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THE LIMEY - Trailer - HQ



leia e escreva já!

O MELHOR FILME DE STEVEN SODERBERGH...O ESTRANHO.

   Ele começa com o som de The Seeker by The Who. E voce sabe, é um dos melhores rocks da história do mundo. Na letra Roger Daltrey diz: Perguntei à Bob Dylan, Perguntei aos Beatles, Perguntei à Timothy Leary, mas ninguém me responder, eles me chamam The Seeker.
 Vemos TERENCE STAMP num avião, no aeroporto, e quando há Stamp, há maldade no ar. ( O irmão de Stamp foi empresário do WHO nos anos 60 ).
 Primeiro fato: Este filme é uma aula de ritmo. Ele é lento, nunca chato, ele tem cortes atemporais, mas jamais é confuso. Este filme nos hipnotiza. Completamente.
 Vamos a algumas informações:
 Terence Stamp foi, nos anos entre 1964-1969, o ator mais quente da Inglaterra. Em um tempo que tinha Sean Connery, Michael Caine, Alan Bates, Peter O'Toole, John Hurt, Richard Burton, era Stamp o mais fascinante, o mais sexy, o mais perigoso, o mais querido pelas meninas mais doidas. Mas ele deu uma bela pirada no fim da década e sumiu na India. Retornou oito anos depois, já bem esquecido. Com fama de doidão, sua carreira não engrenou mais, e para quem não sabe, ele é conhecido apenas como um ator mal humorado e esquisito. Um coadjuvante. Não sabem que ele já foi uma big estrela. Pois bem, Steven o escolhe como ator central. Mais que isso, o filme inteiro é uma homenagem à ele. Logo a gente saca que aqui, em plenos anos 2000, vemos uma amarga lembrança dos anos 60. Stamp é o lado podre do tempo hippie, é um ladrão, é violento, é mal. E ele vem à California em busca de vingança.
 O filme tem Peter Fonda. E aqui ele é o outro lado do tempo hippie. É o cara de boas, o ex hippie sempre sorrindo, saudável, da paz, rico, que se deu bem com a onda paz e amor. Mas Peter cometeu um erro: é um covarde. Na vida real Peter também se deu mal e também pirou.
 O filme ainda tem Barry Newman, o ator de Vanishing Point, Joe Dalessandro, o ator dos filmes de Andy Warhol e Lesley Ann Warren, a atriz da serie Missão Impossível. Mas...nada há de saudosista aqui. O filme é uma crítica aos anos 60. E passado hoje, ele é moderno, muito moderno.
 É o melhor filme de Soderbergh. O mais enxuto. O mais sincero. O mais emocionante. O final é absolutamente perfeito. Soberbo.
 ( PS: Soderbergh intercala algumas cenas com outro filme, um original de 1966 com o jovem Terence Stamp. Sacada ótima e homenagem carinhosa ).

LOGAN LUCKY, ROUBO EM FAMÍLIA, UM FILME DE STEVEN SODERBERGH

   Steven Soderbergh é a prova, assim como tantos outros, de que o nome de um diretor nada significa hoje para o povão. E quando falo povão estou elogiando esse tal povo. Sempre foi o anônimo frequentador de cinema quem garantiu a nobreza do empreendimento. Era o sucesso de Louis de Funes e de Lino Ventura que garantia a existência de Godard e de Rhomer. Era Alberto Sordi e Gina Lollobrigida que financiavam, indiretamente, Pasolini e Rosselini. Mas, diferente de hoje, onde o dinheiro de Homem de Ferro vai para acionistas e não para outros filmes; havia diretores que com seu nome produziam filas. Nem preciso falar de Hitchcock. Fellini, Kurosawa ou Truffaut eram anunciados na TV como estrelas. Sim, em 1975, no meio da novela das 9, se anunciava a estreia do novo Truffaut. Os últimos diretores com esse status foram Spielberg e Woody Allen. O único que ainda se mantém é Tarantino. ( Não vem me falar de Nolan ou Fincher. Seus sucessos são sucessos em que seus nomes mal constam na propaganda ).
  Soderbergh começou com um sucesso de jovens metidos: sex lies e videotapes ( em minúsculas, coisa de universitário metido ). Depois ele teve uma ridícula sequência de fracassos. Veio então um espertíssimo filme policial com Clooney e Lopez, ainda seu melhor filme. Foi então, 1997, que Steven entrou em sua big fase. Mas, desde 2010, ele vinha fazendo filmes sub. Sub cinema e sub arte. Este Logan Lucky é uma clara tentativa de voltar ao gosto do público. Um estilo anos 70 que ele domina como cinéfilo que é. Mas tudo dá errado. O fracasso é absoluto.
  Ele não faz um esperto filme de assalto à Don Siegel ou Lumet. Ele escolhe o "retrato da américa dos fracassados freaks", e quebra a cara. O filme, com um manco e um maneta, mulheres histéricas e estradas vazias, é chato de doer. Lembra muito os piores filmes de Friedkin ou Bogdanovich.
  O elenco tem bons nomes. Um diretor com fama ainda atrai atores que não encontram papel que preste nessa Hollywood sem boas falas e bons personagens. Daniel Craig só tem de fazer cara de mau. Tem ainda Channing Tatum, Hillary Swank, Katie Holmes e Adam Driver. Katie está assustadora de tão magra. O filme é magro como ela.

