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HUGO/ SPIELBERG/ KIRK DOUGLAS/ JOHN WAYNE/ MUPPETS

   A INVENÇÃO DE HUGO CABRET de Martin Scorsese com Ben Kingsley
São os mais belos cenários digitais da história. E Martin demonstra um amor inocente ao cinema. O filme é um imenso cartão postal para Georges Méliés. E tem cenas comoventes com Buster Keaton. Mas eu duvido que alguém vá gostar do cinema que Martin homenageia só por ter gostado deste filme. O público que predomina nas salas de hoje está pouco se lixando para o que seja a tal "arte cinematográfica". Se lixa menos ainda para o que seja sua história, sua origem. Eles querem emoções simples, rasteiras e óbvias. De agora. Mas devo dizer que com toda essa beleza e nobres intenções, é um filme com miolo enjoativo, cheio de momentos chatos. De qualquer modo seu terço final é bastante bom. Para cinéfilos é fascinante ver a recriação dos estúdios de Méliés e dos bastidores de seus filmes. Nota 7.
   O CAVALO BRANCO de Albert Lamorisse
Curta de diretor que depois se tornaria famoso com O Balão Vermelho. Aqui ele fala de garoto que tenta domar cavalo selvagem. De melhor há a paisagem da Camargue, região do estuário do rio Rône. Um pântano sem fim, plano e muito agreste. Nota 5.
   TINTIM de Steven Spielberg
Se voce gosta de Hergé, fuja. Nada há aqui do visual limpo, elegante, solar do desenhista belga. Pior que isso, o capitão Haddock se tornou um patético alcoólatra. O filme nem sequer usa suas blasfêmias. Em tempos moralistas, fizeram de um bêbado simpático, um doente chato. O filme é barulhento, histérico, excessivo. A ação nunca consegue empolgar, o filme não tem humor e não tem suspense. Pior que tudo, o roteiro acaba por se revelar mal cosido. Nota 2 por algumas belas paisagens.
   GIGANTES EM LUTA de Burt Kennedy com Kirk Douglas e John Wayne
Já foi feito no ocaso do western. É sobre um plano de assalto a diligência. Wayne e Kirk são ex-inimigos que resolvem agir juntos. O filme é ok. Tem ação e tem leveza. Mas tem principalmente a verve safada de Kirk Douglas. Ele adora fazer esse tipo de mulherengo sujo, mentiroso e sorridente. Gostamos de vê-lo na tela. Wayne está cansado. Deixa que o filme fuja de suas mãos. Apenas está lá, sendo o mito da velha América. Para quem ama westerns é uma bela diversão. Nota 6.
   OS MUPPETS de James Bobin
É o recente filme dos geniais bonecos de Jim Henson. E este filme prova o dom único de Jim. Caco é comandado por outra pessoa, Henson já morreu. E juro que dá pra notar que não é ele. Caco perde em humanidade, os movimentos estão mais duros, a mão se move com menos precisão. O filme em si é muito fraco. O problema não é o fato das novas gerações não conhecerem os bonecos, o problema é o roteiro muito ruim. Nota 1.
   O CAÇADOR de Daniel Nettheim com Willem Dafoe
Como cinema é banal. Filmado sem emoção e sem criatividade. Mas ele tem duas coisas que o notabilizam: o cenário e o tema. É filmado na Tasmânia, um lugar que não se parece com nehum outro do planeta. E fala de um caçador que é contratado por uma corporação cientifica para matar o último Tigre da Tasmânia e recolher suas vísceras e sangue para pesquisas. O que vemos é toda a caçada desse homem calado, e sua súbita tomada de consciência. O final é bem triste. O tema mexeu bastante comigo. É o tipo de filme comum ( mas nada ruim ), que dá margem a horas de conversa. Nota 5.
   QUASE FAMOSOS de Cameron Crowe
Não gosto de pensar neste filme e revê-lo foi uma experiência ruim. Ele me dói. Fico louco de saudades daquilo que fui, daquilo que presenciei e daquilo que a gente perdeu. A inocência só se perde uma vez. O mundo nunca mais será ingênuo. Restam as músicas, a trilha do filme é covardia, tá tudo aqui, de Neil Young à Thin Lizzy. Absolutamente deslumbrante. Mas me dá uma tristeza cruel.... Nota 9.
   JOVEM NO CORAÇÃO de Richard Wallace com Janet Gaynor, Douglas Fairbanks Jr e Paulette Goddard
Uma familia que vive de golpes malandros, envolve uma velhinha solitária em suas tramóias. Os atores são excelentes e fazem tudo aquilo que dele se espera. Temos Douglas sendo jovial, Janet como uma doce mulher e ainda Roland Young fazendo seu ótimo tipo excêntrico. É gostoso de ver, mas às vezes cai num melô forçado. A senhora solitária é boazinha demais. Nota 5.

TINTIM- HERGÉ

   Spielberg está finalizando um filme sobre Tintim, o herói criado pelo belga Hergé, herói que é a décadas imensamente popular em todo o mundo. Mais que isso, é Hergé o homem que inaugura um tipo de quadrinho europeu, de aspecto mais realista ( mas não real ), e de composição mais "limpa", organizada. Qualquer página de Tintim que voce abrir ao acaso lhe dará uma impressão de ordem, de quadrinhos bem divididos, de traços harmoniosos.
   A primeira experiência que tive com esse herói não foi boa. Foi numa série de Tv, que era exibida pela Tv Bandeirantes, décadas atrás. Não é a mesma série canadense, boa, que depois foi exibida pela Cultura. Eram desenhos de muito blá blá blá, e além de tudo, Tintim com aquelas meias de lã e o topete esquisito me parecia um nerd dos mais enjoados. Coloquei-o de lado e só voltei a Tintim na idade adulta. Foi quando li "O Segredo do Licorne" e me peguei vibrando com o talento de Hergé. Comprei todos, livros de capa dura, ainda da editora Record.
   Hergé não viaja. É Tintim quem viaja. Hergé pesquisa em casa, com fichas onde anota tudo sobre os países onde se passam as aventuras. E desenha. Desenha de forma naturalista, com detalhes, de uma forma clara, simples, correta. Hergé nunca vai te pegar pela criatividade, ele te encanta pela correção. E Tintim, um menino sem segredos, tipo de repórter, com seu cão Milou, um schnauzer branco, vai ao Tibet, a India, aos EUA, a Lua até. Sempre correndo de lá pra cá, sempre com pressa. O capitão Haddock surge após alguns números. Capitão bêbado, que tem um jeito engraçado de blasfemar ( seus sicofantas, macrocéfalo, rocambole, canibal, ectoplasma, filoxera, flibusteiro.... ), Haddock que se torna personagem mais "colorido" que Tintim, capitão pessimista, sempre nervoso, que não pensa.
   Será que Spielberg vai conseguir tornar Tintim famoso também nos EUA? Em entrevistas ele diz que quando o descobriu se apaixonou na hora. Mas haverá em meio a tantos heróis barulhentos e ultra-violentos, poços de neuroses e de machismo simples, haverá lugar para um rapaz que parece tão... cálido? Espero que sim. Seria muito bom se Tintim se tornasse um grande sucesso de cinema.
   Releio então alguns números de Hergé. Ainda são bons. Não me pego mais "dentro" da aventura. Infelizmente o tempo fez com que se criasse uma parede entre eu e Tintim. Mas ainda há prazer, ainda admiro a beleza dos traços, das linhas puras e limpas, do colorido suave. Na verdade é um filme que desejo muito assistir. Vamos esperar e torcer...