CLINT/ BOB FOSSE/ FORD/ WILLIAM POWELL/ SPIELBERG/ STEVE MARTIN

   O DESAFIO DAS ÁGUIAS de Brian G. Hutton com Richard Burton e Clint Eastwood
Tudo dá errado. Pelo menos este filme serve pra valorizarmos ainda mais a Dirty Dozen. Fala sobre grupo de soldados que deve invadir a Alemanha para resgatar general. Burton está passivo, com expressão de completo tédio. Clint nada tem a fazer. Seu personagem é apenas um enfeite, um americano bonitão zanzando pelo set. Uma aventura que não tem suspense, não tem humor, não tem nada. Nota 1.
   LENNY de Bob Fosse com Dustin Hoffman e Valerie Perrine
A vida do humorista Lenny Bruce é contada como uma febre de jazz. Em luxuoso P/B, Dustin Hoffman dá uma interpretação frenética, se entrega ao personagem. O filme tem uma falha: não revela a alma de Lenny. Mas suas qualidades, a criativa ousadia de Fosse, homem que conhecia o ambiente de cabaret onde Lenny viveu. Valerie Perrine tem uma atuação à altura, sexy e vulnerável. Belo filme. Nota 8.
   SANGUE POR GLÓRIA de John Ford com James Cagney
Talvez seja o pior filme de Ford. Não se decide entre drama e comédia. Passado na guerra, brinca com situações espinhosas, nunca convence. Nota 3.
   O RAPTO DA MEIA-NOITE de Stephen Roberts com William Powell e Ginger Rogers
O diretor é fraco, mas Powell e Ginger são excelentes, e então se torna um prazer ver o filme. Feito em 1935, ele lembra muito Thin Man, sucesso de Powell na época. Ele é um advogado que desvenda um rapto. Ginger é sua namorada. Powell desfila seu humor fino, sua classe, a voz que baila pelos diálogos. Ginger, o rosto cheio de ironia, é sexy em todas as cenas. Os olhos zombeteiros e a voz em desafio constante. O filme é para os dois. Nota 6.
   O ARTISTA de Michel Hazanavicius com Jean Dujardim e Bérenice Bejo
Ele é corajoso, excêntrico e tem uma atuação genial de Dujardim. Ele faz uma mistura de Douglas Fairbanks com Gene Kelly que é comovente. Mas tem suas falhas, a foto em P/B é pobre e a história é simplória. De qualquer modo, é um filme realmente diferente, que ousa não apostar em efeitos, em sexo e violência. O Oscar 2012 toma partido, tenta valorizar filmes de bons sentimentos. Missão inglória, nosso tempo é de bad feelings. Nota 7,
   O GRANDE ANO de David Frankel com Steve Martin, Owen Wilson e Jack Black
O diretor fez o Diabo veste Prada e Marley e Eu. Se esses dois filmes eram ainda agradáveis, este é irritante. Consegue se deslocar do Alasca até o Texas e mesmo assim não ter uma só imagem memorável. Isso porque tudo é feito em close e com uma insistência ridicula em cortar e cortar e mover o foco. Todos os cortes são exagerados, eles são errados todo o tempo. E tome movimento, tome mudança de cena, tome narração de fundo ( pelo Monty Python John Cleese ). Histerismo, nulidade. A história, que fala sobre 3 homens apaixonados por observar pássaros, é desperdiçada. O que dizer de um filme sobre a natureza que exibe muito mais celulares e carros que paisagens e bichos? Steve Martin, que foi um talento imenso, destruiu seu rosto: as plásticas eliminaram seu talento facial. Jack Black faz as mesmas caras e bocas de sempre e Owen é o mais esforçado, o que não significa muito aqui. Eis um filme que demonstra o tipo de cinema televisivo que está matando o cinema cinema. Nota ZERO.
   CAVALO DE GUERRA de Steven Spielberg
Careta, conservador, pouco ousado, e delicioso. Um mestre fazendo um filme de mestre. Há idiotas que reclamaram da guerra ser "mal mostrada"... Como? É coisa daquela gente que só consegue se emocionar às porradas. Precisa de visceras e sangue para sentir. Coitados.... Outra crítica é ao encontro do soldado inglês com o soldado alemão. Para mim é uma cena belíssima. Fantasiosa, hilária, corajosa. Viagem de Steven? Sim! Que bom! É um prazer assistir esta história. Plenamente satisfatória, seu não-sucesso atesta a decadência do público de cinema e não de seu diretor. Ele nos relembra o prazer de se ver e ouvir uma história bem contada. Nota 9.