HOBBIT/REX HARRISON/ AL PACINO/ RAY/ SODERBERGH/ DORIS DAY

JUMBO de Charles Walters com Doris Day, Jimmy Durante, Martha Raye.
A vida no circo, onde Doris é a filha do dono, que por sua vez gasta tudo em jogo. O filme é simples, alegre, e entretém. O trio central brilha com sua simpatia. Nota 6.
O ENXAME de Irwin Allen com Michael Caine, Henry Fonda, Richard Widmark.
Abelhas africanas botam pra quebrar no Texas. Caine é um cientista. O filme tem uma direção inábil. Tão trash que fica até funny.
O ÚLTIMO ATO de Barry Levinson com Al Pacino
Birdman? Ator em crise tem ataque no palco. Fica preso do lado de fora, vai morar isolado, se envolve com gente doida... O filme é o mais árido da boa carreira de Levinson, e Pacino está interessado. Confuso, não é um bom filme, mas é interessante. Nota 4.
ADEUS À LINGUAGEM de Godard
Incompreensível. Cenas de um casal, muita nudez, frases inteligentes, imagens trêmulas, confusão. Godard aina é difícil, rebelde, ácido. Atira contra tudo e parece concluir que a linguagem se desfez, não faz mais sentido.
O HOBBIT, TODOS OS TRÊS. de Peter Jackson com Martin Freeman, Ian McKellen
Jackson tem coragem! Após os anéis ele arrisca os dedos. Volta à Tolkien e usa um livro muito mais pobre do autor. E o estica em quase nove horas de cinema. A parte um é boa, a segunda é ruim e a terceira é a melhor. Um erro está no elenco. Freeman é um hobbit ótimo, mas o líder dos anões é fraco. De todo modo, há uma beleza estética que não cansa. O maravilhamento dos anéis se perdeu, mas é boa diversão. Nota 6, 3 e 6.
FULL FRONTAL de Soderbergh com Julia Roberts, David Duchovny,Catherine Keener
Soderbergh e seu medíocre lado artístico. Ele brilha quando pop, mas, inseguro, acha que precisa provar ser arteiro, e faz suas besteiras metidas à Cassavetes ou Godard. Aqui é um filme dentro de um filme. Só what?
THE CHESS PLAYERS de Satyajit Ray
No século dezenove enquanto a Inglaterra se apossa da Índia, dois nobres se distraem jogando xadrez. O filme é chato e é forte. Ficamos entediados, mas depois que ele acaba não nos larga. Lembramos dele com admiração. Isso é arte. Nota 7.
ASFALTO de Joe May
Filme mudo alemão de um dos mais poderosos nomes da época. Um tenente de policia é seduzido por uma mulher fatal. O filme tem um belo clima sensual. Pode ser um bom começo para aqueles que desejam adentrar o mundo do cinema dos anos vinte. Nota 6.
ANNA E O REI DO SIÃO de John Cromwell com Irene Dunne e Rex Harrison.
Primeira versão da historia da professora que vai à Tailândia ensinar rei a ser moderno. Lindo, dramático, serio e muito bem interpretado. Rex consegue ser duro, frio, e frágil ao mesmo tempo. Envelheceu nada esta produção Fox. Nota 8.

