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O LEILÃO DO LOTE 49- THOMAS PYNCHON

   O tema é: Ou o mundo é um delírio paranóico, onde todos somos loucos, TODOS; ou tudo faz sentido. São duas opções radicais. Se voce escolhe o não-sentido, então voce tem de assumir a vida sem nenhum sentido. E não procure encontrar um porque em voce, na história do mundo ou em teorias de intelctuais que são tão loucos quanto voce e o mundo.
   E se voce escolhe o sentido, então tenha a humildade de saber que se ás vezes voce não percebe o sentido das coisas o problema está em sua percepção e não nas coisas. ( Eu sempre pensei fazer parte do primeiro grupo. Mas mesmo a falta de sentido pra mim faz sentido ).
   Outro tema: Teria havido uma chance de diversidade na humanidade. Mas ela se perdeu. Hoje somos todos o mesmo. Todos seremos idênticos, padronizados.
   Se o mundo se dirige a uma comunhão de circuitos minúsculos de IBM ( e ele escreveu isso em 1964!!! ), nós nos tornaremos minúsculos circuitos integrados e ligados um com o outro.
   Mais um tema: Bastava apenas ter olhado...O sentido está no olhar que atenta. A vida nos manda milhões de cartas, mas ignoramos a todas. Na verdade não todas, em uma vida percebemos duas ou três. Só nos ligamos nessas mensagens quando estamos doentes, daí lemos a doença em tudo. Saudáveis nos distraímos.
   Tema: Saber ler a vida é um ato religioso. E religião é a fé na espera. ( Saber ler a coincidência: especial com Fellini na TV onde ele diz que ter fé é esperar, saber esperar, ter a paciência da espera ). Não correr, não fugir, não fazer, esperar e esperar. E então receber a mensagem. E ler os sinais.
   Tema ( mais um ): os zeros e os uns do código binário caem sobre nós. Alguns serão o um, outros serão o zero, e é tudo. O resto é paranóia. Nosso destino está feito para nós pela história e pela evolução. Ou não???
   Fazemos força para não ver. E então fazemos força para crer em qualquer coisa que nos faça deixar de esperar calados. Não percebemos os furos e erros em nossos gurús, sejam eles Marx, Freud ou Hegel. Nos cegamos e aceitamos a visão já pronta "deles".
  Édipa Maas é casada com Mucho Maas. Um ex-namorado morre, milionário, e deixa para ela o cargo de inventariante de sua fortuna. Mas ela se envolve em nóia. Símbolos de uma confraria que sabota o correio desde 1650. E tudo se preicpita, as coisas mudam. O marido se torna zen, o analista se vicia em LSD e é preso. Uma odisséia pela noite gay de San Francisco. Bandas de rock com maconha e letras tolas. Um diretor de teatro que se mata. Um autor do século XVII que deixa pistas. Uma multidão de personagens esquisitos, repugnantes, hilários.
  Édipa se desespera. Pra que saber o que tudo aquilo significa? Será tudo uma brincadeira? Será verdade?
  O livro pesa na cabeça de quem o lê. Faz sentido ou é pura loucura? O que ele tenta nos dizer, ou será que o sentido é apenas o que está escrito?
  Thomas Pynchon é odiado por muitos e torna-se obssessão de outros. Não dá pra ficar indiferente. O livro não termina.

