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O TEMPO DO FUTURO E O PASSADO IMAGINADO- DE VOLTA PARA O FUTURO EM 2022

Assisto, mais uma vez, a trilogia DE VOLTA PARA O FUTURO, e percebo como as duas sequências são ruins. A segunda é uma confusão barulhenta e estridente, onde tudo de sensível ou acertado que havia na parte um é jogado no lixo. O roteiro tem furo sobre furo, nada faz o menor sentido e a ação é do tipo sem motivo que a deflagre. Já o terceiro é menos ruim, a histeria diminui, mas se trata apenas de um caça níquel que se auto glorifica sem parar. --------------- Então quero falar do primeiro. Feito em 1985, roteiro de Zemeckis e Bob Gale, ele foi em sua época uma engenhosa brincadeira sobre o tempo. Tudo parece fazer sentido por mais absurdo que seja. Cada objeto e cada fala deixa uma pista no ar, pista que será respondida alguns minutos mais tarde. Filme que é um dos ícones dos anos 80, não há como alguém da minha geração não sentir prazer hoje em ver o Delorean, o carro que é máquina do tempo, a cena final do raio no céu, ou as cenas do reencontro com a cidade 30 anos mais nova ( só trinta anos no passado, tempo que em 1985 me parecia uma enormidade e que hoje parecem nada...que emocão seria a minha em voltar a 1992? Nenhuma ). ----------- Caso voce não lembre, é nas cenas sem efeitos, humanas, que mora a emoção, o âmago do filme. Descobrir o pai, jovem, derrotado; as cenas, sérias, profundamente perigosas, em que a mãe sente atração pelo filho, a constatação, dolorosa, de que apenas um ato pode modificar toda uma vida. Revendo o filme, com a idade que tenho hoje, penso em como seria transformador ver meu pai quando ele tinha 18 anos ou minha mãe quando ela era uma adolescente brilhando de hormônios. Mais ainda, entender que se eu fosse na festa que não fui, ou tivesse tido a conversa que não tive, toda minha vida poderia ter sido outra. O filme, que parece escapista, se move no meio dos dois mais importantes pontos da vida: o tempo e a decisão individual. ----------------- Há quem diga que em seu melhor, o cinema americano fala de grandes e graves questões as embalando em contrabando, no meio de ação e humor. Europeus falam de coisas ditas sérias anunciando aos quatro ventos: Estou falando de coisas sérias! Desse modo, gente como Antonioni ou Bertolucci grita sua filosofia em filmes que exibem cenas que parecem trazer escrito: Isto é arte!, enquanto no cinema da América, a filosofia profunda vem montada a cavalo ou entre goles de Coca Cola. ----------------- Eu acho que os anos 70 produziram mais grandes filmes que os anos 80, mas nos 80, por causa do VHS, e da tática do blockbuster, há mais filmes icônicos, filmes que são como imagens sacras de uma geração. É assim com Indiana Jones. Rambo. Mad Max. Curtindo a vida adoidado. Filmes com Eddie Murphy. Steve Martin. ET. Amadeus. E este filme. Foram vistos no cinema. E depois revistos ao infinito em VHS, TV, DVD, streaming... ---------------- Puxa vida! E eles viajaram só 30 anos....

I WANNA HOLD YOUR HAND, O COMEÇO DO FILME SEM HISTÓRIA

Deixo claro desde já, gosto deste filme. O título acima não significa que não goste. É apenas uma constatação. Posto isso, vamos à história. ------------------ I WanNA To Hold Your Hand é o primeiro sucesso de Robert Zemeckis, é de 1978, e é produzido por Spielberg. É portanto o começo da tomada de poder dos amigos de Spielberg no cinema POP. A sacada do roteiro, Bob Gale, outro da turma, é genial: Estamos no começo de 1964, em NY, mais especificamente no dia em que os Beatles iam tocar no programa de Ed Sullivan e mudariam o mundo para sempre. O filme foca em quatro meninas e seus amigos, elas fâs do ingleses, eles relutantes ou hostis. Temos a histérica, a romântica que vai se casar, a fotógrafa que quer fotos boas e uma seguidora do folk, que odeia os conformistas e alienados Beatles, mas que mudará de ideia oa final do filme. ----------- Eu disse que é o começo do filme sem história. Explico agora: Até então eu só me lembro de um único filme desse tipo: UM CONVIDADO BEM TRAPALHÃO ( THE PARTY ), o filme de Blake Edwards, ótimo, com um Peter Sellers diabolicamente genial. Em seu lançamento, 1967, foi um fracasso absoluto. Público e crítica não aceitavam um filme SEM HISTÓRIA. ----------- Mas o que é isso de FILME SEM HISTÓRIA? Lembram de ESQUECERAM DE MIM? O RATINHO ENCRENQUEIRO? DURO DE MATAR? É isso. Uma única situação, uma única trama, que se desenvolve sem história paralela alguma, sem variações, sem desvios, um tipo de situação que daria um curto mas que se estica em hora e meia. O que este filme conta ou narra? Jovens que querem ver os Beatles. Onde se passa? No hotel dos Beatles. O que os personagens fazem? Tentam ver os Beatles. E SÓ QUEREM VER OS BEATLES. Esse o motivo do filme sem história: um único desejo move todo o filme. Centenas ou milhares de filmes desde então podem ser encaixados nesse estilo. Inclusive, lembro agora, TUBARÃO ( JAWS ), um filme que não tem hsitória alguma, é apenas uma ação esticada ao máximo. -------------- Este filme é bom porque é maravilhosamente bem dirigido. Para esse tipo de filme ser aceito é preciso ritmo, leveza, bom humor, e tudo isso há aqui. Além disso vemos, pelo outro lado, o lado dos fãs, o que era a Beatlemania, e tomamos consciência de como, ao lado de Elvis ou de Jerry Lee, os ingleses pareciam efeminados, dandys, nada rock n roll. ------------ E por fim há o fator Nancy Allen, único nome no elenco que fez uma carreira. Ela tem uma das cenas mais sexys e pornôs que já vi no cinema americano ao fazer sexo oral com o contra baixo de Paul MacCartney. Veja para crer. E depois gozando e se molhando ao ver os caras tocando. Só por isso o filme já vale. ---------------- PS: não é ficção. Várias meninas tinham seu primeiro orgasmo nos shows da banda. Alguém no filme diz que aqueles jovens amavam os Beatles e ao amar o grupo SE AMAVAM. Os gritos das fãs eram uma afirmação de amor a si mesmo. -------------- Sem história, mas com repercussão.