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LADY SOUL, SONGS IN THE KEY OF LIFE, OS DOIS MAIORES DISCOS DA HISTÓRIA? SERÁ?
Já aviso que prefiro Bootsy. O funk de Bootsy Collins é muito mais cheio de groove e bem menos artístico. É safado. Muito safado. Mas vou falar de dos discos de Aretha e de Stevie Wonder. --------------------------------- Em 1976 era uma delícia ligar o rádio e ser envolvido pela alegria de Isnt She Lovely. Sim, ela tocava de meia em meia hora, o disco de Wonder foi o mais vendido do ano, ano que foi um dos melhores da história ( não vou citar os discos de 1976, são muitos e em vários estilos ). Mas Songs, album apontado recentemente como o segundo melhor disco da história, desbancando Dylan e Beach Boys, tem muito mais. Stevie Wonder, no auge de seu poder, aos 26 anos, nos dá jazz-rock, soul, funk, blues, POP, latin soul, tudo embalado em letras políticas e amorosas. Sir Duke, Ordinary Pain, Wish, são faixas e faixas que se tornaram referência para a cultura black. O album saiu em dois vinis e mais um EP com 4 faixas, hora e meia de absoluta genialidade. Stevie levou os Grammys do ano, e sim, os anos 70 não foram anos "apenas" de Led Zeppelin, Elton John e Bowie, foi a década de Stevie Wonder, um cara que todo ano levava todos os prêmios dos USA. Eu não acho que Songs seja o segundo melhor disco já gravado, mas entendo que ele pode ser o melhor. Há aqui um profissionalismo, uma competência, criativdade, que assombra. ----------------- Há um momento na vida de um artista em que ele dá seu máximo. Uma obra onde ele diz tudo. E que anuncia o esgotamento de sua alma. No rock e no POP vimos isso em albuns como Abbey Road, Exile on Main Street, London Calling, Sex O The Times, Physicall Grafitti, todos são discos que mostraram o auge do artista e ao mesmo tempo, de certo modo, esgotaram sua criatividade. Songs é o grande momento de Wonder, e após esta obra, ele não mais subiu até um local tão elevado. Caiu. Teve momentos que lembravam que ele era o grande Wonder, mas eram apenas lembranças. ----------------- Lady Soul, de Aretha Franklyn, é considerado hoje o maior disco da história. Preciso dizer que muito disso acontece por ela ser negra e mulher. Aretha é um talento mágico, mas sua condição humana ajuda. Isso é óbvio. Como mulher e negra, suas concorrentes seriam Billie Holiday e Ella Fitzgerald, mas as duas são puro jazz, Roberta Flack e Whitney Houston não têm sua força. Lady Soul é um grande disco gravado com grandes músicos no esquema da velha Stax. Tem até Eric Clapton solando numa faixa blues. E acima de tudo tem a voz de Aretha, a melhor voz feminina do POP. É um belo disco, mas jamais o melhor da história. Como todo disco da Stax ( e da Motown pré anos 70 ), ele parece e é muito mais uma coletânea de singles que um album. São grandes músicas POP de 3 ou 3 minutos e meio, mas no geral nunca sentimos estar diante de um grande LP, uma grande obra, um album ambicioso ou coeso. O disco de Stevie Wonder é, sem dúvida, uma obra ambiciosa e plenamente realisada, enquanto o disco de Aretha é um disco POP, uma coletânea de canções maravilhosas, mas não um album. ---------------- Quanto aos antigos "melhores discos da história", Highway 61 ou Pet Sounds...bem....deixo que voce julgue o que é maior ou melhor. -------------------------- Eu vou ouvir Bootsy.
ARETHA
Ninguém precisa chover no molhado e dizer que ela foi a melhor. Numa geração que tinha Diana Ross, Tina Turner, Gladys Knight, Roberta Flack e Janis, ela foi rainha. Sua voz tinha fogo. E ela cantava fácil, sem forçar. E nunca se exibia. A primeira vez que a escutei pensei logo na força de uma revolução. Ela trouxe o gospel das igrejas negras para as rádios brancas do sul dos EUA. O mundo conheceu o êxtase.
Mas não há muito o que dizer sobre ela. Todos vocês a conhecem e sabem o que ela fez. Volte à igreja Aretha e cante agora para o maior dos pastores.
Mas não há muito o que dizer sobre ela. Todos vocês a conhecem e sabem o que ela fez. Volte à igreja Aretha e cante agora para o maior dos pastores.
ARETHA FRANKLYN SOUL 69
Em 1969, no auge do movimento hippie, quando até o povo da soul music misturava sua música com som freak, Aretha, a maior cantora negra, mas não a de maior sucesso, essa era Diana Ross, lança Soul 69. E fazendo isso vai contra tudo o que se fazia no Pop de então.
Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
Sim, ela é a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.
Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
Sim, ela é a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.
ARETHA E WHITNEY
Belo texto no Estadão sobre Whitney Houston. O autor, que é americano, fala que nos EUA ele seria vaiado se dissesse o óbvio: Whitney era uma cantora ruim, fabricada, fria, sem qualquer sinal de verdadeiro talento. O canto que ela emitia nada tinha dela-mesma, era banal e poderia ser confundido com o canto de qualquer outra cantora de seu tempo. Pior, ela institui esse tipo de cantor hiper-produzido, exibicionista e vazio. Um canto sem emoção, sem pensamento, sem personalidade. O sonho da indústria: linha de montagem de vozes.
O autor ( Lee...o que mesmo? ), conta que a madrinha de Whitney, Aretha Franklyn, não foi ao enterro e disse que Whitney era uma estrela. Só isso, uma estrela, não uma cantora. E como uma estrela moderna, ela torrou 100 milhões em drogas. Drogas usadas com o único objetivo de se drogar.
Aretha Franklyn era/é uma grande cantora. Tem tudo aquilo que Whitney nunca nem sonhou em ter. Personalidade, sentimento genuíno e pensamento. Cada canção de Aretha traz a marca de tudo aquilo que ela pensa, vive e sente. Uma voz sem igual, única, como únicas eram as vozes de Ray Charles, Wilson Pickett ou de Otis Redding. Aretha canta, e canta e canta. Toda a saga negra na voz. Confundir sua voz com a de qualquer outra cantora é impossível. E essa marca se chama arte.
Ouvir Whitney é uma experiência vazia de significado. Escutar Aretha é uma aprendizagem. Na morte de Whitney, pobre moça, os louvores são de sua madrinha, a inigualável Aretha Franklyn.
O autor ( Lee...o que mesmo? ), conta que a madrinha de Whitney, Aretha Franklyn, não foi ao enterro e disse que Whitney era uma estrela. Só isso, uma estrela, não uma cantora. E como uma estrela moderna, ela torrou 100 milhões em drogas. Drogas usadas com o único objetivo de se drogar.
Aretha Franklyn era/é uma grande cantora. Tem tudo aquilo que Whitney nunca nem sonhou em ter. Personalidade, sentimento genuíno e pensamento. Cada canção de Aretha traz a marca de tudo aquilo que ela pensa, vive e sente. Uma voz sem igual, única, como únicas eram as vozes de Ray Charles, Wilson Pickett ou de Otis Redding. Aretha canta, e canta e canta. Toda a saga negra na voz. Confundir sua voz com a de qualquer outra cantora é impossível. E essa marca se chama arte.
Ouvir Whitney é uma experiência vazia de significado. Escutar Aretha é uma aprendizagem. Na morte de Whitney, pobre moça, os louvores são de sua madrinha, a inigualável Aretha Franklyn.
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