Ela escreveu um texto que saiu ontem no Estado. Assustador. Descreve uma propaganda do Facebook. Uma reunião de familia em que uma Parente, Velha, Gorda e Feia fala sem parar. Enquanto isso uma Adolescente, Magra e Bonita, em seu Face, dá as costas a velha e a ignora com solos de bateria, guerra de bolas de neve, imagens na tela do PC que são MAIS REAIS QUE A REALIDADE.
A mensagem que Lucia Guimarães percebe: Celebremos a autoabsorção no eu. O desprezo pela refeição comunal, o desprezo pelos feios, o desprezo pela realidade, o mundo belo e sem perigo da virtualidade. O veredito foi dado: O mundo é feio, velho e deprimente. Voce só pode ser feliz no Face. Lucia recorda a missão oficial que o hiper-fascista Zuckerberger ( hiper-ressentido com a natureza, diria eu ) advogou em seus começos: Dar poder as pessoas para tornar o mundo mais aberto e conectado. Hahahahahaha! Lucia fala que nesse mundo feliz do Face conversar com alguém que está a sua frente é pura perda de tempo. Cool é desprezar o que não é cool. É um tipo de escapismo não-romântico, sem risco, sem o sublime, previsível e controlado. A solidão, estado em que podemos criar e refletir, fica abolida. Lucia descreve estudantes do campus onde o terrorista de Boston estudava. Esses estudantes, ANTES de pensar em entregar o assassino, apagaram todas as pistas virtuais dos PCs do rapaz. O mundo real NÃO podia entrar naquele mundo virtual do campus, então, antes da policia, apaga-se tudo. Salva-se o cool perfeito do feio e imperfeito.
Notei isso já em 2007. O mundo atual favorece a divisão dos homens em guetos isolados e estáticos. Explico. No mundo do rádio e da TV sem cabo, do jornal impresso e da revista volumosa, voce era exposto a vários mundos que não eram o "seu". Assim, eu era exposto a samba e funk para poder ouvir rock. E acabava por conhecer e ocasionalmente apreciar samba e funk. Antes de ver o filme de Fellini na Globo às 23 hs, assistia As Panteras e Chico City. Meu poder de edição da vida era mínimo. Na escola eu não podia escapar numa tela do meu colega chato ao lado ou da gordinha nerd atrás de mim. Isso tudo era bom? A pergunta não é essa. A pergunta é: O que esse mundo não virtual me trouxe? Conhecimento.
Tenho amigos hoje que podem passar toda a vida ouvindo apenas as mesmas músicas, vendo os mesmos filmes e vivendo em um mundo onde só vivem pessoas da mesma turma. Conectados, TODOS gostam das mesmas coisas, consomem os mesmos produtos. E ilhados, longe de gostos e modos de ser diversos, crêem burramente que eles são ALTERNATIVOS, afinal, são DIFERENTES. Diferentes do que?
Na tela voce protesta contra o desemprego. E gente cool como voce vai a rua fazer um lance cool onde voce diz o que não quer, mas não consegue formular o que deseja. Na verdade o que os cool da Espanha e da Grécia querem é poder ficar no Face sem se preocupar com a vida real. Grana para poder viver para sempre entre gente cool em lugares cool. Não importa como esse dinheiro venha.
Vejo em filmes italianos de 1950 o quanto os avôs dessa geração lutaram. Filas para comida, barracos e curtiços, improviso dia a dia, solidariedade entre vizinhos, espirito de grupo. Seus netos e bisnetos são mimados. Babys de fraldas em forma de bermudas pinky. O desejo deles chega só até a tela de seu brinquedo, o espaço de seu berço tem forma de apê e as brincadeirinhas infantis travestidas de sexo sem consequência. Seu mundo TEM DE SER de bebês para bebês. Daí o horror ao velho ( velhos livros, velhos filmes e velhos cool ), ao não-controle e a solidão. Bebês precisam de babás 24 hs ao dia.
Mas o pior é: QUEM CONTROLAR, OU AO MENOS ENTENDER O MUNDO LÁ FORA, dominará com facilidade essa turminha cool. Fácil assim.
