PLATO E VICO

Uns dias depois do livro de Frenkel, releio um pouco de Vico e já nem sei se Frenkel não estaria errado. Ele é completa e assumidamente platônico. Para ele a Matemática existe independente do homem. Um mundo ideal, perfeito, um continente que cabe ao homem descobrir e procurar traduzir. Mas Vico me recorda que não é nisso que acredito.
Vico conta que o homem pode conhecer completamente apenas aquilo que ele produz. Um homem saberá tudo sobre um trem, mas não sobre o que seja a energia que move o Cosmos. Saberá tudo sobre um coração mecânico, mas não poderá jamais criar um coração de carne a partir do nada. Do que não fizemos saberemos apenas uma ínfima parte, e a cada parte compreendida, milhões de novas duvidas virão. Isso é Vico, dizendo que o homem poderá compreender todo o mecanismo da historia, da sociologia, mas nunca tudo sobre a física ou a biologia, pois se nós construímos a historia e a sociedade, não fomos nós os criadores da vida ou da mecânica do universo.
Creio nisso. E para mim a matemática é uma criação humana, abstrata, e suas leis existem dentro do mundo do homem, em sua razão, e morrerão se um dia o homem sumir.
Como sempre disse, o Um existe apenas como invenção racional, e o Zero é uma soberba convenção humana. Fora de nosso cérebro inexiste o Um e o Zero.
Vico sabia disso.