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SUPERMAN, BROWN SUGAR, JAMES BOND E O ARTIGO
Theodore Dalrymple fala que o Politicamente Correto é o refúgio dos idiotas. O mentalmente inepto odeia pensar, pois para ele isso denota trabalho, e assim ele AMA frases feitas. A ordem, o slogan, o "é porque é" lhe dá a garantia de estar certo. O imbecil adere. Obedece. Sem jamais questionar. Falo isso porque nos shows dos Stones, sim, eles estão na estrada mais uma vez, BROWN SUGAR saiu da set list. É a primeira vez desde 1971. A letra fala da escravidão de uma forma "sem sofrimento", safada, e isso é inadmissível. Um branco só está autorizado a tocar no assunto se for para pedir perdão. Como carneirinhos bem alimentados, Jagger e Richards se submeteram. Dylan disse que os Stones são a última banda de rock ativa. Não são mais. Não me surpreenderia se Under My Thumb e Star Star fossem riscadas de vinis novos. ------------- A DC Comics aposentou Clark Kent e agora o Super Homem é seu filho. Um menino de 17 anos. Bissexual, claro. Problema nenhum nisso se não estivesse ocorrendo um fato muito perverso. Observo que minhas alunas de 11 e 12 anos já estão crescendo com a certeza de que "um ser humano normal" TEM de fazer sexo com homens e mulheres. Se voce não for bissexual voce não é normal. Ou seja, se repete agora o mesmo erro do século XIX, com sinal invertido. Se antes um jovem gay era anormal, agora um hetero-hetero "não pode ser real". Então eu vejo meninas ficando com meninas porque isso é o certo. É uma forma de opressão, claro, se seu impulso íntimo não for esse. --------------------- James Bond será agora uma mulher negra. Não haveria problema algum em se criar uma espiã negra. Mas emascular James Bond faz parte da coisa. Na verdade é se aproveitar de uma marca de sucesso, mas eles não irão admitir seu interesse financeiro, então "faz de conta" que é uma evolução. Penso que a "Jamie Bond" não irá matar negros ou chineses. Os vilões serão todos brancos e heteros. ---------------- Farei um ato revolucionário: Irei assistir Goldfinger com Tom e Jerry. -------------------- Há um novo filme inglês onde a rainha Ana é negra. O mundo virou uma brincadeira de kids mimados. No futuro acharão que a água que a gente bebia tinha LSD. ------ Uma mestra em linguística diz o óbvio: em português não existe gênero, nunca houve. Só imbecis acham que o final em A revela palavra feminina e em O masculina. O que define é o ARTIGO. A couve. O tomate. Mas isso é pedir demais para os Kids. ------------- Para uma coisa o BOZO serviu: escancarou que 80% dos artistinhas brasileiros viviam do meu e do seu imposto. Eu não ligo de financiar uma sinfônica ou um museu, a herança cultural não vive sem ajuda, ela morre, mas eu abomino ter de dar dinheiro, na marra, para filmes da Globo ou o novo show do Zeca Baleiro. Não há relatividade aqui. Arte popular vive do público que tem. Se Zeca Baleiro arrecada apenas 100 reais que faça um show de 100 reais. Isso explica a existência abastada de nulidades como....bem....voce sabe quem. ----------------- Galvão Bueno tinha um salário de 5 milhões de reais. Se voce não acha isso ofensivo, em país que mata gente na fila de hospitiais, então voce é uma besta.
PODRES DE MIMADOS - THEODORE DALRYMPLE.
Coloque um broche com o símbolo do combate ao câncer de mama e se sinta então parte de elite "que se importa". O livro bate forte e convence nessa característica única de nossa época: o respeito ao "fraco" e ao "oprimido", e a consequente vaidade que nasce de ser alguém que se importa com o fraco e com o oprimido.