MASAYUKI SUO/ KATE WINSLET/ MICHAEL DOUGLAS/ LANG/ KEVIN KLINE

   ATRÁS DO CANDELABRO de Steven Soderbergh com Michael Douglas, Matt Damon, Debbie Reynolds e Rob Lowe
Soderbergh consegue algo muito dificil, pegar um tema "brega", exagerado, over, e fazer com que ele jamais caia na ironia, na comédia. Nem drama, nem comédia, jamais frio ou boring. Escrevi sobre o filme abaixo, Liberace foi um superstar queridinho da direita americana. O fato de seu público jamais suspeitar de sua homossexualidade é um mistério. Michael Douglas consegue ser Liberace sem parecer fake. Liberace já era uma caricatura natural, Douglas faz um milagre, consegue deixar Liberace humano sem deixar de ser "Liberace". Damon está ótimo. Natural, não forçado. Na verdade até Lowe está ótimo. Debbie Reynolds está de volta, a mítica estrela adorável de Cantando na Chuva, é a mãe de Liberace. Soderbergh diz que cansou de mendingar dinheiro a produtores idiotas. Será? Vale aqui um adendo: Produtores sempre brigaram com diretores. Ninguém gosta de perder dinheiro. A diferença é que Jack Warner ou Irving Thalberg adoravam filmes. Só sabiam viver de cinema, amavam salas de exibição, atrizes, roteiros, sets. Hoje os produtores mal viram um filme de Hitchcock. É gente que entra no ramo como forma de fazer dois bilhões. Pouco se importam com os filmes, têem outros investimentos, cinema é um entre muitos. Isso faz toda a diferença. São inacessíveis para quem não fala de capital e de dividendos. Mataram o filme médio. Investem em produções caras e jogam esmolas para filminhos minúsculos. O filme médio, aquele tipo de filme que era feito por Hitchcock ou Ford, esse morreu.... Quanto a Liberace, eis um bom filme médio. Nota 7.
   CASAMENTO PROIBIDO de Fritz Lang com Sylvia Sidney e George Raft
Raras vezes vi um filme tão esquisito. Lang diz numa entrevista que tentou fazer um filme educativo, como as peças de Brecht. Usou Kurt Weill neste filme. Fala de uma loja onde trabalham ex-presidiários. O filme fala de segunda chance. Daí vemos um casal que se ama e se casa. Mas ela esconde dele seu passado, foi uma detenta. O marido volta às más companhias e tenta assaltar a loja. Ela demonstra aos bandidos como roubar não dá lucros. Numa lousa ela mostra por a mais b que o lucro de um assalto é muito baixo. E o filme é isso: comédia? drama? lição? O que é? Nenhum diretor icônico errou tanto como o grande Fritz Lang. Morreu correndo riscos, sempre. Este é um de seus maiores erros. Nota 3.
   PARKER de Taylor Hackford com Jason Statham, Jennifer Lopez e Nick Nolte
Será que o veterano diretor de "Ray" consegue fazer um filme de ação? Este começa mal. Sangue demais e nenhum humor. Statham é um ladrão. Traído pelos comparsas ele parte para a vingança. O filme encontra seu tom quando Jennifer entra em cena. Aí ele cresce e se torna mais leve e mais esperto. Ela é uma corretora de imóveis que é envolvida sem querer. Bonita, Jennifer Lopez sofre a maldição das cantoras que querem ser atrizes, é subestimada. Não é pior que René Zellweger ou que Sandra Bullock, mas Sandra e René não cantam, são atrizes "de verdade". Ela traz humor ao filme. A ação melhora, Jason se humaniza. O filme, que era ruim, fica bom. Hackford é competente. Nota 5.
   OS CHACAIS DO OESTE de Burt Kennedy com John Wayne, Ann Margret, Rod Taylor
Wayne em fim de carreira e mais um de seus westerns humorísticos. Bom passatempo numa história que conta a busca por dinheiro roubado. Boa fotografia e quase nada de trama. Nota 5.
   RAÇA BRAVA de Andrew V. McLaglen com James Stewart, Maureen O'Hara, Brian Keith e Juliet Mills
Keith dá um show como um escocês criador de gado no Texas. O filme fala de um boi de raça inglesa, que uma viúva tenta implantar nos EUA. Parece um tema bobo, ele é. Mas levado com bom-humor se torna um gostoso e divertido filme. Stewart se diverte fazendo seu tipo padrão. O caipira bom de cintura. Nota 6.
   LIFE AS A HOUSE de Irwin Winkler com Kevin Kline, Kristin Scott Thomas, Jena Malone
Um homem a morte resolve antes de se ir construir a casa de seus sonhos. Sim, lembra "Viver!" a obra-prima de Kurosawa sobre a morte. E é claro que não chega perto. Mas não é ruim. Kline é sempre um bom ator e aqui ele faz uma bela composição. Seu personagem é um desajeitado, um perdedor, mas nunca chorão. O filme é meio frio. Winkler é um grande produtor veterano que às vezes resolve brincar de ser diretor. Nunca acertou um grande filme, mas também não comete asneiras. Nota 6.
   IRIS de Richard Eyre com Judi Dench, Jim Broadbent e Kate Winslet
Sim, ela é a grande Iris Murdoch, uma das melhores autoras inglesas. A vemos aqui em dois momentos: na velhice, com parkinson, e na faculdade, descobrindo a filosofia de sua vida. Nos dois estágios ela é sempre confiante, radiante e corajosa. Judi Dench brilha intensamente. Nunca sentimos pena de Iris. Ela tem tanta vida que vive a doença. Kate Winslet está muito bem. Sua Iris é uma egocêntrica sonhadora. Jim Broadbent está a altura de Judi. O filme na verdade é todo dele. Emocionante. Nota 7.
   HOLY SMOKE de Jane Campion com Kate Winslet e Harvey Keitel
O pior filme de Kate ( e ela tem muitos ruins ) e o pior de Harvey ( que tem toneladas de lixos ). Ela é uma doidona que é tratada pelo esquisito Keitel. Jane Campion dirige mais doida que os dois, o filme não faz sentido. Se voce quer ver Kate Winslet urinar de pé, este é seu filme. Nota ZERO.
   O SEGREDO DE ROAN INISH de John Sayles
Filmado na costa oeste da Irlanda, em meio aos pescadores, este filme lento fala de uma menina que visita seus avôs. Irá conhecer as lendas do lugar. Quase nada acontece. Mas é bom de ver. E tem uma linda trilha sonora. Nota 6.
   VEM DANÇAR COMIGO de Masayuki Suo
É considerado um dos melhores filmes japoneses dos anos 90. Eu o considero uma obra-prima. Simples, triste, leve, fala de um funcionário de escritório, casado e timido, que resolve ter aulas de dança de salão. Ele e a professora têm um flerte, mas que dá em nada. Ele continua com a esposa. Tudo isso contado de forma velada, secreta, emocionante. É uma obra sobre os amores reprimidos, sobre vidas não vividas, ou então sobre o espírito da beleza e a delicadeza dos sentimentos. No final, há um concurso de danças, momento hilário que casa com a delicadeza do resto. Voce vai se apaixonar pelo filme e pelos personagens. É um filme inesquecível !!!! Nota DEZ!!!!!!!!

Behind the Candelabra Trailer (Matt Damon - Michael Douglas )



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LIBERACE, FILME DE STEVEN SODERBERGH, ÉRAMOS BREGAS E AMÁVAMOS ISSO.

