JAMES, JAMES BOND: UMA QUESTÃO DE MÚSICA

   Andei revendo os 10 primeiros filmes de James Bond. Todos são pelo menos divertidos, alguns se tornaram icônicos, outros são ridículos. Mas como disse, sempre divertidos.
  O primeiro, DR NO, é apenas uma aventura de espionagem inglesa feita na Jamaica. Um monte de coisas que se tornaram "trademark" da série ainda não existiam. Mas já está lá o nome de John Barry na trilha sonora, e creia, muito do sucesso de Bond se deve a sua música. Este primeiro filme é basicamente um filme cheio de perseguições de carros e os cenários, outra marca da série, também já possuem a assinatura de Ken Adam. O super macho Alfa, Sean Connery, diz presente. Todas as mulheres caem aos pés dele. TODAS. Em 1962 ele é o sonho assumido de todo homem. O mega seguro. O ultra poderoso. O invulnerável. Bond é peludo, bebe, fuma e pensa em transar 24 horas por dia. No segundo filme, MOSCOU CONTRA 007, from russia with love, algumas marcas nascem. A canção de abertura feita para ser um hit, as armas originais, o carro, e principalmente o hiper vilão. Talvez seja este o mais hitchcockiano da série inteira. Tem clima. E possui um clima de perversão. Pra quem não sabe, dizem que a ideia da série surgiu quando Ian Fleming viu INTRIGA INTERNACIONAL de Hitch, no cinema, em 1958. E que o sonho de Ian era ver Cary Grant como Bond. ( Penso que seria perfeito. Assim como o Bond ideal de 2000 seria George Clooney ).
  GOLFINGER é considerado o ápice da série inteira. Austin Powers bebe quase tudo aqui. É um filme perfeito mas não é meu favorito. Depois temos THUNDERBALL e aquele que se passa no Japão, SÓ SE VIVE DUAS VEZES, que tem a maravilhosa canção de abertura com Nancy Sinatra. Este é o mais machista de todos, e também é onde começa a auto-gozação que quase matou a série. De todo modo, Sean Connery quis dar voos mais artísticos e saiu da série. Ele era então, 1967, o ator mais famoso e mais bem pago do mundo.
  A SERVIÇO DE SUA MAJESTADE traz um ator desconhecido, o australiano George Lazenby. Ele é tudo que Sean não era, desajeitado, inseguro, parece um garoto caipira brincando de 007. Mas o filme, que foi malhado na sua época, é hoje considerado um dos melhores. Foi o que mais gostei de rever. As cenas de ação são ótimas e Bond se torna humano. Ele até mesmo chora. Sean Connery retorna mais uma vez e temos a era de Roger Moore. Bond deixa de ser Bond. Ele se torna Roger Moore. E Roger é sempre irônico. O primeiro Bond de Roger, LIVE AND LET DIE tem trilha não de John Barry, mas sim de George Martin, ele mesmo, e é um desastre. Se voce quer saber o quanto uma trilha sonora ruim pode destruir um filme, veja este. Mas ainda pior foi em 1983, quando Sean Connery voltou ao personagem numa produção americana. NUNCA DIGA NUNCA DE NOVO. Sem poder contar com a equipe inglesa, deram a música para Michel Legrand!!!! Deus! Quem teve essa ideia? James Bond em ritmo de romance francês, em clima disco, em ritmo de boate...tudo menos o apropriado. Uma piada sem graça.
  Foi ouvindo essas duas trilhas que me toquei da imensa importância da música em 007.