que sou um snob que não gosta de filmes pop...pois eu gostei muito deste. Os efeitos são ótimos, a mensagem ecológica é boa, a ação é bem dosada. Divertido e com suspense. Eis um filme digno. Pode ver que é bem legal.
  JOGO DURO de Megaton com Jason Statham e Hope Davis.
Um cara que trabalha em cassino ganha e perde uma fortuna. No meio tempo ele se mete em várias encrencas. Um filme de ação com aquele tipo de herói perdedor que era moda nos anos 90. Eu adoro. Jason é o melhor ator para esse tipo de filme. Ele nunca parece perfeito e sua voz demonstra fraqueza. Isso o humaniza. É um filme em que tudo é chavão, mas por causa de sua falta de pretensão nós desculpamos e relaxamos. Muito bom.
  AMOR E MISERICÓRDIA de Bill Pohlad com Paul Dano, John Cusak, Paul Giamatti e Elizabeth Banks.
Desde a obra-prima sobre Dylan é este filme a melhor bio sobre um rock star. Cusak e Dano dão um show fazendo Brian Wilson em idades diferentes. O filme não tenta mostrar tudo sobre o líder dos Beach Boys, ele se detém em dois momentos de sua vida: o auge em 1966 e o inferno nos anos 80. Todas as cenas no estúdio de gravação são fascinantes. O que vemos é um gênio louco criando magia. O filme consegue unir pesadelo à encanto. Brian conheceu o inferno e o psiquiatra feito por Giamatti é um dos piores vilões da história. E creia, foi isso mesmo o que aconteceu... Um filme que emociona e nos deixa nocauteados. Tem de ser visto. ( Cusak tem a melhor atuação de sua vida ).
  FLINT CONTRA O GÊNIO DO MAL de Daniel Mann com James Coburn e Lee J Cobb.
Quando James Bond se tornou em 1963, no seu segundo filme, uma mania mundial, imediatamente os USA começaram a procurar sua versão de 007. Dean Martin foi Matt Helm e James Coburn foi Flint. Os dois são gozações. Os USA não conseguiram jamais levar 007 a sério. A série de Martin é puro esculacho, esta é uma tentativa de ser engraçadinha com alguma dignidade. Não funciona. O filme em 1965 era moderninho e sexy, hoje é apenas museu vivo. James Coburn é um ator carismático, quem o viu em westerns jamais esqueceu, mas aqui ele parece apenas um adulto brincando com teenagers. Muito colorido, muito moderninho, ele parece agora apenas chato.
  O ROMANCE DE UM TRAPACEIRO de Sacha Guitry com Sacha Guitry e Jacqueline Delubac
Guitry foi um star na França dos anos 30. Ator, cantor, escritor, dramaturgo, diretor de cinema e compositor. Fez alguns filmes muito relax e muito originais. Veja esta pequena maravilha....Com humor soberbo, conta a saga de um trapaceiro. Da infância até a idade madura. O filme não tem um só diálogo, ele é todo narrado por ele mesmo, à mesa de um bar. Dessa forma, vemos as cenas enquanto escutamos sua narrativa. O efeito, que poderia ser chatérrimo, funciona muito bem. Os motivos: a história é excelente e a voz de Guitry é charmosa. O filme tem cenas sensacionais e dá um prazer imenso. Como sempre falei, a França fez os mais metidos e chatos filmes da história. E também os mais leves e bonitos dos filmes. Este é um souflé! Nota 9.
  3 ON A MATCH de Mervyn Leroy com Joan Blondell, Ann Dvorak, Bette Davis e Humphrey Bogart.
De 1932, da Warner, o filme conta a história de 3 amigas de escola. Uma vira cantora, outra vira manicure e outra alcoólatra. O filme é mal desenvolvido. O roteiro é bem tolo. O mais interessante é que Bette Davis, ainda uma novata, faz escada para Ann Dvorak e Joan Blondell. Pior ainda é Bogey, que aparece só em duas cenas, já fazendo o tipo de bandido que ele tão bem sabia fazer. Os dois parecem de outro mundo em meio a um filme tão datado. Parecem atemporais. Há um menino neste filme, que deveria parecer doce, que me deu instintos assassinos!
