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LESTER YOUNG
Algumas informações sobre Lester Young. Ele engraxava sapatos aos 5 anos de idade e é o inventor de várias girias usadas até hoje. Talvez a mais conhecida é a palavra cool para designar o que é muito bom e ao mesmo tempo para poucos. Lester falava tanta gíria criada por ele mesmo, bread era dinheiro por exemplo, que sua fala se tornou lendária. Ele foi o melhor amigo de Billie Holiday e em época de pobreza chegou a morar com Billie e a mãe dela. Nunca foram para a cama. --------------- Lester bebia muito e morreu com menos de 50 anos, em um avião, de hemorragia provocada por alcoolismo, vindo de Paris para New York. Há um especial de TV, que posto acima, em que Lester faz um solo dois meses antes de morrer. Billie, que canta nesse clip, morreria cinco meses após Lester. Os produtores do especial choraram todos na sala de video enquanto Lester solava no especial ao vivo. O solo, extremamente simples e curto, é puro Lester Young. No clip há ainda Ben Webster e Gerry Mulligan. ----------------- Lester foi ídolo de Charlie Parker e tem músicas feitas em sua homenagem por Charles Mingus e Duke Ellington. ---------------- Não há sax mais cool que o dele.
CHARLES MINGUS E ERIC DOLPHY TOCANDO DUKE ELLINGTON
O jazz tem seus pilares. Louis Armstrong, Duke, Count Basie, Charlie Parker, Thelonious, Miles Davis, Coltrane, Mingus. Esses são aqueles que são chamados de gênios. Ainda se pode incluir Dizzy Gillespie e talvez Ornette Coleman. Meus favoritos são Miles, Thelonious, Lester Young, Jelly Roll Morton, John Lewis. Jazz é um mundo infinito, quando voce acha que conhece tudo que importa voce descobre mais coisas que importam. ----------------- Eric Dolphy eu conheci agora e o video que postei abaixo é um dos pontos mais altos que já vi em música. Qualquer tipo de música. No começo dos anos de 1960, Charles Mingus une um grupo de músicos é toca, na TV, take the A train, de Duke Ellington. Danny Richmond, seu batera habitual, toca de uma maneira extremamente wild e quase rouba o show. Se voce ainda não sabe como um grande batera toca seus couros eis sua chance. O ritmo é frenético e ele improvisa o tempo todo. Mas eu quero falar de Dolphy. ------------------ Quando ele entra, tocando o pouco usado clarinete baixo, instrumento que requer muito fôlego, a coisa vira outra coisa. É pura arte. E é swing. Há um momento do solo dele em que os músicos riem e Mingus vai dar uma volta pelo palco. Tá tudo ali: é cool, é petulante, é quente também. Dolphy morreria meses, poucos, depois dessa gravação e sua obra ficaria na promessa. Mas apenas com esta gravação a gente já sabe: o cara era foda!!!!!!
UMA QUESTÃO DE SWING E DE MOOD....CHARLES MINGUS +++++++ MINGUS AH UM, UM DOS 5 MAIORES DISCOS DA HISTÓRIA
O disco, de 1959, histórico, abre com BETTER GIT IT IN YOUR SOUL, e tudo se torna beat. A bateria swing e corre como numa noite asfaltada de chuva e sexo. Dannie Richmond o batera. Mingus, gênio, era um cara que sabia usar naipes de sopros como ninguém mais. Eles escorregam levando um ritmo alucinado. Mingus e seu baixo, como deve ser: lá no fundo, empurram a coisa toda. E há o piano: uma repetição de acordes em um break diabólico de danado! Tudo é velocidade e eu sinto que a vida pulsa dentro do meu coração e da minha alma e de tudo ao meu redor. Sim baby, eu sabia que era um disco histórico, mas não achei que fosse tão tão tão BOM ! ------------------ Alguém grita ao fundo. -------------- Uma balada depois, sensual como é toda música escrita com a verdade. Música é sexo, mas às vezes ela é impotente. Não aqui. Mingus devia transar bem pra caramba. Uma faixa agitada em seguida que traz aquele tipo de solo de bateria que só o jazz tem: curto e vital. Aula de batida. Os pratos têm vida. Mingus escreve preguiça como ninguém mais. Sabe tipo um cara acordando de ressaca? No centro de NY ? Carros da janela lá embaixo e frio pra cacete? É isso. Ou então uma loira pelada indo tomar café. Mingus escreve isso e sempre com esse ritmo africano que vem direto dos colhões. Acelera. Lento. Acelera. Lento. Que coisa foda!!!! --------------------- O pianista é Horace Parlan Jr. e os sopros, muitos, têm John Handy, Booker Ervin, Shafi Hadi, Willie Dennis e Jimmy Knepper. ---------------- Bird Calls é um chamado de pássaro no mato, quase um desafino que se torna jazz esperto. Fables of Fabus é dança, um walkin ritmado na Quinta Avenida ou um grupo se movendo numa boate secreta. Mingus quebra o ritmo que poderia ser de Duke Ellington mas que com Mingus é outra coisa. Ouça esse acorde dissonante, essa batida na caixa invertida, a súbita aceleração do ritmo, o bass que sobe e desce todo o tempo, o tropeço geral que lembra Monk mas é Mingus. Todos os solos de sax são exatos, nem longos nem curtos demais. ------------- Sexy e safo, can you dig it? -------------------- Qual foi o cara que descobriu que aquele instrumento tão desajeitado poderia ser a alma do ritmo do jazz? O contrabaixo é a adrenalina que faz pulsar e eis Mingus solando afinal. Pena que é tão pouco.... Pussy Cat Dues...