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PORQUE EU CHAMO JJ CALE DE HEROI?

Basta olhar pra ele. Basta ver a profunda elegância de seu estilo na guitarra. Basta ouvir o timbre da sua voz. Voz de quem parecer ter visto muito, gostado de pouco e partido. Basta perceber a concisão de suas histórias. Basta saber que menos é sempre muito mais. Heroi porque ele é tudo isso e muito mais: Cowboy que não faz propaganda de sua masculinidade. Poeta viril. Em todas as fotos, mesmo ao lado dos amigos, dos fãs, gente como Clapton, Neil Young, Mark Knopfler, John Mayer, e sua esposa Christine, mesmo no meio de todos eles, observe, ele está sempre olhando para o outro lado, pés direcionados para fora, mais que sozinho, pronto para partir. Basta esta história: O show de Dick Clark era o top dos USA e ele e sua banda iam se apresentar. Era o momento, ele ia virar um star. JJ chega e começa a ligar os instrumentos. Então um produtor diz, PARE CARA, VOCES VÃO APENAS DUBLAR. Quando chega a hora dele, Dick Clark em pessoa desce ao estacionamanto: Cade o JJ? Tá indo embora no seu caminhão! JJ!!!!! Onde voce tá indo? Embora....eu toco música, não fico movendo os lábios que nem palhaço... Depois dessa NUNCA MAIS gravadora apostou nele. Mas nada de choro...JJ seguiu e lançou mais uns 20 discos...sem choro, sem culpar executivos. FOI SUA ESCOLHA. FIM.

JJ Cale - Stay Around (Official Music Video) VIDEO NOVO DO HEROI

WHY J.J. CALE.

   Fiz aniversário ontem. Ainda não sou um velho, mas estou na meia idade. Isso é incrível porque, ao contrário do que pensava, envelhecer não dói, e mais incrível ainda, não me deixa triste. Talvez porque toda minha curiosidade pela vida se mantenha intacta.
 Quando a gente envelhece deixa de escutar certo tipo de música. Ao contrário das outras artes, livros e filmes que prefiro ler e ver continuam sendo os de sempre, a música feita para jovenzinhos deixa de me atrair. Tente entender, não falo de música feita hoje, falo do espírito com que ela é feita. Assim como não consigo ouvir um novo mocinho falando da pureza do primeiro amor, ou do futuro do mundo; também não consigo mais escutar Duran Duran ou os primeiros Beatles sem me sentir fora de lugar.
  Quero dizer que o tipo de rock que agora me atrai, além das velhas trips nostálgicas de sempre, é um certo tipo de som que cheira a experiência, uma voz que pareça já ter visto muita coisa, um certo cansaço, mas sem nenhuma preguiça. JJ Cale é exatamente isso.
  Veja um disco como este Okieh, de 1974. Tudo aqui é calma, tranquilidade, mas nunca a tranquilidade zen ou superior; é antes a visão e o som de alguém que está sentado sobre experiências que foram já refinadas. É como se Cale tivesse filtrado seu som e sua vida, e nos desse o necessário, apenas aquilo que realmente vale a pena.
  Seus vocais são assim: econômicos. Ele é rouco, sussurra, canta o que pode, mas sem esforço nenhum. Então digo que ele canta como quer. Canta apenas o mínimo dentro do menor esforço possível. Um grau abaixo e seria o silêncio, um grau acima e teríamos energia demais. A guitarra, única, esse som foi criado por ele, vai no mesmo caminho: todo solo termina deixando um desejo: queremos mais, e mais não vem. Por isso é o som do meio do caminho.
 Não sei se Okieh é seu melhor disco. Ele tem mais de sete melhores discos. É um dos grandes. E é de uma falta de ambição completa. JJ aprendeu que se deve fazer o que se pode e não o que se quer.
 JJ Cale se chamava John Cale e usou o JJ pra não ser confundido com o galês do Velvet. Começou numa banda de psicodelia e em 1970 lançou seu primeiro disco: Naturally. Clapton gravou no mesmo ano After Midnight, e fez de Cale um cult. Até morrer Cale gravou um disco a cada dois anos, às vezes a cada três. Todos parecidos, todos bons, alguns geniais. O conheci em 1985, com Grasshopper, que é de 82. Talvez seja seu the best.
 Se voce achar JJ muito comum, ou muito simples, esquenta não. Ouve outra vez daqui a dez anos. Sua opinião vai mudar.

