Não esgotado o assunto, volto a desenvolver pensamentos nascidos do filme de Tarkovski ( Sobre o filme especificamente falo abaixo ).
Eu amei seus seios, sua boca e sua pele inteira. Amava seu tom de voz, os dentes tortos e o cheiro de sexo. Sua impulsividade, seu humor sincero e reto, seus sonhos simples. Amava suas canções e o modo como ela ria sem medo ou vergonha. Sua coragem. Mas há uma questão nisso tudo: Eu a conheci? Eu realmente sei quem ela é, foi, queria ser? Ela me conheceu?
O que sei de sua história? O que ela sente ao acordar, ao menstruar, quando está só, quando pensa nos pais. De onde ela veio, o que fez, o que é. Eu a conhecia?
Esse é um dos assuntos dificeis do filme. Outro é a identidade. Assunto que é o mais importante da filosofia e da neurologia hoje. Existe um eu? Há algo de particular em mim ou em voce? Não seríamos apenas um arquivo de memórias e de reações óbvias? Que eu sou? Quem ela é? Mais perturbador no filme é: Será possível ter contato com alguém? Ou nos iludimos pensando que aquela distãncia, aquele não-conhecer, aquele quase nada, seja um contato? A questão agora não é mais Quem eu sou e sim, O Que eu sou.
O filme dá duas pistas.
Amamos aquilo que perdemos ou que podemos perder. Não amamos aquilo que achamos ter para sempre. Desse modo, pouco ligamos para pais e mães, que nos parecem pra sempre, e amamos a vida, que sabemos perder um dia e aqueles que nos parecem mais distantes. Quem ama a Deus O ama por sua incerteza e não o contrário. Tarkovski diz isso e mais: Amaremos a Terra apenas quando ela estiver destruída.
Segunda pista: Se ela que eu amo pode ser uma ideia virtual em minha cabeça, o que remete ao fato de que ela não existe e na verdade é substituível; lógico será que eu também seja uma virtualidade na cabeça dela. O filme vai nessa lógica até o limite ( e tentarei não descrever o final perturbador ). A vida como um oceano de memórias, um pai que tem um filho que será e é sempre uma ideia abstrata em sua mente criativa.
Parece exotérico para voce? Eis o mais platônico dos filmes.
Eu amei seus seios, sua boca e sua pele inteira. Amava seu tom de voz, os dentes tortos e o cheiro de sexo. Sua impulsividade, seu humor sincero e reto, seus sonhos simples. Amava suas canções e o modo como ela ria sem medo ou vergonha. Sua coragem. Mas há uma questão nisso tudo: Eu a conheci? Eu realmente sei quem ela é, foi, queria ser? Ela me conheceu?
O que sei de sua história? O que ela sente ao acordar, ao menstruar, quando está só, quando pensa nos pais. De onde ela veio, o que fez, o que é. Eu a conhecia?
Esse é um dos assuntos dificeis do filme. Outro é a identidade. Assunto que é o mais importante da filosofia e da neurologia hoje. Existe um eu? Há algo de particular em mim ou em voce? Não seríamos apenas um arquivo de memórias e de reações óbvias? Que eu sou? Quem ela é? Mais perturbador no filme é: Será possível ter contato com alguém? Ou nos iludimos pensando que aquela distãncia, aquele não-conhecer, aquele quase nada, seja um contato? A questão agora não é mais Quem eu sou e sim, O Que eu sou.
O filme dá duas pistas.
Amamos aquilo que perdemos ou que podemos perder. Não amamos aquilo que achamos ter para sempre. Desse modo, pouco ligamos para pais e mães, que nos parecem pra sempre, e amamos a vida, que sabemos perder um dia e aqueles que nos parecem mais distantes. Quem ama a Deus O ama por sua incerteza e não o contrário. Tarkovski diz isso e mais: Amaremos a Terra apenas quando ela estiver destruída.
Segunda pista: Se ela que eu amo pode ser uma ideia virtual em minha cabeça, o que remete ao fato de que ela não existe e na verdade é substituível; lógico será que eu também seja uma virtualidade na cabeça dela. O filme vai nessa lógica até o limite ( e tentarei não descrever o final perturbador ). A vida como um oceano de memórias, um pai que tem um filho que será e é sempre uma ideia abstrata em sua mente criativa.
Parece exotérico para voce? Eis o mais platônico dos filmes.