Dalrymple mostra de forma clara e lógica, que ao se importar com africanos famintos, chineses oprimidos e negros explorados, acabamos por não nos importar concretamente com nada. Defendemos um prisioneiro na Guatemala, mas não conseguimos ajudar nossa mãe, que sofre com a solidão no quarto ao lado. Nos indignamos com a repressão policial na favela, mas não nos indignamos com o modo como nosso pai é tratado no ônibus lotado. Nos tornamos então uma pessoa tão justa, tão correta, tão indignada, tão "boa", que não temos mais espaço interno para ser "apenas" uma pessoa real e presente. Mas nossa vaidade, essa está a salvo, pois estamos todo o tempo "do lado do mais fraco".
Dalrymple conta alguns casos famosos deste século. Escritores que se fingiram de oprimidos e assim alcançaram o sucesso, pessoas que foram consideradas do mal por não exporem suas dores pessoais ao público. Hoje é muito mais fácil publicar e vender se voce tiver o único mérito de ser parte de uma "minoria perseguida", ou por dizerem a "sua verdade de violência e de miséria". Um escritor "apenas" branco, homem e europeu, se não for viciado, ou meio doido ou gay-sofrido, terá uma imensa dificuldade em ser publicado e comentado. O público leitor foi convencido que "vida real" significa dor e violência, sofrimento e horror, alguém que venha de um meio apenas normal será considerado um "alienado". E ao ler as experiências terríveis de pessoas oprimidas, o leitor, elite envergonhada, se sente "conhecedor da vida real e apoiador das nobres causas". O apelo do livro não mais é a beleza ou a arte da escrita, é a pura vaidade de ler e se pensar do bem.
Somos parte de um tempo em que a vida privada está submetida ao público. Assim, uma pessoa sensível tem de chorar em público, sofrer às claras e se indignar com exagero. A discrição, que antes indicava elegância e cultura, hoje é tida como "coisa de gente fria, sem coração". É preciso nunca perder a chance de se emocionar, de exibir o coração, de se fazer de criança desprotegida, de perder a pose. Uma celebridade pode ser um crápula, mas se apoiar a causa certa e mostrar algum sofrimento em rede de TV, pronto: ele será mais um cara do bem.
Dalrymple mostra o começo de tudo isso com o romantismo em fins do século XVIII, o momento em que perder a sofrer passou a ser "viver". Só vive quem sofre e quem sofre é uma vítima da sociedade repressora e má. Pois no âmago de todo romântico vive a certeza de que "todo homem é bom, a sociedade é que o faz mal". Portanto, nada mais heroico que ser uma vítima, ou seja, um sofredor oprimido. Desse modo, de forma lógica, todo homem ou mulher feliz e bem adaptado seria o opressor, uma pessoa que está de acordo com a sociedade que faz dos homens seres maus.
Estamos no reino em que o mérito é não possuir mérito. " Vejam! Sou pobre e tive câncer, sou um campeão!" Dalrymple pergunta: Campeão do que? Os politicamente corretos não percebem que ao dar tanta atenção a pessoas com vitórias normais, eles próprios admitem que nada esperavam dessa pessoa.
Nossos artistas são aqueles que trazem o estigma de serem vítimas e não gênios talentosos. Sylvia Plath, Frida Kahlo, Modigliani, Mahler, são ícones acima de tudo por terem sofrido perseguição, doenças ou se matado. Foram vítimas antes de serem artistas.
O mundo nunca foi tão "bom". E ao mesmo tempo nunca houve tanta violência injustificada. Ele liga os dois pontos. A liberação das mulheres, justa, abriu as comportas para a loucura do ciúmes, genético e biológico, dos homens. A glorificação do gueto, compreensível, levou ao estilo gangster como algo de desejável e sexualmente atraente. Tratar viciados como vítimas indefesas, o que nunca foram, leva a passividade do próprio junkie. Despejar dinheiro em países pobres, o que seria bom, leva a criação de uma elite corrupta e violenta. E o pior de tudo: tratar as crianças como anjos que sabem por instinto o que é melhor para elas mesmas levou à falência da educação mundial. Educar se tornou vergonha igual a oprimir e julgar é hoje um pecado sem perdão.
Em apenas 200 páginas, Dalrymple dá uma clara mensagem sobre o prazer em ser uma vítima que tomou conta do mundo. Amamos lamber feridas em público, adoramos nos importar com os cachorrinhos sem lar e os índios sem terra. Somos todos bons, e cada vez mais, que pena, crianças e iguais.