 

STALLONE/ CARY GRANT/ SCARLETT/ ALAIN DELON/ DEPP/ KIDMAN

DIÁRIO DE UM JORNALISTA BÊBADO de Bruce Robinson com Johnny Depp
Muito, muito ruim. Depp está numa ilha do Caribe. Décadas atrás. Ele bebe, trabalha em jornal tosco, se envolve com bando de corruptos que pretende lotear a praia e ama a garota de figurão. Isso tudo, diz o filme, é baseado em Hunter Thompson. Onde? Uma chatice. Nota ZERO.
HEMINGUAY E MARTHA de Philip Kaufman com Nicole Kidman, Clive Owen e James Gandolfini
Esqueça a fidelidade histórica. Este não é Heminguay! Clive se esforça, mas o filme retrata Papa Heminguay como um alcoólatra meio chato, meio machista e nada verossímil. De qualquer modo o filme é dirigido para a personagem Martha Gelhorn, a terceira mulher do escritor e talvez a que ele menos entendeu. Uma jornalista forte e dura, mas não tão maior que Ernest Heminguay. O filme, feminista, pinta Martha como espiritualmente mais dotada que o escritor...bobagem! De qualquer modo é emocionante a recriação da revolução espanhola. O filme deveria ser só sobre isso, a guerra civil da Espanha. São momentos de grande cinema. Inclusive com a recriação das filmagens do grande Joris Ivens e de um tal de Capa perambulando por lá. Claro que Capa não era tão garoto, mas é sempre legal ver isso. Kaufman um dia fez uma obra-prima, Os Eleitos ( the right stuff ), baseado em Tom Wolfe. Depois fez a insustentável levez do ser, um belo filme, e o interessante henry e june. Como se vê, o interesse desse ex assistente de Clint Eastwood é a cultura, a boa cultura. Isso faz com que em seu pior ele seja muito pedante. Como aqui. De qualquer modo, na média o filme é ok. Nota 6.
A PISCINA de Jacques Deray com Alain Delon, Romy Schneider, Maurice Ronet e Jane Birkin
Quer saber o que seja o chic francês? Veja este filme. Ele repete a dupla masculina de o sol por testemunha e quase consegue atingir o alto nível da obra de René Clement. A história: um casal recebe a visita de um amigo. Ele vem com a filha. Forma-se a tensão. Todo filmado numa casa de campo, o chic de que falei não se mostra na casa ou nas roupas, ele existe nos corpos, nas cores, no modo como o filme é conduzido. Deray dirige matematicamente. Tudo cronometrado, exato. Devagar, mais rápido, devagar, súbito. Uma delicia de filme, um terço final inesperado e um Alain Delon no auge de seu carisma. Nota 8.
RED HEADED WOMAN de Jack Conway com Jean Harlow
Um filme impudico dos anos 30. Jean é uma secretária que seduz o patrão para ficar rica. Consegue e casa com ele. Depois seduz um outro mais rico. Consegue. E por aí vai. Nada moralista, bem dirigido, curto, foi um sucesso mas não é um grande filme. Ele tem humor, mas nunca grande humor. No mais, Jean Harlow, que foi um sex symbol famosíssimo na época, e que morreu jovem de uma apendicite, é das grandes estrelas da época a que envelheceu pior. Ainda conseguimos entender o porque da fama de Garbo e de Marlene, ainda sentimos a força de Kate e de Bette Davis, além do que Myrna Loy e Carole Lombard estão incólumes em 2014, mas Jean Harlow não. Ela parece muito antiquada. Seu apelo se foi. De qualquer modo é um filme razoável. Nota 5.
ANÁGUAS A BORDO de Blake Edwards com Cary Grant e Tony Curtis
Foi um grande sucesso em 1960. O primeiro grande sucesso de Blake, que faria na sequência breakfast at Tiffanys e a série da pantera cor de rosa. Foi mais um grande sucesso de Cary Grant, que aqui provava ainda ser uma estrela, e foi a confirmação de Tony Curtis, o novo Cary Grant que nunca deu completamente certo. Fala de um submarino na segunda-guerra. Uma sucata que é reformada pela tripulação e que depois dá carona a um grupo de mulheres marujas. Uma comédia agradável, mas não mais hilariante. De qualquer modo vemos excelentes atores ( Cary é hors concours ), um clima de alto astral e boa direção. Nota 7.
