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A MONJA COEN E O REIKI QUÂNTICO

Era um sobrado imenso no Pacaembú, bairro rico de São Paulo. Fui levado por uma amiga a um encontro com a Monja Coen. No salão, imenso, cerca de 40 mulheres, entre 15 e 40 anos, esperavam pela monja. Um silêncio solene reinava no local, as respirações, ansiosas, se faziam ouvir. Um sino tocou e todas se sentaram em almofadas de seda. Um sino tocou de novo e eis que a monja entra, um imenso sorriso no rosto. Juro que dava pra ver os olhos das moças brilharem. Faíscas voavam pelo ar. Minha amiga quase chorava. A monja se sentou na almofada central e logo duas meninas se deitaram a seus pés. Ela falou de uma doação que era necessária para as obras de algum santuário budista. Depois nos orientou para a meditação. Devíamos fechar os olhos, de frente para a parede, e procurar não pensar. Por fim ela falou algumas coisas. Algo sobre o valor da vida. Ela contou que quando um mosquito a picava ela o deixava em paz, podia beber quanto sangue quisesse. Disse que chegava a sentir o sangue alimentando o pequeno ser. As meninas suspiraram de amor por ato tão nobre. O sino tocou e o encontro acabava. Deixei 50 reais num pote de porcelana. ------------- Foi nesse dia que nunca mais consegui sentir o menor respeito por nossa classe média. A monja abriu meus olhos. Mas não para que eu olhasse ONDE ELA QUERIA QUE EI OLHASSE, e sim para o profundo preconceito que move esse povo "do bem" que vive no Pacaembú, Jardins e Higienópolis. Eu senti o vazio do qual o budismo tanto fala. O vazio ao meu redor naqueles rostos bonitos de moças "ELOI". ( Leia A Máquina do Tempo e entenda o que é um ELOI ). ------------- Vaidade. O pior dos pecados, segundo Buda, é exatamente aquilo que a tal monja exala. Há vaidade na sua voz, no seu olhar, em seus gestos. Sua pose é de rainha, sua sabedoria, rala e óbvia, tem a inflexão da teimosia, sua humildade é apenas uma cabeça raspada. Ela fala e se exibe. Os outros que a adorem. ------------ Há na classe média do Brasil um profundo horror por tudo que seja "coisa de pobre". E a religião não é diferente. Um classe média que deseje alguma experiência religiosa irá à umbanda ou candomblé, porque são "trés exotique et très chique, africaine, n'est pas?", irá exercitar um budismo de araque ou até mesmo um catolicismo estético tipo Nossa Senhora do Brasil. Mas sempre ficando longe, bem longe da igrejinha de bairro ou do templo protestante de pobre. Quando se misturam, como no camdomblé, é sempre com o espírito do turista francês. Não podem se misturar. A classe média odeia profundamente seu povo. --------------- Desse modo vemos absurdos como a feijoada chique, a caipirinha de 50 reais e gente que ouve samba mas só aquele de "bom gosto". Adestrados na escola canina de obediência cega, votam na esquerda light, porque votar nela é " ser inteligente e fino, assim, tipo, parisiense ", e até respeitam o funk, mas jamais chegariam perto de amar ou sequer levar a sério uma "funkeira". Vivem entre eles, namoram entre eles, respiram o mesmo ar com cheiro de maconha de primeira e perfume de Milão. Serão aos 60 anos o mesmo que foram aos 20. São imutáveis. ----------------- Como todo ELOI, são presas fáceis para qualquer discurso que prometa prazer refinado ou elevação espiritual sem proibições. Julgam pessoas por modos e nunca por intenções. Sua percepção vai até a esquina da Oscar Freire. Vazios como uma sacola de feira alternativa, ansiam por uma vida mais cheia de emoção, mais plena, mais real. Não percebem que eles são o veneno que mata toda chance de renovação ou de plenitude. Nunca arriscam nada. E por isso vivem descendo ladeiras de bike sem freio. --------------------- Há exceções? Em minha vida conheci apenas duas pessoas que fogem dessa sina de ELOI. Apenas dois. Nada mais. ---------------- Depois dessa experiência de budismo mega fake, estive em palestras de auto ajuda, também de uma amiga. Mas disso é ainda mais dificil falar. Não por pudor meu. Mas sim porque não há o que falar. Eram jantares que custavam 200 reais por pessoa. A palestra era grátis. ( Pode rir ). Na tal palestra se falava que para ser feliz basta querer. Só isso e nada mais. Toda infelicidade era falta de querer. Que legal né? Okay, não vou mentir pra voces. Não sou bonzinho. Não senti pena desse povo. Apenas uma vontade de rir. Ah sim...todos eram classe média e faziam coisas legais tipo jardinagem zen e canoagem em rios do Alasca. ----------------------- Gabi é uma amiga minha que vive faz vinte anos na California. Nascida no Jardim Paulista, ela foi mãe aos 19 e trabalhou como hostess, modelo, terapeuta corporal e designer de vitrines. Tudo bem pago. Nada muito sério. Sem querer o youtube me manda um video dela. Feito em 2018, teve apenas 200 visualizações até hoje. É uma aula de reiki quântico. A professora é a Gabi. A mulher formada em publicidade que odeia exatas. Basicamente ela diz que a posição dos objetos em casa modifica a vibração do lugar. E QUE A FÍSICA QUÂNTICA CORROBORA ISSO. Bohr deve estar rindo muito agora. Há testemunhos no vídeo. Americanas com cara de zumbi. ---------------- A ciência virou religião. Hoje, se voce coloca a chancela ISTO É CIÊNCIA, pronto! O maior absurdo vira lei divina. Tipo máscara de pano na cara. ---------------- Gabi me dizia, em 1997, que ela era "do povo". Afinal, ela ia em boteco da Vila Madalena e até sabia o nome do garçon!!!! Well....voce já entendeu a piada né? ---------------- Com essa classe média a chance do Brasil mudar é zero. Afinal, são eles que mandam e seu conceito de mudança é trocar o BMW por um Porsche. Merveilleuse!