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CHARLES MINGUS E ERIC DOLPHY TOCANDO DUKE ELLINGTON

O jazz tem seus pilares. Louis Armstrong, Duke, Count Basie, Charlie Parker, Thelonious, Miles Davis, Coltrane, Mingus. Esses são aqueles que são chamados de gênios. Ainda se pode incluir Dizzy Gillespie e talvez Ornette Coleman. Meus favoritos são Miles, Thelonious, Lester Young, Jelly Roll Morton, John Lewis. Jazz é um mundo infinito, quando voce acha que conhece tudo que importa voce descobre mais coisas que importam. ----------------- Eric Dolphy eu conheci agora e o video que postei abaixo é um dos pontos mais altos que já vi em música. Qualquer tipo de música. No começo dos anos de 1960, Charles Mingus une um grupo de músicos é toca, na TV, take the A train, de Duke Ellington. Danny Richmond, seu batera habitual, toca de uma maneira extremamente wild e quase rouba o show. Se voce ainda não sabe como um grande batera toca seus couros eis sua chance. O ritmo é frenético e ele improvisa o tempo todo. Mas eu quero falar de Dolphy. ------------------ Quando ele entra, tocando o pouco usado clarinete baixo, instrumento que requer muito fôlego, a coisa vira outra coisa. É pura arte. E é swing. Há um momento do solo dele em que os músicos riem e Mingus vai dar uma volta pelo palco. Tá tudo ali: é cool, é petulante, é quente também. Dolphy morreria meses, poucos, depois dessa gravação e sua obra ficaria na promessa. Mas apenas com esta gravação a gente já sabe: o cara era foda!!!!!!

Charles Mingus "Wednesday Night Prayer Meeting" footage Live at Antibes ...

Charles Mingus Sextet - Peggy's Blue Sky Light - Belgium 1964

UMA QUESTÃO DE SWING E DE MOOD....CHARLES MINGUS +++++++ MINGUS AH UM, UM DOS 5 MAIORES DISCOS DA HISTÓRIA

O disco, de 1959, histórico, abre com BETTER GIT IT IN YOUR SOUL, e tudo se torna beat. A bateria swing e corre como numa noite asfaltada de chuva e sexo. Dannie Richmond o batera. Mingus, gênio, era um cara que sabia usar naipes de sopros como ninguém mais. Eles escorregam levando um ritmo alucinado. Mingus e seu baixo, como deve ser: lá no fundo, empurram a coisa toda. E há o piano: uma repetição de acordes em um break diabólico de danado! Tudo é velocidade e eu sinto que a vida pulsa dentro do meu coração e da minha alma e de tudo ao meu redor. Sim baby, eu sabia que era um disco histórico, mas não achei que fosse tão tão tão BOM ! ------------------ Alguém grita ao fundo. -------------- Uma balada depois, sensual como é toda música escrita com a verdade. Música é sexo, mas às vezes ela é impotente. Não aqui. Mingus devia transar bem pra caramba. Uma faixa agitada em seguida que traz aquele tipo de solo de bateria que só o jazz tem: curto e vital. Aula de batida. Os pratos têm vida. Mingus escreve preguiça como ninguém mais. Sabe tipo um cara acordando de ressaca? No centro de NY ? Carros da janela lá embaixo e frio pra cacete? É isso. Ou então uma loira pelada indo tomar café. Mingus escreve isso e sempre com esse ritmo africano que vem direto dos colhões. Acelera. Lento. Acelera. Lento. Que coisa foda!!!! --------------------- O pianista é Horace Parlan Jr. e os sopros, muitos, têm John Handy, Booker Ervin, Shafi Hadi, Willie Dennis e Jimmy Knepper. ---------------- Bird Calls é um chamado de pássaro no mato, quase um desafino que se torna jazz esperto. Fables of Fabus é dança, um walkin ritmado na Quinta Avenida ou um grupo se movendo numa boate secreta. Mingus quebra o ritmo que poderia ser de Duke Ellington mas que com Mingus é outra coisa. Ouça esse acorde dissonante, essa batida na caixa invertida, a súbita aceleração do ritmo, o bass que sobe e desce todo o tempo, o tropeço geral que lembra Monk mas é Mingus. Todos os solos de sax são exatos, nem longos nem curtos demais. ------------- Sexy e safo, can you dig it? -------------------- Qual foi o cara que descobriu que aquele instrumento tão desajeitado poderia ser a alma do ritmo do jazz? O contrabaixo é a adrenalina que faz pulsar e eis Mingus solando afinal. Pena que é tão pouco.... Pussy Cat Dues...é o que voce imaginou: uma gata se estica sobre o tapete. Eis o som que ela merece: trombone com surdina, enrolando-se nela. O blues mais blues do disco. A faixa mais tradicional entre todas. Talvez porque uma pussy cat seja sempre e será pra sempre isso que aqui se escuta. Um MIAAAAAUUUUUU em forma estendida de jazz. ------------------ Afinal, Jelly Roll fecha o disco. No final, a origem, ou uma das origens. ( Que disco perfeito e que delícia de disco ). Voce sabe, a invenção do jazz e seu desenvolvimento é um tipo de milagre. Quando se cria o samba ou a rumba a coisa é muito forte mas a raiz africana está bem presente nesses ritmos. Mas o jazz..... ele não parece samba e nem música europeia! Ele tem o ritmo e a alma da Africa mas ao mesmo tempo é tão harmonicamente e melodicamente sofisticado como são Ravel ou Strauss. E além! O jazz criou um universo que seria inimaginável no tempo de Chopin ou de Brahms. E dentro desse novo universo, desse big bang, nasceram coisas como Kind of Blue e este Ah Um. Obras primas tão distantes do batuque tribal ou da sinfonia concertante como Mercúrio está longe de Alfa Centaurus. Mundos em si que parecem terem paridos a si mesmos. Charles Mingus foi um gênio, como foram Duke e Miles e Monk e Trane. Ah Um é uma obra prima, mais uma, do jazz. E é sexy pra carai.

