GUSTAV KLIMT, AQUELE MUNDO QUE PERDEMOS.

   Viena não foi o mundo. Não era o mundo. Não é o mundo. Viena era um mundo de burgueses muito ricos que amavam a Kultura. Um grupo de judeus que lutava para ser e ter o melhor da Europa. Viena era católica. E tinha o rigor dos luteranos. Era sensual. E hipócrita. Bonita e dourada. Acima de tudo, Viena era Wittgeinstein, Mahler, Freud e Klimt. Essa cidade não irá ser repetida. Morreu em 1914.
  Klimt pintava mulheres. Porque as mulheres são Tudo. A coisa era religiosa: a Arte era aquilo que iria salvar o homem. Era a única coisa real que nos poderia reencontrar o inefável. E a mulher era o símbolo da beleza. E do mal. Ele cria a Mulher Fatal. A mulher como manipuladora de homens. O convite à morte. E a porta para a Vida. Toda arte é erótica - esse o lema de Klimt.
  Seus quadros são montanhas de símbolos. Ouro e sexo. Deuses e morte. Mas sempre a afirmação da vida. Klimt ama seu jardim. Com o tempo será chamado de "decorativo", superficial, secundário. Hoje é central. O tempo é seu amigo.
  Em seu tempo foi famoso. E ficou rico. Fazia duas estradas: retratos para os ricos judeus, pinturas provocantes e escandalosas para as galerias. Mas não pense que os retratos eram simples comércio: são geniais. Klimt pintou alguns dos quadros mais eróticos do mundo. E as mulheres mais belas de seu tempo ( inclusive a irmã de Wittgeinstein ).
  Dânae é a mulher mais linda já pintada. Digna de Zeus.
  Dúbio e misterioso o mundo que deu vida à Klimt.
  Sorte ainda termos seus quadros.
  ( Escrito após a leitura de um dos livros da Taschen sobre o artista. )