Mostrando postagens com marcador ray harryhausen. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador ray harryhausen. Mostrar todas as postagens

RESNAIS/ BERTOLUCCI/ HATHAWAY/ TOTÓ/ MARIO MONICELLI

   SIMBAD E O OLHO DO TIGRE de Sam Wanamaker com Patrick Wayne e Taryn Power
Ray Harryhausen produziu e escreveu. E, claro, fez os efeitos especiais. Que não encantam. Ray foi perdendo o jeito conforme o tempo avançava. Seu apogeu se deu entre 1960/1964...aqui estamos em 1977... Nota 2.
   ADRENALINA de Neveldine e Taylor com Jason Statham e Amy Smart
Voces sabem: injetam uma droga num matador profissional. Sua adrenalina não pode parar ou ele morre. Então ele corre, briga, bebe cafeína, faz sexo e briga. O filme é hilário! Tem um milhão de efeitos e todos os vicios do cinema atual: é vazio, sem pensamento, anti-estético e grosseiro. Mas tudo é perdoado por sua falta de pose. Ele se sabe idiota e admite sua popicidade teen. Isso o redime. Como condenar algo que me deu hora e meia de prazer? Nota 6.
   MR.MAGOO  de Stanley Tong com Leslie Nielsen e Kelly Lynch
 Se não é a pior comédia da história...chega perto disso. Leslie era ótimo, mas este filme é uma roubada! Em tempo: Inácio Araújo falou esta semana da boa fase que a comédia viveu nos anos 80. Ele citou Steve Martin, John Candy, Crystal, Murray...Comédias que ainda eram humanas, ainda tinham personagens com alguma profundidade. Ele se esqueceu de Leslie Nielsen. Este filme? Esqueça! Nota ZERO
   POLICIA E LADRÃO de Mario Monicelli e Steno com Totó e Aldo Fabrizi
Seria Totó o maior humorista da história do século XX? Nascido como um nobre italiano, tornado ator, o rosto de Totó, sua voz, os movimentos de seu corpo, são das coisas mais elaboradas, mais encantadoras da arte do riso. Aqui ele é um malandro que vive de golpes. Aldo Fabrizi é o policial que o persegue. Estamos na Roma de 1951. Uma cidade inacreditávelmente pobre. O filme é todo entre lama e favelas. E seu povo. Um pensamento: o povo mais anti-americano do mundo nunca foi o russo. É o italiano. Vemos o porque neste filme. Há um orgulho em se burlar a lei, em não se fazer nada, um prazer no improviso, no diálogo cheio de duplos sentidos, na vagabundagem, na negação a produção e ao tempo como dinheiro. E ao final, o ápice do humanismo, o policial e o ladrão se reconhecem como atores de um mesmo drama, como faces da mesma verdade. Monicelli amava gente. Seu cinema é sempre um olhar amoroso a gente comum. A gente que luta para poder continuar a lutar. Este filme, em que pese o começo hesitante, é maravilhoso! Nota 9.
   VOCÊS AINDA NÃO VIRAM NADA! de Alain Resnais com Pierre Arditi, Lambert Wilson, Sabine Azéma e Michel Picoli
Por quinze minutos o filme parece ser fascinante. Sentimos na tela a inteligência de Alain Resnais. Ele que é um dos mais intelectualizados dos diretores da história. Aos quase cem anos de idade, vemos nesses minutos a promessa de invenção. Como aconteceu com Altman, que morreu mais jovem que 99% dos diretores, Resnais nos provoca e promete. Mas então tudo se arruina. O filme morre em diálogos frios e em truques que se repetem. O tédio chega avassalador. Impossível suportar. Chato, chato e chato. Darei um 4 para Resnais? Ou sairei pela tangente da covardia do sem nota? Não, darei a nota: 3.
   TRAMA MACABRA de Alfred Hitchcock com Bruce Dern, Barbara Harris e Karen Black
É o último filme do mestre e eu lembro das críticas da época: péssimas. Os críticos tinham prazer em falar da pobreza do roteiro e da indigência das imagens. Well...visto hoje, neste tempo de roteiros pobres e imagens banais, este filme parece menos ruim. Mas continua a ser comum. Na verdade ele é como um bom episódio de alguma série de tv. Toda a primeira parte é bem chata, a parte final se encontra em ação interessante e bom suspense. O mestre havia morrido para o cinema em 1964 com Marnie. Deu um suspiro em 1972 com o ótimo Frenesi. Este deve ser evitado. Nota 4.