   Há um certo momento neste último filme de Soderbergh, em que Liberace diz: "As pessoas só percebem aquilo que desejam perceber". É uma frase que vale toda uma filosofia, e ao escutar essa fala percebo o porque de ter desprezado tanto a entrevista no Roda Viva com o tal filósofo estrela, ele falou apenas aquilo que os entrevistadores desejavam ouvir. Marxismo, pscicanálise e críticas fortes a tecnologia, ingredientes que agradarão todo jornalista "consciente" e todo estudante da PUC-USP. Well...devo dizer que este filme corre o risco de não agradar ninguém. Inclusive eu não consigo saber se gostei ou não. Os atores, todos, dão um show. Michael Douglas vira Liberace, esquecemos completamente que aquele é Michael Douglas. Matt Damon demonstra coragem e entrega ao papel muito dificil. E até mesmo Rob Lowe está fantástico como um tipo de Dr.Rey dos anos 70. O roteiro, de Richard Lagravenesse, nunca fica chato, ele anda e anda, e a fotografia, apesar da pobreza do digital, com suas faces sempre avermelhadas e a luz de TV, não incomoda. Mas ao mesmo tempo a gente pergunta: E daí? Porque fazer um filme sobre Liberace?
   Para quem tem menos de 40 anos Liberace é um desconhecido. Como explicar quem ele foi? Bem, o filme não fala de sua história. Ele foi muito, muito famoso. Era amado por toda aquela porção do mundo que amava Elvis Presley-Las Vegas ignorando suas drogas e pelos que ouviam Beatles por sua "doçura", ignorando os experimentos. O mundo conhecia Liberace, o mundo ria de Liberace, ninguém o levava a sério, só seus fãs, que eram milhões e milhões. Rei do hiper-brega, exagerado, velhinhas o amavam por ser um tipo de "filhinho ideal da mamãe", um doce de coco, um bom cristão, um homenzinho do bem. Era inacreditável, mas ninguém percebia sua homossexualidade. Não queriam ver. Não viam.
   Quando Elton John se embonecou e carnavalizou em 1974. era Liberace que ele ironizava. Só que Elton foi além, falou de sua bissexualidade abertamente, em 1976. E viu seus fãs diminuírem em mais de 70%. Gary Glitter também era um Liberace glam-rock, assim como Prince. Mas todos esses tinham algo que Liberace não tinha: Talento. Gênio.
    Liberace dava a seu público aquilo que André Rieu ou os Tenores dão hoje: A ilusão do bom gosto. É um público que não suporta ouvir Beethoven inteiro, mas se pensa "culto" por escutar um pout-pourri de trechos das sinfonias de Beethoven. Jamais ouvem AIDA, mas amam um medley de Verdi com Rossini. Liberace dava a eles essa ilusão, a ilusão do bom-gosto fácil, simples, luxuoso, superficial. O filme exibe o Liberace sexualmente insaciável, vaidoso, meloso e incapaz de auto-critica. Mas também solitário, bom e ingênuo. Douglas merece um Oscar.
    As cenas gays são fortes e isso, devo confessar, me chocou. Soderbergh o lança em boa hora, quando se afirmam os direitos gays. Cenas de cirurgias plásticas também me chocaram. Mas tudo bem, temos belas cenas de shows e um final que é lindo, e que não conto aqui.
    Debbie Reynolds faz a mãe de Liberace!!! Debbie é a estrela de CANTANDO NA CHUVA!!!! Deus meu!!! Adorável Debbie !!!! Explêndida Debbie !!!!!
    PS: QUASE FAMOSOS, DAZED AND CONFUSED, BOOGIE NIGHTS, OS REIS DE DOGTOWN...Quantos filmes fascinantes se passam nos anos 70 ! Suas roupas bregas, os carrões e a absoluta loucura de seu desbundes. Década que criou todo o céu e todo o lixo do mundo de agora. Disco e Heavy-Metal, Funk e Glitter, Rock Alemão e Pop farofa, Folk Amargo e Abba. ..Década onde tudo foi Grande, Exagerado, Ilimitado. Kiss e Queen, Bowie e Neil Young, Kraftwerk e Bee Gees.
     Eu amo filmes desse tempo, e me parece que aqueles que se lembram desse período jamais deixam de o reverenciar. São toneladas de filmes, todos os anos, sobre a época, das Panteras a Starsky e Hutch, The Runaways a Crazy; O Mundo de Andy; Velvet Goldmine,,,....

