FELIX MENDELSSOHN. UMA VIDA FELIZ.
Mendelssohn nasceu numa família rica no começo do século XIX. Viveu pouco, mas foi uma vida onde ele pode ser e fazer aquilo que quis. A música foi seu grande amor, e além de compor e tocar, ele ajudou muito músico em apuros. Dizem algumas pessoas que Mendelssohn não foi genial por não ter sentido a necessidade de lutar e não ter sofrido a dor de grandes perdas. Acho isso uma grande bobagem. Mendelssohn foi aquilo que ele pode ser, feliz, um homem feliz que fez música alegre, brilhante, revigorante, solar. Os primeiros minutos de SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO são a trilha sonora perfeita para uma mágica noite de vinho em bosque cheio de vida. A orquestra em Mendelssohn soa como encontro de amigos. Sua música é uma benção. ------------------ Ele é o contraponto exato de Bruckner. Se um é grave e sempre sério, o outro é risonho e sempre esfuziante. Bruckner é o final do romantismo, uma espécie de retorno; já Mendelssohn é o final do classicismo, ele é um coração romântico dentro de uma forma ainda clássica. ------------------------ Hoje Bruckner é bastante valorizado, já Mendelssohn está sendo esquecido. Coisas da psique do tempo que passa. ------------------------------- Me ocorre que música erudita ou clássica deveria ser chamada de música europeia. A arte que vai de Monteverdi à Stravinski, de Bartok à Lassus é 100% fruto do continente europeu. A sinfonia, a ópera, quarteto, concerto para instrumento solo, trios, lieder, são formas e criações europeias. Gershwin ou Villa Lobos lutavam para fazer da música tão europeia uma arte americana. O jazz, o samba, o blues, o tango, o calipso, a rumba ou o reggae são música das américas, 100% daqui. Depois tudo se mistura, mas música clássica com pitadas de jazz ou cumbia sempre soa como um europeu em visita a América. -------------------------- Tão europeia que nem mesmo a raiz grega, por ser oriental, entrou na receita. A música das sinfônicas é italiana, depois francesa, alemã, austríaca, russa, inglesa e polonesa; tcheca e húngara, espanhola e norueguesa. Sim, cabe uma pitada judaica, algo mouro, mas são judeus e mouros que vivem na Europa, que aprenderam piano tocando Bach e violino tocando Vivaldi. --------------------------------- Mendelssohn era judeu. Mas não ouço nada de judaico nele. ----------------- Ah! Ouvi o finlandês Sibelius. Sua música é como chuva. Nunca ouvi nada com tanto sabor de rajadas de chuva fria sobre um convés em brumas marítimas. As notas caem sobre a madeira, voam em forma de gotas, castigam as coisas e as purificam. Adorei.