   EU E VOCÊ de Bernardo Bertolucci
Ainda não estreou aqui. Bernardo achou um jovem ator que tem a cara do Malcolm McDowell da Laranja Mecânica de Kubrick. E o filme é esse rosto. Confesso ser suspeito para falar deste filme. Eu fui aos 15 anos como aquele jovem. Ele usa cabelo longo e tem espinhas. Nas férias finge ir a excursão da escola. Na verdade ele se isola no porão de sua própria casa. Lá, com comida estocada, roupas e bebida, ele pensa poder ser feliz. Mas uma meia-irmã, junkie, surge e muda tudo. O filme termina ( ele é curto ), com David Bowie -Space Oddity. Bertolucci continua adolescente. Isso é emocionante. Ele olha para o garoto como cúmplice. Em 1968 ele filmou Partner, retrato do adolescente de então. Um filme esquizóide e hiper-radical. E desde então ele tem nos dado esses retratos de adolescentes e de seus tempos. Não sei se este jovem é um cara de 2013. Como falei, eu fui como ele e não fui/sou um adolescente de 2013. É um filme modesto, sem compromisso, franciscano, pobre. E que apesar de ter tanta coisa para me agradar me deixou entediado. Fácil saber porque. Se o garoto tem um rosto que funciona, a irmã é uma mala-sem-alça, feita por atriz limitada e pouco marcante. Quando ela surge o filme desaba. Já que o jovem me lembrou McDowell, bem que Bernardo podia ter conseguido uma "Maria Schneider". Nota 6.
   A LEGIÃO SUICIDA de Henry Hathaway com Gary Cooper e David Niven
Hathaway foi um dos grandes diretores de aventura do cinema. Nos anos 30, ele, Wellman e Curtiz criaram toda a forma, todo o molde que seria usado naquilo que até hoje é o filme de aventuras. Um herói solitário e nobre, a ação que irrompe súbita, as façanhas, o humor do amigo do herói, a "mocinha" que o ajuda, o vilão frio e trapaceiro. Esqueça a modernidade, este filme prega o colonialismo desavergonhadamente. Filipinas. Americanos ensinam os "nativos" a se defender. Cooper, sempre elegante e sempre com sua voz firme e o olhar alegre, é um médico que serve o exército. O filme tem assassinatos, doenças, rivalidades, brigas e emboscadas. A ação é muito boa. Uma bela diversão à antiga. Nota 7.

PAUL NEWMAN/ STAN LAUREL/ VINTERBERG/ GEORGE ROY HILL/ LEE MARVIN

   MONTEREY POP de D.A.Pennebaker
Meu amigo Fernando Tucori diz que foi e é impossível se fazer outro festival como esse. Primeiro porque ele reuniu 70% do que havia de melhor então, segundo porque todos tinham menos de 28 anos. Menos Ravi Shankar, claro. Como cinema é um grande filme. Pennebaker, nome mito dos documentários, captura todo o clima. Fantástico: A platéia é quase tão fascinante quanto os artistas. Observe como não existem duas pessoas parecidas! Sim, é a explosão da contra-cultura. Ainda se acreditava no fim do mundo repressivo. Essa certeza está na cara de todos. Outra coisa duca: os caras terminavam de tocar e iam assistir os colegas...No meio do povão!!! Dá pra ver Jimi e Janis vendo shows com a galera. Assim como Brian Jones andando por lá, na boa...No festival teve muito mais shows. No filme ficaram Simon e Garfunkel, Jefferson Airplane, Hugh Masekela, Animals, Janis Joplin....Quero destacar The Who, que quando vi na TV em 1978 mudou minha vida. Elegantes, livres, corajosos, históricos. Hendrix bota fogo na guitarra. Tem Country Joe and The Fish em momento de absoluto psicodelismo. Mas o show é roubado por Otis Redding. Voz baby, voz...Ravi Shankar encerra botando todo mundo pra viajar e meditar. Como show é um filme nota 10. Como cinema vale um 8. D.A.Pennebaker captou o feeling da coisa. È bem mais que Woodstock.
