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RAYMOND QUENEAU - ZAZIE NO METRÔ, O LIVRO QUE DEVERIA MAS NÃO DEVEREU

1959. Este livro vende milhões de exemplares, mesmo sendo não convencional. Queneau era surrealista, modernista, criador incriado e mal criado, da turma. Zazie é uma menina, uns 15 anos? Que é deixada com o tio Gabriel para passar um week end em Paris. Ela quer conhecer o metrô, o resto que "se foda", sim, ela fala muito palavrão, principalmente que " Paris o caralho, eu quero o metrô". Mas ele, o metrô, está em em greve e Zazie, que merda, não vai ver metrô nenhum. Gabriel é grande, forte, briguento, e trabalha de noite, vira Gabriela e dança música espanhola numa boate. Gabriel tem amigos: um sapateiro, um papagaio que passa todo o tempo dizendo que todos só falam, um dono de boteco. Surgem pessoas: um russo que é guia turístico em Paris e que zomba dos seus clientes, turistas que elogiam qualquer lixo que pareça francês. Há uma viúva, um policial pedófilo, um taxista que se perde na cidade. E o que esse povo faz? Eles falam. O livro é uma coleção de diálogos, diálogos deliciosos, maravilhosos, hilários, repetitivos. Queneau fez um livro sobre a fala. E para isso ele usa tudo e tudo aqui funiona: ritmo, repetições literais, rimas, palavrões, construções de novas palavras, onomatopeias contrabandeadas, mistura de idiomas. Dentro do prazer de o ler eu penso lendo: este livro foi um sucesso e foi mas não é e poderia ter sido mas não podeu. Deveria mas não devereu. Deveria ter sido guia de novos livros, pois ele ainda é moderno e POP, mas não foi e assim o deveria devereu-fodeu: o que se escreve hoje, perto de Zazie, parece velho, antes de Queneau, chato e infantil. Explico? Explico: Harukami ou Martel ou Warren ou Barnes ou quem-quiser-voce-citar, escrevem sobre um robot ou uma drogada ou um velho chato ou um quarteto transando cercado por AI como se escrever sobre isso fosse moderno e atual, mas a forma é velha como Dickens: escrevem como velhos, que são, escrevendo para jovens de 14 anos tristes. Um saco sem fundo. Escrotos. Queneau parecerá novo porque ele festeia e celebreia a palavra e narra como quem abre garrafas. Ploc! ------------- A edição que leio tem um posfácio escrito por Roland Barthes. Que idiô! Esssa turma de pensadores cretinos franceses de então era de uma estupidade que dá vontade rir com gusto. Voce lê o troço e rola de rir com o modo como ele diz frases complicadas que ao serem traduzidas para algo mais sério se tornam sem conteúdo nenhum. Barthes escreve coisas cheias de vaidosa vaidade estelar e não fala nada. Um exemplo? Ouve isso: "Desde que a literatura existe podemos dizer que a função do escritor é combatê-la". hahahahahahahahah! Por faveur Barthesinho! Voce está dando uma função ao escritor? Nada prova que Tolstoi ou Mann combatiam a literatura, mas voce deseja que assim seja né não meu irmão? Posso dizer que eles a amavam, a protegiam, a desprezavam ou tinham inveja dos antigos, e daí? É apenas uma construção verbal o que faço e é outra o que voce fez, Barthesito. Voce quer crer que eles combatiam porque VOCE QUER COMBATER. Então vai lá cara, combate, mas não use o passado da literartura para te dar salvo conduto. Cuzão! "Zazie representa uma anti linguagem triunfante!" Ah Barthes! Me poupe....O que é lingua e o que é linguagem? Voce lembra? Comunicar. Zazie se comunica maravilhosamente bem com todos ao seu redor. Ela agride, eles respondem. Ela pede, eles escutam. Mais que tudo, o leitor a ama. E ela é tão boa na linguagem que suas mentiras colam. Alguém que fosse anti linguagem não se comunicaria Barthesoide. Tipo voce cusão. Um cara que fala pra caralho, mas que comunica porra nenhuma, ou tudo errado. ----------------- Barthes é um dos sintomas do inicio da irrelevancia francesa. Queneau não. Queneau é o mesmo que Voltaire: o gosto pela língua e o prazer em dizer. Zazie não é anti linguagem, ela é a linguagem viva. Ouviu cuzão? ----------------------- Zazie é uma menina diaba que xinga todo mundo, cospe e sai correndo pela rua. Que veste djins pra exibir a bunda e que quer saber se Gabiel é homosecsual. Queneau quer te divertir escrevendo como se fala ou inserindo palavrões á beça em toda frase, ou juntando sons com letras e sentidos. É rico. É Luxuriantesco. Inspiraflor. Eu amozazie e amoolivro. Pra caralho. E, como está escrito na capa: DO CARALHO! Otto Maria Carpeaux.