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A VOLTA AO MUNDO EM 80 DIAS- JULIO VERNE

    Bela edição ilustrada! Digna desse livro tão divertido. Fogg vai de Londres a Suez, para a India, para Hong Kong e Japão e cruza os EUA. Parada breve em Singapura, que é o lugar que parece mais interessante. O racismo abunda no livro. Raças não européias são tratadas por nomes como energúmenos ou bestas. É um racismo racional, o melhor humano é aquele que domina a técnica e a indústria. O primitivo é na melhor das hipóteses um idiota, na pior uma fera. Maldito século XIX.
   Frustra um brasileiro perceber que Verne foi um grande best-seller. Assim como dói saber que Walter Scott foi, em 1820-1840, o maior vendedor de livros de toda a história. Ou seja, estamos quase dois séculos atrasados, pois só agora, de poucos anos para cá, um autor consegue ficar rico com livros. Well...
   Verne conseguiu seu sucesso usando a ciência de então. A Europa estava no frenesi de descobertas, descobertas da ciência e descobertas geográficas. Verne une as duas coisas. E não se esquece da ação, que nunca cessa. É quase cinema.
   Não acho que um garoto de 12 anos irá gostar de Verne hoje como eu gostei. Talvez Twain e Stevenson tenham envelhecido melhor. Mas os livros de Verne ainda são base para livros de aventuras de agora. E filmes também. O herói frio, o ajudante atrapalhado, a mocinha salva, o cenário misterioso e exótico. A corrida contra o tempo que se encurta.
   É o modelo ainda usado em 2013. E não mostra sinais de abandono iminente. Verne deve estar rindo de onde estiver.

CINCO SEMANAS EM BALÃO- JULIO VERNE

   Verne foi o mais lido escritor do mundo. Isso até quase agora. Quando eu era criança todos liam Verne na escola. Eu li A Volta ao Mundo em 80 Dias e Viagem ao Centro da Terra. Aliás, o cinema amava Verne. Tudo dele virou filme. Viagem ao Centro da Terra com James Mason é duca!!! Mas Verne não vai mais voltar a moda. A não ser que cortem as partes politicamente incorretas de seus livros. Ele escreve como um europeu normal de seu tempo. Quando ele topa com um negro, um chinês ou um indiano, ele vê sempre um ser muito superior ( o europeu ) diante de um homem ingênuo e primitivo ( o outro ). Mesmo para um cara anti-politicamente correto como eu, isso incomoda..Neste livro por exemplo, negros são mortos alegremente. Quando não, são confundidos com macacos. Fora o fato de que um dos heróis mata elefantes como se mata uma barata. Todo animal é uma besta terrível. E portanto deve ser morto.
   Três ingleses partem num balão para cruzar a África. Eles pretendem mapear o centro africano, a região onde nasce o Nilo, que em 1862 era desconhecida. Verne tem o dom da aventura. Apesar de se passar inteiro dentro de um balão e de ter só três personagens ele jamais entedia. Percebe-se também a diferença entre a literatura francesa e a corrente inglesa. Verne explica o funcionamento de tudo. Ele ansia pelo possível, cria uma fantasia que deve ser explicável, racional. Nunca se joga na fantasia pura.
   O melhor do livro são os relatos dos exploradores que morreram no continente. Verne consegue criar o clima de "buraco negro" que era a África de então. Cada quilômetro percorrido é um passo dentro do perigo, do jamais visto, da aventura. Desertos, montanhas, tribos, bichos, falta de água, tempestades. Um prato cheio.
   Julio Verne foi um dos fixadores do que se conhece como "escritor profissional". Produziu dezenas e dezenas de livros, todos com temas que uniam aventura e viagens exóticas. Todos em linguagem simples, direta. Vale lê-lo ainda hoje? Vale como retrato de um mundo ainda virgem, do auge do poderio europeu, e da fórmula ainda usada da viagem exterior, do ir onde ninguém foi. Se voce conseguir ignorar o massacre aos diferentes, voce vai se divertir.