A SOCIEDADE DE LUNÁTICOS POR THOMAS PYNCHON

Xi! A síndrome de Thomas Pynchon me pegou....
Existe uma rede mundial que fica destrinchando os livros dele. Eles, que são milhares, já editaram centenas de livros sobre cada capítulo de cada livro do cara. Chegam a ficar meses analizando uma frase. E discutindo porque ele citou aquele politico, porque aquele personagem tem aquele nome, porque aquela cidade...
Pynchon existe? Não se sabe. Só se conhecem duas fotos dele. E as duas têm mais de 50 anos. Dizem que ele tem filhos. E faz Salinger parecer sociável. Mas ao contrário de J.D., Pynchon escreve muito. ( E não é por acaso que tanto a sociedade de fanáticos , como o tipo de ermitão que ele é, são coisas típicas de seus livros ).
O estilo de Pynchon é delirante-paranóico. Ele exibe a loucura de todos nós. Em lente grande angular. Pega um monte de fatos e os conecta. No livro que leio tem uma mistura de new-age californiano com marxismo, bandas de rock inglesas, Pernalonga, motéis, cientistas do século XIX, magia negra, agentes secretos, cinema infantil, teatro do século XVII, indios, e sobre tudo isso Os Correios. Absurdo? Convincente.
Os personagens têm nomes como Edipa Maas, Baby Igor, Mucho Maas, Os Paranóicos ( é o nome da banda ), há um analista que dá LSD para suas clientes, velhinhos tarados, um advogado que virou ator, a máfia da Sicilia.... Se voce pensou em filmes dos irmãos Coen acertou na mosca. Pynchon criou o mundo do Grande Lebowski.
Voce lê e não sabe se aquele cara da Escócia, que criou a tese da energia sem custo, existiu ou não. Porque Pynchon mistura gente inventada com gente real, a saga da familia Thurn und Taxis ( que é fato histórico ), com a história de jovens gênios da California e tipos excêntricos da classe média.
Criatividade abundante. É um prazer ler um escritor que cria, que feriliza e não fica naquela lenga-lenga moderninha de medinhos e sexozinhos no escurinho tristinho de sua vidinha desinteressantinha. Se voce vive nesse mundinho estéril, fuja de Pynchon. Ele tem um pênis gigante que vai te assustar.
Mas se voce, como eu, adora tudo o que seja solar, prometeico, mefistotélico, viril, forte e ribombante, corra a qualquer canto e pegue seu Pynchon.
É pra gozar.
A sacada dele é pegar todo o mundo pop e tratá-lo em formato joyciano. É nosso Sterne. Gargalhei com algumas páginas e senti que ficava louco com outras.
Ajoelho-me perante um talento.

PARANÓIA, NARCISO ET RELAXADÃO & BUUUUM!