Platão again. A teen toda cool está na caverna entretida com suas sombras. Lá fora tem o mundo de verdade. Quem diria....Platão escreveu sobre o futuro.
A mensagem que Lucia Guimarães percebe: Celebremos a autoabsorção no eu. O desprezo pela refeição comunal, o desprezo pelos feios, o desprezo pela realidade, o mundo belo e sem perigo da virtualidade. O veredito foi dado: O mundo é feio, velho e deprimente. Voce só pode ser feliz no Face. Lucia recorda a missão oficial que o hiper-fascista Zuckerberger ( hiper-ressentido com a natureza, diria eu ) advogou em seus começos: Dar poder as pessoas para tornar o mundo mais aberto e conectado. Hahahahahaha! Lucia fala que nesse mundo feliz do Face conversar com alguém que está a sua frente é pura perda de tempo. Cool é desprezar o que não é cool. É um tipo de escapismo não-romântico, sem risco, sem o sublime, previsível e controlado. A solidão, estado em que podemos criar e refletir, fica abolida. Lucia descreve estudantes do campus onde o terrorista de Boston estudava. Esses estudantes, ANTES de pensar em entregar o assassino, apagaram todas as pistas virtuais dos PCs do rapaz. O mundo real NÃO podia entrar naquele mundo virtual do campus, então, antes da policia, apaga-se tudo. Salva-se o cool perfeito do feio e imperfeito.
Notei isso já em 2007. O mundo atual favorece a divisão dos homens em guetos isolados e estáticos. Explico. No mundo do rádio e da TV sem cabo, do jornal impresso e da revista volumosa, voce era exposto a vários mundos que não eram o "seu". Assim, eu era exposto a samba e funk para poder ouvir rock. E acabava por conhecer e ocasionalmente apreciar samba e funk. Antes de ver o filme de Fellini na Globo às 23 hs, assistia As Panteras e Chico City. Meu poder de edição da vida era mínimo. Na escola eu não podia escapar numa tela do meu colega chato ao lado ou da gordinha nerd atrás de mim. Isso tudo era bom? A pergunta não é essa. A pergunta é: O que esse mundo não virtual me trouxe? Conhecimento.
Tenho amigos hoje que podem passar toda a vida ouvindo apenas as mesmas músicas, vendo os mesmos filmes e vivendo em um mundo onde só vivem pessoas da mesma turma. Conectados, TODOS gostam das mesmas coisas, consomem os mesmos produtos. E ilhados, longe de gostos e modos de ser diversos, crêem burramente que eles são ALTERNATIVOS, afinal, são DIFERENTES. Diferentes do que?
Na tela voce protesta contra o desemprego. E gente cool como voce vai a rua fazer um lance cool onde voce diz o que não quer, mas não consegue formular o que deseja. Na verdade o que os cool da Espanha e da Grécia querem é poder ficar no Face sem se preocupar com a vida real. Grana para poder viver para sempre entre gente cool em lugares cool. Não importa como esse dinheiro venha.
Vejo em filmes italianos de 1950 o quanto os avôs dessa geração lutaram. Filas para comida, barracos e curtiços, improviso dia a dia, solidariedade entre vizinhos, espirito de grupo. Seus netos e bisnetos são mimados. Babys de fraldas em forma de bermudas pinky. O desejo deles chega só até a tela de seu brinquedo, o espaço de seu berço tem forma de apê e as brincadeirinhas infantis travestidas de sexo sem consequência. Seu mundo TEM DE SER de bebês para bebês. Daí o horror ao velho ( velhos livros, velhos filmes e velhos cool ), ao não-controle e a solidão. Bebês precisam de babás 24 hs ao dia.
Mas o pior é: QUEM CONTROLAR, OU AO MENOS ENTENDER O MUNDO LÁ FORA, dominará com facilidade essa turminha cool. Fácil assim.
Platão again. A teen toda cool está na caverna entretida com suas sombras. Lá fora tem o mundo de verdade. Quem diria....Platão escreveu sobre o futuro.