Eric Clapton & Friends - Call Me The Breeze (Official Music Video)



leia e escreva já!

THE BREEZE, AN APPRECIATION OF J.J. CALE...ERIC CLAPTON AND FRIENDS.

   Na classificação de Ezra Pound, Eric Clapton seria um mestre e não um criador. Ao contrário de Jeff Beck e Jimmy Page, Eric nunca se preocupou em criar, seu negócio foi aprender, superar e divulgar seus ídolos. Aqui ele paga tributo a um dos maiores, o certeiro JJ Cale, um rei da guitarra econômica.
   Eric veio de toda aquela coisa blue. Ele, Peter Green, Mick Taylor, Jeff e Jimmy, Keith, Pete. Todos branquelos sonhando com o Mississipi e New Orleans. O Cream era a amplificação dessa vertente. Robbie Robertson desviou o rumo de Eric. Quando ele ouviu The Band sua vida mudou. A guitarra passou a ser mais refinada, sutil. Numa entrevista ele conta: Meu objetivo não é ser o mais rápido. É conseguir tocar uma só nota. A nota perfeita. A segunda mudança de Eric foi a descoberta da voz e da canção, isso via Stevie Wonder. Foi então que a presença de JJ Cale se tornou mais forte. Stevie Wonder trouxe voz e inspiração, JJ trouxe estilo, solos, climas. Essa sopa deu em Eric solo. 
   JJ Cale morreu em 2013. Pouco antes ele e Eric haviam gravado seu primeiro disco em dupla. Uma obra-prima de amizade, de troca, de rock`n`roll. Agora em 2014 Eric lança este cd só com músicas de Cale. São 16 faixas curtas com a participação de Tom Petty, Mark Knopfler, John Mayer e Willie Nelson. Nada disso, não é um desses impessoais discos de homenagens. A coisa aqui é intimista, discreta, como foi JJ Cale. O cd é obrigatório. 
  Raras vezes Clapton tocou tão bem. E impressiona o modo como todos cantam com a voz à JJ Cale. Até a voz de Tom Petty fica rouca como a do grande músico da Flórida. Guitarras dialogam com brilho, naquele estilo agudo, cigano que JJ popularizou. Disco feliz, disco que comprei hoje e que escutarei pelo verão afora. 
  Para quem não conhece, JJ Cale foi um cara influente que jamais estourou. De 1967 a 2013 foi uma longa e discreta carreira. Gravou bastante e esse seu estilo é discreto, simples, sinuoso, sofisticado e delicado. Sem jamais deixar de parecer viril. JJ Cale fazia música de homem, e sempre com ternura. Voz rouca e grave, seus discos exalam calor. O som de Cale é tropical, chuvoso. Ele combina com praia, estrada, carros grandes e camisas havaianas. E com uma noite de mojitos, de varanda com charuto, com lembranças. É sexy sem jamais ser exibido. Discreto sempre.
  Acho que ele teve uma boa vida. Encontrou um estilo único e o desenvolveu ao limite. Não procure nele a inquietação de Kevin Ayers por exemplo. JJ é o mestre que trabalha sobre seu molde. Perfeccionista. 
  Pena que nunca mais haverá um novo disco dele. 