SOB A PELE de Jonathan Glazer com Scarlett Johansson
Scarlet é linda de doer. E a nudez anunciada é pudica. O filme não tem como ser pior. Me lembrou o filme de Nicolas Roeg, o homem que caiu na terra, aquele com David Bowie. Mas este é bem mais chato e vazio. Tudo nele transpira e anuncia: arte. Uma gororoba pretensiosa de quem sonha em ser Kubrick e mal pode lamber as botas de John Carpenter. Fuja! ZEEEEEEEROOOOOOO!
AJUSTE DE CONTAS de Peter Segal com Stallone, Robert de Niro,  Alan Arkin e Kim Basinger
De Niro é um ex-boxeador convencido e fanfarrão, Sly é seu ex-rival, um cara modesto que quer esquecer o passado. Kim Basinger, ainda bonita, é a mulher que dividiu os dois. Uma revanche é marcada. O filme é absolutamente tolo. Nada faz o menor sentido. Mas há algo de bom, os atores levam tudo no bom-humor, Eles não levam o filme a sério também. Dá pra ver em video, como alguma coisa pra se ver antes do jantar. Não ofende e não dá pra lembrar de nada depois de dois dias. Nota 5.
OS MERCENÁRIOS 3 de Patrick Hughes com Stallone, Mel Gibson, Harrison Ford, Antonio Banderas, Jason Statham, Wesley Snipes, Schwarzenegger...
Imagina esse elenco em 1994!!! Há um erro aqui, a graça razoável dos dois primeiros estava no trabalho em equipe. Mas aqui Sly faz quase tudo sozinho! É uma exibição narcisista que relembra o Sly descontrolado dos anos 80. O filme não é ruim em seu gênero, mas ele nada tem que nos faça torcer. Mel Gibson quase rouba o filme como um odioso bandido. Nota 3.

MULHERES APAIXONADAS/ REGINALDO FARIAS/ WILLIS/ CLIVE OWEN/ BATMAN/ PIRATAS PIRADOS

   MULHERES APAIXONADAS de Ken Russell com Alan Bates, Glenda Jackson, Oliver Reed
A prosa de DH Lawrence desaparece aqui. E nem poderia ser diferente. Como levar para a tela a profusão de ideias, de imagens e de pensamentos tortuosos que abundam no livro? Lawrence é infilmável. Ken Russell tem aqui o momento mais famoso de sua carreira ( concorreu a Oscar de direção ). Seu estilo se faz presente: exagerado, ácido, desagradável, sem nenhuma noção. E estranhamente fascinante. Não esquecemos de suas imagens. Há uma profusão de cores, de gritos, de cenas fortes, de tentativas apaixonadas. O filme, como o livro, que é o melhor de Lawrence, fala de dois casais: um par de amigos e uma dupla de amigas. Eles se conhecem e se envolvem. Glenda está magnífica. Para quem não sabe ela foi a grande atriz da época ( 1969/1976 ),  no auge da fama abandonou o cinema para fazer politica na Inglaterra. Neste filme ela é Gudrun, a mulher que na década de 20 quer viver plenamente. Alan Bates, um de meus atores ingleses favoritos, é Birkin, um homem insatisfeito, rebelde, livre, que se envolve com a amiga de Gudrun. Oliver Reed faz o ricaço e violento amigo, que se apaixona por Gudrun. Necessário dizer que o filme passa longe do convencional. Nenhum casal chega ao namoro normal. Todos se comportam como loucos, como bichos ou como queria Lawrence, humanos estéreis em alma. O que me fez pensar no seguinte: Como o mundo mudou em dez anos! Um filme como este seria impossível em 1959. Cheio de cenas de nú frontal masculino,´tem a famosa cena dos dois amigos lutando boxe pelados. Lawrence escreveu um livro sobre a sede por um novo mundo. Lawrence queria um novo sexo, novas relações e nova religião. O filme de Russell não passa perto disso. É mais um tipo de histerismo abobado sobre um quarteto doido. Mas é um bom filme. Irritante, inflado, pedante, e forte. Nota 7.
