LORCA WHITMAN FERNANDO PESSOA

Em 1988 eu li meu primeiro livro de poesia. Até então eu evitava a poesia por não saber como a ler. Voce não lê poemas como quem lê romances, e também não são letras de música que voce sai cantando por aí. Demorou pra que eu entendesse que poesia se lê lendo. Lendo e entrando dentro da coisa, mesmo que as palavras, de começo, não façam muito sentido. Isso porque cada grande poeta cria sua língua e escreve hieróglifos que deverão ser desvendados por cada um. Não é preciso entender poesia, é necessário pegar o fio da meada e caminhar dentro do labirinto. Lorca foi meu primeiro poeta e depois, logo em seguida vieram Whitman e Pessoa. Até hoje não sei se realmente gostei de Lorca ou se me obriguei a inclui-lo na minha vida. Na época ele me pareceu tudo que um poeta deveria ser, e em minha fase espanhola, eu estava in love por uma menina de lá, Lorca era trilha perfeita para o que eu sentia. Mas confesso, ele jamais me comoveu. Leio hoje mais uma vez, e que coisa!, Lorca nada me fala. Já Fernando Pessoa é uma personalidade interessante e sua poesia é tão interessante como ele. Mesmo em seus momentos ruins, são muitos, ele é um espírito sedutor. Reler Pessoa pode não ser sempre inspirador, mas nunca eu o sinto distante. Lorca me cheira hoje a espanholismos de ocasião. Por fim Whitman. Dos três foi sempre ele aquele que mais me impressionou e sendo o pai dos dois, continua a ser e será o mais terra, o mais vital dentre eles. O velho Walt sempre convence, sempre instiga, sempre é real. Lorca, adiós. ( É interessante observar como Lorca é cada vez menos lido. Há autores que se vão e retornam, outros surgem do passado de susrpresa. Penso que Lorca não voltará ).