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MOONDANCE - VAN MORRISON, UM DISCO QUE DEFINIU UMA ESTRADA
Astral Weeks, disco do fim de 1968, é hoje considerado uma obra prima, mas em seu tempo foi um fiasco absoluto. Não vendeu e a crítica odiou. Então, em crise, Van Morrison se muda para as montanhas Catskill nos USA e lança este disco em janeiro de 1970. Sua carreira é salva. Sucesso em vendas e na crítica. Como ele é? Excelente. Muitos o consideram o ápice de sua longa carreira. Mais ainda, seria este o marco zero do POP adulto, da canção de rock, do som para jovens adultos. Antes de Elton John, Billy Joel, Steely Dan, Joni Mitchell, Eagles, James Taylor, seria este o disco que lança o conceito. Eu acho que não. Simon e Garfunkel criaram a canção adulta POP em 1968 com Bookends. ------------------ Van Morrison faz canções simples aqui, mas com maravilhosas cores de soul music e jazz. Moondance, a segunda canção, é uma obra prima de jazz. O piano faz cadências a west coast, os metais são puro soul e a voz de Morrison....ele pode cantar o que quiser, é sempre brilhante. Lindos solos de piano e sax. O album tem dez faixas e nenhuma é menos que ótima, mas Caravan é mais uma obra prima. Uma balada emocionante, uma balada típica de Van Morrison. Into The Mystic é talvez a melhor canção que ele gravou em toda sua vida. É mágica. É atemporal. É Jackie Wilson. É gospel e soul. A voz de Van, adulta desde os tempos do Them, espalha luz aqui. Quando ele ergue o tom e grita a vida se renova. É profundamente emocionante. E os metais....o modo com ele os usa...--------------- O disco todo é uma obra de amor. Come Running é feliz, é alegre, é amorosa. Everyone com seu som de cravo e um refrão que gruda pra sempre. Glad Tidings é o final...não dá pra ser melhor. -------------- Fico triste por perceber que os Stones por exemplo, jamais chegaram ou chegarão à essa fase tão adulta, sábia, poderosa. ( Não só eles. ) ---------------- Atenção! Quando for ouvir este disco não espere uma emoção avassaladora. Não espere a coisa mais original do mundo. Não é um disco FODA. É um discreto disco lindo. Como é o amor de verdade.
ERIC CLAPTON E VAN MORRISON
Eric e Van lançaram uma música em que pedem o fim do lockdown. Esse é um direito deles. São os dois de um tempo em que era comum se pedir liberdade. Se hay gobierno soy contra, lembram? Quem não gostou da canção ou da atitude tem todo o direito de dizer o que pensa. O problema é quando não se desgosta do ato, mas se ofende a pessoa. Eis o tal do lacramento.
Acusam Eric de dever seu dinheiro à Bob Marley. De ter explorado a música dos negros: o blues. Sou obrigado a defender Eric? Van Morrison eles nem atacaram. É provável que nem saibam quem é.
Eric saiu dos Yardbirds por pensar que a banda era pop demais. Foi fazer blues com John Mayall para honrar o blues e não para ganhar dinheiro. Quando o Cream explode nas paradas ele se sente incomodado. E parte para Delaney e Bonnie na intenção de fazer o que sempre sonhou: virar americano.
Bob Marley deveu sua popularização mundial à versão de Eric para i shot the sheriff. E Eric não foi o primeiro branco a gravar reggae. Por que não falaram dos outros? Porque eles não se manifestam contra a maré?
Lacração tem fedor podre. Lembra o CALA A BOCA e também o FICA NO SEU LUGAR. Pior, há um movimento que luta contra a integração. Negros não devem amar brancos. Cada raça deve manter sua pureza. Lembra nazismo. Mas eu prefito chamar de loucura. Conheço aluna negra que não fala com branco. Que nome isso deve ter?
Irão cobrar Chico Buarque por usar o samba dos negros? Tem gente atacando Gilberto Gil por causa de seus casamentos com brancas. Dizem que ele quer branquear a raça. Raça? Que raça? Nosso DNA é todo o mesmo. Somos filhos do mesmo Adão. Haja burrice!
Clapton foi influenciado por Muddy Waters, BB KIng, JJ Cale, The Band, Country e Blues. E daí? No blues original há uma imensa influência de country e de folk irlandês. E daí? O violão veio da Espanha e as harmonias da Alemanha. E daí? A língua é a inglesa, e o inglês é de origem bárbara celta e saxônica...e daí?
Em 2020 ter de falar para um negro que não existe cultura pura e nem raça original...é ridículo! Trata-se do mais elementar conhecimento.
Bem...espero que Eric não tenha ficado triste. Espero que ele já soubesse que hoje a censura vem de onde deveria vir o vale tudo.
CAT POWER & TANITA TIKARAN
No final dos anos 80 eu conhecia o grande disco de Tanita Tikaran. Como se feito fosse dentro de uma catedral, ele remete diretamente à Van Morrison. Mas também à Rickie Lee Jones. Cheio de sombras, úmido, a voz dela vem como de cavernas. Ela é quente.