DANNY TREJO/ LECH MAJEWSKI/ SODERBERGH/ CANET/ CLARK GABLE

   O FUNDO DO MAR de Peter Yates com Robert Shaw, Jacqueline Bisset, Nick Nolte, Louis Gosset e Eli Wallach
Vi no cinema quando moleque. Tou ficando velho...este filme é antigo até em dvd. E é muito chato! Fala de tesouro no fundo do mar. Shaw era um ator inglês interessante, Bisset era bonita e fria e Nolte, ainda bonitão, era considerado na época o pior ator do mundo. Yates foi um diretor promissor. Fez o fantástico Bullit com Steve McQueen, mas aqui tudo dá errado. Nota 2.
   13 HOMENS E UM NOVO SEGREDO de Steven Soderbergh com Al Pacino e Ellen Barkin
Após o ótimo primeiro filme e o chatíssimo número dois, este terceiro é bom de se ver. Estranhamente Clooney aparece menos, Matt Damon tem boas cenas e Elliot Gould é o centro da trama. Soderbergh sabe criar o clima. O filme não faz feio em comparação com as boas aventuras sofisticadas que foram moda em Hollywood por volta de 1960/67. O elenco tem classe, as falas ok e Pacino faz um tipo muito divertido. Um prazer de primeira. Nota 7.
   CHAMADO SELVAGEM de William Wellman com Clark Gable e Loretta Young
Baseado no ótimo livro de Jack London, dele ficou só o nome do cão, Buck. A ênfase aqui vai toda para um romance entre o aventureiro e uma viúva perdida no Alasca. Tempo em que o cinema não humanizava a um cão. Buck é um cachorro com jeito de cachorro. Gable está a vontade, faz o macho de bom coração e muito safo. Wellman foi um dos grandes do cinema clássico. Nota 6.
   BAD ASS de Craig Moss com Danny Trejo
E não é que Trejo sabe interpretar? Aqui ele é um ex-combatente do Vietnâ que se torna estrela do youtube ao salvar velho de bandidos. Em registro que mistura Gran Torino com Charles Bronson, o filme é triste, meio chato, bobo até. Mas Trejo é uma figuraça!  Não se compara ao maravilhoso Machette, esse sim, excelente homenagem a Danny Trejo. Nota 5.
   O MOINHO E A CRUZ de Lech Majewski com Rutger Hauer, Michael York e Charlotte Rampling
O que vemos é um quadro. De visual riquíssimo. Acompanhamos então a vida dos personagens do quadro. E vemos Pieter Brueghel pintando-o. E o que há nesse quadro? Um moinho que pode ser Deus e pode ser o tempo. Os espanhóis que humilham e torturam os belgas. Cristo sendo crucificado, que pode ser todo e cada um daqueles que foram contra a tirania. Tudo isso de modo lento, silencioso. Lembra Sokurov, Dreyer e até Tarkovski, é lógico que não atinge a estatura de nenhum deles. Mas acontece uma coisa perturbadora com quem o assiste: voce se sente hipnotizado "depois" que ele termina. Só sentirá seu efeito após a sessão, se tiver paciência e prestar atenção. É um filme invulgar. Quase uma viagem ao passado. Sem nota.
   ATÉ A ETERNIDADE de Guillaume Canet com Jean Dujardim, François Cluzet e Marion Cotillard
Canet presta homenagem ao filme de Kasdan, O Reencontro. O que vemos é um grupo de amigos que se reúne. Faz tempo que não se vêem. O que sentirão? Que dores e alegrias irão ser acordadas? O filme fala sobre amizade. E sabe falar. O cinema americano perdeu o dom de falar sobre pessoas. Fala apenas sobre o excepcional. Sejam loucos, drogados ou heróis, o cinema made in usa só conta histórias fora do comum. Os franceses, como os italianos e outros, ainda consegue falar de gente comum. É uma delicia ver isso. Quem verá este filme??? Jean Dujardim, após O Artista, se mostra um ator adorável. Nota 7.
   EM NOME DO REI de Uwe Boll com Jason Statham, Ray Liotta e Claire Forlani
Lixo. Gosto muito dos filmes de Statham. Acho ele um simpático ator para ação. Mas aqui o que temos? Uma idade-média que se parece com backstage de um show do Metallica. Cavaleiros medievais negros, mocinhas com cara de Kate Perry, ação pouco criativa, roteiro medíocre. Se no filme de Lech Majewski nos sentimos completamente em 1640, aqui nos vemos num passado com cara de video-clip. ZERO!!!!

