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FRANK SINATRA NO SANDS AO VIVO
Gravado em 1966 no Sands em Las Vegas, este disco não tinha como ser melhor. Sinatra, maduro, aos 51 anos, tem controle absoluto da voz e é acompanhado por Count Basie e sua orquestra. Unindo todos esses ingredientes, o que temos? Um dos melhores momentos de Frank e isso significa que é um dos melhores momentos da música popular em qualquer gênero ou tempo. ---------------- A orquestra de Basie dá às canções um sabor viril, forte, cheio de testosterona. O toque dos metais é sempre feliz, ousado e o conjunto de baixo-bateria-guitarra é sacolejante. A voz de Sinatra pode se esparramar sobre essa cama de musicalidade swing. E ele aproveita. Estando em casa em Vegas, a voz de Frank abusa da dicção clara, do controle da respiração, e melhor que tudo, da emoção. Observe uma canção como IT WAS A VERY GOOD YEAR. Numa outra voz ela poderia soar melosa, talvez revelasse fragilidade excessiva, poderia ser uma exibição de lágrimas e gemidos, mas não com Frank. Ele sofre como Homem. Ou como homens deveriam sofrer. E por isso ele faz dessa canção uma obra prima. Mas não só ela. Todas as canções, eu disse todas, são superlativas, compêndios de arte musical. --------------- E o modo como ele tem o público nas mãos é delicioso. --------------- Voce leva sua mulher ao Sands e pede um Jack. Fuma dois Camels enquanto espera o jantar. Come um belo filet e conversa animadamente com ela. Então, durante o champanhe, entra Sinatra e canta FLY ME TO THE MOON, e voce pensa, perfeição. Sua mulher sorri e voce sabe que ela levaria Sinatra para a cama. Não importa. Ele é o cara e voce se sente o cara também. Então porque não mais um Jack e mais dois Camels? A vida pode ser triste às vezes, mas existe uma mulher, uma Lua e uma noite. E voce sabe que vale a pena. Ele faz valer.
DUKE ELLINGTON-COUNT BASIE - FIRST TIME!...SE VOCE NÃO GOSTA DE BIG BANDS TENTE ESTE ALBUM
Demorou muito para eu aceitar o som das big bands do jazz. Elas me pareciam som de gente muito velha. Então, por volta de 1980, eu ouvia Miles e Mingus, mas não escutava Duke e Basie. O tempo passoum hoje é 2025, e o que parecia muito velho parece hoje cool. É assim que acontece, a coisa envelhece e depois de ser apenas "velha", é esquecida ou vira chique. Hoje o som muito velho, em jazz, parece ser algo como Spyro Gyra e Grover Washington, e penso que eles serão esquecidos. -------------- Se voce não gosta de Bandas esta é sua chance, um bom modo de começar. Em 1962 uniram as duas maiores bandas do jazz em um único disco. A primeira coisa que se nota é o som. Em 1962 o som dos discos de rock era muito ruim e percebemos que os albuns de jazz, como este, possuem uma qualidade sonora sensacional. O rock só em 1968-1969 passaria a ter status para ocupar o mesmo nível de produção. ----------------- Todas as 8 faixas aqui são exemplos do que é a sonoridade de uma banda: é quente, complexa, esfuziante. Mas comece pela faixa 5: Wild Man. É uma obra prima de Ellington. O andamento muda a todo momento, os timbres variam, o volume aumenta e depois se faz quase silêncio, é a exibição de um gênio. Basie esponde em seguida com Segue in C, outra obra prima, esta exibindo a especialidade de Basie, o ritmo, o beat. BDB de Ellington tem ataques de saxes que beiram o monstruoso. A bateria brilha. Por fim a marca registrada de Basie, Jumpin at The Woodside, groove sem fim. Depois disso, ouça as faixas de 1 a 4 e seja feliz. ------------------ Se isto não te fizer amar o som das bandas, bem , desista. Ou vá cuidar de seus ouvidos, talvez voce seja surdo.
LESTER YOUNG, O REI DO COOL
Lester Young tocava sax. E tinha um chapéu tipo "porky pie". Foi da orquestra de Count Basie, e Basie é meu pianista favorito. O piano de Basie tem poucas notas, apenas as necessárias. Ele não floreia como Oscar Peterson ou Teddy Wilson ou Art Tatum. Basie toca uma nota e isso é exatamente o que faz a diferença. Pouco. E o bastante. Thelonious Monk, meu outro pianista favorito tem o mesmo modo de deixar silêncios nos solos. Eu não gosto de música que não usa o silêncio. Quem enche o espaço de sons tem de saber tudo sobre o silêncio. Repare em Basie, há espaços vazios que dizem tudo. Ele faz um milagre: o silêncio tem ritmo!!!!! -------------------- Lester Young faz o mesmo no sax. E o saxofone é às vezes uma voz que fala demais. Dizem que o sax moderno foi inventado por dois caras: Lester Young e Coleman Hawkins. Hawkins abriu o caminho para o sax que fala muito, que floreia, que vai até o limite; Lester criou o sax que fala menos e fala suave. É a versão em sopro do piano de Basie. -------------------- Quando ele começa a tocar voce logo sabe, é Lester Young, Pres para os amigos. O toque é mínimo, o volume é suave, ele volteia sem ferir, e o principal: Lester toca fácil, nada parece requerer esforço físico. Ele não transpira, ele não ameaça perder o fôlego. Ele toca como quem joga gelo no copo. É simples, é discreto e é absolutamente perfeito. O saxofone na boca de Pres parece um instrumento que só existe para ele mesmo. Há o sax e há o sax de Lester Young. ---------------- Ele define o cool. Fazer muito fazendo quase nada. Chamar a atenção não querendo chamar nada. Intrigar sem querer ser notado. O cool em música passa sempre por Lester. É a voz contida, que nunca se esforça, que faz o mínimo, que mantém a frieza discreta, nunca afetada, simples e sem igual. Depois de Lester veio Ben Webster, Miles, e então o cool virou moda. -------------- Hoje nada é cool porque nada é discreto. Tudo vira hype ou desaparece. ----------------- Lester era amigo de Billie Holiday. E tocou muito com ela. Depois fez alguns discos com grupos pequenos. Ele é, como Bud Powell ou Eric Dolphy, heroi de quem conhece jazz. Escute.
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