No Largo de Pinheiros as obras do metrô fizeram nascer uma nova praça em frente a igreja. Recém construída, ela já se degradou. Placas de cimento no chão se descolam. As árvores jovens estão mortas. A nova praça faleceu antes de nascer.
Todo um estardalhaço de protestos que mudaram o país... nada mudaram. E o julgamento se arrasta e faz teatro absurdo e nada resolve de fato. As coisa mudam para que jamais mudem, como disse Lampedusa.
Machado de Assis adorava o Tristam Shandy de Sterne. E percebeu que na Forma do livro nonsense do gênio inglês havia a forma Trágica de um lugar chamado Brasil. O livro de Sterne é pura digressão. A narraçõa anda em espirais e a surpresa leva ao riso. O Brás Cubas de Machado leva ao buraco. A vida se perde em coisas não feitas ou feitas pela metade. Brás Cubas se diverte e se adapta ao momento. O que em Sterne é excentricidade em Brás Cubas é jogo.
Terrível aula na USP. Então o livro de Machado é isso...O retrato perfeito de um país que insiste em ser Fidalgo. Brás Cubas, rico, nada faz. Tem mil planos, todos falham e ele se auto-glorifica por cada um de seus quase sucessos. Tem nojo de trabalhar com as mãos, é amigão dos escravos, ama sem se dar e se dá apenas a sua vaidade. Mente todo o tempo, principalmente para si-mesmo. E é feliz, pois conseguiu ao fim da vida tudo o que realmente queria, não trabalhar, não se comprometer, nada deixar para os outros. Realizado em sua volubilidade. Volubilidade. Machado, gênio, une a forma ao conteúdo. A forma é o conteúdo. O livro é volúvel em seu estilo porque Cubas é volúvel. Quando deve ser romântico ele o é. Quando precisa da ciência se faz técnico. É sério e é alegre conforme a conveniência. É falso. É tolo. Se vira.
Machado de Assis percebeu Sarney, Collor, percebeu Dirceu, Lula, Serra, percebeu tudo e viu que nada mudaria porque tudo parece mudar sempre. O Brasil faz e faz e inaugura e refaz e reinaugura e muda e funda. E vive sempre o mesmo.
E Brás Cubas continua com suas mocinhas do povo bonitinhas, suas herdeiras bacanas, seus planos de novas invenções e suas glórias imaginárias. E continua morrendo sem deixar filhos. Aos vermes. E fim.
Todo um estardalhaço de protestos que mudaram o país... nada mudaram. E o julgamento se arrasta e faz teatro absurdo e nada resolve de fato. As coisa mudam para que jamais mudem, como disse Lampedusa.
Machado de Assis adorava o Tristam Shandy de Sterne. E percebeu que na Forma do livro nonsense do gênio inglês havia a forma Trágica de um lugar chamado Brasil. O livro de Sterne é pura digressão. A narraçõa anda em espirais e a surpresa leva ao riso. O Brás Cubas de Machado leva ao buraco. A vida se perde em coisas não feitas ou feitas pela metade. Brás Cubas se diverte e se adapta ao momento. O que em Sterne é excentricidade em Brás Cubas é jogo.
Terrível aula na USP. Então o livro de Machado é isso...O retrato perfeito de um país que insiste em ser Fidalgo. Brás Cubas, rico, nada faz. Tem mil planos, todos falham e ele se auto-glorifica por cada um de seus quase sucessos. Tem nojo de trabalhar com as mãos, é amigão dos escravos, ama sem se dar e se dá apenas a sua vaidade. Mente todo o tempo, principalmente para si-mesmo. E é feliz, pois conseguiu ao fim da vida tudo o que realmente queria, não trabalhar, não se comprometer, nada deixar para os outros. Realizado em sua volubilidade. Volubilidade. Machado, gênio, une a forma ao conteúdo. A forma é o conteúdo. O livro é volúvel em seu estilo porque Cubas é volúvel. Quando deve ser romântico ele o é. Quando precisa da ciência se faz técnico. É sério e é alegre conforme a conveniência. É falso. É tolo. Se vira.
Machado de Assis percebeu Sarney, Collor, percebeu Dirceu, Lula, Serra, percebeu tudo e viu que nada mudaria porque tudo parece mudar sempre. O Brasil faz e faz e inaugura e refaz e reinaugura e muda e funda. E vive sempre o mesmo.
E Brás Cubas continua com suas mocinhas do povo bonitinhas, suas herdeiras bacanas, seus planos de novas invenções e suas glórias imaginárias. E continua morrendo sem deixar filhos. Aos vermes. E fim.