   VALE TUDO de George Roy Hill com Paul Newman
Grande sucesso, este filme tem uma importância sociológica. Mostra o momento em que o esporte deixa de lado o pseudo-cavalheirismo. Newman é técnico de um time de hockey fracassado. O sucesso vem quando ele aceita o jogo sujo. Aceita mesmo. Não pense que ele se arrependa. A violência vence. Roy Hill é o cara que fez Butch Cassidy e depois o genial e oscarizado Golpe de Mestre. Era um mestre em filmar malandragens. Paul Newman conseguia ser cool até fazendo este trapaceiro, fracassado, sujo treinador. O filme é bem bom. Nota 7.
   DÍVIDA DE SANGUE de Elliot Silverstein com Jane Fonda e Lee Marvin
De todos os filmes que ganharam Oscar de melhor ator, este é dos mais bobos. Sim, Lee Marvin é um ator que adoro. Ninguém mereceria prêmios mais que ele! Basta ver o que ele faz em The Dirty Dozen. E aqui ele está bem como um cowboy bêbado.Mas o filme é bobo. Jane Fonda é a garota que precisa desse cowboy para reaver suas terras. O filme é uma comédia. Um adendo: Eu pensava que Quem Vai Ficar com Mary era o primeiro filme a usar uma dupla de cantores para comentar o filme. Aqui temos Nat King Cole e Stubby Kaye fazendo exatamente a mesma coisa.... é a melhor coisa do filme. Nota 3.
   ARIZONA VIOLENTA de H.Bruce Humberstone com Randolph Scott e Richard Boone
Funciona bem este western sobre a rivalidade entre dois ex-amigos. Boone injeta doses de credibilidade ao vilão. O filme funciona como muito boa diversão. É o tipo do filme que fará um fã de western feliz e que ao mesmo tempo não servirá para conquistar novos fãs. Nota 6.
   ONDE IMPERA A TRAIÇÃO de Don Siegel com Audie Murphy
Séculos antes de fazer Dirty Harry, Don Siegel dirige este western classe B sobre homem que tenta dar paz e ordem a cidade violenta. Siegel já dirige bem aqui. A narrativa é rápida, bem cortada, objetiva. Na verdade não é bem um western, parece muito um filme noir passado com cavalos. Tem até uma femme fatale. Excelente clima. Nota 7.
   OS QUATRO PISTOLEIROS DO APOCALIPSE de Lucio Fulci com Fabio Testi e Lynne Frederick
Viu Django? Eis aqui mais um western spaguetti. Muita violência, música pop, sexo. Na verdade este é um filme bem louco. Fala de um grupo de desajustados que tenta cruzar deserto e chegar a cidade. O sangue espirra, todos são maus e sujos, cenas absurdas. Falta humor aqui. Nota 3.
   FESTIVAL DE CURTAS DE LAUREL E HARDY de Leo McCarey e George Stevens
Que alegria ver O Gordo e O Magro!!! Oliver Hardy e seu tipo ranzinza, vaidoso, ambicioso e Stan Laurel, um gênio, com seu tipo infantil e suave. Uma mistura que deu completamente certo. Eles sempre se dão mal, as coisas sempre rumam para o desastre, e nós, hipnotizados, vemos deliciados a coisa acontecer. Mais uma vez. Ainda há público para eles? A julgar pela constante reedição de seus curtas, sim, há. Nota Dez.
   AS NOVAS VIAGENS DE SIMBAD de Gordon Hessler com John Philip Law e Caroline Munro
Tem os efeitos de Ray Harryhausen. Mas estranhamente eles dessa vez não funcionam. O filme não possui clima, magia, não encanta. O roteiro é muito fraco. Uma pena. Nota 4.
   A CAÇA de Thomas Vinterberg
É impressionante a falta de cultura cinematográfica de muitos de nossos criticos. Alguém falou da obra-prima de William Wyler? O filme Infâmia, com Audrey Hepburn e Shirley MacLaine, fala de duas amigas professoras que são acusadas por uma aluna de lesbianismo. As duas são massacradas pela cidade. Uma delas se suicida e a outra tem sua vida destruída mesmo após a prova de que a aluna mentia. Esse filme do mestre Wyler é um dos filmes mais cruéis e devastadores que vi em anos. Acima de tudo é uma aula de direção. Dito isso devo dizer que este A Caça é um filme bem bacaninha. Claro, eu abomino o cinema feito na Escandinávia. Todo filme vindo de lá tem essa marca da religião luterana: pregação moral, ausência completa de humor, criatividade fria e "utilitária". Não são filmes, são pregações sobre o mal e o bem. Agora voce pode dizer: Mas seu amado Bergman não foi escandinavo? Sim. E Ingmar teve todos os defeitos dessa alma luterana. Mas ele compensava isso com seu senso absoluto de estética, de beleza e do sublime. Ingmar era um esteta, um apaixonado pelas mulheres, pelo mar e pela luz. Isso redime sua herança escandinava. Filmes como esse A Caça me entediam porque antes de vê-lo eu já adivinho tudo o que será filmado e como será demonstrado. Mas é um filme bacaninha. Tem um ator bom. Nota 5.