CANÇÕES DE AMOR SÃO COMO AMAR O AMOR

   Para ninguém achar que eu escuto apenas Roxy e Ferry quando penso no amor ( isso está longe da verdade ), comento aqui, ou melhor, deliro aqui, sobre as músicas que me levam a esse mundo onde tudo voa ( como mostra o mais belo dos quadros, aquele de Chagall em que ele visita Bella Chagall ).
   O nascimento da minha percepção de que canções são hinos ao amor exibo na postagem abaixo. Gostaria que voces lessem o texto e que vissem os dois vídeos. E em meu sonho amoroso gosto de pensar que o garoto no video de Rod Stewart sou eu aos 9 anos. Aquelas imagens sintetizam toda a minha infância.
   Infância...O amor é um rememorar da infância e sei que o sexo é o brinquedo de adulto. A gente troca o autorama pelas comédias fantasias da cama. Casais em amor são crianças. Graças aos céus! São sinceros e verdadeiros, a minha babaquice infantil e adorável eu só mostro para quem eu amo. Têm elas feito o mesmo para mim. Nosso maior presente é nossa ingenuidade.
   Discos desse universo...Lloyd Cole and The Commotions. É tão belo que chega a doer. Violões e violinos, as músicas realmente voam. Rattlesnakes é um disco perfeito. E tudo soa a amor. Lembro também de Prefab Sprout com o disco que se chama Steve McQueen. É pop chic típico dos anos 80, mas é lindo demais. Marcou época. E se é pra falar dos anos 80 falo do Human League que nos deu Dare! um disco que voa entre suspiros e o Yazzo que trouxe Nobody's Diary.
   Mudo de clima e de mundo. The Crystal Ship dos Doors é uma das mais belas canções assim como Catch the Wind de Donovan. Nesse mundo hippie abundam canções sobre amor. O Traffic tem várias, assim como Hendrix. The Wind Cries Mary é uma das mais perfeitas. A gente levita quando a escuta.
   Várias vezes em que estive em êxtase amoroso escutei Happy dos Stones a todo volume. E já cantei Ruby Tuesday na rua bêbado. Happy dá tanta alegria por se saber dentro da loucura do amor!
    Bob Dylan é um caso a parte. Simple Twistof Fate é sobre ser adulto. Aliás, no mundo do amor, Dylan é a figura adulta. Ele sempre luta para não ser infantil. Sorria mais Bob! Outro geminiano é Brian Wilson e God Only Knows é algodão doce. Feito por um gênio da doçura.
    Não posso esquecer de Van Morrison. Astral Weeks é soberbo. Não se parece com nada. É alma falando com alma. Etéreo. Se anjos cantassem soariam terríveis e belos como Morrison. Ou como Annie Haslam em Ashes are Burning.  Ou Sandy Denny.
    Sei que nem todas essas canções falam de amor, mas o sentimento quando te toma faz com que toda bela música seja sobre o amor. Aquele concerto de piano de Mozart, o 20, é sobre amor. E talvez seja a mais bela obra já pensada e realizada sobre o tema. Ou sobre todo tema possível.
    Kevin Ayers tem montes de músicas amorosas. Gemini Child é das maiores. Kevin foi amoroso todo o tempo. Vivia em estado de apreciação. Alcoólica, carnal e amorosa. Ele continuou a tradição hedonista de poetas britãnicos que saíam da ilha fria atrás do sol do Mediterrâneo. E amavam até morrer. Kevin foi um gigante.
    Forever Changes talvez seja o melhor disco de rock sobre o amor. Arthur Lee ultrapassa tudo e chega ao auge da inspiração. A obra-prima é tão vasta, tão complexa que se torna inesgotável. Caleidoscópica. Não por acaso sua banda se chamava Love.
   Chris Isaak teve um auge de dez anos. Entre 1988 e 1998 ele foi o cantor do amor. E como canta bem! Nesse perídodo eu o escutei como um vicio. Amor dos anos 90, cheio de bossa, de referências ao passado. Estradeiro e ingênuo. Suave, sexy, lindo.
   E foi nessa década que descobri o amor adulto. E com ele veio aquele repertório que nada tem a ver com o rock. Sinatra, Chet Baker, Astaire, Crosby, Ella, Billie, Doris Day... o tesouro da canção popular americana: Cole Porter, os Gershwin, Rodgers e Hart, Irving Berlin... Bewitched, Night and Day, Never Gonna Dance, Funny Face, September Song... tantas jóias que me mudaram. Quando as descobri muita coisa do rock deixou de ter gosto para mim.
   Tento evitar falar do mundo da black music. Os gênios negros falam do amor como ninguém. Demonstram soberbo conhecimento. Marvin Gaye, Otis Redding, Smokey Robinson, Temptations, Aretha, Teddy Pendergrass, Al Green...a sensação é a de que eles são professores de amor.
    E há David Bowie. Ladystardust, Life on Mars, Wild is The Wind, Rock'n'Roll With Me, Sorrow, tanta coisa sobre amor, dor, ilusão, reconciliação, tempo, desejo, sexo, sonho...Não existisse Ferry seria Bowie o crooner do amor, mas ao contrário de Bryan, que parece viver pela musa, Bowie sempre parece viver pelo palco. Seu gênio para a canção de amor é imenso, mas não é exclusivo, ele sempre é dúbio.
   De quantos mais discos posso falar! J.J.Cale tem Grasshopper, um disco todo sobre um flerte e um amor. É dos meus mais queridos diários amorosos. Assim como Stephen Stills e seu primeiro disco solo. Neil Young e Harvest ou The Band com várias faixas de seus discos. Mas The Band não trata muito do amor-paixão, sua praia é a amizade. A bela amizade entre camaradas.
   Gram Parsons tinha o dom. Sincero ao extremo a gente ouve o amor nascer em sua voz. Comove sua fé amorosa. Ele foi um puro de coração. Não podia viver muito. Partiu.
    É engraçado como várias bandas que adoro não me trazem lembranças sobre canções de amor. The Kinks por exemplo. Existem belas faixas amorosas, mas seu espírito é outro. São satiristas, cronistas sociais. Como The Who, banda que consegue me levar as lágrimas. Mas do que eles falam? De solidão, de fé e de luta. Como o Led Zeppelin. Adoro o Led, mas a praia deles é outra. Tesão, amor de minutos, amor como conquista e posse.
    Nick Hornby tem razão. Décadas ao som de canções que falam de amor, que sonham com o ideal, deve ter modificado toda a minha visão de vida. Ninguém sai impune de I Started a Joke aos 6 anos!
    Tem muito mais, claro. Mas este desleixado texto conta apenas isso. Vou sentir pena dos esquecidos ( lembro agora de Quicksilver Girl de Steve Miller, do Steely Dan com Peg... ), mas é isso. Amar é amar o amor e se essas canções e esses caras me trazem o amor à vida eu os amo a todos. São lembretes, amplificadores, testemunhas, ecos. Escutar tudo isso é exercitar o coração, fazer falar a alma e viver melhor e mais.