   CRUPIÊ de Mike Hodges com Clive Owen
Em 1971 Mike Hodges fez um dos melhores filmes do cinema inglês: Get Carter, onde Michael Caine fazia um bandido extra-cool. Era uma pelicula que antecipava o cinema de Danny Boyle e de Guy Ritchie em 25 anos. Em 1973 Hodges fez o fascinante Homem Terminal, uma sci-fi cabeça que fracassou. E então sumiu. Já com 65 anos, ele volta em 1998 e faz este filme sobre um observador. O crupiê é um escritor que se coloca à parte da vida. Para ele existem dois tipos de humanos: os jogadores e os crupiês. Os jogadores vivem, jogam, se arriscam. O crupiê observa, vê o que rola. Mas o filme, fascinante, vai além disso. Ele segue regras, não mente, gosta de coisas bem feitas, corretas. Se parece muito com um cavaleiro medieval, e creio que é assim que ele se vê, um tipo de cavaleiro etéreo, com seu código de honra rigido. Hodges mostra aqui seu absoluto dominio de imagem. O filme é soberbo. Tenho absoluta convicção de que Mike Hodges foi um grande diretor. Nota 8.
   POSSESSÃO de Neil LaBoute com Gwyneth Paltrow e Aaron Eckhart
O filme se passa entre ratos de bibliotecas. Vemos livros, manuscritos raros, estantes repletas. É o mundo fechado dos eruditos, dos pesquisadores, dos amantes de letras. E paralelamente se mostra a vida de poetas românticos de 1850. É o ambiente que mais adoro. Mentalmente é onde vivo.  Mas tenho de confessar a verdade: fora isso o filme nada tem a dizer. Fica sendo um tipo de Ghost para ratos de biblioteca. Não tem um porque, não faz sentido, não emociona. É um absoluto fiasco. La Boute sempre foi um enganador. Nota 2.
   CÓDIGO PARA O INFERNO de Harold Becker com Bruce Willis e Alec Baldwin
No cinema em 1998 já era fraco. Em dvd agora é quase um nada. Bruce, de quem gosto, vinha do mega sucesso de Sexto Sentido e fez este policial bobo, filme que tenta criar emoção com as figuras de um policial decadente e uma criança autista. A trama é muito fraca, pior, inverossímil, e Bruce não pode usar o que tem de melhor, seu humor. Becker foi um dia uma promessa...fez pluft...Nota 3.
   PIRATAS PIRADOS de Peter Lord
Animação sobre piratas bem doidos. Divertidíssimo! O filme é uma explosão de bom-humor e de gozação saudável. Leve e colorido, ele cumpre plenamente seu propósito: fazer rir sem jamais parecer grosso. Os tipos são todos bem delineados e as tiradas funcionam em tempo exato. Mais uma grande animação.  7.
   BATMAN de Leslie H. Martinson com Adam West e Burt Ward
Quem em criança viu Batman jamais irá conseguir levar a sério um herói de malha justa e capa negra de morcego. É uma figura ridicula, seja aqui ou seja com Tim Burton/ Chris Nolan. Este é o longa que nasceu com o sucesso da série de TV. Visto hoje ele é chato pacas. Nota 3.
   ASSALTO AO TREM PAGADOR de Roberto Farias com Reginaldo Farias
Um grande sucesso do cinema brasileiro e uma aventura que ainda funciona muito bem. Um trem é assaltado. Acompanhamos o destino dos assaltantes. O ambiente é a favela. O filme faz pensar: o que mudou? Estão lá os barracos e o povo mal vestido. A diferença é que hoje a favela não tem mais o jeitão rural que tem aqui. Vemos árvores e porcos nas vielas e muita criança pelada. Hoje a violência cresceu, os barracos têm TV e geladeira. Uma mudança de atitude: aqui todos querem sair da favela, têm vergonha de viver nela. Hoje há um orgulho, uma "alegria" por ser favelado ( da comunidade ). Isso significa o que? Aumento de auto-estima ou comodismo? Eu não sei. Um fato: em mais de 40 anos elas continuam lá. O povo que lá vivia em 1966 lá continua. O filme tem ação e drama, é bom. Nota 6.
