OPHULS/ MORGAN FREEMAN/ CHABROL/ FORD/ LUBISTCH

LOLA MONTÉS de Max Ophuls com Martine Carol e Peter Ustinov
De longe é este o pior filme de Ophuls. Um longo e enfadonho exercício de pretensão. Sabe-se que ele teve problemas com a produção e que sua ambição era a de fazer um filme muito maior. Mas este painel sobre a decadencia de uma cortesã não tem ritmo, não tem gosto, tem falta de tudo aquilo que sempre fez a fama de Ophuls. Uma pena. Muita gente considera este filme um dos maiores da história. Onde? Nota 3.
A DAMA DO LAGO de Robert Montgomery com Audrey Totter
A idéia é arrojada: fazer um policial noir em câmera subjetiva. O herói jamais é visto ( só quando se olha no espelho ) a câmera é o olho desse detetive. Mas essa idéia não funciona. Queremos ver as reações do herói, queremos ver o ambiente onde tudo ocorre, nos cansamos de olhar para rostos que falam olhando para nós. Fato muito interessante: sem a distração de nossos pensamentos, o que olhamos numa conversa é absolutamente banal. O filme se torna árido, mas jamais indiferente. Audrey Totter tem uma sensualidade perversa eletrizante e o enredo tem tanta podridão que nosso interesse se mantém. Mas seria muuuuuito melhor se feito sem a tal câmera subjetiva. Nota 6.
SER OU NÃO SER de Ernst Lubistch com Carole Lombard e Jack Benny
Vamos ver se consigo explicar a história: na Polonia de 1939 ( o filme é de 44 ) uma trupe de atores judeus vê os nazistas invadirem Varsóvia. Sem teatro e na miséria eles acabam ( através de mirabolante e muito bem escrita história ) tomando o lugar dos verdadeiros nazistas e se passando até por Hitler, salvando assim um espião da RAF. O burlesco impera. Lubistch não tem o menor pudor de zombar de nazis em plena guerra. Mas ele também zomba de atores e suas pretensões. O filme é uma delícia! Lombard brilha como a atriz cortejada pelos nazis e Benny é seu marido, um ator-pavão que se torna herói. É impagável. Nota 8.
DOMÍNIO DE BÁRBAROS de John Ford com Henry Fonda, Dolores del Rio e Pedro Armendariz
Um filme muito estranho. Fala de padre que é perseguido em revolução mexicana. O padre é um tipo de martir culpado e as atrocidades se amontoam. É um filme hiper-católico e hiper-carola. Mas algo o redime. A maravilhosa fotografia de Gabriel Figueroa. O México jamais foi tão misterioso, gótico, irreal e infernal. Trabalho de gênio. Mas é um drama muuuito estranho.... Nota 5.
A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Lasse Hallstrom com Robert Redford, Morgan Freeman, Jennifer Lopez e Josh Lucas
Hallstrom dirigiu Minha Vida de Cachorro. Ele é muito bom para esse tipo de filme bucólico, sensível, humano. Aqui temos Redford ( muito bem ) como um rancheiro que vive em semi-isolamento com seu amigo ( Freeman ) aleijado por ataque de urso. Jennifer é sua nora, que vai viver lá fugindo de namorado violento. O filme é sobre a reconciliação. É bonito. Fácil de ver, muito bem narrado e todos os atores estão ótimos ( inclusive J-Lo ). Mas, como quase sempre acontece com Hallstrom, falta a criatividade, a fagulha que faz de um filme ok um filme marcante. Nada aqui é ruim, mas nenhuma cena é forte. É bacaninha. Nota 6.
MORTE SOBRE O NILO de John Guillermin com Peter Ustinov, David Niven, Maggie Smith, Bette Davis, Jane Birkin, Angela Lansbury
Hercule Poirot investiga mortes em viagem pelo Nilo. Ustinov está delicioso como Poirot e Niven dá classe ao todo. Mas o jovem casal central, feitos por Lois Chiles e Simon MacKindale, é de canastrice irritante!!!! E ainda tem Mia Farrow como a principal suspeita, hiper-atuando. Um filme que não flui, em que pese a delicia de se ver tantos medalhões. Nota 4.
A ÚLTIMA ESTAÇÃO de Michael Hoffman com Helen Mirren, Christopher Plummer, James MacAvoy, Paul Giammati
Tolstoi em seus últimos dias, tendo seu legado disputado por sua esposa e por seus discipulos. Tolstoi, nos últimos anos de sua longa vida, abriu mão de sua fortuna e de sua arte em pró de sua crença. Ele lançou o toltoianismo, um tipo de pacifismo marxista vegetarianista. O filme mostra os embates entre a condessa sua esposa, que ama o Tolstoi nobre e escritor genial, e o líder do tolstoianismo, que parece estar de olho em sua herança. Helen Mirren brilha. Sandra Bullock ter lhe tirado um segundo Oscar é piada de péssimo gosto. Mas Plummer, MacAvoy e Giamatti, todos brilham, todos se entregam aos papéis invulgares. A cena da morte de Tolstoi é belíssima. E terrivelmente dura. Faltou um diretor de maior ambição, um diretor que criasse cenas de impacto e não apenas que se deixasse levar pelo texto e pelos atores. Hoffman nunca atrapalha, mas também nada cria. Mas, em tempos de gnomos e que tais, é um filme especial. Nota 7.
UMA GAROTA DIVIDIDA EM DOIS de Claude Chabrol com Ludivine Sagnier
O grande Chabrol erra aqui. Veja bem, não é um filme ruim, é apenas um filme sem porque. Uma garota ama um escritor velho e é cortejada por playboy bilionário. E daí? E daí nada. Não há nenhum aprofundamento, nenhuma surpresa, nada de belo ou de diferente. Chabrol não erra, mas e daí? Claude Chabrol é o mais querido dos diretores da nouvelle-vague nos EUA. Ele tem uma sucessão de bons filmes de suspense ( quando critico ele amava Hitchcock ). Mas aqui, aos 82 anos, ele faz um filme inútil. Nota 3.