J.J. CALE...

   Um amigo acaba de me avizar que JJ Cale morreu.
   Já escrevi aqui, em algum lugar, sobre JJ. Tudo o que for escrever agora irá parecer óbvio. Começo falando que neste mundo de "ursinhos fofos", JJ não cabia.
   Ele estourou ( estourou? ) tarde. Muita gente gravou suas músicas e é dos poucos que foi sempre melhor no original. Sempre. Até Bryan Ferry o gravou. Em 1978. A versão de JJ é bem melhor.
   Aliás já aviso. After Midnight e Cocaine são obras-primas com JJ. Com Clapton são apenas Ok.
   JJ era  um cowboy. Relaxado, totalmente na dele. Seus discos pareciam filmes. Uma mistura de Bogart com Steve McQueen e alguma coisa do México. O som era sempre quente.
   Não vou dizer que rolou uma coincidência. Que eu ainda hoje escutei dois discos de JJ. Nada de estranho. Nos últimos dez anos eu sempre escutei JJ. Quando eu queria ouvir música e não sabia o que pegar ia na certeza: JJ.
   Estava lendo que quando Billy Wilder e William Wyler foram ao enterro de Ernst Lubistch, ao voltar para os carros Billy disse: "O triste é que nunca mais veremos Ernst Lubistch"; ao que Wyler respondeu: " O pior é que não teremos mais novos filmes de Lubistch".
   Senti a mesma coisa. Não haverá mais um novo disco de JJ para se descobrir.
   Perdi mais uma de minhas vozes.