   O MONGE de Dominik Moll com Vincent Cassell
Lixo. Num mosteiro um monge milagreiro se envolve com sexo. O mal invadiu o lugar, em quem esse mal vive? Logo percebemos que o mal está no monge que lá foi criado. Não espere nada de sério. O filme tem um tom pomposo, mas é raso como um pires. Pior de tudo, é chatíssimo! Nota ZERO.

CLINT EASTWOOD/ JEWISON/ HELEN MIRREN/ DE NIRO/ HUMPHREY BOGART/ TRUMAN CAPOTE/ JENNIFER JONES

   CAÇADOR BRANCO de Clint Eastwood
É o filme em que Clint faz o papel de John Wilson, diretor de cinema que parte à Africa para fazer um filme. É lógico que esse diretor é John Huston e que o filme é UMA AVENTURA NA AFRICA. Em 1989 foi este o filme, feito após Bird, que calou a boca da crítica que via em Clint um mero Charles Bronson que dirigia. O filme é belíssimo e tem uma grande interpretação do Eastwood ator. Nota Dez.
   ROLLERBALL, OS GLADIADORES DO FUTURO de Norman Jewison com James Caan
Eu odiei muito este filme! E o pior é que ele foi refilmado recentemente ( e foi um fiasco outra vez ). Fala de um futuro onde grandes corporações dominam tudo. E regem um esporte, o Rollerball, tipo de patinação onde vale tudo, inclusive matar. Jewison, que fez alguns bons filmes nos anos 60, erra feio aqui. Tem todo um pseudo-clima de 2001, uma seriedade tola, um visual pessimista e personagens desinteressantes. Um trombolho insuportável. Fuja!!!! Nota Zero.
   A TEMPESTADE de Julie Taymor com Helen Mirren, Chris Cooper, Alfred Molina, Djimon Noujou, Tom Conti e David Strathiam
Tenho uma enorme dificuldade para falar deste filme. O motivo principal é que sou apaixonado pela peça de Shakespeare. A Tempestade é uma sinfonia de poesia com algumas das mais belas falas já pensadas por um homem. É um texto canônico. Pois bem, Taymor toma algumas liberdades com a peça. Primeiro transforma Próspero em Próspera. Helen Mirren faz o papel. O mago que domina uma ilha se torna maga. Ok. Mas... porque? Segunda mudança: Miranda, a filha de Próspero/a vira uma magrelinha típica de filmes como Crepúsculo. E é óbvio que tanto Ariel como o amado de Miranda usam rostos e roupas de filmes teen. São todos péssimos. O filme abusa de efeitos especiais, luta para ser atraente aos jovens novos- românticos- tristinhos. Se torna um tipo de Shakespeare vampiro- pop. Em papéis menores, bons atores, atores que fiz questão de citar. E uma criação maravilhosa de Djimon Noujou, um Calibã cheio de lama e de ira, meio bicho, que domina o filme. Observe o modo como ele olha, como ele move o corpo. Uma pena o resto do filme não acompanhar esse nível. Julie Taymor faz concessões sobre concessões. Nota 3.