WYLER/ EASTWOOD/ CRONENBERG/ STURGES/ CAPRA/ SODERBERGH/ PINA/ CARY GRANT

   SUBLIME TENTAÇÃO de William Wyler com Gary Cooper, Teresa Wright e Anthony Perkins
Concorreu  a seis Oscars em 1956 e perdeu todos. Mas é um muito bom filme realizado pelo mais profissional dos diretores da América. Wyler tem uma impressionante lista de filmes, de sucessos e de prêmios. Aqui ele fala de uma familia de Quacres, que nos EUA da época da guerra civil, se recusam a lutar. O filme é lindo de se ver, cor e cenários são imagens ideais de um passado bucólico. Mas esse bucolismo é manchado pelo mundo. Perkins, muito jovem, está comovente como o filho que parte para a guerra. Ainda sem os tiques de Norman Bates, ele realmente prometia ser um novo tipo de ator, frágil, hesitante. Cooper prova mais uma vez ser um grande ator. Vemos em seus olhos a confusão de um pai que não sabe mais como agir. Cinema grande, vasto e muito satisfatório. Nota 8.
   OS ABUTRES TÊM FOME de Don Siegel com Shirley MacLaine e Clint Eastwood
No México, Clint encontra uma freira e a salva de ser violentada. Juntos, eles cruzam um deserto e lutam contra as tropas de Maximiliano. A trilha sonora é de Ennio Morricone e a foto de Gabriel Figueroa. Tem um jeitão de western italiano, um ar de não seriedade, de pastiche. Uma diversão apenas ok, feito em tempo em que tanto Clint como Shirley não eram levados a sério. Nota 6.
   UM MÉTODO PERIGOSO de David Cronenberg com Michael Fassbender, Keira Knightley e Viggo Mortensen
O elenco é bom, mas o roteiro de Hampton é banal. Caretésimo, se parece muito com aquelas séries solenes que a BBC fazia nos anos 70. No fundo, se a gente trocar os nomes dos personagens, é a velha história do filho que quer ser independente do pai. E do pai que, com sua autoridade ameaçada, passa a exigir obediência do filho. Tudo recheado por sofrido caso de amor. A criatividade passou muito longe daqui. Enfadonho. Nota 4 dada ao belo trabalho dos 3 atores.
   MOÇA COM BRINCO DE PÉROLA de Peter Webber com Scarlet Johansson e Colin Firth
Revisto agora se revela uma quase ridicula recriação de um momento crucial na história da arte: a gênese da mais famosa pintura de Vermeer, o mais valorisado dos pintores. Firth, que como provou em O DISCURSO DO REI, é um dos melhores atores em atividade, nada tem a fazer aqui. O pintor é tão real quanto o é o Jung de Fassbender. Tem a profundidade de um boneco de palha. Scarlet nunca esteve tão bonita, na verdade o filme é dela. Lento, sem emoção, monótono. Nota 1.
   CONTRASTES HUMANOS de Preston Sturges com Joel McCrea e Veronica Lake
Recém lançado em DVD, mostra o talento esfuziante de Sturges.  Um diretor de filmes escapistas, resolve fazer uma obra relevante. Parte então à estrada, para conhecer e viver a vida dos pobres. Mas seus empregados seguem sua estrada e ele não consegue ser um pobre. Acaba conhecendo uma aspirante a atriz e é preso quando sem documentos é confundido com assassino. Na prisão é que ele dará valor a seu trabalho, em uma cena simples e inesquecível. Este filme foi homenageado pelos Coen em E AÍ MEU IRMÃO...Preston Sturges vive hoje um momento especial, sua obra é finalmente reavaliada. Nota 9.
   ESSE MUNDO É UM HOSPÍCIO de Frank Capra com Cary Grant
Uma dupla de adoráveis velhinhas mata seus hóspedes com veneno. Grant é o sobrinho delas que não sabe o que fazer. Relançado agora, a Veja elogiou muito, assim como o Estado. Apesar de eu ser fã de Cary Grant, eu não gosto deste filme. É exagerado, nervoso demais, passa do tom. Capra voltara da segunda guerra mudado. Se antes seus filmes eram odes otimistas ao homem comum, aqui ele se mostra confuso. Cary parece estar em filme de Hawks, sua atuação maluca não se casa com a dos outros atores. Nota 3.
   SAN FRANCISCO de WS Van Dyke com Clarck Gable, Jeannette MacDonald e Spencer Tracy
Imenso sucesso dos anos 30, é um filme quase insuportável. Uma baboseira sobre dono de bar que se apaixona por moça "certinha" que quer ser cantora. Gable faz seu papel padrão, um machão sorridente e levemente mal caráter. Jeannette canta demais. E Tracy faz um padre que a aconselha. O filme se redime em seu final, a cidade de SF é destruída pelo terremoto de 1906. Os efeitos, por incrivel que pareça, ainda impressionam. O terremoto é mostrado com cortes espertos, paredes que caem e multidões em pânico. Funciona e muito bem. Mas até chegar a esse final emocionante o filme é um nada. Nota 3.
   IRRESISTÍVEL PAIXÃO de Steven Soderbergh com George Clooney, Jennifer Lopez, Don Cheadle e Luiz Gusman
A trilha sonora de David Holmes é um show em si mesma. Uma recriação das trilhas cool dos anos 70, ela mistura Schiffrin com Hayes e funk tipo Clinton. Estupenda! O roteiro é sobre um ladrão de bancos que se envolve com policial feminina. Clooney está excelente. Ainda em sua fase galã, ele dá uma aula de estilo. Adoro esse tipo de filme que Soderbergh sabe tão bem fazer. O filme tipo "espertinho", uma recriação de Steve McQueen com Peter Yates e Norman Jewison. Foi com este filme que a carreira de Steven foi salva. Revisto agora, ele ainda diverte, Nota 7.
   PINA de Wim Wenders
Quando Wenders acerta ele faz filosofia ( ASAS DO DESEJO ), ou poemas visuais ( PARIS TEXAS ). Aqui ele faz uma filosofia poética em movimento. O cinema de agora pode ser salvo se assumir seu caráter de pesquisa visual. Os ótimos HUGO e O ARTISTA enfatizaram esse fato. O futuro está na imagem e não em dramaturgia.  Este filme nos convence do futuro possível. O deslumbre de imagens que se movem. O cinema jamais poderá se renovar ao repetir os passos de tanta gente que já esgotou a linguagem dos dramas e dos simbolos. Ele sobreviverá em seu aspecto de espetáculo plástico. Seja o movimento sem palavras ( eis a modernidade corajosa e radical de O ARTISTA ), seja em sonho de beleza ( o jogo de Scorsese em HUGO ). Wenders lança a opção do movimento puro. Poesia possível. Nota 9.