JJ Cale - after midnight - studio live



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J J CALE

JJ surgiu do nada e já meio velhaco. Nunca foi hippie. E penso que nem mesmo rocker. Sempre foi um tipo de cowboy. Todas as suas canções têm cheiro de estrada. TODAS. Mas é uma estrada diferente. Não é a rota 66. É o litoral da Florida, palmeiras e ritmos que às vezes são caribenhos. Mas é um cowboy. Sujo. E sua voz confirma isso. Canta rouco, não é nunca simpático. Não é nunca alegrinho. É sempre sério. E sem choro nem vela.
Nada de rockstar. Não pense em poeta-dylan-cohen-simon-young. Não. Nada disso. JJ é prosa. É Twain. Poe às vezes. Eu adoro JJ e quero ser um dia JJ. Lembro de ouvir JJ em 1985. Onde hoje tem uma praça tinha barracos e campos de futebol. E naquele tempo eu me dilacerava de amor e de desejo e de sexo e de coisas químicas. E JJ era um alivio, um bálsamo. Ele interrompia minha dor e minha doideira. Sem fazer de mim um cara frio ou angelical. Ele me fazia homem. Não tem som mais de homem que o de JJ.
JJ é anti frescura.

JJ Cale - devil in disguise - studio live



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J.J.CALE, ROCK É COISA DE ESTRADA

O cara veio do sul. Entenda bem, do SUL. O negócio é quente, é San Diego, Tijuana, Baja, Orleans, Rio Grande, Mexicali... Cactus e o Bayou, como ele próprio diz: Land of broken dreams.
O cara passou uma década até começar a gravar. E até hoje, velho como um canyon, ele é para poucos. A voz de cigarros sem fim, de bourbon e de conversas à fogueira. Voz de botas rotas e cintos afivelados. Prata escurecida. Viejo.
A guitarra do homem é como México em technicolor. E é economia tipo Robbie Robertson. Só que Robbie é um falcão, seu toque é de ar; JJ é coyote esfaimado, toque de areia e osso. Gringo e palmeiras da Florida.
Carros vermelhos, imensos e com ferrugem, e morenas de jeans vagabundo. Um isqueiro acende-se no escuro: é o som de JJ. Tudo nesse som é noite de suor, a tua janela aberta por onde entra o ruído de alguém rindo. E pernilongos. Mas o som é também a tarde de sol, sempre calor, voz em movimento, em jeep, em carrão, em moto, em cavalo, a pé de pés descalços. Uma onda de suor cai pela sua testa. Bafo.
JJ são as melhores mulheres. As que sabem beber cerveja. As que sabem dançar seu próprio passo inventado. Que são como espinhos. JJ canta pra elas. E ele canta mal, mas ele canta como elas entendem, roucamente rascantemente espetadamente. JJ está sempre lá onde o vento faz a curva. Onde as coisas foram perdidas. Mas ele pouco se importa. Nunca chora.
Sério, jamais triste.
Feio, sujo e animal, sexy.
JJ Cale não é para cidades. Ele não está nem aí para tuas avenidas de lixo. Mas ele também não é aquele cara do campo verde de sonhos pacíficos. Asfalto fervendo e pneus que derretem. Ele é a diferença entre macho e viril. JJ é um homem.
Ouço agora os seis discos que tenho do cara. De 1972 até 2008. E ele nunca muda. É sempre exatamente o mesmo. Uma gruta de ouro onde o último mineiro morreu de calor e de sede. Totem mescalero. E digo pra parar de lorota ( pois a música mais longa de JJ tem apenas 3 minutos )
JJ Cale é do cacete!