é o que voce imaginou: uma gata se estica sobre o tapete. Eis o som que ela merece: trombone com surdina, enrolando-se nela. O blues mais blues do disco. A faixa mais tradicional entre todas. Talvez porque uma pussy cat seja sempre e será pra sempre isso que aqui se escuta. Um MIAAAAAUUUUUU em forma estendida de jazz. ------------------ Afinal, Jelly Roll fecha o disco. No final, a origem, ou uma das origens. ( Que disco perfeito e que delícia de disco ). Voce sabe, a invenção do jazz e seu desenvolvimento é um tipo de milagre. Quando se cria o samba ou a rumba a coisa é muito forte mas a raiz africana está bem presente nesses ritmos. Mas o jazz..... ele não parece samba e nem música europeia! Ele tem o ritmo e a alma da Africa mas ao mesmo tempo é tão harmonicamente e melodicamente sofisticado como são Ravel ou Strauss. E além! O jazz criou um universo que seria inimaginável no tempo de Chopin ou de Brahms. E dentro desse novo universo, desse big bang, nasceram coisas como Kind of Blue e este Ah Um. Obras primas tão distantes do batuque tribal ou da sinfonia concertante como Mercúrio está longe de Alfa Centaurus. Mundos em si que parecem terem paridos a si mesmos. Charles Mingus foi um gênio, como foram Duke e Miles e Monk e Trane. Ah Um é uma obra prima, mais uma, do jazz. E é sexy pra carai.
ARETHA FRANKLYN SOUL 69
Em 1969, no auge do movimento hippie, quando até o povo da soul music misturava sua música com som freak, Aretha, a maior cantora negra, mas não a de maior sucesso, essa era Diana Ross, lança Soul 69. E fazendo isso vai contra tudo o que se fazia no Pop de então.
Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
Sim, ela é a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.
Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
Sim, ela é a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.
CUMBIA AND JAZZ FUSION- CHARLES MINGUS E A MINGUS DINASTY
No meio de 1980 teve um festival de jazz em SP patrocinado pela prefeitura e pela TV Cultura. Vieram Woody Shaw, Chick Corea, Peter Tosh ( eu sei, peixe fora d`'agua ), Etta James e Al Jarreau. E a Mingus Dinasty.
Essa banda existia para manter viva a música de Charles Mingus. O homem havia morrido em 79 e seu legado estava vivo, vibrante, batendo. Eu voltei de uma festa de família e botei a TV no festival. Era um grupo interessante. Batera e baixo ( Danny Richmond e Charlie Haden ), mais piano, trompete, e dois sax. Começaram a executar Cumbia e Jazz fusion, uma música de 30 minutos. E a coisa me pegou como raras vezes antes.
O ritmo. A síncope latina, preta da batida insuspeita. Ritmo vital. Sangue em ebulição. Jazz que vem da selva.
O piano. Swinga. Me apaixono e fico intrigado. Toda paixão é uma intriga que nunca se desfaz.
E entra a banda. Big jazz Duke Ellington tromba com a cumbia.
Um RAP no meio. Sim, um rap pré-rap.
E o fim. Um dos momentos chave: cada um deles cessa sua execução, um por vez, e sai do palco de fininho. Fica só Danny, o ritmo vital, a percussão pulsando, e fim.
Caralho!!!!!!
O disco foi ansiosamente procurado e o comprei um ano mais tarde. Foi minha primeira breve fase jazz. Cumbia e Miles. Reouço e revejo. Duca7 !
Essa banda existia para manter viva a música de Charles Mingus. O homem havia morrido em 79 e seu legado estava vivo, vibrante, batendo. Eu voltei de uma festa de família e botei a TV no festival. Era um grupo interessante. Batera e baixo ( Danny Richmond e Charlie Haden ), mais piano, trompete, e dois sax. Começaram a executar Cumbia e Jazz fusion, uma música de 30 minutos. E a coisa me pegou como raras vezes antes.
O ritmo. A síncope latina, preta da batida insuspeita. Ritmo vital. Sangue em ebulição. Jazz que vem da selva.
O piano. Swinga. Me apaixono e fico intrigado. Toda paixão é uma intriga que nunca se desfaz.
E entra a banda. Big jazz Duke Ellington tromba com a cumbia.
Um RAP no meio. Sim, um rap pré-rap.
E o fim. Um dos momentos chave: cada um deles cessa sua execução, um por vez, e sai do palco de fininho. Fica só Danny, o ritmo vital, a percussão pulsando, e fim.
Caralho!!!!!!
O disco foi ansiosamente procurado e o comprei um ano mais tarde. Foi minha primeira breve fase jazz. Cumbia e Miles. Reouço e revejo. Duca7 !
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