PS: É falado sobre a mentira de que a segunda guerra foi a pior guerra da história...a maior chacina da história foi nossa....a guerra do Paraguai matou 95% da população masculina de uma país inteiro.
Mas, adoramos pensar que somos herdeiros da pior guerra da história. Toda guerra é ruim, e a segunda foi mais um crime numa história que não tem fim.
Dalrymple mostra de forma clara e lógica, que ao se importar com africanos famintos, chineses oprimidos e negros explorados, acabamos por não nos importar concretamente com nada. Defendemos um prisioneiro na Guatemala, mas não conseguimos ajudar nossa mãe, que sofre com a solidão no quarto ao lado. Nos indignamos com a repressão policial na favela, mas não nos indignamos com o modo como nosso pai é tratado no ônibus lotado. Nos tornamos então uma pessoa tão justa, tão correta, tão indignada, tão "boa", que não temos mais espaço interno para ser "apenas" uma pessoa real e presente. Mas nossa vaidade, essa está a salvo, pois estamos todo o tempo "do lado do mais fraco".
Dalrymple conta alguns casos famosos deste século. Escritores que se fingiram de oprimidos e assim alcançaram o sucesso, pessoas que foram consideradas do mal por não exporem suas dores pessoais ao público. Hoje é muito mais fácil publicar e vender se voce tiver o único mérito de ser parte de uma "minoria perseguida", ou por dizerem a "sua verdade de violência e de miséria". Um escritor "apenas" branco, homem e europeu, se não for viciado, ou meio doido ou gay-sofrido, terá uma imensa dificuldade em ser publicado e comentado. O público leitor foi convencido que "vida real" significa dor e violência, sofrimento e horror, alguém que venha de um meio apenas normal será considerado um "alienado". E ao ler as experiências terríveis de pessoas oprimidas, o leitor, elite envergonhada, se sente "conhecedor da vida real e apoiador das nobres causas". O apelo do livro não mais é a beleza ou a arte da escrita, é a pura vaidade de ler e se pensar do bem.
Somos parte de um tempo em que a vida privada está submetida ao público. Assim, uma pessoa sensível tem de chorar em público, sofrer às claras e se indignar com exagero. A discrição, que antes indicava elegância e cultura, hoje é tida como "coisa de gente fria, sem coração". É preciso nunca perder a chance de se emocionar, de exibir o coração, de se fazer de criança desprotegida, de perder a pose. Uma celebridade pode ser um crápula, mas se apoiar a causa certa e mostrar algum sofrimento em rede de TV, pronto: ele será mais um cara do bem.
Dalrymple mostra o começo de tudo isso com o romantismo em fins do século XVIII, o momento em que perder a sofrer passou a ser "viver". Só vive quem sofre e quem sofre é uma vítima da sociedade repressora e má. Pois no âmago de todo romântico vive a certeza de que "todo homem é bom, a sociedade é que o faz mal". Portanto, nada mais heroico que ser uma vítima, ou seja, um sofredor oprimido. Desse modo, de forma lógica, todo homem ou mulher feliz e bem adaptado seria o opressor, uma pessoa que está de acordo com a sociedade que faz dos homens seres maus.
Estamos no reino em que o mérito é não possuir mérito. " Vejam! Sou pobre e tive câncer, sou um campeão!" Dalrymple pergunta: Campeão do que? Os politicamente corretos não percebem que ao dar tanta atenção a pessoas com vitórias normais, eles próprios admitem que nada esperavam dessa pessoa.
Nossos artistas são aqueles que trazem o estigma de serem vítimas e não gênios talentosos. Sylvia Plath, Frida Kahlo, Modigliani, Mahler, são ícones acima de tudo por terem sofrido perseguição, doenças ou se matado. Foram vítimas antes de serem artistas.
