HÁ MALES QUE VÊM PARA BEM- A AUTOBIOGRAFIA DE ALEC GUINNESS

   Não cumprimente Alec Guinness por seu papel em Star Wars. Ele odeia. E assume que o filme serviu apenas para lhe dar um fim de vida confortável. Isso era dito em 1980. E era verdade.
   Na Grã Bretanha do século XX, Alec nunca fez parte do quarteto supremo: John Gielgud, Ralph Richardson, Laurence Olivier e Michael Redgrave. Alec era do grupo dois: Charles Laughton, Richard Burton, Marius Goring, Tom Courtney, John Mills, Ian McKellen, Cyril Cusak, Albert Finney e Peter O'Toole. Havia ainda o grupo três: Michael Caine, Robert Donat, Peter Sellers, Sean Connery, Paul Rogers, Nicol Williamson, Daniel Day Lewis, Ian Holm, Terence Stamp, Jack Hawkins, Rex Harrison...
   Alec nasceu pobre e passou fome. Começou no teatro muito humildemente e deve sua primeira boa chance ao mito Gielgud. Nesta agradável e bem humorada bio ele não fala tudo. Divide o livro em uma dúzia de capítulos e em cada um conta um relacionamento. São doze histórias de sua vida, não é "a sua vida". Edith Evans, Noel Coward, Gielgud, o alegre Ralph Richardson, Peter Glenville, e as lembranças da Segunda Guerra. Peças, filmes, jantares, festas e algumas viagens. Alec escreve bonito e escreve leve. O livro levante voo.
   Uma época de grandes peças e de atores inesquecíveis. Do afetado Olivier ao humilde Alec. Lógico que o conheço apenas das telas e nelas destaco A PONTE DO RIO KUWAI, que lhe deu um muito justo Oscar, e as comédias da Ealing. Guinness tinha o estilo inglês de representar. O papel vinha de fora para dentro, daí a maquiagem e os tiques. Foi muito famoso e fez vários filmes em Hollywood. Depois foi diminuindo o ritmo e quando George Lucas o chamou em 1977 para Star Wars já filmava muito pouco. Uma nova geração o conheceu. Foi o Ian McKellen para quem tem hoje mais de 45 anos.
   O livro não é fácil de achar. Mas vale procurar.