VIAGENS NO ESPAÇO, INTERESTELAR, O FILME DE NOLAN

   Quando lançado este filme, a VEJA, não sei se foi a Boscov, publicou uma matéria em que ele era chamado de o melhor filme de sci-fi desde 2001. E ainda se dizia que em termos de profundidade era Interestelar tão profundo quanto. 
   OK my dear. Tá dificil diferenciar crítica de press release. 
   Contado a grosso modo, o filme de 2015 é a história do fim do mundo redimido pelo amor. Amor sem sexo, o mais puro, amor de pai por filha. Como em Ghost, o fantasminha dá uma luz para resolver os problemas do mundo real. Mas, claro, como Nolan se vê como um homem sofisticado, o fantasma é aquele da física quântica, um cara de outro plano de espaço-tempo. Aff...
   Nolan é o pior tipo de artista que existe. Aquele que leu dois livros de filosofia e acha que sabe tudo da matéria. E exibe esse conhecimento ( entre aspas ) o tempo todo. O melhor artista é sempre, em todos os campos, aquele que sabe muito mais do que escancara. Paulo Francis chamaria Nolan de Jeca. Jeca é o novo rico da cultura.
   Todas as cenas aspiram a ser Kubrick. A trilha sonora entrega isso. Ela tenta dar a tal profundidade às mais tolas das cenas. Porque tudo aqui é óbvio. O filme é totalmente isento de suspense. Mas Nolan é um cineasta de 2015, dos mais populares, então ele apenas finge correr riscos. Se em Kubrick nada era fácil, o herói inexistia e nada havia de romântico ou de bons sentimentos, aqui há uma mocinha bonita na missão, um robot legal e até mesmo um cowboy. Filosofia? Onde? No final do filme de Kubrick tudo ficava aberto. O astronauta, incapaz com seu cérebro humano de compreender a relatividade na prática, era enterrado em um mundo compreensível, a tal sala de estar do século XVIII, o século que cristalizou a razão. No final surgia um bebê, e esse final inquieta por ser enigmático. Porém, jamais gratuito. Renascimento? O espelho dentro de um espelho? Ilusão? Não sei.  No filme de Nolan também há um bebê no final, a filha do cowboy. E além dela, a mocinha na nova comunidade. E não é por acaso que a última cena parece a de uma nova cidade no western do espaço.
   Furos existem às dúzias. O mundo tem poeira e pragas mataram lavouras. Bichos não existem. Mas aparentemente ninguém sente falta de água. Um mundo assim seria um mundo como o de Mad Max, louco, sem lei, desesperado. E com várias igrejas absurdas. A pele seria cheia de chagas, todos estariam sempre doentes e insetos iriam invadir tudo. Mas há mais. Se há tecnologia para se fazer um robot como aquele, para quê enviar seres humanos? Ainda mais um bolha como aquele? 
   O maior acerto de Kubrick foi o de enlouquecer todos na missão. Incluindo o robot. Uma mente humana não tem como suportar a dobra do tempo sem se aniquilar. E um cérebro feito por humanos vai pelo mesmo caminho. Aqui o cowboy volta como se tivesse ido até a esquina e tido uma briga no boteco. Nada muda. É um personagem muito mais ralo que Wolverine. E cito o cara da Marvel porque o adoro.
   Mas porque falar tudo isso? Como disse um amigo meu sobre outro filme de Nolan, relaxe e encare como uma boa aventura!
   Não posso por dois motivos. Primeiro porque não é uma boa aventura. Ele é chato, longo, e só fica bom quando Nolan apela para o amor....tipo Ghost.
   Segundo. O público que adora Nolan o chama de artista. Então eu não posso encarar seus filmes como se encara um filme dos X Men, que são muito melhores e bem mais relevantes. 
   Como artista Nolan apela para coisas que um artista não costuma fazer. Heróis mascarados, refilmagens e emoções simplificadas ao máximo. E como cineasta pop ele é sempre pesado, solene, um chato desprovido de qualquer traço de leveza e muito menos de humor.
   O fato de 2001 ser o filme de sci-fi mais falado de 1968, e este ser o de 2015 mostra o quanto o cinema se vulgarizou. 
  2001 é uma chatice que no fim vale a pena.
  Este é uma chatice que no fim parece bobo.
  E fim.