O mundo nunca foi tão "bom". E ao mesmo tempo nunca houve tanta violência injustificada. Ele liga os dois pontos. A liberação das mulheres, justa, abriu as comportas para a loucura do ciúmes, genético e biológico, dos homens. A glorificação do gueto, compreensível, levou ao estilo gangster como algo de desejável e sexualmente atraente. Tratar viciados como vítimas indefesas, o que nunca foram, leva a passividade do próprio junkie. Despejar dinheiro em países pobres, o que seria bom, leva a criação de uma elite corrupta e violenta. E o pior de tudo: tratar as crianças como anjos que sabem por instinto o que é melhor para elas mesmas levou à falência da educação mundial. Educar se tornou vergonha igual a oprimir e julgar é hoje um pecado sem perdão.
Em apenas 200 páginas, Dalrymple dá uma clara mensagem sobre o prazer em ser uma vítima que tomou conta do mundo. Amamos lamber feridas em público, adoramos nos importar com os cachorrinhos sem lar e os índios sem terra. Somos todos bons, e cada vez mais, que pena, crianças e iguais.
PS: É falado sobre a mentira de que a segunda guerra foi a pior guerra da história...a maior chacina da história foi nossa....a guerra do Paraguai matou 95% da população masculina de uma país inteiro.
Mas, adoramos pensar que somos herdeiros da pior guerra da história. Toda guerra é ruim, e a segunda foi mais um crime numa história que não tem fim.
VITIMAS
Um livro de Dalrymple em que ele explica o sentimentalismo do mundo de hoje. O fato de que pensamos com os sentimentos, o que não é pensar. Julgamos tudo por aquilo que sentimos. O ato de pensar com a razão, com a lógica, se perdeu. Analisamos com o coração. E só com o coração.
Nesse mundo sentimental, tudo é inocência. Temos pena. Muita pena. Rousseau e os românticos trouxeram a ideia de que todo homem é por natureza inocente, bom e pacífico, e que a sociedade o corrompe. Daí a ideia geral de que a vítima é o nobre do mundo da bondade.
Hoje todos são vítimas e ninguém tem culpa nenhuma sobre coisa alguma. A condição de vítima se tornou mérito.
Dalrymple cita Sylvia Plath. Uma poeta ok, mas que se tornou mito por ser mulher, suicida, vítima do patriarcado, da repressão à mulher.
Não li o livro todo ainda. Mas Dalrymple fala do óbvio que poucos percebem. De que a arte hoje se ocupa quase todo o tempo de vítimas falando sobre vítimas. E que mesmo a arte do passado é vista hoje sob a ótica do vitimismo. Desse modo, Mozart, que nada tinha de vítima, vira hoje um mártir do sofrimento. John Keats, um poeta feliz, é visto como um pobre sofredor que morreu cedo.
Penso em gente como Jim Morrison, Cobain, Ian Curtis, James Dean, Marilyn, o que eles seriam se tivessem sobrevivido. Muito, muito de sua fama vem da sua condição de "vítima". Do que: da tal sociedade.
Os montes de escritores cujo maior mérito é serem apenas filhos de um país pobre ou parecerem infelizes. Autores vítimas, assuntos sobre vítimas, leitores que se pensam vítimas. Todos inocentes.
O cristianismo ( atenção: Dalrymple não é religioso ), fala em culpa, exatamente o oposto. Nascemos todos culpados e devemos fazer obras que nos livrem da culpa. O pensamento vitimista é seu oposto: nascemos puros e devemos nos preservar do mal que vem sempre de fora. Esse modo de pensar conduz, inevitavelmente, à indiferença. Olhamos o mal como algo distante de nós, algo que é "da sociedade", e o máximo que podemos fazer é ficar longe, não nos sujar.
Nesse "não se sujar" surge a raiz da coisa: somos todos babys limpinhos, vivemos em um mundo que conhece um conforto jamais sonhado. E com todo filho mimado, culpamos sempre "a vida" por tudo de errado que fazemos, vemos, ou deixamos de fazer. Somos inocentes. E se infelizes, somos vítimas.
A responsabilidade inexiste.
E cultuaremos cada vez mais quem nos lembrar daquilo que somos: frágeis, infelizes, vítimas.