SODERBERGH/ JACKIE CHAN/ TONY CURTIS/ ROBERT RODRIGUEZ/ BRAD PITT/ OLIVIER

   VIVO PARA CANTAR de Frank Ryan com Deanna Durbin
Em 1999 Haley Joel Osment, eu juro, foi chamado de gênio. O menino do Sexto Sentido era tido como "o maior talento infantil da história do cinema". Anna Paquin recebera a mesma dádiva alguns anos antes e na época Matrix era considerado na Set "o maior filme da história dos filmes". Nada como o tempo para colocar tudo nos eixos. Matrix é encalhe de sebos, Paquin luta por papéis na TV, e Joel.... sei lá. Atores infantis costumam quebrar a cara quando crescem. Judy Garland, Natalie Wood e Jodie Foster são os únicos que tiveram como adultos o mesmo sucesso de crianças. Roddy MacDowall também teve uma boa carreira adulta, mas como criança ele era bem mais. Deanna Durbin foi uma big star aos 14 anos. Cantava e tinha uma imagem simpática, calorosa, do bem. Mas aqui, já adulta, dá pra se notar a proximidade do fim. Ela se tornou "comum". Sem grande diferencial. Sabiamente ela largou o cinema e foi viver na França. Poupou seus fãs de assistir seu ocaso. Ela era ótima, mas este filme é um lixo. Nota 1.
   O ESCUDO NEGRO DE FALWORTH de Rudolph Maté com Tony Curtis, Janet Leigh, Herbert Marshall e Barbara Rush
Finalmente lançam este DVD no Brasil!!! Um dos mais reprisados filmes da Sessão da Tarde dos anos 70, é surpreendentemente bom. Maté foi um grande diretor de fotografia. Começou com Dreyer e foi para Hollywood onde dirigiu alguns filmes médios. Este é seu melhor. Tony Curtis era lançado a época como a nova estrela da Universal. Ele funciona em aventuras muito bem. Faz aqui um tipo estourado, meio bronco. O filme fala de jovem, estamos na idade média, que é o filho de um nobre arruinado sem o saber. Vai para a corte, onde é hostilizado por jovem nobre e ajudado por velho mestre de espadas. Eu não sei porque o filme me lembrou muito Star Wars. De qualquer forma, ele é alegre, movimentado, muito colorido. Boa amostra do antigo filme juvenil, do antigo filme "B", que hoje seria tratado como filme "A". Nota 7.
   EL MARIACHI de Robert Rodriguez
Eis o primeiro filme de Rodriguez, famoso na época por ter sido feito com a grana de um carro. Ele é pobre, claro, tem uma fotografia miserável, mas é cheio de ação, clima e promete aquilo que seu diretor faria em seguida. Filmes pop levados com leveza e rapidez. Vale conhecer. Nota 5.
   FÚRIA DE TITÃS de Desmond Davis com Judi Bowker, Laurence Olivier, Claire Bloom e Maggie Smith
Não se empolgue com os nomes veneráveis de Olivier, Bloom e Maggie Smith. Muito menos com os efeitos de Ray Harryhausen. É uma insuportável aventura mitológica sobre Perseu etc... Incrivelmente ruim, até os efeitos de Ray estão ridiculos. A magia que ele criava antes, aqui está perdida. O ator central é um dos piores já vistos. A câmera insiste em dar close de seu rosto e tudo o que ele faz é ajeitar os cachos dos cabelos e aumentar seu biquinho. Olivier é Zeus. Porque, ao fim da carreira, ele aceitava filmes tão ruins? Vaidade? Grana? Pior: este lixo foi refilmado no ano passado com o mesmo nome. Pra que? ZERO!!!!
   HORA DO RUSH 2 de Brett Ratner com Jackie Chan e Chris Tucker
O cinema americano não soube usar os talentos de Chan e de Chris. Assim como ocorreu com Jim Carrey, os executivos os rotularam de "astros para filmes ligeiros" e fim. Jackie Chan merecia aventuras mais caras, mais ambiciosas ( mas talvez nessas aventuras ele fosse sufocado em efeitos digitais ) e Chris merecia filmar mais, muito mais. Este filme, delicioso, é aquele que voce já sabe: os dois vão para Hong Kong, se envolvem com máfia e depois tudo se resolve nos EUA. Eu queria mais, mais lutas, mais piadas, mais duração. Mas é um filme legal para dias de tédio. Nota 6.
   SET UP de Mike Gunter com 50 Cent, Ryan Philippe e Bruce Willis
Muito rap, massacres, vida de cão na prisão, guitarras, tiros e mal caratismo. Que lixo é isto? Como é possível que uma coisa que já foi tão nobre como o cinema, possa agora, como uma rameira sifilica ou um traficante de veneno produzir algo tão do mal, com intensões tão ruins. Ele glorifica a bandidagem, a violência, a vida sem moral alguma. Depois não venham reclamar do rumo que o mundo toma. Bruce se especializou em pequenos papéis "especiais" de chefões do crime. Morro de saudades do "bom e velho" Duro de Matar. Ali tínhamos ação com boas intenções, humor e tiros, explosões e suspense. Nada disso aqui. ZERO!!!!!!
   PÁGINA OITO de David Hare com Bill Nighy, Rachel Weisz, Judy Davis e Michael Gambom
Bom filme inglês. Bill, sempre sério e elegante, é um velho funcionário da segurança britãnica. Ele descobre que o primeiro-ministro tornou-se conivente com a politica americana de tortura e combate ao terror. Mais que isso, que há uma outra agência de segurança dentro do governo, mais imoral, mais corrupta, para agenciar as coisas desse ministro. O filme mostra sua intenção: a Inglaterra é agora apenas um apêndice dos EUA. Bill Nighy é um agente à velha moda, ético, trabalha para o país, para o defender de inimigos e não para acomodar interesses globais. Amargo e com final dúbio, é um digno veículo para um bom ator. Rachel faz uma vizinha ativista da causa árabe. Seu papel, melhor do que parece, é que faz com que Bill se mova. Não sei se esse filme foi exibido aqui. Nota 7.
   ONZE HOMENS E UM SEGREDO de Steven Soderbergh com George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts, Elliot Gould e Andy Garcia
Revejo-o após dez anos. O filme tem poucas semelhanças com o original de Sinatra. O que fica de mais próximo é o aspecto cool da produção. Temos um fascinante desfile de roupas elegantes, cenários bonitos e figurantes bem dirigidos. A trilha sonora de David Holmes é exuberante, ninguém hoje faz trilhas sonoras melhores. Vejo o filme, excelente, e penso que ele é uma bela amostra daqueles filmes espertos feitos por volta de 1960, com seus ladrões amorais e seu clima chique. Nos extras do DVD, Soderbergh fala de Golpe de Mestre ( um espetacular filme com Paul Newman e Redford que ganhou melhor filme em 1973 ), e mais, atrás de Soderbergh há um poster de um filme: Bande a Part de Godard. Um filme com Anna Karina que trata de roubo. O que tem Bande a Part? É o nome da produtora de Tarantino e agora surge no escritório de Soderbergh...filme influente é assim que se revela... Voltando, dá pra notar um monte de furos no roteiro, o plano não é assim tão genial; mas a coisa é muito bem dirigida e tudo o que sentimos durante o filme é prazer. George Clooney está em casa, nasceu para esse tipo de papel. Mas Brad Pitt está ainda melhor. Seu rosto é pura diversão. É este filme que exibe melhor o tipo de filme pop que eu adoraria ver mais na Hollywood de hoje. Absolutamente sem erros. Nota 9.