   OS ESPECIALISTAS de Gary McKendry com Jason Statham, Robert de Niro e Clive Owen
Os filmes de ação têm dois problemas hoje. O primeiro é a falta de vilões "aceitáveis". Os bandidos não podem ser mais simples comunas ou ladrões do terceiro mundo. Uma série de tabus, de leis do politicamente correto impede a criação de bandidos que não sejam parte do próprio país produtor do filme. Assim, os vilôes hoje são sempre parte de alguma corporação americana ou de algum grupo de ex-agentes ocidentais. Aqui os vilões são ex-soldados ingleses. Usando isso, faz de conta que o filme é "consciente". Eu prefiro a liberdade escapista de antes, os bandidos eram do mal e pouco importava de onde eles vinham ou de que raça haviam surgido. O segundo problema é aquele que aflige todo filme de ação desde que o cinema existe, a incompreensão do público "inteligente". Desde os anos 20 que filmes de ação são chamados em seu tempo de descerebrados, para trinta anos depois serem chamados de clássicos. Foi assim com Raoul Walsh, com Hawks, com Curtiz e com Hitchcock. Foi assim com Spielberg e Ridley Scott. Em seu tempo todos são chamados de vazios ou infantis, depois de algum tempo se descobre seu charme, sua eficiência, seu apelo. Creia-me, o western em seu tempo era tratado como lixo, assim como os filmes de pirata e de espiões. Hoje são o melhor do passado. Dito isso, este filme nunca será um clássico e jamais se tornará um novo Bullit ou Dirty Harry. Mas me divertiu e me deixou ligado. Jason nasceu para ser o "solitário", o cara que se vira sózinho. De Niro, pasmem, está aceitável como um velho assassino. É bacana ver em meio aquelas rugas e barba branca o velho olhar de MEAN STREETS. É o homem que fez Taxi Driver!!!! E temos Owen, que insiste em seu olhar de pedra e voz de robot. Funciona. Mas continua a me incomodar estes tempos em que assassinos assumidos são aceitos como "heróis". Matar é bonito? É cool ? Nota 6.
   O DIABO RIU POR ÚLTIMO de John Huston com Humphrey Bogart, Jennifer Jones, Robert Morley, Gina Lollobrigida e Peter Lorre.
Vejo pela terceira vez o muito famoso filme escrito por Truman Capote para John Huston. Foi o maior fracasso da vida de Huston ( que é cheia de fracassos ), é o grande "magnífico fiasco". Mas aconteceu algo de surpreendente com o filme, e com o tempo, a partir dos anos 70, ele foi criando uma fama de cult, de filme adiante de seu tempo, de modernismo radical. Hoje é chamado de obra-prima. Não é. É uma coisa estranha, carnavalesca, viva. De alegria estremada, fala de grupo de malandros, que ancorados na Itália, tentam dar golpes. É famoso o modo como ele foi feito. O roteiro era escrito por Capote no hotel, noite adentro, Huston pegando as folhas e as filmando pela manhã. Bogart nada entendia e acabou por brigar com Huston ( Bogey era o produtor e perdeu muito dinheiro com o filme ). Jennifer Jones está maravilhosa, de peruca loura, fazendo uma mentirosa obsessiva que seduz Bogey e é traída pelo marido. Todos os atores estão excelentes e são tipos engraçadíssimos. O filme é cheio de cenas hilárias. Há um naufrágio, árabes no deserto, policiais italianos e cenas de pastelão. Uma festa, mas... há algo nele que não funciona. As cenas não se grudam umas as outras, o filme parece não andar. É estranho, o filme é fascinante, nada intelectual, leve e alegre, mas ao mesmo tempo ele é truncado, sem rumo, vago. Sem dúvida um dos mais originais. Nota 7.

CLIVE OWEN/ JET LI/ ERROL FLYNN/ JOHN WAYNE/ BILL MURRAY

MANDANDO BALA de Michael Davis com Clive Owen, Paul Giamati e Monica Bellucci
Tiros e tiros e tiros. Sem socos ou pontapés. Sobre um cara de mal-humor que protege um recèm-nascido de pessoas que querem o matar. É milésima homenagem a Fervura Máxima de John Woo ( talvez o filme de ação mais importante dos anos 90 ). Me incomoda essa mania atual de assexualizar tudo. Podemos ver sangue e tripas a vontade, mas nas duas cenas de sexo os atores estão vestidos!!!! Pelo jeito sexo é mais "pecado" que violência.... Mas o filme é legal. Acaba sendo um Robert Rodriguez à inglesa, ou seja, menos caliente. Clive é muito bom para esse tipo de papel e Davis tem ritmo e humor, o filme na verdade é uma comédia. Fracasso de bilheteria ( porque será ? ), é pura diversão escapista. Várias vezes recordei o cinema mudo. Malabarismos visuais, truques de imagem e diálogos irrelevantes. Quem poderá negar ser esta a verdadeira alma do cinema ? O filme de ação não seria o tal cinema puro, livre de diálogos teatrais e de afetações literárias ? Pois um filme como este só pode ser cinema : ele é inviável sobre um palco e impossível como romance. É este pensamento que expresso aqui que explica a grandeza de Hawks ou Ford, filmes que são cinema puro, obras que só podem existir como luz e ação. Este filme, divertidíssimo é sim bom cinema. Nota 7.