Nesse mundo sentimental, tudo é inocência. Temos pena. Muita pena. Rousseau e os românticos trouxeram a ideia de que todo homem é por natureza inocente, bom e pacífico, e que a sociedade o corrompe. Daí a ideia geral de que a vítima é o nobre do mundo da bondade.
Hoje todos são vítimas e ninguém tem culpa nenhuma sobre coisa alguma. A condição de vítima se tornou mérito.
Dalrymple cita Sylvia Plath. Uma poeta ok, mas que se tornou mito por ser mulher, suicida, vítima do patriarcado, da repressão à mulher.
Não li o livro todo ainda. Mas Dalrymple fala do óbvio que poucos percebem. De que a arte hoje se ocupa quase todo o tempo de vítimas falando sobre vítimas. E que mesmo a arte do passado é vista hoje sob a ótica do vitimismo. Desse modo, Mozart, que nada tinha de vítima, vira hoje um mártir do sofrimento. John Keats, um poeta feliz, é visto como um pobre sofredor que morreu cedo.
Penso em gente como Jim Morrison, Cobain, Ian Curtis, James Dean, Marilyn, o que eles seriam se tivessem sobrevivido. Muito, muito de sua fama vem da sua condição de "vítima". Do que: da tal sociedade.
Os montes de escritores cujo maior mérito é serem apenas filhos de um país pobre ou parecerem infelizes. Autores vítimas, assuntos sobre vítimas, leitores que se pensam vítimas. Todos inocentes.
O cristianismo ( atenção: Dalrymple não é religioso ), fala em culpa, exatamente o oposto. Nascemos todos culpados e devemos fazer obras que nos livrem da culpa. O pensamento vitimista é seu oposto: nascemos puros e devemos nos preservar do mal que vem sempre de fora. Esse modo de pensar conduz, inevitavelmente, à indiferença. Olhamos o mal como algo distante de nós, algo que é "da sociedade", e o máximo que podemos fazer é ficar longe, não nos sujar.
Nesse "não se sujar" surge a raiz da coisa: somos todos babys limpinhos, vivemos em um mundo que conhece um conforto jamais sonhado. E com todo filho mimado, culpamos sempre "a vida" por tudo de errado que fazemos, vemos, ou deixamos de fazer. Somos inocentes. E se infelizes, somos vítimas.
A responsabilidade inexiste.
E cultuaremos cada vez mais quem nos lembrar daquilo que somos: frágeis, infelizes, vítimas.
O PRAZER DE PENSAR - THEODORE DALRYMPLE. UM PRAZER EM FORMA DE LIVRO.
Meu primeiro livro deste autor. Na verdade seu nome é Anthony Daniels e nasceu em 1949, Londres. É médico psiquiatra. Trabalhou e trabalha em clínicas. Mas esse nem de longe é o assunto do livro.
Dalrymple, que esteve aqui no Brasil e foi atração do Roda Viva, proseia solto tendo por fio condutor sua biblioteca. Ele se assume como acumulador. Tem milhares de livros, comprados pelo mundo afora ( ele viaja muito, com preferência pela Africa e América do Sul ). Livros muito raros, livros de sebos, livros rabiscados, assinados, sujos. Ele dá a mais bela explicação do porque um livro ser insubstituível. Kindles e outras ferramentas são apenas isso, ferramentas. Máquinas que executam um trabalho. Ele também descreve o porque do prazer estar ausente no ato de se encontrar um livro raro na internet. O prazer da busca, da averiguação, da caça e do encontro. O prazer de se encontrar um livro tão desejado quando já quase se desistia. ( Tive essa experiência 3 vezes e estranhamente sempre no mesmo sebo. Fiquei anos procurando esses livros e os encontrei entre pilhas de livros ruins, em momentos diferentes, nesse sebo que não existe mais ).
Dalrymple fala então em cada curto capítulo de um tema. Por exemplo, ele fala de um livro sobre enforcamentos ( seus livros são assim, temas os mais inusitados ). E descobre que a Inglaterra tinha um amor infinito por crimes hediondos. E que a decadência do país começa quando os crimes perdem sua atração por se tornarem vulgares. Inexiste mais o grande crime, o grande bandido, a grande história macabra. E a velha Inglaterra amava isso. Como amava venenos, forcas, cemitérios e maldições. Tudo isso se foi. A Inglaterra, mais que a França, segundo ele, perdeu completamente seu caráter.