SODERBERGH/ JACKIE CHAN/ TONY CURTIS/ ROBERT RODRIGUEZ/ BRAD PITT/ OLIVIER

   VIVO PARA CANTAR de Frank Ryan com Deanna Durbin
Em 1999 Haley Joel Osment, eu juro, foi chamado de gênio. O menino do Sexto Sentido era tido como "o maior talento infantil da história do cinema". Anna Paquin recebera a mesma dádiva alguns anos antes e na época Matrix era considerado na Set "o maior filme da história dos filmes". Nada como o tempo para colocar tudo nos eixos. Matrix é encalhe de sebos, Paquin luta por papéis na TV, e Joel.... sei lá. Atores infantis costumam quebrar a cara quando crescem. Judy Garland, Natalie Wood e Jodie Foster são os únicos que tiveram como adultos o mesmo sucesso de crianças. Roddy MacDowall também teve uma boa carreira adulta, mas como criança ele era bem mais. Deanna Durbin foi uma big star aos 14 anos. Cantava e tinha uma imagem simpática, calorosa, do bem. Mas aqui, já adulta, dá pra se notar a proximidade do fim. Ela se tornou "comum". Sem grande diferencial. Sabiamente ela largou o cinema e foi viver na França. Poupou seus fãs de assistir seu ocaso. Ela era ótima, mas este filme é um lixo. Nota 1.
   O ESCUDO NEGRO DE FALWORTH de Rudolph Maté com Tony Curtis, Janet Leigh, Herbert Marshall e Barbara Rush
Finalmente lançam este DVD no Brasil!!! Um dos mais reprisados filmes da Sessão da Tarde dos anos 70, é surpreendentemente bom. Maté foi um grande diretor de fotografia. Começou com Dreyer e foi para Hollywood onde dirigiu alguns filmes médios. Este é seu melhor. Tony Curtis era lançado a época como a nova estrela da Universal. Ele funciona em aventuras muito bem. Faz aqui um tipo estourado, meio bronco. O filme fala de jovem, estamos na idade média, que é o filho de um nobre arruinado sem o saber. Vai para a corte, onde é hostilizado por jovem nobre e ajudado por velho mestre de espadas. Eu não sei porque o filme me lembrou muito Star Wars. De qualquer forma, ele é alegre, movimentado, muito colorido. Boa amostra do antigo filme juvenil, do antigo filme "B", que hoje seria tratado como filme "A". Nota 7.
   EL MARIACHI de Robert Rodriguez
Eis o primeiro filme de Rodriguez, famoso na época por ter sido feito com a grana de um carro. Ele é pobre, claro, tem uma fotografia miserável, mas é cheio de ação, clima e promete aquilo que seu diretor faria em seguida. Filmes pop levados com leveza e rapidez. Vale conhecer. Nota 5.
   FÚRIA DE TITÃS de Desmond Davis com Judi Bowker, Laurence Olivier, Claire Bloom e Maggie Smith
Não se empolgue com os nomes veneráveis de Olivier, Bloom e Maggie Smith. Muito menos com os efeitos de Ray Harryhausen. É uma insuportável aventura mitológica sobre Perseu etc... Incrivelmente ruim, até os efeitos de Ray estão ridiculos. A magia que ele criava antes, aqui está perdida. O ator central é um dos piores já vistos. A câmera insiste em dar close de seu rosto e tudo o que ele faz é ajeitar os cachos dos cabelos e aumentar seu biquinho. Olivier é Zeus. Porque, ao fim da carreira, ele aceitava filmes tão ruins? Vaidade? Grana? Pior: este lixo foi refilmado no ano passado com o mesmo nome. Pra que? ZERO!!!!
