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Sailin' Shoes (Live at Lisner Auditorium, Washington, DC, 8/10/1977)
.....Esse é o disco, essa é a banda. Lowell George e seus camaradas têm jazz, têm funky, têm groove, eles têm tudo! O disco, ao vivo, é de uma vibração cósmica sexual absoluta. Na era dos grandes discos ao vivo ( 1969-1979 ), ele é talvez o melhor de todos. A banda soa solta, relax, quente e os vocais são sedutores. É música feita por quem sabe tocar até dormindo e para ser escutada por quem sonha com música. Vicie-se.
O GRANDE PRAZER DE SE OUVIR GENTE TOCANDO O QUE AMA TOCAR, LITTLE FEAT - WAITING FOR COLUMBUS
Existem três modos de se ouvir música, ou motivos: Ouvir para dançar, ouvir para sentir uma emoção, ouvir para escutar. Os dois primeiros modos são os mais usados, o terceiro é o mais sofisticado. Óbvio que há emoção em dançar e em ouvir para escutar, há emoção até em chupar um picolé, mas voce entendeu o que disse, não? Quando aos 15 anos voce escutou o novo disco do Slayer voce procurava ali uma emoção e só emoção. Voce sentia revolta, ou raiva, ou excitação física, mas era isso, uma reação emocional. Um cara de 80 anos quando escuta Beatles hoje sente o mesmo. Ele coloca Hey Jude para sentir nostalgia, para sentir amor ou para chorar. Off The Wall do Michael Jackson me faz dançar e me emociona. Mas há aquele disco em que os músicos tocam tão bem, estão tão inspirados, sentem tanto prazer em tocar, que voce sente ao escutar o disco um supremo prazer de escuta. À frente da dança, da emoção sentimental, há o puro prazer abstrato da música. É uma coisa muito mental. O som, é ele que te faz desejar ouvir tal disco. ---------------------- A banda Little Feat tem esse dom. Waiting For Columbus, seu disco ao vivo de 1978 é uma festa para os ouvidos. Melhor ainda, serve pra dançar. Eles sacodem o tempo todo. E tocam tão bem que chegam a espantar. Não à toa Jimmy Page dizia na época que eles eram a melhor banda do mundo. Page? Sim. Zappa também. Então como é o som deles? É o som da Georgia. Do sul. Do milho com couve. Do bourbon. Mesmo clima que deu Allman Brothers. Mas é bem diferente os irmãos Duane e Greg Allman. O Little Feat sacode mais. Balança. É menos jazz e mais groove. ---------------- A banda surgiu em 1971 formada por ex componentes de jams com Frank Zappa. Tomou as paradas de sucesso no terceiro album, em 1974. Em 1978 estava prestes a terminar, o clima entre os caras estava ruim. Mas isso não se nota no disco ao vivo. Os instrumentos borbulham. Bateria e percussão que têm funky de sobra. Teclados de mestre. Baixo sacolejante. Metais da Tower of Power. Guitarra base que manda o groove certo e exato. E a voz e guitarra solo de Lowell George, um cara que era a promessa de novo mestre das cordas. ( Mas ele morreu em 1979 e ficou pelo meio da estrada ). O som deles é POP, é rock, é blue e é funk. Tudo junto todo o tempo. Lembra Steely Dan em sua sofisticação. Lembra Doobie Brothers em sua popice do chão, da terra. Lembra JJ Cale na aparente simplicidade que se faz complexa. Tem de DR. John o tempero forte do sul quente e sexy. De The Band tem o sabor de grupo, de união. E dos Allman Brothers tem a maestria das guitarras e o gosto negro. Lembra tudo isso, e nada tem a ver com isso tudo. As melodias são partidas, fogem do que parecia óbvio; os refrões procuram o diferente, os solos são objetivos. Columbus é um dos grandes discos ao vivo da era dos discos ao vivo. Sua audição, por puro prazer, para dançar, para ouvir, é de lei.
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