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O COMBOIO DO MEDO ( SORCERER ), FILME DE WILLIAM FRIEDKIN

Primeiro fato: o cinema de Friedkin é desprovido de humor. É um cinema crispado. Segundo fato: O SALÁRIO DO MEDO, filme frances de Henri Georges Clouzot era tão amado, tão idolatrado, com merecimento, que refilmar tal filme era uma temeridade. Os críticos olhavam o novo filme com olhar desconfiado. Terceiro fato: Nunca um filme foi lançado em momento tão errado. Sorcerer estreou uma semana após STAR WARS. Com custos altíssimos ele fracassou. Prejuízo que destruiu a carreira de Friedkin. ---------------------- Era 1977 e na turma dos novos grandes talentos, Friedkin era mais quente que Coppolla, Scorsese ou Bogdanovich. OPERAÇÃO FRANÇA ganhara todos os Oscars antes do CHEFÃO de Francis Ford Coppolla e fora Friedkin quem abrira as portas de Hollywood. Depois mais um big sucesso: O EXORCISTA. E então quatro anos para fazer este fracasso. A crítica na época odiou o filme, chamando-o de confuso, frio, raso. Hoje ele tem status de obra prima. ------------ Nos extras vejo dois comentários brilhantes: 1- A quantidade imensa de grandes filmes dos anos de 1970 que foram fracassos então, e que vistos hoje são tidos como geniais. 2- Aquela semana de julho de 1977 mudou o cinema para sempre. Se SORCERER houvesse sido um sucesso, Hollywood continuaria apostando tudo em filmes adultos, mas STAR WARS venceu e mudou o cinema. Pelos próximos 40 anos, tudo seria feito para agradar o público de Star Wars. -------------- Como é o filme? Ele é muito diferente do filme de Clouzot. Felizmente. SALÁRIO DO MEDO, feito em 1954, é um dos 10 maiores filmes de aventura e suspense já feitos. É irretocável. O filme de Friedkin usa o livro e não o filme como guia. No filme francês já começamos na vila miserável onde ocorrerá a aventura. Neste filme, vemos tudo que levou os quatro protagonistas aquela situação. Críticos reclamaram em 1977 que o filme tem poucos diálogos. Esse é um dos seus méritos, é um filme duro, sem sentimentos exagerados. Há uma cena, polícia contra terroristas em Israel, que usa câmera tremida, cortes velozes, foco aberto...parece o estilo moderninho de 2023. Feito em 1977. Impressiona muito. -------------------------------- Friedkin se exibe à vontade. Sabe tudo de cinema. Quando o filme muda para a América do Sul a miséria se torna opressiva. Dizem ser nessa hora que o público odiou o filme. Well....filmes dos anos 70 hoje parecem tão bons porque os filmes de hoje são muito ruins. Tudo aqui é exemplo disso. O que em 1977 parecia superficial ou gratuito, hoje parece maestria e talento puro. Os persoangens sofrem muito, voce sente o calor tropical vendo as imagens, se sente preso ao lugar com os atores, e então começa a ação. ------------------ Se voce já viu o filme antigo francês a surpresa não será tanta. É onde os dois mais se parecem. Mas caramba! Que cenas soberbas essas!!!! A travessia da ponte!!!! A explosão da árvore!!!!! É incrível!!!!! E o final, horrivelmente pessimista. ------------- O elenco é brilhante, com destaque para Roy Scheider, vindo direto de TUBARÃO. Ele compõe um derrotado ao estilo Humphrey Bogart em Sierra Madre. Sem o imitar, faz uma versão anos 70 do "perdido no fim do mundo". É um desempenho a não esquecer. -------------------- Friedkin tinha este como seu maior filme e seu fracasso desandou sua vida. Não só ele, mas o cinema nunca mais foi o mesmo após julho de 1977. Han Solo venceu.