O tempo passou e o mundo preferiu virar seus olhos para Bjork, a grande chata. Tanita sumiu do mainstream. ( Existe um mainstream alternativo hiper ativo e duro como aço ).
Cat Power tem o mesmo timbre de voz e surge dez anos após Tanita. No fim do século XX. Cat é ainda mais espartana e franciscana. O som é feito de pequenas notas e as canções são feitas só de refrões em busca de um arranjo. Van Morrison outra vez. Só que em clave feminina. Como o irlandês, ela joga uma melodia e discorre sobre ela. São hinos. Cantilenas. Remetem às celebrações de domingos.
Uma amiga me presenteou com 3 cds de Cat Power. Ela achou que eu gostaria. Os cds são como ela: melodias em busca de redenção. Delicadezas que insistem em ficar. Sombras impossíveis de iluminar. Bonitas como as maiores mágoas. Longas pernas pálidas e longos olhares despidos.
Tanita é melhor. Mas Cat me assobia. E anda pela esquina.
O tempo passou e o mundo preferiu virar seus olhos para Bjork, a grande chata. Tanita sumiu do mainstream. ( Existe um mainstream alternativo hiper ativo e duro como aço ).
Cat Power tem o mesmo timbre de voz e surge dez anos após Tanita. No fim do século XX. Cat é ainda mais espartana e franciscana. O som é feito de pequenas notas e as canções são feitas só de refrões em busca de um arranjo. Van Morrison outra vez. Só que em clave feminina. Como o irlandês, ela joga uma melodia e discorre sobre ela. São hinos. Cantilenas. Remetem às celebrações de domingos.
Uma amiga me presenteou com 3 cds de Cat Power. Ela achou que eu gostaria. Os cds são como ela: melodias em busca de redenção. Delicadezas que insistem em ficar. Sombras impossíveis de iluminar. Bonitas como as maiores mágoas. Longas pernas pálidas e longos olhares despidos.
Tanita é melhor. Mas Cat me assobia. E anda pela esquina.
TUPELO HONEY- VAN MORRISON, UMA VOLTA À VIDA
Penso em quantas pessoas que vivem por aí foram concebidas ao som de Van Morrison. O cantor irlandês ( de Belfast ) canta a trilha do amor, sempre, e este é seu disco mais feliz. Ouvir Tupelo Honey é escutar a mudança de vida, o encontro com um novo amor, a volta da crença que em realidade nunca se fora. Morrison está feliz e é um prazer ouvir isso.
O disco abre com um de seus hits, Wild Night vendeu bem em 1972 e em 1994 até mesmo John Mellencamp o regravou. Som veloz, dançável, saltitante. E é por aí que ele corre. Cada faixa conta um aspecto desse reencontro. Morrison encontra uma mulher, com ela vem a vida nova e ele se sente abençoado. Para contar isso ele se cerca de um time afiado de vinte músicos, dentre eles o venerável Connie Kay, que dá a obra um leve sabor jazzy.
Mas não pense que ele é jazz, o disco é filho do encontro de Morrison com The Band. Tupelo Honey soa como The Band em versão irlandesa, é folk com soul, mas um pouco mais melódico e bastante menos rock`n`roll. Onde o grupo do Canadá celebra a amizade, o irlandês festeja um casal. Robbie Robertson e seus amigos parecem sempre estar numa estrada, Morrison vive num quarto. Mesmo que aqui ele esteja acompanhado e de janelas abertas para o sol.
É um disco feito para se ouvir à lareira. Com calma, com sobriedade e com amor.
O que será concebido então depende de voces dois. Um filho, um poema ou uma bela recordação. Aproveitem.
O disco abre com um de seus hits, Wild Night vendeu bem em 1972 e em 1994 até mesmo John Mellencamp o regravou. Som veloz, dançável, saltitante. E é por aí que ele corre. Cada faixa conta um aspecto desse reencontro. Morrison encontra uma mulher, com ela vem a vida nova e ele se sente abençoado. Para contar isso ele se cerca de um time afiado de vinte músicos, dentre eles o venerável Connie Kay, que dá a obra um leve sabor jazzy.
Mas não pense que ele é jazz, o disco é filho do encontro de Morrison com The Band. Tupelo Honey soa como The Band em versão irlandesa, é folk com soul, mas um pouco mais melódico e bastante menos rock`n`roll. Onde o grupo do Canadá celebra a amizade, o irlandês festeja um casal. Robbie Robertson e seus amigos parecem sempre estar numa estrada, Morrison vive num quarto. Mesmo que aqui ele esteja acompanhado e de janelas abertas para o sol.
É um disco feito para se ouvir à lareira. Com calma, com sobriedade e com amor.
O que será concebido então depende de voces dois. Um filho, um poema ou uma bela recordação. Aproveitem.
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