SODERBERGH/FELLINI/JAMES STEWART/CLINT/OZ

A ÚLTIMA CARROÇA de Delmer Daves com Richard Widmark e Felicia Farr
Um assassino condenado lidera grupo de religiosos através de terras de índios. Ele próprio é um índio. Simples, como todo western deve ser. Belas paisagens, bons personagens. Widmark agrada sempre, com seu ar de psicopata. Daves foi um dos bons diretores de ação dos anos 50. Diversão sem compromisso. nota 6.
A TRAPAÇA de Federico Fellini com Broderick Crawford e Richard Basehart
Se Bogart não houvesse tido seu câncer fatal, teríamos aqui um momento de antologia. Pois era Bogey quem iria fazer o papel do pequeno malandro, explorador de pobres diabos que nada têm. Com Crawford, este filme, feito entre La Strada e Cabíria, perde seu sentido. Um Fellini que não parece Fellini, pois é realista, documental, quase um Rosselini. nota 5.
IRRESISTÍVEL PAIXÃO de Steven Soderbergh com George Clooney e Jennifer Lopez
Reassistí este muito agradável filme. Do tempo em que Soderbergh era bom. Do tempo em que Clooney parecia querer ser um novo Cary Grant ( hoje é um novo Gregory Peck ). Do tempo em que Jennifer prometia ser uma futura comediante... O filme, sobre malandragens e trapaceiros, é delicioso. Junto com The Limey, é meu Soderbergh favorito. nota 7.
O GATO PRETO de Edgard G. Ulmer com Bela Lugosi e Boris Karloff
Inacreditávelmente picareta!!!! Um absurdo de diálogos ridículos, imagens de fru-fru, atores sem direção e roteiro amador. Bela tem o pior desempenho da história do cinema. Um tipo de ator pretensioso recitando má poesia colegial. Mas por tudo isso...nota 6.
SUBLIME DEVOÇÃO de Henry Hathaway com James Stewart e Richard Conte
Existem certos atores que nos fazem vibrar quando os vemos e ouvimos suas vozes. São como gente da família. Gente que visitamos por toda a vida e não nos cansamos de rever. Atores que fizeram muitos filmes bons e que portanto nos dão muitos motivos para visitar. James Stewart é um dos mais amados. Ele é simpático. ele parece confiável, ele jamais dá uma interpretação ruim, ele é um ícone. Aqui ele é um repórter que investiga um caso de assassinato. Ele não crê na inocência do condenado, mas acaba, lentamente, mudando de opinião. Este filme, sem trilha sonora, seco, duro e ágil, quase um documentário; é maravilhosamente bem dirigido pelo muito competente Hathaway, diretor de quase cem filmes e um dos gigantes que fizeram a glória da Fox. Um filme que te deixará muito tenso, ligado, interessado e torcendo muito. Roteiro e fotografia de gênio. nota 8.
COMEÇOU EM NÁPOLES de Melville Shavelson com Clarck Gable e Sophia Loren
Apesar do nome o filme se passa quase todo em Capri. Isso dito... que linda ilha!!!!! E como Sophia era bonita de se ver! Tão bela que chega a parecer irreal, um milagre da natureza. Ela hipnotiza nosso olhar, vulcaniza a tela e explode em vida e alegria. Genuinamente. O filme, uma comédia romântica, trata do contraste entre a América, fria, rica, eficiente; e a Itália, quente, pobre, preguiçosa. Felizmente toma o partido da Itália. Um dos primeiros filmes que ví em minha vida, numa velha Sessão da Tarde, no tempo em que filmes de Loren, Elvis, Jerry Lewis e Lucille Ball abundavam na tv. nota 6.
ALWAYS de Steven Spielberg com Richard Dreyfuss, Holly Hunter e John Goodman
Muito estranho o ano de 89. Enquanto Stephen Frears filmava uma obra-prima chamada Ligações Perigosas, Milos Forman fazia Valmont, baseado no mesmo livro. E enquanto se filmava Ghost, Spielberg fazia Always- o mesmo filme, porém, passado entre aviadores e sem metade do interesse do filme com Swayze e Demi. Um diretor do tamanho de Steven não tem o direito de fazer algo tão primário, tão mal construído, tão inútil. Cheio de romance que não emociona, ação que nada move, diálogos que nada dizem. Um desastre! nota zero.
COMO AGARRAR UM MARIDO de Frank Oz com Steve Martin e Goldie Hawn
Eu adoro Steve Martin. Como Jim Carrey, Will Smith, Kevin Kline, Clint Eastwood; adoro ver seu rosto na tela. Ele não precisa fazer muito para agradar. Basta estar lá. Este roteiro, bobíssimo, trata do velho tema de opostos que se descobrem apaixonados. Não faz rir. Mas se deixa ver sem problema algum. nota 5.
BRONCO BILLY de Clint Eastwood com Clint e Sondra Locke
Um tipo de Beto Carrero dos pobres. Essa é a história de Billy, um cowboy que com sua trupe de ex-detentos faz shows pelo interiror dos EUA. Um filme on the road, uma comédia amarga. O filme, bastante feito nas coxas, é barato, quase amador. E mal escrito. Clint, no tempo em que parecia sem grande talento, não se dá ao trabalho de dirigir os atores. Erros se acumulam. Faltam cortes, faltam segundas tomadas. Um filme muito estranho... nota 3.
O SOL É PARA TODOS de Robert Mulligan. com Gregory Peck, Mary Badham. roteiro de Horton Foote e música de Elmer Bernstein
Não é uma obra-prima. Não tem essa pretensão. Mas é um dos mais lindos filmes que já assistí. Comovente em profundidade, tudo funciona à sublime perfeição. Leia meu comentário logo abaixo. Coloco aqui um adendo : o filme tem a estréia de Robert Duvall no cinema. Entra mudo e sai calado. Seu personagem fica 3 minutos em cena. Veja o milagre que ele faz. Um discurso com os olhos... Quanto a Gregory e Mary... se houvesse nota maior que dez eu a daria.