Wes Anderson é um cineasta de bom gosto. Um amigo me manda um post onde ele declara que MADAME DE..., obra-prima de Max Ophuls é seu filme favorito. Descobri esse filme em dvd a cerca de 3 anos. Escrevi sobre ele em alguma parte neste blog. O filme tira nosso fôlego. Ele é tão refinado, tão chic, tem imagens tão belas que nos sentimos extasiados. O mais impressionante é o uso que Ophuls faz da câmera. Muito crítico diz que ele usava o cinema como uma caneta. Ele conseguia escrever com cortes e movimentos de câmera. Travellings que nos dão um prazer imenso. O interessante é que eu havia escrito que os filmes de Wes, assim como os de Baz Lurhman, são devedores dessa corrente estética, corrente que vai de Ophuls à Powell. Mas atentem, os filmes de Wes e de Baz estão anos luz abaixo dos filmes desses gênios da beleza.
No mesmo post leio que o filme favorito de Steve Buscemi é Billy Liar de John Schlesinger. Esse vi na TV Cultura em 1978 e nunca mais. Comprei o DVD a um mês. Ainda não o revi. Tem Julie Christie e Tom Courtney. Courtney é o ator sublime do filme operísitico de Dustin Hoffman. Filme que é um prazer celestial.
Guillermo del Toro tem como número um três filmes de Kurosawa: Ran, Trono Manchado de Sangue e Céu e Inferno. Nada vou dizer sobre esses filmes. Kurosawa foi o maior diretor da história. Os 3 são gigantescas obras sobre o mal.
Jane Campion escolhe como melhor filme da história Os 7 Samurais. Do mestre Kurosawa. Coitada de Jane. Se ela sonhava em fazer algo dessa grandeza.... Aliás, na mesma lista, Adam Yauch, dos Beastie Boys escolhe também Os 7 Samurais.
Nicolas Refn também vai de Japão, Tokyo Drifters de Suzuki, um filme sessentista e que lembra muito seus filmes. Alec Baldwin vai de Z de Costa-Gavras e Diablo Cody escolhe Faça a Coisa Certa de Spike Lee.
Well... só pra recordar, tenho aqui outra enquete:
Clint Eastwood escolhe Yojimbo de Kurosawa; Gore Verbinski escolhe Chinatown de Polanski e Tarantino elege The Bad, The Good and The Ugly de Sergio Leone.
Sidney Lumet vai de Os Melhores Anos de Nossas Vidas, filme sobre ex-soldados da segunda guerra, direção de William Wyler; Mike Newell escolhe The Apartment de Billy Wilder, mesmo filme escolhido por Cameron Crowe e digo que o cinema de Newell e de Crowe lembra muito esse filme doce e amargo de Wilder.
Michael Mann elege Apocalypse Now de Coppolla e Richard Linklater vai de Robert Bresson, Au Hazard du Balthazar. Sam Mendes fala de Kane de Welles e James Mangold ama Oito e Meio de Fellini.
Talvez eu escolhesse L'Atalante de Jean Vigo, esse é o favorito de Jim Jarmusch. Scott Hicks elege Ivan de Tarkovski enquanto Milos Forman prefere Amarcord de Fellini.
Dou um picolé pra quem descobrir onde se vê algo de Fellini em Mangold ou algo de Tarkovski em Hicks.
Mas amar um filme não significa imitar esse filme. Se eu fosse cineasta dificilmente eu faria algo na linha de Vigo, ou de Powell e muito menos de Kurosawa. Meu temperamento me levaria mais ao estilo Hawks, ou Wilder ou Huston. O segredo não é a admiração, é a história pessoal do cineasta e seu temperamento.
Afinal, Scorsese admira a idolatria The Red Shoes de Powell mas seus filmes nada lembram a obra prima do inglês. É isso.