PRISCILLA/ FUTEBOL/ POLLACK/ NOIR/ CHRISTOPHER REEVE/ SNOOPY

FALSTAFF de Orson Welles com John Gielgud, Jeanne Moreau, Marina Vlady
Com seu ego mastodontico, Welles mistura duas peças de Shakespeare centrando tudo em Falstaff, o gordo e alegre rufião. O filme é quase incompreensível. Tem uma genialidade: seus cortes. O filme tem tanta agilidade visual que chega a nos deixar tontos. Mas fora isso... nota 4
PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO de Stephan Elliot com Terence Stamp, Guy Pearce e Hugo Weaving
Este filme anuncia fenômeno interessante dos nossos tempos: a transformação do travesti em um tipo de herói infantil. Como provou o big brother, o gay fofo é hoje um tipo de herói para crianças. Se tornou um tolinho inofensivo. Os Dzi-Croquettes devem estar se revirando entre sua escatológica purpurina.... Mundo onde tudo ( sex, drugs e rocknroll ) se torna, cedo ou tarde, conformismo. Bem...aqui está um filme gay sem sexo. É bacana a paisagem dessa absurda Austrália e Stephan sabe dirigir, como mostrou em seu recente EASY VIRTUE, mas é tudo tão fofo, eles são tão crianças que chega a enjoar. Os atores, principalmente o grande Stamp, são inspiradas escolhas, nenhum deles sabe rebolar. E viva o ABBA!!!! nota 5
AUSÊNCIA DE MALÍCIA de Sidney Pollack com Paul Newmann, Sally Fields e Melinda Dillon
Porque este filme me emocionou tanto? Vamos a história: jornalista ( Sally, excelente ) é usada pela polícia. Ingenuamente ela pega notícia vazada e a publica. Isso faz com que a vida do investigado ( Paul ) se torne um inferno. Qual a culpa dele? Qual a culpa dela? Aqui o jornalismo é mostrado em todo seu comércio, ela não consegue parar de produzir notícia, ele acaba por engendrar uma forma engenhosa de colocar todos a nú. Este filme magnífico, vencedor do Oscar de roteiro ( Kurt Ludke ) é dirigido com a habitual eficiência por Pollack e mostra Paul Newman em plena forma. Sua primeira aparição, entrando na redação do jornal, em termos de autoridade e carisma viril coloca até Eastwood no bolso. Há ainda uma perturbadora atuação de Dillon como uma amiga frágil de Newman. Um muito grande filme. Nota 8
EM ALGUM LUGAR DO PASSADO de Jeannot Szwart com Christopher Reeve, Jane Seymour e Christopher Plummer
Um fracasso na Europa e nos EUA, estranhamente este filme se tornou clássico em dois países: Brasil e Japão. É porque essas duas culturas tão absolutamente opostas se encontram apenas naquilo que aqui é mostrado: a crença na influência dos mortos sobre os vivos. Este filme marcou toda uma geração que tem hoje entre 40/50 anos. Fala de volta no tempo, de amor eterno, de fantasmas. Mas atenção: se voce sofreu uma tristeza amorosa séria recentemente fuja dele. É um dos mais deprimentes filmes já feitos. Defende o suicidio abertamente. Só na morte o amor pode viver. No mais, Reeve tinha um rosto tão inocente que chega a comover. Faz muita falta um ator com essa imagem de caráter. Falar dos furos do roteiro de Matheson é como falar dos furos em Batman ou em Matrix, perda de tempo. Este filme não deixa de ser uma refilmagem muuuuuuito empobrecida e simplificada do genial RETRATO DE JENNIE, esse sim, filme que faz de crente até o mais ateu dos cinéfilos. Nota 5
NASCIDO PARA MATAR de Robert Wise com Claire Trevor, Lawrence Tierney e Walter Slezak
Filme noir. O que é um filme noir? Os criticos discutem faz tempo uma definição. Falam de sombras, de mulher fatal, de crime. Mas acima de tudo falam de destino, de ser preso num destino imutável. Aqui temos um dos melhores noir já vistos. E não tem nenhum herói, todos são ruins. Fala de um sádico assassino que se casa com milionária ingênua mas que tem caso com a irmã dessa milionária. O filme é bem sexy: todas as mulheres caem de tesão por ele. Dizem todas que sentem atração por seu jeito do mal. Wise dirige economicamente. O filme não se prolonga em bobagens, as coisas acontecem. Há um maravilhoso detetive feito por Slezak que é símbolo do roteiro: até ele se vende. Uma maravilhosa diversão no gênero mais amado ( e que menos envelheceu ) de Hollywood, o noir. Nota 9.
DUELO DE CAMPEÕES de David Anspagh com Gerard Butler e Wes Bentley
Em 1950, nos EUA, em St. Louis, forma-se um time de soccer. Eles virão ao Brasil, disputar a copa do mundo. Problema: futebol nos EUA é completamente amador. Os atacantes são cozinheiros ou coveiros. Nem uniforme eles possuem. Mas treinam e embarcam. Na copa eles serão protagonistas da maior zebra da história do esporte ( de qualquer esporte ) vencerão o time mais profissional do mundo, a Inglaterra. Uma pena os americanos não amarem o futebol. Uma pena o Brasil não saber filmar aventuras. O futebol mereceria filmes como os tem o box, o beisebol, o automobilismo, o hoquei e até o hipismo. Este filme é decente. As cenas de jogo são boas, e melhor, o Rio de 1950 é muito bem recriado. O jogo com os ingleses, que na verdade foi em Belo Horizonte, é filmado nas Laranjeiras. Os EUA vencerem os ingleses em 50, seria hoje como o time de rugby do Brasil vencer a Nova Zelândia. Ou um time de basquete da Bolivia vencer os EUA. Dá pra entender? Amadores vencendo profissionais famosos. Hoje seria impossível. Na época já foi impossível. Um milagre. Como filme ele é só ok. Faltam atores de mais carisma, de mais personalidade. Se feito com os jovens Paul Newman ou Nicholson seria maravilhoso. Mas vale conhecer este filme, que foi filmado realmente aqui e que respeita muito nosso país. Nota 5
CHARLIE BROWN de Bill Melendez, música de Vince Guaraldi
Saiu o dvd duplo com os primeiros Peanuts para tv. Nada existe de melhor. Schulz era um gênio. É ver e crer. Nota DEZ!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!