ROBIN HOOD de Michael Curtiz com Errol Flynn, Olivia de Havilland e Claude Rains
Versão definitiva do mito. Curtiz é o diretor de Casablanca. O filme, em explendoroso colorido, é bastante infantil. Robin é uma criança alegre. Deve-se assisti-lo como se assiste um cartoon da Disney. Flynn está perfeito: belo, sorridente, atlético. Ele e Olivia formavam um casal perfeito, ela era a pura lady esperta. Longe de ser o melhor filme de Errol, dá pra se ver. Nota 6.
O BEIJO DO DRAGÃO de Chris Nahun com Jet Li
Produção de Luc Besson. Ou seja, Paris como um inferno, fumaça saindo de bueiros, um vilão psicótico, tolices sem fim. A violência chega a ser revoltante. Para que tanta pornografia ? Jet Li tem pouco carisma, mas luta bem. Há cenas de bela coreografia. Mas o enredo é tolo demais, bastaria uma ida a embaixada e tudo se resolveria ! Nota 5.
ROMEU TEM DE MORRER produção de Joel Silver com Jet Li, Bridget Fonda, Burt Kuwok
Aqui quem produz é Silver, o cara de Matrix. Portanto, lutas chinesas e fotografia com sombras. Mas é um filme chato. O herói é muito fraco e os vilões são pouco ruins. Nota 2.
AS AVENTURAS DE DON JUAN de Victor Sherman com Errol Flynn e Viveca Lindfors
Na primeira parte, pura chanchada, o filme é delicioso. Juan é um conquistador compulsivo, irônico, meio decadente. Flynn dá um show de humor. Mas então ele se torna inconvincente aventura séria e Juan transforma-se num chato apaixonado. Uma pena. Nota 5.
BIG JAKE de George Sherman com John Wayne e Maureen O'Hara
É um dos últimos filmes de Wayne. Veterano, ele brinca com sua idade na história de um pai que volta ao lar para salvar neto que foi raptado. Os filhos vão com ele. Wayne cativa com seu carisma gigantesco, mas o roteiro ( dos autores de Dirty Harry ) se perde, não tem ritmo ou suspense. Vale só pelo velho Duke. Nota 4.
13 de Gela Babluani
Penso que fazer um filme de arte ruim é sempre mais fácil que fazer uma comédia ou uma aventura ruim. Eis aqui um filme cheio de "arte". Fotografia cinzenta, personagens deprimidos, ação lenta, falas enigmáticas. E, é claro, história contada de trás pra frente. Sobre pessoas fracassadas que são convocadas para roleta russa. Lixo da pior espécie, talvez seja o mais medíocre filme que já assisti. Nota muito muito ZERO !!!!!!!!
GHOSTBUSTERS de Ivan Reitman com Bill Murray, Sigourney Weaver, Dan Aykroyd, Harold Ramis, Rick Moranis, Annie Potts
Murray está preguiçoso, cool, sujo e irônico. Dan faz o seu tipo nervoso, Weaver está belíssima e Ramis é o nerd. Ainda tem Moranis como o bobalhão e um fantasma que vive no freezer. Que mais voce pode querer ? Porque a comédia é tão pouco levada a sério ? Por não parecer nobre ? Ivan Reitman é pior que seu filho Jason ? Após um filme como 13, assistir os Caça Fantasmas é uma dádiva. Se os efeitos ruins hoje incomodam, os atores nos entregam presentes e jóias de satisfação. Um filme que dignifica o cinema popular. Nota 8.
GHOSTBUSTERS II
Mesma equipe, quatro anos depois. O sucesso de bilheteria foi ainda maior, mas o filme é pior. Chega a ser chato. Nota 4.