Coincidências não existem. Estou relendo Thomas Pynchon e sai uma resenha sobre um novo livro dele. Então, o que escrevo aqui vai em estilo Pynchoniano ( menos complexo, claro ).
Pynchon escreve no estilo EUA-1967. Paranóia. Um monte de gente e de coisas e de vozes e de tempos e de pontos de vista e de cenários. As páginas têm um excesso de vidas e de personagens e de coisas que acontecem. & então voce ri & ao mesmo tempo sente medo and irritação. Fica meio louco com aquilo tudo. ENERVADO. Saul Bellow e Philip Roth ( só naquele tempo ), também escreviam assim. Acho que começou com Thomas Wolfe em 1930. É uma escrita tipo BOOOOOOOOOOOOM!
Hoje/agora/2012 o que define a escrita é o oposto dessa nóia esquizóide: depressão e desencanto. Nada acontece de relevante e tudo parece o mesmo. Tipo hmmmmmmmmmmmmm..................
O Nobel não ter ido às mãos de Pynchon até agora é uma humilhação para os suécos. hmmmmmmmm......
Paulo, eu, tem saudades de coisas da pré-adolescência por que na pré-adolescência ele ainda podia ficar o dia todo de pijama. E comer chocolate sem parar SEM pensar em barriga ou diabetes ou dentes. ( E aos quase 50 Paulo não tem barriga nem diabetes e tem todos os dentes ). Pondé escreve para trouxas como eu. E ninguém tem humor para notar que quando ele chama seus leitores de tolos ele está os diferenciando dos inteligentinhos? De qualquer modo, Pondé, que tem uma figura hilária, fala do narcisismo como mal maior do Facebook.
Na India de 200A/C, budistas imaginaram o inferno como um lugar onde todos sentem um desejo que se renova indefinidamente. Voce quer, obtém, e continua querendo. Para sempre. E nesse querer voce deseja ser reconhecido como o grande obtedor. Eis nosso mundo em SP ano de 2012.
Tenho um amigo, Ribovaldo de Camarinha. Ele recebeu 239 parabéns em seu aniversário. Ficou feliz pacas com isso. No fim de semana ficou triste, não tinha ninguém on line. Não dá mais pra viver de pijamas. A gente fica todo o tempo tentando seduzir alguém. Na rua, no trabalho, e agora em casa, aqui em frente a esta tela. Tentamos ser bonitos ou engraçados ou inteligentes ou bem loucos. Queremos atenção de 239 pessoas TODO O TEMPO.
Paulo, eu, pensava que aos 50 iria relaxar. Finalmente poder deixar a barba crescer, comer de tudo, beber, esquecer a vontade de ter uma "boa imagem" e então só ter relaxo. Paulo, eu, começa a perceber que aos 90 irá morrer arrumando a camisa e vendo se a pele está bronzeada. Pior: nossas crianças desde sempre já estão nessa: belas fotos para seu álbum no Face e dietas para evitar problemas aos 40 anos. Pelo menos Paulo, eu, soube ainda o que era ir á escola com cabeleira suja e jaqueta qualquer coisa. Cabelo sujo não por compor um tipo, cabelo sujo por falta de cuidado. Relaxadão.
Todos os meus professores tem cara de Johann Sebastian Bach. Os invejo por isso.
Inácio Araújo desabafa, enfim. Diz que num espectro de dezenas de canais a cabo, a oferta de filmes é paupérrima. Sempre do mesmo. Ou seja, deu tudo errado. A diversidade de meios não diversificou a oferta. Criou um rebanho. Nunca o cinema foi tão uniforme. Daí Inácio lembra da Sessão da Tarde dos anos 70. E conta que qualquer garoto da época tinha na Sessão da Tarde uma oferta muito mais rica de filmes que existe em todos o cabos de hoje. E eu lembro que minha cinefilia começou na Sessão da Tarde. Creia, eu assisti Fritz Lang, Hawks, Huston, Nicholas Ray, Billy Wilder e Otto Preminger nas tardes da Globo. Hoje eles passam o que?
Jack Endino gosta da sonoridade dos lps gravados em 1971, 1972... Trnasformer de Lou Reed tem a melhor sonoridade da história do som. Só ouvindo. E tem de ser no vinyl, não adianta voce baixar, vai soar como soa tudo. Aliás, tudo tem um som igual. Seja uma banda pesada de Chicago, seja uma banda suja de New York, um cantor pop de Londres ou um metido de Birmingham, todos têm aquele som cheio, compacto, brilhante, que deixa tudo como o mesmo. Se voce ainda tem um tocador de bolacha, bota qualquer coisa gravada entre 71/ 77 e toca. É outro universo. bateria que tem personalidade, baixo lá e voz acolá. Tudo tem um som definido, limpo, distante. Tem ar entre os sons. Treina seus ouvidos.
Aula de Fono: tem gente que não consegue perceber a diferença entre duas vozes que soam juntas. Tem gente que não escuta mais. Só identifica timbres e mais nada. O ouvido pode ficar analfabeto.
Fato: Sabia que não há um só orgão feito para a fala em nosso corpo? Nada no ser-humano foi genéticamente criado para a fala. Assim como as mãos não foram criadas para escrever ou tocar piano, as cordas vocais ( que não são cordas e nem vocais ) não existem para a fala. Existem para ajudar a engolir e respirar. Só. Isso prova a imprevisibilidade da vida. O improviso que a vida é. Por que usamos algo que é pra engolir para a fala? Nunca ninguém vai saber. Então se chuta.
Tentei ser meio Pynchon. Mas ele, gênio, já teria neste espaço criado uns 20 personagens e soltado cinco frases originais. Eu, Paulo, apenas papagaeio.
BUM!