Há mais nesta fascinante conversa. Ele fala da pior, a mais cruel guerra da história, a do Paraguai. Ele esteve em Assuncion. Foi a guerra em que 75% da população masculina de um país foi morta. Em 4 anos. Diz que a culpa foi toda do ditador paraguaio, o homem que queria ser o Napoleão do sul. Então vem um tema maravilhoso. Dalrymple discorre sobre os ditadores daqui e da África dos anos 70. Puro horror. E dá o diagnóstico, simples e brilhante, dos intelectuais que apoiavam esses ditadores. Ressentimento é a palavra básica.
Doenças tropicais, cemitérios, outros colecionadores de livros, o por que dos jovens não irem a sebos, o fim da cultura do livro, Dalrymple vai lembrando de volumes que caçou, que encontrou, que leu. Livros sobre a asma, sobre vacinas, sobre gado, sobre livros. Fala de canetas, de cabelo, de tintura. E tem boas sacadas, ou não. Pois o principal neste livro é sua falta de pedantismo, de ambição. Aliás, ele fala sobre pedantismo também!
Para quem ama livros, ama autógrafos, sebos, coleções, é obrigatório!
Dalrymple, que esteve aqui no Brasil e foi atração do Roda Viva, proseia solto tendo por fio condutor sua biblioteca. Ele se assume como acumulador. Tem milhares de livros, comprados pelo mundo afora ( ele viaja muito, com preferência pela Africa e América do Sul ). Livros muito raros, livros de sebos, livros rabiscados, assinados, sujos. Ele dá a mais bela explicação do porque um livro ser insubstituível. Kindles e outras ferramentas são apenas isso, ferramentas. Máquinas que executam um trabalho. Ele também descreve o porque do prazer estar ausente no ato de se encontrar um livro raro na internet. O prazer da busca, da averiguação, da caça e do encontro. O prazer de se encontrar um livro tão desejado quando já quase se desistia. ( Tive essa experiência 3 vezes e estranhamente sempre no mesmo sebo. Fiquei anos procurando esses livros e os encontrei entre pilhas de livros ruins, em momentos diferentes, nesse sebo que não existe mais ).
Dalrymple fala então em cada curto capítulo de um tema. Por exemplo, ele fala de um livro sobre enforcamentos ( seus livros são assim, temas os mais inusitados ). E descobre que a Inglaterra tinha um amor infinito por crimes hediondos. E que a decadência do país começa quando os crimes perdem sua atração por se tornarem vulgares. Inexiste mais o grande crime, o grande bandido, a grande história macabra. E a velha Inglaterra amava isso. Como amava venenos, forcas, cemitérios e maldições. Tudo isso se foi. A Inglaterra, mais que a França, segundo ele, perdeu completamente seu caráter.
Há mais nesta fascinante conversa. Ele fala da pior, a mais cruel guerra da história, a do Paraguai. Ele esteve em Assuncion. Foi a guerra em que 75% da população masculina de um país foi morta. Em 4 anos. Diz que a culpa foi toda do ditador paraguaio, o homem que queria ser o Napoleão do sul. Então vem um tema maravilhoso. Dalrymple discorre sobre os ditadores daqui e da África dos anos 70. Puro horror. E dá o diagnóstico, simples e brilhante, dos intelectuais que apoiavam esses ditadores. Ressentimento é a palavra básica.
Doenças tropicais, cemitérios, outros colecionadores de livros, o por que dos jovens não irem a sebos, o fim da cultura do livro, Dalrymple vai lembrando de volumes que caçou, que encontrou, que leu. Livros sobre a asma, sobre vacinas, sobre gado, sobre livros. Fala de canetas, de cabelo, de tintura. E tem boas sacadas, ou não. Pois o principal neste livro é sua falta de pedantismo, de ambição. Aliás, ele fala sobre pedantismo também!
Para quem ama livros, ama autógrafos, sebos, coleções, é obrigatório!
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