   HORA DO RUSH 2 de Brett Ratner com Jackie Chan e Chris Tucker
O cinema americano não soube usar os talentos de Chan e de Chris. Assim como ocorreu com Jim Carrey, os executivos os rotularam de "astros para filmes ligeiros" e fim. Jackie Chan merecia aventuras mais caras, mais ambiciosas ( mas talvez nessas aventuras ele fosse sufocado em efeitos digitais ) e Chris merecia filmar mais, muito mais. Este filme, delicioso, é aquele que voce já sabe: os dois vão para Hong Kong, se envolvem com máfia e depois tudo se resolve nos EUA. Eu queria mais, mais lutas, mais piadas, mais duração. Mas é um filme legal para dias de tédio. Nota 6.
   SET UP de Mike Gunter com 50 Cent, Ryan Philippe e Bruce Willis
Muito rap, massacres, vida de cão na prisão, guitarras, tiros e mal caratismo. Que lixo é isto? Como é possível que uma coisa que já foi tão nobre como o cinema, possa agora, como uma rameira sifilica ou um traficante de veneno produzir algo tão do mal, com intensões tão ruins. Ele glorifica a bandidagem, a violência, a vida sem moral alguma. Depois não venham reclamar do rumo que o mundo toma. Bruce se especializou em pequenos papéis "especiais" de chefões do crime. Morro de saudades do "bom e velho" Duro de Matar. Ali tínhamos ação com boas intenções, humor e tiros, explosões e suspense. Nada disso aqui. ZERO!!!!!!
   PÁGINA OITO de David Hare com Bill Nighy, Rachel Weisz, Judy Davis e Michael Gambom
Bom filme inglês. Bill, sempre sério e elegante, é um velho funcionário da segurança britãnica. Ele descobre que o primeiro-ministro tornou-se conivente com a politica americana de tortura e combate ao terror. Mais que isso, que há uma outra agência de segurança dentro do governo, mais imoral, mais corrupta, para agenciar as coisas desse ministro. O filme mostra sua intenção: a Inglaterra é agora apenas um apêndice dos EUA. Bill Nighy é um agente à velha moda, ético, trabalha para o país, para o defender de inimigos e não para acomodar interesses globais. Amargo e com final dúbio, é um digno veículo para um bom ator. Rachel faz uma vizinha ativista da causa árabe. Seu papel, melhor do que parece, é que faz com que Bill se mova. Não sei se esse filme foi exibido aqui. Nota 7.
   ONZE HOMENS E UM SEGREDO de Steven Soderbergh com George Clooney, Brad Pitt, Matt Damon, Julia Roberts, Elliot Gould e Andy Garcia
Revejo-o após dez anos. O filme tem poucas semelhanças com o original de Sinatra. O que fica de mais próximo é o aspecto cool da produção. Temos um fascinante desfile de roupas elegantes, cenários bonitos e figurantes bem dirigidos. A trilha sonora de David Holmes é exuberante, ninguém hoje faz trilhas sonoras melhores. Vejo o filme, excelente, e penso que ele é uma bela amostra daqueles filmes espertos feitos por volta de 1960, com seus ladrões amorais e seu clima chique. Nos extras do DVD, Soderbergh fala de Golpe de Mestre ( um espetacular filme com Paul Newman e Redford que ganhou melhor filme em 1973 ), e mais, atrás de Soderbergh há um poster de um filme: Bande a Part de Godard. Um filme com Anna Karina que trata de roubo. O que tem Bande a Part? É o nome da produtora de Tarantino e agora surge no escritório de Soderbergh...filme influente é assim que se revela... Voltando, dá pra notar um monte de furos no roteiro, o plano não é assim tão genial; mas a coisa é muito bem dirigida e tudo o que sentimos durante o filme é prazer. George Clooney está em casa, nasceu para esse tipo de papel. Mas Brad Pitt está ainda melhor. Seu rosto é pura diversão. É este filme que exibe melhor o tipo de filme pop que eu adoraria ver mais na Hollywood de hoje. Absolutamente sem erros. Nota 9.

SPIRIT/ONIBABA/RENOIR/JASÃO E O VELO DE OURO

THE SPIRIT de F. Miller
Will Eisner criou o Spirit como um detetive noir. Ou um observador da sordidez humana. Uma genial criação, cheia de sombras e miséria. Este filme é um testemunho vivo do nível de idiotia que o cinema chegou. Uma bobagem feita por uma besta para um bando de deficientes mentais. O atorzinho desperta compaixão. nota muito abaixo de zero.
PAPAI NOEL AS AVESSAS dirigido por qualquer um. com billy bob thornton.