ARETHA FRANKLYN SOUL 69

   Em 1969, no auge do movimento hippie, quando até o povo da soul music misturava sua música com som freak, Aretha, a maior cantora negra, mas não a de maior sucesso, essa era Diana Ross, lança Soul 69. E fazendo isso vai contra tudo o que se fazia no Pop de então.
   Acompanhada por músicos que tocavam com Miles Davis, e outros que tocaram com John Coltrane e Charles Mingus, ela canta aqui canções de jazz-blues, com big band e arranjos jazzísticos. Ela é produzida pelos cobras da gravadora Atlantic, a mesma de Ray Charles, a gravadora que criou a black music moderna: Tom Dowd, Jerry Wexler ( o boss ) e Arif Mardin. Vamos ouvir o disco então ( que vendeu bem, chegando ao segundo lugar em abril de 69 ):
   O som é redondo, viril, com destaque para a bateria, sempre em estilo jazz, Grady Tate, um cara que fez discos com Oscar Peterson, Mingus, Sonny Rollins. Pulsa, como pulsa o baixo de Ron Carter, ele mesmo, o homem de Miles. Os metais são ao estilo Sinatra, irrompem para dar mais gás, mais ritmo, mais fogo à coisa. E temos a voz de Aretha.
  Sim, ela é  a melhor cantora de soul da história, uma voz que estala nos ouvidos e bota fogo em tudo que canta. Respect é o Kilimanjaro do Pop feminino. Mas...a gente percebe que jazz...bom, jazz é outro mundo né meu nego...
  Ella Fitzgerald. Ouço o disco, que é excelente, e noto o quanto Ella é grande. E Sinatra também. O jazz revela cada canto do canto, até a respiração aparece, e Aretha não erra, mas também não chega lá. A dicção, o fôlego, ir lá do alto até lá embaixo, mudar de tom, voltar ao ritmo depois de improvisar, Aretha nem tenta nada disso e quando quase tenta perde a confiança. Sabiamente depois deste disco ela nunca mais tentou o jazz. Deixou a coisa para Ella, a cantora que em 50 anos jamais errou, em disco ou em palco.
  Mas este é um grande disco. Te dá um prazer do cacete. Tem bossa. Tem fogo e tem negritude. É fogo na jaca. Ouça. Voce vai amar. E se voce não gosta de jazz, vai gostar. E se voce gosta de jazz, vai amar.

Mingus Dinasty - São Paulo International Jazz Festival 1980



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CUMBIA AND JAZZ FUSION- CHARLES MINGUS E A MINGUS DINASTY

   No meio de 1980 teve um festival de jazz em SP patrocinado pela prefeitura e pela TV Cultura. Vieram Woody Shaw, Chick Corea, Peter Tosh ( eu sei, peixe fora d`'agua ), Etta James e Al Jarreau. E a Mingus Dinasty.
 Essa banda existia para manter viva a música de Charles Mingus. O homem havia morrido em 79 e seu legado estava vivo, vibrante, batendo. Eu voltei de uma festa de família e botei a TV no festival. Era um grupo interessante. Batera e baixo ( Danny Richmond e Charlie Haden ), mais piano, trompete, e dois sax. Começaram a executar Cumbia e Jazz fusion, uma música de 30 minutos. E a coisa me pegou como raras vezes antes. 
  O ritmo. A síncope latina, preta da batida insuspeita. Ritmo vital. Sangue em ebulição. Jazz que vem da selva.
  O piano. Swinga. Me apaixono e fico intrigado. Toda paixão é uma intriga que nunca se desfaz.
  E entra a banda. Big jazz Duke Ellington tromba com a cumbia. 
  Um RAP no meio. Sim, um rap pré-rap. 
  E o fim. Um dos momentos chave: cada um deles cessa sua execução, um por vez, e sai do palco de fininho. Fica só Danny, o ritmo vital, a percussão pulsando, e fim.
  Caralho!!!!!!
  O disco foi ansiosamente procurado e o comprei um ano mais tarde. Foi minha primeira breve fase jazz. Cumbia e Miles. Reouço e revejo. Duca7 !