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GITA - RAUL SEIXAS
Quando a última faixa do disco, Gita, está pelo meio, eu penso: Caramba! Isto era a música popular do Brasil em 1974. Isto aparecia no Chacrinha! O motorista de ônibus ouvia na rádio América e manicures compravam o single na Mesbla! Penso ainda: Em termos de música popular, não dá pra ser melhor que isto. A faixa Gita é uma obra prima mas o LP tem coisas ainda melhores. --------------- Pena Raul não ter podido usufruir da época da MTV. Um Acústico Raul bateria recordes de vendas. ----------------- As referências de Seixas são sempre excelentes. Ele antecipa o mangue beat em vários momentos e, por exemplo, SOS é quase uma versão baiana de Mr Spaceman dos Byrds. Há também uma outra faixa que cita Jacques Dutronc e sua Et Moi Et Moi Et Moi. Bob Dylan, aquele Dylan raivoso de 1965, paira no modo como Raul aborda os temas, mas entenda: ao contrário de certos grupos dos anos 80 e 90, o que ele produz é 100% brasileiro, só possível de ser feito aqui. Momento mágico do Brasil, entre 72 e 74 tivemos Novos Baianos, Secos e Molhados, O Terço, Raul, fazendo um tipo de rock tupi tropical forró xaxado e até mesmo caipira. --------------- Medo da Chuva é quase brega e é sublime, as letras são joias de pensamento, assim como Trem das 7 chega a doer de tão bonita. Está lá a presença de Aleister Crowley em Sociedade Alternativa, um hino que foi encampado pelos bicho grilo do país de então. Minha favorita é Água Viva, e não me pergunte o porque, ela é. Mas o disco não tem falhas. Paira no Olimpo onde estão os 5 ou 6 melhores discos que este país produziu. --------------- Questão final e inevitável: Era este mesmo país? Sabe quando vai nascer aqui outro Raul? Nunca bb. Nunca mais.
ALEISTER CROWLEY
A única lei é: faça o que quiseres. Sim, é Raul Seixas. Viva como voce quiser sem se preocupar com nada e ninguém. E mate quem se interpor em seu caminho. Crowley nada tem de manso. Não a toa foi eleito o inglês mais perverso da história. --------------------- O livro é uma mistura de poesia, mitos egípcios, declaração de amor a deuses pagãos, imagens em delírio. Tudo numa linguagem que lembra William Blake. Não duvido de que Crowley se via como o continuador de Blake. --------------- Na parte final do volume ele dá receitas de magia, crueis, e dita algumas regras de liberdade ( o que é uma contradição ). A influência de Nietzsche surge. Despreze os fracos. Pise nos perdedores. Seja o Senhor de escravos e nunca um deles. A vida é deleite. Use o Poder. De Bowie à Jimmy Page, vários rock stars cultuaram Crowley ( Ozzy não, Ozzy sempre foi contra o satanismo ). Crowley promete força para adolescentes frágeis. Sua sedução é óbvia. --------------- A vida de AC foi cheia de viagens e de dinheiro, pois ele nasceu rico. Morreu sem dramas aos 70 anos. Yeats não gostava dele, Fernando Pessoa sim ( os dois chegaram a se encontrar em Portugal ). O irlandês o considerava uma poeta ruim, apenas isso. Charlatão? Provável. ------------------ Li Crowley procurando uma emoção de perigo, algo que fosse fundo em minha alma. Não aconteceu. Tive emoções bem mais perigosas lendo Durrell ou Thomas Mann. O que me levou à Crowley foi meu atual interesse pelo Príncipe Stash, uma figura bem mais sedutora que AC. --------------- No fim do livro Crowley diz que depois de ler voce deve se livrar do volume. Se ficar com ele poderá acontecer algo por sua conta e risco. Não vou me livrar dele. Se eu sumir já sabem o porque. ---------------- PS: a melhor afirmação de Crowley é dizer que devemos viver sem o "porque" e o "para que". Todo nosso desejo e ato deve ser puro, ou seja, sem explicação e sem meta. Fazemos por prazer e queremos por querer. Nisso ele acerta, essa é a chave da felicidade.
NOVO AEON - RAUL SEIXAS....SIM, É RAUL E É SEIXAS
Eu nunca ouvi Raul Seixas. Quer dizer, eu ouvi o que era obrigado a ouvir. Ele estava sempre na TV entre 1974-1977 e no rádio. Então eu ouvi muito dez ou doze canções dele que todo mundo ouvia. Mas eu não gostava dele. O achava sujo, feio, de mal gosto. Sim, sempre fui um esteta. Fresco até o umbigo. ------------------- Tenho uma amiga que tem um pai de 65 anos. Nascido no Ceará, pobre de doer, ele veio para São Paulo em 1980 e morou em barraco de tábuas. Passou fome. É do povão. Pois bem. Esse homem adora forró, música brega e Raul Seixas. Sabe tudo de Raul decorado. Canta Raul. ----------------- O rock brasileiro pós anos 80 sempre foi elitista. Salvo poucas excessões, era feito por jovens filhos da elite e escutado por jovens que se viam como elite. Nunca conseguiu atingir o povão. ( Mamonas Assassinas conseguiram e eles sempre me lembravam Raul Seixas em versão idiota ). Mas não é só isso. Cazuza, Renato Russo, os Titãs parecem terrivelmente pobres, em som e em letras, se os compararmos com este disco. Novo Aeon seria um disco perfeito se não fosse uma faixa muito ruim, Caminho II, mas mesmo assim é um disco que humilha Arnaldo Antunes ou Humberto Gessinger. É de uma riqueza de som e de verbo que somente um homem especial poderia atingir. Raul é o único gênio na história de nosso rock. E, esperto, atingiu o povão sem forçar nada. Sua arte era incrivelmente natural, portanto, brasileira. ------------------------ Fico espantado em imaginar que pessoas semi analfabetas escutassem algo tão belo e bem escrito como A Maçã, uma obra prima completa sobre a relação homem e mulher. Ou a anárquica mensagem de Fim de Mês, uma festa de rimas não óbvias em ritmo do nordeste do Brasil. Ele antecipa a mangue beat. Tente Outra Vez é heroico, Rock do Diabo é rock de primeira, Eu Sou Egoísta é grito de independência, e Tú És o MDC da Minha Vida tem uma letra que me deixou muito, muito surpreso: Caramba!!!!! O cara era bom!!!! O cara era muito muito bom!!!! --------------------- Descobrir Raul Seixas na idade em que estou, ver que uma faixa como Sunseed parece o indie dos anos 2000, faz de mim um provilegiado. Chegar aos 60 anos tendo a chance de ouvir a obra de Raul PELA PRIMEIRA VEZ não é pouca coisa. Portanto, TOCA RAUL! digo bem alto agora para quem estiver por aí.
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