Isto deveria ser uma comédia. Mas não provoca qualquer riso. Elogia o mal caráter. Prova o fato: a América acabou. Se tornou um tipo de Brasilzão onde neva. Um país de "jeitinho ". nota zero!
SASKATCHEWAN de Raoul Walsh com Randolph Scott
Faroeste passado no Canadá. Paisagens deslumbrantes. Tem mensagem pró-indios e a competencia de Walsh, um diretor que vai lá e faz a ação acontecer. nota 6.
JASÃO E O VELO DE OURO de Don Chaffey
Os efeitos especiais de Ray Harryhausen tinham o encanto de brinquedos de armar : voce sabe que é um brinquedo, a diversão é ver o brinquedo se mover. Como extra, este filme traz Tom Hanks entregando Oscar especial a Harryhausen e dizendo : - Muitos dizem Cidadão Kane, muitos dizem Casablanca; pra mim é Jasão e o velo de Ouro !... nota 7.
ROMEU E JULIETA de Baz Luhrman com Leo di Caprio
Eu adoro este filme ! Muito superior a Moulin Rouge. Colorido, leve, encantador. nota 7.
A ÚLTIMA NOITE de Robert Altman com Kevin Kline, Meryl Streep, Woody Harrelson
Eis o último filme do mais livre dos cineastas. O que ele filma aqui ? Um programa de rádio do interiror dos USA. É só isso. Simples, e portanto digno. Mas ao mesmo tempo revela o maior defeito de Altman : desleixo. Longe de obras-primas como Mash, Short Stories ou Nashville. 4.
A CARRUAGEM FANTASMA de Victor Sjostrom
Antes de ser o ator de Morangos Silvestres, Sjostrom foi o maior diretor da Suécia e ídolo de Bergman. Esta é sua Obra máxima : um fantástico e lúgubre filme sobre a morte. Imagens de sonho, uma trilha de música eletrônica soturna, atores "tomados". Terrível. Um pesadelo. nota 7.
WOLWERINE com Hugh Jackman
É um ator legal. Dá vontade de ser amigo dele ( mas daí a ser grande ator existe imensa diferença. Quem quer ser amigo de Marlon Brando ? ). Os efeitos especiais destróem o filme : tudo parece falso, de plástico, irreal. É um Wolwerine domesticado, bastante boa-praça, o que aniquila sua originalidade. Mas Hugh é gente boa... nota 4.
ONIBABA de Kaneto Shindo
No Japão dos samurais, velha e nora vivem, em meio a mar de bambú, de roubos, assassinatos, pilhagem. A nora se torna amante de amigo do marido morto e o filme se faz bastante sensual. A velha intervém, e a calamidade final irrompe. Um filme muito ousado e cheio de beleza cruel, dura, sádica. O Japão dos anos 60, com seu terrorrismo de esquerda, era um país enlouquecido. Este filme, genial em seu radicalismo, prova isso. A trilha sonora é coisa de mestre. Nota 8.
SANTA FÉ de Irving Pichel com Randolph Scott
Fraco western de rotina. nota 2.
UMA FESTA NO CAMPO de Jean Renoir
Nunca entendí o porque de Renoir ser considerado o maior diretor da história do cinema ( principalmente pelos colegas diretores ). Assiti todos seus principais filmes, e embora eu goste de todos, nenhum eu chamaria de obra-prima. Mas este, curto, apenas 45 minutos, começa a mudar minha idéia. Lindo, com um ar de plena felicidade. Mostra o que era a França de Renoir-pai, de Monet, de Matisse. Alegre, safado, poético, solar. Quase um milagre em película. Detalhe: o assistente de direção é o gênio da fotografia : Henri Cartier Bresson, o que diz muito sobre suas imagens : nunca um rio foi melhor filmado. nota 8.
A FILHA DA ÁGUA de Jean Renoir
Eis o primeiro filme de Renoir. Mudo, conta as atribulações de uma orfã. No campo, em meio a ciganos, burgueses, camponeses. Não é considerado um dos melhores Renoir, mas, com surpresa, ele me conquistou. Cenas como a do quase estupro pelo tio ( com cortes rápidos e cruzados ) e do incendio na fazenda, são de estupenda genialidade. O filme flui como um sonho. É agradável, belo, poético e leve. A fotografia, cheia de estilo, seduz. Lhe colocaram uma trilha "francesa" que ajuda muito. Uma bela surpresa. Uma quase obra-prima. nota 9.